sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Amor e Guerra – O Vermelho e o Negro (Stendhal)

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Sangue e batina, guerra e religião, amor e guerra,... Muitas são as tentativas de se entender o que o título O Vermelho e o Negro pode significar. Mas se esta grande obra de arte mundial veio de alguém que precisou de dezenas de pseudônimos para assinar seus livros, não é nada de se estranhar tal dúvida, que fica mínima perante as suas mais de 500 páginas e a sua capacidade de reproduzir a típica sociedade da época.

Se falarmos que o autor desta obra é o francês Henri Beyle (1783-1842) talvez você nunca tenha ouvido falar nele. Beyle sofreu com a morte da mãe enquanto era adolescente e não se sentia à vontade para assinar seus textos com o nome de batismo; via-se acuado, sem proteção. Stendhal foi um dos mais frequentes nomes utilizados, o qual tinha sua origem na designação de uma cidade alemã que o escritor visitara.

Contemporâneo de Honoré de Balzac, Stendhal chegou a receber um texto em especial, onde o outro autor francês realiza algumas críticas, especialmente no que concerne ao seu estilo de compor, apesar de apontar nele uma incrível capacidade de mostrar a realidade de forma objetiva, através da prática de um ser humano comum.

Como explica Georg Lukács (1965, p.120) no trecho a seguir, as semelhanças entre esses eles era maior: "Este apaixonado esforço em direção ao essencial, o desprezo por todo o realismo mesquinho, constituem a ponte que une os dois artistas, não importando a dimensão do contraste entre eles na concepção do mundo e nos métodos de trabalho".

O LIVRO
O Vermelho e O Negro é uma das grandes obras da literatura mundial e foi publicada pela primeira vez em 1830. O livro traz a perspectiva de um jovem filho de camponês que com grandes ambições pretende seguir o caminho vitorioso de seu ídolo maior, Napoleão Bonaparte. Julien Sorel, oriundo de uma família de carpinteiros, é mais uma demonstração da metamorfose da sociedade capitalista.

A obra é divida em dois tomos, ambos seguem transformações na vida do protagonista que, de forma gradual, consegue conviver com importantes na estrutura social da França.

Na primeira parte, a mudança inicial na sua vida, quando o oferecem um emprego para ensinar latim para os filhos do prefeito de Verrières. Seu pai praticamente o vende para o senhor de Rênal, afinal o filho não queria trabalhar como os outros e preferia ler livro em cima de árvore.

Sorel tinha aulas com um padre e entendia que era esta profissão poderia dar-lhe o poder e o respeito necessários nesta nova forma social. Com o período da Restauração, pós-Napoleão, apagou-se a idéia de que politicamente poderia atingir um poder supremo, a vida na catequese poderia garantir uma boa renda, desde que se tivessem feitos os acordos políticos necessários.

Porém, ele contraria a sua origem e tenta mostrar uma altivez que chama a atenção de quem o cerca ao longo da história. E a maior parte dos seus movimentos é estrategicamente pensada como uma forma de demonstrar que pode conseguir qualquer coisa. E é por causa disso, especialmente no que confere às mulheres, que o lado emocional (vermelho) aflora.

A sua relação com duas mulheres, uma em cada tipo de local (província e capital), é o que traz o caráter de tipicidade à história. Enquanto que com a senhora Rênal ele tem de agir com alguém tradicional e ligada a mistificações, com a jovem Mathilde ele tem que lidar com alguém com utopias dedicadas à nobreza, apesar de se apresentar para discussões mais difíceis e polêmicas. As duas personagens apresentam a mudança, parcial, da posição da mulher na sociedade.

Para o protagonista, ao menos em boa parte desses casos amorosos, tudo era como uma batalha: “‘Na batalha que se prepara’, acrescentou ele, ‘o orgulho do nascimento será como que uma coluna elevada, desempenhando uma posição militar entre ela e mim. É ali que será preciso manobrar’” (STENDHAL, 1998, p.352).

Porém, como Lucáks (p.133) comenta, os personagens stendhalianos tendem a percorrer todos os níveis da sociedade capitalista, conhecer o jogo das forças – vide uma reunião que Sorel participa com nobres que pretendiam “mudar” a França – sem, contudo, deixar-se levar por esse jogo. Mesmo que a “redenção” não garanta a existência futura. Perceba um dos quadros finais deste personagem: “Julien achava-se pouco digno de tanto devotamento; a falar verdade, estava fatigado de heroísmo. Ele seria sensível a uma ternura simples, ingênua e quase tímida, ao passo que a alma altiva de Mathilde necessitava sempre da ideia dum público e dos outros.” (STENDHAL, p.504).

O protagonista de O Vermelho e O Negro é um exemplar claro dessa negação ao sistema vigente ao não conseguir se “enquadrar” em nenhum grupo social, mesmo que tenha aproximação com padres, bispos, policiais, políticos, burgueses,... Como poderia alguém falar isso, um exemplar, mesmo que simples, da luta de classes já presente na sociedade francesa:

‘Mereço, pois, a morte, senhores jurados. Mas, mesmo que eu fosse menos culpado, vejo homens que, sem contemplação para o que a minha juventude possa merecer de piedade, hão de querer punir em mim e desencorajar para sempre os jovens que, oriundos de uma classe inferior e de qualquer forma oprimidos pela pobreza, têm a felicidade de conseguir uma boa educação, e a audácia de imiscuir-se naquilo que o orgulho da gente rica denomina boa sociedade.

‘Este é o meu crime, senhores, e ele será punido com maior severidade pelo fato de eu não ser julgados pelos meus pares. Não vejo no banco dos jurados nenhum camponês eariquecido, mas unicamente burgueses indignados...’. (op. cit., p.518)


[Continua no post abaixo...]

