quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

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Esse time joga por música

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Em meio às retrospectivas de final de ano, meu parceiro de blog esportivo falou sobre a lista musical dele. No mesmo instante defini que se fosse fazer um “top música” teria que ser no mínimo um time de futebol, pois neste ano escutei mais coisas diferentes do que nos anos anteriores.

Unindo uma idéia do jornalista José R. Torero – que fez um time de escritores – com a retrospectiva do ano, resolvi escalar o meu time musical de 2008, entre grupos e cantores que pude conhecer, de verdade, neste ano que acaba.

No gol, Chico Science e Nação Zumbi.
- Nada como ter um líder na posição de goleiro. O líder do transformador movimento pernambucano mangue beat representa toda uma Nação Zumbi.

Na lateral-direita, Clara Nunes.
- Soube interpretar muito bem músicas de um povo que viveu, e alguns de seus descendentes ainda vivem, à margem da sociedade, os negros. A lateral-direita não é só uma homenagem, mas um protesto.

Na defesa:
Fernanda Takai.
- A descendência japonesa dá velocidade para se antecipar aos atacantes. Ainda por cima, é capaz de demonstrar um bom entrosamento em grupo, com o Pato Fu, e ser habilidosa no combate individual, cantando Nara Leão.

Cartola.
É para quem gosta de clássicos. Como Domingos da Guia, Cartola é um desses. É o tipo de jogador que se quer ver vestindo a camisa de qualquer time. Neste caso, é o tipo de música que gostamos de ouvir em outras tantas boas vozes.

Na lateral-esquerda, Chico Buarque.
- Além da evolução sofrida pelo esporte, Chico já não tem tanto fôlego para atuar na ponta-esquerda. Mas continua a distribuir letras, o que para quem gosta de futebol é muito bonito de se ver. E ainda faz seus gols, afinal sempre está apto para marcar com as suas músicas.

Volantes
Novos Baianos.
- Para ser volante tem que vestir a camisa. E a brasilidade é evidente para os Novos Baianos. Além disso, a segurança em campo não parava a criatividade.

Nara Leão.
- Neste time é a responsável por ligar a defesa ao ataque. É a típica atleta versátil ao conseguir passar rapidamente da Bossa Nova à Jovem Guarda, muito atacada pela imprensa, com muita precisão e qualidade.

Meias
Os Mutantes.
- É o capitão de um time inovador. Os Mutantes gritam na hora certa; falam com os árbitros em outra língua. Além de tudo isso, sabe misturar o melhor das táticas estrangeiras, a guitarra, com a criatividade típica do Brasil.

Pixinguinha.
- Para vestir a camisa 10 tem que ser um verdadeiro maestro. Com a bola no pé, tem que se possuir a cadência de um choro à velocidade de um bom samba. Pixinguinha foi um dos primeiros brasileiros a entender de música nos seus mínimos detalhes e a última contratação da nossa equipe.

Atacantes
Secos e Molhados.
- Poucos sabem com tanta maestria irritar os adversários com composições musicais irreverentes e, ao mesmo tempo, fazê-los ficarem impressionados com seus tentos. Chama a atenção dos marcadores com a inusitada forma de se apresentar no palco de jogo. Uma lição a ser levada para além-mar.

Noel Rosa.
- Ronaldo, Luís Fabiano, Adriano, Amauri? Não, Noel Rosa. Poucos conseguem num tempo de carreira tão curto ultrapassar a marca de 200 músicas criadas. Este carioca conseguiu passar disso até os 26 anos!

No banco de reservas convocamos a novidade musical pernambucana Mombojó, o alagoano-catarinense Wado, o samba de Maria Rita, o espetáculo d’O Teatro Mágico, a criatividade de Zeca Baleiro e a irreverência de Tom Zé, alguém a ser explicado.

P.S.: Não posso deixar de agradecer pessoas que serviram de diretores do meu time neste ano. São dois pernambucanos. Um que me fez conhecer os aspectos culturais da sua terra e me forçou a sair da modernidade vazia a qual vive a cultura alagoana; e outro que me fez conhecer mais do samba – seja no agradabilíssimo Samba Sim de 2007 ou no Malacada, em 2008. E mais dois alagoanos, que muito me ajudaram nas discussões sobre os atletas da música. Um com gosto que vai do Oiapoque ao Chuí e outro que até em coral canta.

domingo, 21 de dezembro de 2008

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Da proximidade ao afastamento