Amor e Guerra – O Vermelho e o Negro (Stendhal) [Parte 2]

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REFLEXO
Stendhal também utiliza a técnica – usada posteriormente por Machado de Assis, mesmo que com mais frequência – de colocar o autor e suas dificuldades de composição. No caso do alemão, problemas para atender aos apelos de um editor. Uma prova de como os livros, mesmo os de grandes autores, teriam que se preocupar em atender a um público consumidor:

(Aqui o autor desejaria colocar uma página de reticências.
- Isso ficaria sem graça – disse o editor – e num escrito assim tão frívolo a falta de graça mataria tudo.
- A política – respondeu o autor – é uma pedra amarrada ao pescoço da literatura, e que em menos de seis meses a submerge. A política no meio dos interesses da imaginação é como que um tiro no meio de um concerto. É um ruído que é cruel sem ser enérgico. Não se harmoniza com o som de nenhum instrumento. Essa política irá ofender moralmente metade dos leitores, e aborrecer a outra, que a viu de uma forma muito mais interessante e enérgica nos jornais da manhã...
- Se os seus personagens não falarem de política – tornou o editor – não serão franceses de 1830, e o seu livro não será mais um espelho, como o senhor pretende...). (op. cit., p.402).


Além desse trecho, outro que precisa ser citado – até mesmo para comprovar o receio com a moral da sociedade vigente, apesar de até ser no cotidiano mais progressista que Balzac (Lukács, op. cit., p.30) – é quando ele abre parêntesis para que Mathilde não sirva como um reflexo das jovens da época. E é aqui que o autor descreve como deveria ser a composição artística:

(Esta página prejudicará por demais o infeliz autor. As almas geladas o acusarão de indecência. Contudo, ele não faz a todas as criaturas jovens que brilham nos salões de Paris a injúria de supor que uma única dentre elas seja suscetível das loucas agitações que degradam o caráter de Mathilde. Esta personagem é inteiramente imaginária, e até mesmo imaginada fora dos hábitos sociais que entre todos os séculos assegurarão um lugar de destaque à civilização do século XIX.
[...]
Não é também o amor que se encarrega da fortuna dos jovens dotados de algum talento como Julien; eles se ligam com um laço invisível a um grupo, e quando o grupo faz fortuna todas as coisas boas da sociedade chovem sobre eles. Infeliz do homem de estudos que não pertence a nenhum grupo, censurar-lhe-ão até os mais insignificantes sucessos, e a alta virtude triunfará roubando-o. Senhores, um romance é um espelho que é levado por uma grande estrada. Umas vezes ele reflete para os nossos olhos o azul dos céus, e outras a lama da estrada. E ao homem que carrega o espelho nas costas vós acusareis de imoral! O espelho reflete a lama e vós acusais o espelho! Acusai antes a estrada em que está o lodaçal, e mais ainda o inspetor das estradas que deixa a água estagnar-se e formar-se o charco.
[...] ) [grifos nossos] (STENDHAL, pp. 381-382).


Vai ao sentido da teoria do reflexo estabelecida por Lukács ao mostrar a importância do desvelamento da sociedade, independentemente dos obstáculos postos para não se mostrar os caracteres negativos. E o jeito dele responsabilizar o contexto refletido pelo espelho e ter que se criticar seus responsáveis ratifica “uma tese fundamental do materialismo dialético [que] sustenta que qualquer tomada de consciência do mundo exterior não é outra coisa senão o reflexo da realidade, que existe independentemente da consciência, nas ideias, representações, sensações, etc. dos homens” (LUKÁCS, p. 25).

Os personagens de O Vermelho e O Negro mostram uma importante característica de Stendhal, que "cria em carne e sangue, cria a exuberante história de personagens vivos e concretos, cujo caráter adquire um valor típico, porque - embora a sua natureza constitua exceções extremamente individuais - eles personificam a profunda nostalgia dos melhores filhos da classe burguesa" (op. cit., p. 134).


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

LUKÁCS, Georg. Ensaios sobre Literatura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965. (Biblioteca do Leiro Moderno – volume 58).

STENDHAL (Henri Beyle). O Vermelho e O Negro. Trad. de Casimiro Fernandes e De Souza Júnior. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Publifolha, 1998 – (Biblioteca Folha. Clássicos da Literatura Universal; 14). Título do original: Le rouge et le noir.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

(QUASE) IRAAAAAAAAAADO! - Congresso Acadêmico

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A minha decisão da semana passada em evitar assuntos e pessoas que me irritem melhorou bastante o meu humor e a minha saúde. Mas atendendo a pedidos, a universidade volta ao alvo, mais especificamente o curso de Comunicação Social.

Quem conhece minimamente o COS sabe dos vários problemas que ele enfrenta, sendo o principal deles a falta de qualquer preocupação da maioria dos professores em honrar o alto salário - se levarmos em conta outras classes de "trabalhadores" - que recebem.

CONGRESSO 2008
Ano passado, na primeira vez que o Congresso Acadêmico da Ufal ocorria com atividades intra-unidades, apresentaria um trabalho individual e participaria de outras duas mesas, em sequência.

No primeiro dia, eu e outros colegas estudantes nos surpreendemos pela ausência de qualquer pessoa do curso para avaliar os trabalhos (já que a universidade propagandeia que cada unidade acadêmica tem que indicar o melhor trabalho em cada categoria). O professor indicado disse que não foi avisado e que iria embora.

Após conversarmos com o diretor do Instituto o qual o curso faz parte, tivemos que apresentar o trabalho para nós mesmos e com gestão própria. As minhas reclamações e de outros colegas via lista de e-mail foram respondidas timidamente, já que não havia justificativa.

No dia seguinte, as apresentações nas mesas começaram com um atraso absurdo porque três professores do curso estavam numa mesa e chegaram atrasados. Resultado: as nossa mesas atrasaram ainda mais e ainda tivemos que explicar ao professor de outra área que a culpa não era nossa.

Devido a mais essas demonstrações de falta de respeito - acrescida à avaliação estranha do nosso projeto de extensão, decidi que no máximo apresentaria um trabalho em 2009.

CONGRESSO 2009
Os problemas começaram com a inscrição, em que o nosso orientador não poderia inscrever a mesa que discutimos antes. Assim, para garantir que eu e minha companheira de Pibic participássemos de um mesmo espaço, inscrevemos um resumo apenas. Depois de semanas de inscrições é que soube que a partir de então os professores poderiam inscrever uma mesa.

Eis que ficamos aguardando o horário dessa bendita apresentação por semanas, sempre olhando o site oficial do Congresso. Faltando um pouco mais de uma semana apareceu a programação, só que sem a definição dos horários das apresentações dos estudantes.

Minha colega de pesquisa falou com o coordenador do curso uma semana antes do Congresso começar para pedir que colocasse a nossa apresentação na terça (24) à noite ele concordou. Como não havia a confirmação do horário, no final de semana ela mandou um email repetindo o pedido e ele concordou.

Surpresa a minha quando soube por ela que a organização nos colocou na segunda à tarde. Detalhe: ambos estagiamos neste horário e seria muito difícil ir para a Ufal com tanta "antecedência" na divulgação. Além disso, se alguém estuda à noite é porque teoricamente não pode ir à tarde, quando as aulas têm maior carga horária.

Ela conseguiu que ficássemos na terça e o professor que fazia parte da comissão de "organização" ainda teve que readequar e reformular o calendário já que até mesmo professores estavam em horários errados. Mesmo assim, era tarde demais. Alguns alunos ou se apressaram para chegar a tempo ou não souberam.

Já na segunda-feira, um colega de projeto de extensão mandou um email revoltado para a lista do Ichca reclamando da falta de informações no curso, especialmente porque não soubemos nada de como se daria a apresentação do banner com os resultados da extensão. Além da falta de organização para que fossem enviadas informações completas em tempo adequado e, principalmente, por falta de qualquer responsável para dirimir as dúvidas.

APRESENTAÇÃO
Ontem, saí mais cedo do que o normal do estágio na Rádio para chegar no horário marcado. Quando entramos na sala da apresentação (R.A.V.) encontramo-nas aberta e vazia, com um datashow sobre a mesa.

Esperamos alguns minutos e outra pessoa que iria apresentar apareceu acompanhada dos pais, que foram vê-la apresentar. Esperamos 10, 15, 20, 30 minutos e nada. Ela ligou para a orientadora dela para saber o porquê de não estar lá - até mesmo porque esta professora também fazia parte da comissão "organizadora". Não lembro da resposta sobre isso, mas ela a orientou para voltar no dia seguinte e apresentar na mesa que estaria.

Até que três alunos apareceram para assistir às apresentações e decidimos, às 19h40, apresentar para cinco pessoas. Assim como fiz no ano passado, só que com menos estudantes para apresentar - provavelmente por terem se encaixado em horários com seus orientadores.

Confesso que isso não me revoltou, até porque quatro anos no COS é mais que o suficiente para não se surpreender com mais nada. Não saio desiludido com a profissão ou com a graduação em Comunicação Social (com o tema) porque esperava dificuldades e discentes mais velhos já contavam determinadas histórias que se repetem ao longo dos anos.

Pude, e corri atrás, procurar outras coisas para complementar a minha formação (pesquisas, extensão, movimento estudantil, aulas em outros cursos). Não é a mais adequada e a que poderia ter de melhor, mas não tenho do que reclamar.

Quanto aos professores, suas brigas eternas, incompetência, faltas e oportunismos, eles continuam por lá ano após ano, turma após turma. Nós estudantes só podemso passar até sete anos, logo somos e seremos os mais prejudicados.

O grande problema atual é que os alunos já começam a se desmotivar, ou pegar o ritmo dos professores, nos primeiros períodos e devem até achar bom não ter aulas. Com professores sem querer dar aula e com alunos sem querer estudar, temos formado o casamento do desastre.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Conferência Estadual de Comunicação (Alagoas)

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Quase sempre opto por conhecer as coisas antes de criticar, para evitar preconceitos ou ser levado por comentários de outras pessoas, por mais confiáveis que sejam. Mesmo que na maioria das vezes veja coisas que elevem as críticas. Só a partir do momento que eu conheço minimamente eu tenho mais e reais argumentos para falar bem ou mal.

Enfim, esse preâmbulo é necessário para começar a apresentar o que foi a Conferência Estadual de Comunicação alagoana, realizada no último final de semana em Maceió. Um evento que antes mesmo de ser oficializado nacionalmente eu já tinha sérias críticas sobre a sua efetividade e que nem precisei ver toda a etapa estadual para saber que quando se fala em comunicação o negócio consegue ser muito complicado.


DELEGADOS

Para início de conversa, os adiamentos sucessivos da etapa estadual e a falta de incentivo por parte do Governo local para a elaboração das conferências municipais deram a demonstração do "grande" interesse do poder público neste evento.

Para piorar a situação, a ficha de inscrição disponível na Internet trazia como título: "FICHA DE INSCRIÇÃO PARA DELEGADOS". Como não pude ir à Conferência Metropolitana - e mesmo que fosse não teria itneresse em ser delegado -, liguei para um dos telefones colocados para tirar dúvidas no release sobre o evento e quase não consigo resolver nada.

A primeira pessoa que atendeu me disse que deveria ligar para o outro número. Quando já ia desligando o telefone, ele passa para outra pessoa, que me diz que posso me inscrever no site através da "ficha de delegados". Olhe que antes eu ainda ponderei: "mas isso não causará um problema na hora de saber quem é o quê?".

Além disso, já estava irritado pelo simples fato de que só queria ir como observador. Se falam tanto que a Conferência de Comunicação é "um avanço democrático" para que manter a burocracia cotidiana? Devia-se divulgar bem mais do que foi, para instigar a sociedade propriamente dita e estabelecer um razoável controle, por motivos logísticos.

Enfim, devido a compromissos de trabalho, não poderia ir pela manhã e só não perdi a inscrição graças a dois colegas que a fizeram por mim, já que o credenciamente só era feito, impreterivelmente, até às 12h. Como já disse antes, com inscrição feita qual o problema do sujeito não chegar na hora, principalmente se for observador?

Quando cheguei soube da bagunça que foi. Além do atraso gritante a ponto de uma mesa não ser realizada antes e de o almoço começar com uma hora de atraso, fizeram a mágica de transformar a todos os inscritos em delegados. Mais um desprestígio às Conferências municipais.

Soube ainda que a decisão não seria colocada ao público se alguém não questionasse durante ã plenária de abertura. É importante frisar que tal escolha permitiu que os cerca de cinquenta empresários presentes, que não haviam participado de qualquer conferência ou da organização da Conecom, virassem delegados.