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É incrível como os livros têm a capacidade de causar inúmeras sensações a quem o lê. Inclusive, alguns deles nos proporcionam a possibilidade de navegar em vários sentimentos no mesmo livro. Pelo que li de George Orwell, ele é capaz de fazer isso.
Em A Flor da Inglaterra (do original Keep the aspidistra flying) Orwell desvela mais elementos importantes sobre a estrutura social da sua época. Neste livro escrito em 1937 as relações sociais são mediadas pelas mercadorias, como já colocara Marx alguns anos antes. Dentre as quais, a representação do valor do capital, o dinheiro é o principal ponto de ligação e afastamento das personagens.
Gordon Comstock poderia ser o típico inglês: aquele que ganha um salário médio após trabalhar com algo que foi forçado a gostar e vivendo à mercê da quantidade de dinheiro que tinha na carteira. Ah, e com uma aspidistra (planta inglesa) decorando a casa, geralmente na janela. Porém, Comstock não faz isso. Deixa emprego, entra noutro em que recebe menos, mora numa pocilga. Tudo isso para fugir do dinheiro.
“O que ele percebeu, e com uma clareza que só aumentou com a passagem do tempo, foi que o culto ao dinheiro tinha sido elevado à categoria de verdadeira religião. E talvez a única religião autêntica – a única religião autenticamente sentida – que nos resta. O dinheiro é o que Deus já foi. O bem e o mal não significam mais nada, a não ser fracasso ou sucesso. Daí a expressão de sair-se ou dar-se bem. [...] Não haverá revolução na Inglaterra enquanto houver aspidistras nas janelas (p. 59).”
É neste ponto que concordo com ele. Já tive minha fase, assim como Gordon a tem na maior parte do livro, de acreditar que seria este o elemento que garantiria amizades, relacionamentos mais sérios e conforto. Por isso, desde o início passei a vestir o personagem, como se fosse eu próprio.
Gordon representava a esperança de uma família que dependia dele para prosperar, senão os Comstock terminariam por ali. Sua irmã, Júlia, deixara os estudos e o ajudava financeiramente acreditando na possibilidade dele ser o que todos esperavam. Porém, não haviam combinado com ele que, pelo contrário, tinha horror a ter um emprego bom.
Mesmo assim, Gordon chegou muito perto de ser o homem típico da Inglaterra, inclusive devido a sua forma de escrever, mas não a de um poeta, como gostaria. Gordon Comstock acabou caindo por indicação de amigos, e após renegar algumas propostas de ganhar dinheiro, justamente no local em que ajudar a gerá-lo é o principal foco: uma empresa publicitária. Fazia, muito bem, mensagens publicitárias. É com esta cena, ao longo do livro, que sabemos o motivo que ele tanto odeia olhar para cartazes com propagandas.
Saiu de lá, mas na estava livre do seu adversário. Gordon, após ter recebido uma boa quantia de uma revista estadunidense por umas poesias publicadas, resolve gastá-lo com muita bebida. Foi o momento da minha necessidade de afastamento do personagem. Nesta parte parecia sentir cada tontura dele, o cheiro de seu bafo de bebida, suas ânsias de vômito. Desta vez não me identificava com aquilo. Sentia asco de toda aquela situação. Será que por nunca ter feito aquilo, ter se entregado aos vícios dos mais comuns entre as pessoas da minha idade? O fato é que tão logo queria passar destas páginas do livro.

Da proximidade ao afastamento - parte 2

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Porém, quando quase vence o dinheiro, eis que o jogo vira. Apesar de jogar toda a culpa nele, Gordon é obrigado a se tornar o típico cidadão londrino. Família (leia-se mulher e filho), emprego, o dinheiro que dava para manter a todos e, claro, algo que todo inglês de classe média possuía, e que ele fez questão de ter, uma aspidistra na janela. O que significou a sua volta para a empresa de publicidade.
Infelizmente não dá para abordar todos os pontos do livro, abaixo vão alguns:
1-Gordon tinha um amigo pequeno-burguês que se dizia socialista, algo que ele não gostava tanto. Para ele, “Todo rapaz inteligente é socialista aos dezesseis anos. Nessa idade, ninguém percebe a ponta do anzol cuidadosamente escondido dentro da isca. Bem gorda” (p. 59). Mais uma crítica de Orwell ao projeto em curso no Leste europeu. Como em A Revolução dos Bichos, há a crítica da representação do valor do capital, o dinheiro, mas também há a crítica ao sistema que na época polarizava, ou tentava, com o capitalismo.
2-A sedução da mercadoria é uma das partes citadas e que podem ser destrinchadas do livro. Primeiro, e principal, a mercadoria dinheiro, a qual todos correm em direção e Gordon ao contrário. Depois, nos elementos que têm a função de ajudar a vender as coisas. Vemos nos livros mais novos e mais caros a intenção estética de ser facilmente atingido por olhares curiosos – e por bolsos com dinheiro. Nos cartazes e slogans a possibilidade de vencer os mais variados produtos. Tudo isso através da estetização da mercadoria.
Mantenha as aspidistras voando e a situação como está? Um homem só não poderá enfrentar todo um sistema imposto desde que ele nasceu, mas um conjunto de homens, sim.
(ORWELL, George. A Flor da Inglaterra; trad. Sérgio Flaksman; – São Paulo: Companhia das Letras, 2007, 318pp. Título original: Keep the aspidistra flying).

sábado, 13 de dezembro de 2008

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Última Parada em favela movie’s?