PALESTRAS

As duas mesas que acompanhei tiveram algumas coisas interessantes, principalmente no que se refere aos questionamentos do público e as discussões sobre como deveria ser a participação. Como quase sempre, tempo não é respeitado e aparecem perguntas de quem vive num mundo comunicacional diferente do nosso.

Ah, vale destacar como aspecto negativo que alguns palestrantes eram os mesmos que haviam participado de um Seminário preparatório para a Confecom da maior entidade sindical do país (CUT) e que colocaram um estudante para falar (e mal) sobre TV pública. Nada contra a participação de estudantes, mas um assunto tão problemático, em especial no atual momento alagoano, será que não teríamos ninguém com profundo conhecimento no tema?

FINAL

Para terminar o dia de sábado, uma carta de um grupo de 11 empresas, denominado "Mídia Unificada" denunciava uma grande associação de mídias locais que já havia decidido que as vagas seriam delas. Até empresário brigando com empresário... Onde estavam os movimentos sociais para tornar isto realmente democrático?

Como não sou adepto do masoquismo, resolvi não ir para a manhã dos Grupos de Discussão e, principalmente, do início da tarde com eleição de delegados. Não tenho mais paciência para ver aproximar de mim pessoas que discordo ideologicamente e vêm tentar me convencer a votar nelas.

Para finalizar, o link para um texto publicado no jornal e no site Primeira Edição, provavelmente integrante do Mídia Unificada: http://primeiraedicao.com.br/?pag=maceio&cod=7402.

Para um evento com o ideal título "Comunicação para emancipação humana", a minha grande surpresa foi que pessoas de outros estados elogiaram a organização local, quando comparadas, por exemplo, ao que foi a Conferência do Rio de Janeiro.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Mídia tosca

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Devido ao feriado do Dia da Consciência Negra, a coluna vem um dia mais cedo. Soret dos sites locais, que ficaram com menos tempo para que erros fossem percebidos.

1. O Gazetaweb deve ser o site com mais erros publicados aqui, mas não lembro desse erro comum aos outros ter ocorrido antes com eles: apresentar links de outras matérias no meio do texto ao colar a matéria, só que não vem o hiperlink junto.



2. O Primeira Edição trouxe matéria com o seguinte título: "Benedito e Feitosa poderão ter". Ter o quê?


3. Já o Tudo na Hora, além de cometer equívoco parecido com o anterior desta lista ("Cidade sergipana é a sexta capital do nordeste a receber canais d"), ainda errou o nome da TV estatal sergipana - "TV Areripê" em vez de TV Aperipê.


4. Por último, o Alagoas em Tempo Real vem com um título confuso: "Reorganização da GM na Europa pode resultar levar a 10 mil demissões".


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Circo a motor - Retrospectiva

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Um ano que teve de tudo. Equipe nova ganhando campeonato de construtores, pilotos ressurgindo das cinzas, o maior escândalo da história da Fórmula 1, mudanças bruscas nos carros, grave acidente com Felipe Massa,... Enfim, um ano em que a temporada do circo teve várias e grandes apresentações e nós mostramos aqui desde o começo - quando ainda éramos Terra: o planeta e seus interessados.

Para traçar o que foi este ano, nada melhor que relembrar trechos de cada postagem do ano. Com direito a extras com acontecimentos alheios as provas dentro da pista, mas que muito influenciaram os comentários dentro e fora dos cockpits.
"No dia do circo, 27 de março, tivemos o início de mais uma temporada da categoria automobilística mais famosa do mundo. A Fórmula 1 também sentiu os efeitos das tsunamis criadas pela crise econômica. A necessidade de restringir os gastos para a manutenção do espetáculo e as já tradicionais alterações para preservar (um pouco) o meio ambiente cresceram exponencialmente.

"O blog Terra: O Planeta e seus Interessados traz mais uma vértebra com uma das paixões de seu autor. "Circo a motor" tentará trazer cada momento que se mostre interessante vinda do circo da Fórmula 1. E Já que assim o chamam, que falemos dele de uma forma diferente, mais criativa."

"No melhor estilo James BROWN de ser, a homófona Brawn GP, do mágico Ross Brawn, mostrou seu swing ao confirmar as expectativas de super-carro e dominou o final de semana.

Dobradinha da estreante tanto nos treinos quanto na corrida. Algo que não acontecia desde o longínquo, e amador, ano de 1954."

Na frente, de ponta-a-ponta, um inglês dominou de forma tranquila. Jenson Button montou num canhão e terminou as 58 voltas na liderança da primeira prova do ano."
"O final disso tudo foi o término precoce da corrida com apenas 31 das 56 voltas disputadas. Como não havia passado 75 % da prova, os pilotos ficaram com metade dos pontos.

"A Brawn GP confirmou o favoritismo inicial e venceu mais uma corrida através do inglês Jenson Button. A equipe vem se mostrando uma "Máquina do Mal" para seus adversários. Ao contrário do carro conhecido no desenho pelas risadas inconfundíveis do cachorro Muttley após cada erro cometido na tentativa de ganhar as corridas."

CHINA

"Apenas três letras resumem o que foi o GP de Xangai, cidade chinesa em que a tenda da Fórmula 1 foi estendida: RBR, a sigla da equipe Red Bull Racing. A equipe venceu sua primeira prova e ainda conseguiu uma dobradinha no pódio."

BAHREIN

"A equipe de estratégias de Ross Brawn foi decisiva para os seus dois pilotos. Como o esperado, Button assumiu a primeira colocação após a primeira parada nos pits e seguiu na frente até o final da corrida. Assim, a equipe que achava que já estava perdendo espaço para Toyota e RBR, conseguiu sua terceira vitória em quatro corridas.

"O inglês abre uma distância de doze pontos no campeonato de pilotos para o brasileiro Rubens Barrichello que, com a evolução das demais equipes na parte europeia do campeonato, deve ser novamente o segundo piloto. Isso porque o “rei das estratégias” Ross Brawn errou a mão."

BARCELONA

"O mais difícil Rubens Barrichello fez. Pulou da terceira para a primeira colocação com duas ultrapassagens. Assim, com o rendimento do carro um pouco melhor do que seu companheiro Button, tudo transcorria para a 100ª vitória de brasileiros na categoria.