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A primeira coisa que se pensa quando se sabe que está no cinema um filme cujo pano de fundo é o Rio de Janeiro é se este será mais um filme que, acompanhando a tendência iniciada por Cidade de Deus, entrará para o rol do que se convencionou chamar de favela movie.
Pois bem, o diretor de Última Parada, 174, filme brasileiro apontado a uma indicação ao Oscar como melhor filme estrangeiro, afirma que não, que buscou justamente o oposto disso. Segundo Bruno Barreto (O que é isso, Companheiro?), o seu filme mostra mais condição humana do que a condição social.
Além de um assunto trágico ser tratado no filme - os bastidores do seqüestro ao ônibus 174, que fazia a linha Gávea-Central de Deus pelo jovem Sandro Nascimento, no dia dos namorados de 2000 -, a primeira vez que o filme veio à imprensa foi devido ao nome. José Padilha, diretor do recente sucesso Tropa de Elite, produziu um documentário em 2002 sobre o mesmo assunto, denominado Ônibus 174, nome o qual não foi permitida a reprodução.
Ainda não tive a oportunidade de ver o documentário de José Padilha, muito elogiado por sinal, para poder fazer uma comparação minha tanto entre gêneros cinematográficos, quanto do próprio roteiro e temas abordados.
Segundo especialistas, a diferença entre as duas produções cinematográficas está na maneira que permitem seus diferentes gêneros. Enquanto o filme de Padilha é um documentário, o que permite o distanciamento racional do observador; o de Barreto é uma ficção, que busca focar mais na busca da mãe de uma criança em encontrar o seu filho Sandro, o que diminui o espaço do assalto em si.
Quanto ao filme, confesso que fiquei com a sensação do cansaço em ver favela movie’s. Tudo bem que não sou nenhum especialista em Cinema – ainda estou aprendendo a escrever sobre cultura -, mas sou um dos que quando acabou o filme ficou estafado com o que vi.
Concordo plenamente com Barreto, que ficou mais revoltado ainda com a situação do Rio de Janeiro após gravar o filme – inclusive chorou após a primeira exibição -, porém, acredito que um outro ponto de vista, talvez demonstrar os motivos reais de termos em nosso país, o dito “país do futuro”, tal situação. Será que a favela existe só por causa do tráfico e de alguns policiais que se vendem a ele?
Realmente, quando comparado a Cidade de Deus, Carandiru e demais filmes, Última Parada procura mostrar mais o humano, o que as pessoas têm que fazer para sobreviver num campo social tão difícil e preconceituoso. Porém, as possíveis confusões com o estilo supracitado vão além do pano de fundo, certos elementos que mostram o Brasil ao mundo estão presentes lá também: sexo, tráfico de drogas e violência.
Eu preciso assistir mais filmes, mais “culturais”, clássicos, para poder falar melhor sobre o assunto, mas este filme em especial me deixou numa incrível dúvida: deve-se mostrar o lado estereotipado do Brasil, só que como uma forma de denúncia, mesmo que isso só influencie para aumentar um estereótipo?
Tivemos um exemplo recente de produção estadunidense (Turistas) – sempre eles! – sobre o Brasil e vários erros foram cometidos. Eles ainda acreditam em macacos nas ruas e drogas sendo utilizadas por todos em qualquer lugar. Ou seja, nós somos o “país de ninguém”.
Mas, de certa forma, não vemos o nosso país nos grandes meios de comunicação de forma maquiada? Não somos a maravilha que nos faz acreditar o senhor do “nunca na história desse país...”.
Condição humana X condição social. Quer dizer, por que temos que separar a relação entre os dois? Por que os cineastas terão que se preocupar se os seus observadores irão achar que é “social demais”?
O sujeito individual está intrinsecamente ligado ao que é a sociedade, faz parte dela enquanto ser social, algo que caracteriza e diferencia homem/mulher de outros animais. Talvez esteja aí o X da questão para os filmes que queiram mostrar a dura realidade brasileira: explicar o porquê acontece aquilo, mesmo que seja difícil em 90 ou 120 minutos sair da superficialidade cotidiana.
Enquanto isso eu tentarei aprender mais. Quem sabe me entender no meio disso tudo para poder tentar entender o que sai da cabeça de cineastas e telespectadores assíduos de cinema.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Nome único