"Também não foi desta vez. A equipe BrawnGP manteve a estratégia para o seu carro de fazer três paradas nos boxes e alterou a de Button para duas. Segundo Ross Brawn, não foi para prejudicar Rubens, mas para evitar que Button voltasse atrás da Willians de Rosberg."

MÔNACO
"Duas das mais importantes corridas do automobilismo mundial ocorreram neste domingo. Do lado europeu das competições motoras, o GP de Mônaco serviu para consolidar a liderança do inglês Jenson Button, com cinco vitórias em seis GPs disputados; do lado americano, uma vitória que marca a volta para a vida normal de um piloto."

TURQUIA
"Button chegou às incríveis marcas de 6 vitórias em 7 corridas, a liderança de 81% das voltas nesta temporada e a uma diferença de 26 pontos para o segundo colocado no campeonato de pilotos. O homem que ainda não errou em 2009 parece fazer impossível sua superação."

INGLATERRA
"Para a prova deste domingo era esperado um show caseiro do líder do campeonato Jenson Button, mas o que se viu foi o lema de uma das marcas sendo mais que uma simples propaganda de energizante. A Red Bull deu asas aos seus carros e foram muito superiores aos demais. Nem a Brawn GP havia conseguido uma vitória tão acachapante.

"Sebastian Vettel conquistou a pole e manteve a liderança na largada e foi colocando 1 segundo em cada uma das 18 voltas seguintes no segundo colocado, o brasileiro Rubens Barrichello, que estava mais leve que ele."

EUROPA

"Hoje me sinto roubado. Demos um show de como se perder uma corrida", reclamou Rubinho após a prova. Isso resume bem o que foi a corrida para ele, que justifica o título da coluna desta semana.

[...]

"No final, vemos um Mark Webber emocionadíssimo por conseguir uma vitória para o país após 28 anos, um Vettel que tirou mais pontos ainda e alcançou a segunda posição - com a Red Bull bem melhor que as demais equipes -, um Felipe Massa satisfeito com a terceira posição, Rosberg (Willians) de forma surpreendente em quarto, e os antes imbatíveis Brawn em quinto e sexto."

HUNGRIA

"Assim, ficou fácil para as equipe tradicionais voltarem. Lewis Hamilton, com uma McLaren que sequer havia ido ao pódio, venceu a prova. Com a 5ª posição de Kovalainen, a equipe conseguiu fazer numa corrida a mesma pontuação das outras nove juntas: 14 pontos."

MAIS
"Veja posts sobre a influência do dinheiro na tomada de decisões no circo e, por uma infeliz coincidência, dois textos que tratam da emoção que este escriba sentiu em dois momentos tristes diferentes."

Circo a motor - Retrospectiva (parte 2)

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Vamos à segunda metade da temporada 2009:


VALÊNCIA
"Há meses que espero uma vitória de Rubens Barrichello para comentar algo que um dos professores da Universidade havia falado numa das aulas. E esta vitória finalmente veio num final de semana de fatos inusitados: como a vitória do Sport após 41 dias e o gol do "jogador de IML" Fabinho Capixaba".

BÉLGICA
"Nas últimas semanas, a novela Caminho das Índias (TV Globo) atingiu sua maior audiência ("míseros" 39 pontos), após muitos jargões chatos de ouvir pela população... Mas o que isso tem a ver com a Fórmula 1?

"Neste fim de semana, tudo! Graças à equipe Force India e um de seus pilotos, o italiano Giancarlo Fisichella."
"Lembrando os melhores momentos de Ferrari, Ross Brawn montou uma boa estratégia para seus dois pilotos. Afinal, à frente deles apenas Kovalainen largaria com bastante combustível, parando também apenas uma vez nos boxes. Quanto à decisão sobre Rubinho, resolveu atender ao pedido do piloto em arriscar."

"Na briga pela corrida, Lewis Hamilton se beneficiou de erros de seus adversários diretos pela prova."
"Mais uma expectativa frustrada. Vettel dominou a prova de ponta-a-ponta e conseguiu uma fácil vitória. A única emoçãozinha na turma da frente ficou pela disputa entre Lewis Hamilton e Jarno Trulli pelo segundo lugar.

"Trulli largou nesta posição, mas foi ultrapassado pelo atual campeão mundial na largada. Com uma boa estratégia nos boxes e dentro da pista, o italiano passou o inglês após a segunda parada nos boxes e garantiu a segunda colocação."

BRASIL
"Se tem um lugar em que o circo pode garantir ao público muitas surpresas este é o Autódromo José Carlos Pace, na cidade de São Paulo. O Grande Prêmio brasileiro, em Interlagos, cada vez mais se consolida como a prova cujo roteiro pode ser o mais improvável, mais até do que Mônaco."

ABU DHABI
"Vettel alcançou sua quinta vitória na categoria, quatro este ano, garantiu o segundo lugar no campeonato de pilotos e mostra que a RBR deve se juntar ao rol de grandes equipes, assim como ele deverá se juntar ao de grandes pilotos da história da Fórmula 1.

"Webber chegou em segundo - primeira dobradinha da equipe austríaca "que dá asas"-, Button em terceiro e Barrichello em quarto."

ESCÂNDALOS
Além de tudo sobre a temporada, relembre o escândalo do ano, quiçá o maior da história da Fórumla 1:

terça-feira, 17 de novembro de 2009

IRAAAAAAAAAADO! - Um dia de Fúria

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É incrível como é bastante comum eu ser levado a ter "dias de fúria". Por mais que tenha finais de semana tranquilos, ou que faça questão de não misturar problemas, mas eis que tudo vem junto, em acúmulo num curto espaço de tempo.

Deu para perceber que falo de ontem, segunda-feira.

Tenho duas coisas que devo carregar por causa da genérica: de um lado, um limite de paciência muito alto; do outro, a loucura. Controlar essas duas coisas com um monte de fatos que me empurram para a raiva costuma ser bastante complicado. Não é a toa que algumas pessoas mais próximas reclamam que eu "sublimo demais", guardo muitas coisas.

Gosto de fazer tudo de forma organizada, mas parece que atraio, como no caso eletromagnético, pessoas que gostam do contrário. E é aquilo, quando você está num grupo que erra em algo, a bronca vai para todo mundo, por mais que você não tenha responsabilidade direta por nada, que tenha avisado sobre uma maior organização para evitar problemas...

E taí uma coisa que odeio desde criança: levar broncas. Se já fico com raiva se erro, imagina se levo uma bronca "gratuita". Ah, e a mania de colocar a culpa nos outros é muito comum entre a maioria das pessoas, imagina se neste caso for um jornalista ou projeto de. Ô raça para ter um ego lá no alto (e nisto me incluo na classe)!

Mas isso é até "esperado". Falou em qualquer coisa relativa a mercado de trabalho ou ideologia e é a hipocrisia que impera. Não seria bem mais fácil xingar a pessoa que o criticou ou falar diretamente para alguém que "não gosto do que você pensa" ou "merda de socialismo!". Mas não, deixa isso para conversas entre os "seus" e a imagem da amizade pairando quando próximos. (É por essas e outras coisas que amizade para mim é algo bem maior que para a maioria das pessoas).

Enfim, além da centena de motivos para ter raiva da equipe de um projeto de um impresso que participo, apareceram mais ainda até a segunda-feira. Não entendo como algo com doze pessoas possa funcionar menos que algo com uma. Assim como prefiro a partir de agora guardar as minhas ideias para mim, para não serem utilizadas ou sequer analisadas. Poupa-me tempo.

Para piorar, enquanto tomava a decisão de "férias" desse troço, vem alguém para me encher a paciência sobre coisas dele. Forçando-me a aceitar coisas que visivelmente não queria nem tratar. A decisão das "férias" foram bem facilitadas.

Mas como desgraça pouca para alguém como eu é bobagem, a cabeça a ponto de explodir teve que aguentar uma tremenda azia - talvez por causa dos demais problemas. Até hoje, dia seguinte, a barriga doi um pouco.

Só que, ao contrário das Organizações Tabajara, os problemas não acabaram. Ainda tive que aturar muito barulho em casa. Mesmo tendo chegado tranquilo, na minha, sem ligar problemas externos com a casa, eis que vem um barulho do lar, justamente o lugar que mais silêncio desejava. Fora que é um problema que perdura há sete anos!!!

Além disso, soube que uma das rendas da família foi embora por critérios dignos de um Estado com o menor índice de alfabetização do País. Realmente, um dia daqueles, que muito bem poderia rememorar o filme Um Dia de Fúria.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

171

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Quantas pessoa já conhecemos na vida e podemos dizer com tranquilidade: "Fulano é uma roubada, 171"?

Para o post 171 do Dialética Terrestre este autor foi buscar na jurisprudência nacional (Código Penal) o significado de tal termo tão comumente empregado no dia-a-dia. E veremos que o que virou senso-comum tem um quê de verdade:

"Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa".

Ah, isto também é uma definição para estelionato. Sabem como é, pobre é 171, rico é estelionatário. Além de ser mais fácil afastar por até mais de cinco anos alguém assim que prender por tal período de pena prevista por lei outrém de "colarinho branco".

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Mídia tosca

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A coluna vem esta semana com exemplos de cinco sites alagoanos diferentes, com erros "normais", mesmo que continuem absurdos - não dá para banilizar, como já fizemos com as desigualdades sociais...


1. Para o primeiro grupo, falta ou excesso de letras em matérias de Gazetaweb (http://gazetaweb.globo.com/v2/noticias/texto_completo.php?c=189456&tipo=0), Tudo na Hora(http://www.tudonahora.com.br/noticia/televisao/2009/11/13/74547/candidato-do-idolos-desiste-da-competicao-musical) e Alagoas em Tempo Real (http://alemtemporeal.com.br/index.php?pag=eventos&cod=1316).

2. O segundo grupo é todo do Cada Minuto, que conseguiu errar dois títiulos. No primeiro, faltou a última palavra e a frase ficou sem sentido. Já no segundo, um erro que já passou por aqui, em vez de aspas a frase veio com interrogações, como nas perguntas em castelhano.

3. Outro erro cada vez mais "tradicional" veio do Gazetaweb. Mais um link de vídeo sem vídeo algum.

4. Para terminar, espero que consigam ver o texto do Primeira Edição com as participações num programa sobre Cazuza, que coloca duas vezes Bebel Gilberto. Serão duas pessoas diferentes: a com a produção da Paula Lavigne e a sem as músicas produzidas?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Despedidas

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Calma! Ainda não é desta vez que a Internet ficará sem o Dialética Terrestre – por mais que sua extinção não fizesse a menor diferença. Mesmo não sendo algo assim, o assunto de hoje é bastante diferente, principalmente para quem me conhece.

Por coincidência, e pela ação de cada indivíduo através do movimento social, dois ex-colegas de trabalho partirão de Maceió para novos projetos de vida. E, por incrível que possa parecer, esse é um texto dedicado a eles, que fizeram parte da talvez única equipe de trabalho que no futuro possa dizer que participei da montagem.

Para começo de conversa, pretendo falar de uma agora publicitária. Primeiro que nunca pensei em ter coleguismo com alguém de Publicidade – algo mais pelego que RRPP (hehehehehe). Neste caso específico, menos ainda.

A Suzelly – haja criatividade para colocar num só nome dois l’s e um y – até o ano passado era a namorada de um colega de universidade, que às vezes encontrava aqui ou ali. Quando me disseram que ela também trabalharia no Departamento de Comunicação não tive tanta reação, até mesmo porque não a conhecia tanto.

Lembro até de um fato de conflito quando o Bruno na primeira e única festa da turma que eu fui, prometeu não falar nada até que eu não falasse. Só que ele fez a aposta com a pessoa errada e a loirinha baixinha ficou com raiva e pedia para “este menino falar”.

Com o tempo de convívio, um ano, aprendi mais coisas, além de comprovar a braveza – ela dava bronca até na chefe! Uma das coisas com que mais me admirei foi com a vontade de seguir a profissão escolhida. Poucos são os que estudam o que querem e continuam assim até o final.

Além disso, sua criatividade para busca e produção de imagens era excepcional. Fora o quanto nos ajudou no aprendizado do programa de diagramação e o quanto nos fez rir com as histórias – especialmente a do(a) Jacque.

No caso dela, a saída era esperada. Já sabíamos desde o ano passado que ela pretendia fazer especialização fora o país. Só que nesta semana chegou o dia. Aproveite bastante e siga sendo uma das poucas referências de Publicidade que eu conheci!

A outra pessoa em questão é um quase jornalista – se é que isso ainda existe – e levava muitas broncas pelos problemas e aventuras amorosas que vivia. Também, esperar o quê de um sujeito com nome de Homero Dionísio?

Acho que a mãe dele já sabia dos “dons etílicos” que o fariam se chamar de vinho quando comparado à água (eu). Homero foi um dos grandes prêmios que vieram com a vitória nas eleições do Diretório Acadêmico – o qual me deu bastante dor de cabeça.

Entre outras coisas, fez-me conhecer a Residência Universitária Alagoana (RUA) e conhecer alguns moradores oriundos dos diversos locais do Estado e do país. Além de me ajudar em certas questões políticos e preconceitos partidários e culturais – mesmo que conscientemente ainda sinta nojo de algumas atitudes partidárias e de algumas músicas (inclusive o forró eletrônico).

Nunca vi alguém levar tanta bronca quanto ele e mesmo assim, momentos depois fazer-nos rir com uma piada ou sua demonstração performática de músicas populares(cas). Fora as histórias de atitudes do cotidiano que geravam as broncas da Suzelly.

Convidou-me a ser parceiro de blog esportivo. Sobre a alcunha de Alagoanos(_KM) escrevemos, comentamos e discutimos – mais eu que ele – sobre vários assuntos do futebol, buscando a sua base formadora.

Futebol era uma das nossas divergências. Ele, são-paulino, eu palmeirense. Ele se transformou num torcedor do ASA, e eu com a “genética” azulina. E o pior foi ver três títulos seguidos do tricolor, que está próximo do quarto, mesmo que a cada início de ano a conversa fosse a de “ganharemos a Libertadores”.

Enfim, poderia falar um bocado desse companheiro traipuense de lutas. Mas, para minha surpresa, disse-me na semana passada que também sairia de Maceió. O amor o chamou para João Pessoa – e há muito tempo, pelo que me lembre.

Logo ele, conhecido no COS como “pó, pó, pó” pela fama de ciscar para tudo que é canto, e contrário à monogamia, apaixonou-se por outra pessoa. Nem a distância diminuiu o que os dois sentiam, independentemente do momento em questão.

Para finalizar, ainda me surpreendeu como jornalista político de um jornal local. Homero, com a prática, está escrevendo muito bem, e tem muito conhecimento de vida e de estudo para isso. Bons ventos o levem, mais um lugar para o FutNordeste ter um representante e para o Cepcom adquirir contatos! Bom casamento!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

"A realidade é absurda, a literatura não"

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Em meio a dias cansativos e muitas caminhadas pela Bienal por causa da .bula, ao menos consegui assistir algo interessante. No sábado à noite, o escritor (cronista, romancista e contista) Ignácio de Loyola Brandão (1936-...) apresentou “Memória, Imaginação, Realidade. O processo de criação e a chamada inspiração”, na Sala José Marques de Melo da IV Bienal Internacional do Livro de Alagoas.

No dia nem sabia qual era o tema, lembrava que podia ser algo ligado à criação. E criação não é a nossa (jornalista) fonte de sustento? - ao menos deveria ser. Acabamos indo ver, eu e um colega da universidade.

Lutei contra o sono que me forçava a fechar os olhos por uns instantes, fingir que ajeitava os óculos para garantir mais alguns segundos do tão próximo descanso, que ainda teria que esperar por mais de quatro horas.

Ignácio misturou crônicas contadas, com direito a propagandas dos livros em que elas estavam, com a sua vida, fazendo-o em certo momento deixar o aviso que costumava misturar em suas palestras realidade com ficção.

Apesar de achar que na literatura não há nada de absurdo, só que ela tem que refletir de forma criativa, com um toque de imaginação, a realidade. "A realidade é absurda, a literatura não. Absurdo mesmo talvez seja lá em Brasília".


DESAFIO

Uma das mais interessantes foi que ele falou que quando criança era bem magro, com cara de chato - a qual tem até hoje, apesar de não ser tanto como a do Ariano Suassuna, e talvez não tanto quanto eu - e que escolheu fazer o antigo científico mesmo sendo mais ligado às ciências humanas.

O professor perguntou no final do ano se ele precisava de muito para não ser reprovado. A resposta: "Preciso tirar 9,7 na última prova". O professor o desafio para algo que valeria ou 0 ou 10, tudo ou nada. Como já não tinha nada mesmo a perder, resolveu aceitar.

Teria que responder uma questão a uma turma recheada de meninas de uma série anterior. Ele não entendia nada do assunto, mas não podia passar vergonha entre mulheres tão bonitas. Começou a escrever todos os sinais matemáticos que conhecia: raiz quadrada, potência elevada a outra potência e até logaritmo ("algo com som interessante").

Ao final, esperava o zero, mas a honra com as meninas estava sob defesa. Muitas olharam-no como um gênio. Chegando ao professor, surpreendeu-se quando disse: "você tirou dez". "Mas como? Eu errei tudo?". "Dez pela sua coragem, sua criatividade e inteligência. Saia logo disso que seu negócio é com a imaginação".

Até hoje, desde 1956, ele segue isso.

"A RUA ENTRA"

Loyola Brandão utiliza fatos do cotidiano para escrever suas crônicas, contos e romances e disse que para ajudar como memória utiliza pequenas cadernetas onde anota fatos curiosos do dia-a-dia. Além disso, há uma em que anota possíveis nomes para personagens, já "que um nome pode arruinar uma história". Na última contagem, tinha 4092 cadernetas.

Uma dessas histórias aconteceu em São Paulo, perto da Av. Paulista. Uma mulher perguntou se uma determinada rua já havia entrado ali. Como estava próximo a um ponto de ônibus, ele respondeu que o ônibus com o nome da rua não havia passado ainda. Só que a mulher respondeu assim: "Como paulista é burro! A rua passa por aqui. Quero saber quando ela passará".

Como sabia que não adiantava responder honestamente, e como queria continuar a conversa, disse que a rua já havia entrado ali logo cedo, voltaria a passar às 14h e a última vez à noite. E depois disso foi embora.

Foi ao trabalho - era diretor-geral da revista Vogue - e quando voltou a passar pelo local no final da tarde, percebeu que a mulher não estava lá. "A rua deve ter entrado mesmo".

CRÔNICAS

Além das histórias, foi uma aula a que presenciamos naquela sala. Para quem gosta de escrever foi servido um prato cheio de boas e simples dicas para textos futuros. O problema será ter tempo para preencher tantas cadernitinhas.

*Foto extraída do site do autor: http://www.ignaciodeloyolabrandao.com/

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Circo a motor - Lusco-fusco

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Nunca pensei em utilizar a palavra "lusco-fusco" (anoitecer) em título de qualquer texto, muito menos numa coluna sobre a Fórmula 1. Mas assim como o futebol, este escriba gosta de surpreender, mesmo que às vezes até a si mesmo.

O mais novo circuito da categoria (64º da história) foi um espetáculo à parte. Ou melhor, quase que o único espetáculo. Assim como algumas "grandes" obras artísticas contemporâneas (pós-modernas), resolveram construir algo com uma belíssima forma, mas sem conteúdo.

Explico. A arquitetura feita no meio do deserto de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, é o que há de mais moderno no mundo. Com direito à cobertura num hotel - situado no meio do circuito - com o mesmo esquema do estádio de futebol alemão Allianz Arena e a um museu da italianíssima Ferrari em outro trecho.

Olhe que não terminaram a tempo o circuito, que era para estar entre as primeiras provas do ano, por causa da crise financeira e da drástica redução do preço do barril de petróleo, motor da economia daquela região - que ainda é livre de impostos. O "paraíso" está caindo dos céus e mais dia ou menos dia a situação fica muito ruim por lá.

Enquanto isso não ocorre, há a previsão de 200 BILHÕES de dólares para serem gastos em melhoras nos próximos anos. A saída dos boxes "cega" deveria ser a primeira alteração, apesar de não ter ocorrido nenhum problema assim durante a prova.

CORRIDA
Economia à parte, a nossa preocupação não era se o Barrichello ou o Vettel terminaria em segundo lugar no campeonato, até mesmo porque nem o brasileiro estava preocupado com isso. Você lerá em algum lugar sobre se fulano foi vice-campeão da temporada de 2009 tão fácil quanto verá que Jenson Button conquistou o título no Brasil?

Enfim, nas cinco primeiras posições largariam os pilotos que tiveram maior tempo na frente ao longo do campeonato: as Brawn GP de Barrichello e Button (4º e 5º); as Red Bull de Vettel e Webber (2º e 3º); e a McLaren de Lewis Hamilton, que largou na frente.

Para variar, Rubens Barrichello deu azar. Logo na primeira curva, tentou se aproveitar da briga entre Vettel e Webber para ultrapassar o australiano, mas viu parte da asa dianteira do seu carro voar. Com isso, perdeu ritmo em algumas voltas e a posição para seu companheiro de equipe.

Mas nada perto do que ocorreu com Lewis Hamilton que viu sua "flecha de prata" perder ritmo antes e depois da primeira parada. A telemetria detectou problema no freio do pneu traseiro, que o forçou a parar o carro e entregar a corrida para o alemão Sebástian Vettel.

Vettel alcançou sua quinta vitória na categoria, quatro este ano, garantiu o segundo lugar no campeonato de pilotos e mostra que a RBR deve se juntar ao rol de grandes equipes, assim como ele deverá se juntar ao de grandes pilotos da história da Fórmula 1.

Webber chegou em segundo - primeira dobradinha da equipe austríaca "que dá asas"-, Button em terceiro e Barrichello em quarto.

ANIMAÇÃO
Primeiro, a palhaçada da apresentação circense desta semana. Você já imaginou dirigir um carro movido a gasolina e parar ao lado do álcool no posto de combustível? Pois bem, foi algo parecido que Jaime Alguersuari fez. O piloto espanhol, o mais novo da história da F1, parou nos boxes da RBR, mas a sua equipe (STR) ficava uma posição antes.

Tudo bem que ambas são do mesmo dono, roupas parecidas, mas foi erro engraçado. A equipe de Vettel é que foi bem ao mandar o espanhol passar direto, já que o piloto da equipe, líder da corrida, viria a seguir. Alguersuari teve que diminuir o ritmo para não dar pane seca.

KOBAYASHI."Finalmente os japoneses podem ter achado o piloto por quem tanto investiram". Uma das poucas frases - poucas no sentido de qualidade, já que isto foi repetido n vezes - corretas de Galvão Bueno. O japonês deu uma "senhora" ultrapassagem em Button, que "só" é o campeão da temporada, e chegou em sexto lugar. O problema é que a Toyota é mais uma construtora que sai da F1.

BUTTON. Você já tem o título da temporada, lugar garantido ano que vem, não sofre pressão de quem vem atrás e tem o pódio da corrida nas mãos. Para que arriscar a ultrapassagem em alguém faltando poucas voltas para terminar a prova?

Para nos dar alguma alegria. O britânico foi o responsável por tentar fazer do final desta temporada tão emocionante quanto o do ano passado, quando Hamilton ganhou o título na última volta. Mostrou o bico do carro e dividiu curvas com Webber pelo segundo lugar. O australiano levou a melhor, mas o inglês colocou a cereja no bolo de 2009.

ACABOU
Agora só em março do ano que vem.

Equipes novas, velhas equipes voltando e construtoras de veículos de rua saindo. E o melhor: a probabilidade de surpresas maiores e melhores que as deste ano. É Alonso na Ferrari, um Senna de volta à Fórmula 1 (Bruno, na estreante Campos), Rubinho na Willians e Massa de volta.

Mas antes disso, a coluna ainda trará a retrospectiva deste ano com trechos do que foi publicado no ano de estreia do circo por aqui. Aguardem esta colcha de retalhos...