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Deiwid, Dawid, Deivid, Davi, David (“Davi”) e finalmente David (“Deivid”). Quantas pronúncias e escritas de um mesmo nome tive que agüentar durante a vida, isso porque se trata de um segundo nome. Imagina quem tem problema com o nome principal, num país em que é ele o que lhe designa.
Só que, o que poderia ser um problema para mim, muitas vezes chamado de Davi, até em casa mesmo, é muito menor do que para alguns outros que recebem alcunhas, no mínimo, risíveis. Várias são as piadas com nomes atípicos colocados nos recém-nascidos: “Um, dois, três de Oliveira Quatro”, “Alô você...”, dentre outros oriundos de mentes incríveis!
Acrescentemos aí os nomes de batismo oriundos de novelas, filmes ou estrelas internacionais. Quantos Maicon’s, Mikaéis, Arnold’s e Ruan’s estão espalhados devido a personalidades famosas. O melhor de tudo é que as pessoas mal sabem falar a língua pátria e colocam o nome do filho em inglês, espanhol, em qualquer língua que aparecer, desde que seja de alguém do qual o pai é fã.
Por sorte, de quem assim o deseja, caso o nome coloque a pessoa em situação constrangedora, ela pode pedir na justiça alteração. Porém – sempre tem um porém quando se trata de justiça – só pode ser feito após os dezoito anos. Ou seja, na idade em que qualquer motivo serve para zoação, a infância, seu nome não pode ser alterado. Imagina na hora da chamada, a “tia” chamando nomes como Wedja, Allain Delon ou Creedence Clearwater.
Que falta de nomes como Maria, João, Antônio ou Joaquim! Ao menos, diferentemente destes, ninguém jamais irá lhe comparar com alguém, confundir seu nome. Quando alguém chamá-lo na rua, só você irá olhar para trás. Nada como ter um nome único! Tanto positivamente quanto negativamente.
Quanto ao autor que vos escreve, bem, sou mais um caso dos que serve de homenagem dos pais. O David (pronuncia-se Deivid) do meu segundo nome é devido às apresentações do mágico americano David Copperfield no Brasil na semana em que nasci. Portanto, sou mais um caso de estrangeirismo.
Imagina como ficaria caso o deputado federal Aldo Rebelo tivesse o projeto contra o estrangeirismo aprovado? Sem nome. Pois, Anderson não tem nada de português, David menos ainda. Aí eu responderia ao me perguntarem sobre o meu nome: “não sei, ainda tenho que escolher um brasileiro e avisar a todo mundo que me conheceu que o nome mudou, o email mudou, mas continuo sendo ‘eu’”.
Nomes esquisitos, estrangeiros, chineses, alemães, portugueses, indígenas,... Essa é a única liberdade que ainda tem o brasileiro: pôr o nome que quiser. Só que poucos têm o direito de escolher o seu próprio. Confiemos nas nossas mães e nos nossos pais!

domingo, 23 de novembro de 2008

Fome: ainda um tema proibido?

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100 anos de Josué de Castro
Em 2008, o médico, escritor e cientista social pernambucano Josué de Castro completaria 100 anos de vida. O quê? Você nunca ouviu falar em Josué de Castro? Tudo bem, explicamos rapidamente.
Esse pernambucano foi o responsável pelos primeiros estudos e publicações que mostraram que a fome não era um simples problema biológico ou culpa dos pobres. Havia todo um processo de desigualdade mundial que a gerava.
Josué, para se ter uma idéia, foi indicado por três vezes ao Prêmio Nobel da Paz e recebeu vários prêmios. Chegou a lecionar em algumas das melhores universidades do mundo, como a Sorbonne (França), onde teve que se exilar após a chegada da ditadura militar em seu país de origem – quando ele recebeu convite de 14 países para fixar residência.
Seus livros mais famosos sobre o assunto foram Geografia da Fome (1946) e Geopolítica da Fome (1961). O primeiro é um clássico desse tema e o último recebeu um prêmio de uma universidade americana, pela grande relevância em tratar do assunto. Assim o fez, ligando-o a áreas nunca antes relacionadas, como a política e as diferenças de desenvolvimento entre os lugares do globo.
No Brasil, especialmente com Geografia, mostrou ao mundo que em meio ao carnaval, às mulheres nas praias, havia, e ainda há, pessoas que não podem aproveitar das “maravilhas brasileiras”. Pelo contrário, a maioria das pessoas sequer tem direito ao mínimo para a sobrevivência, a alimentação.
Li há quase dois anos um livro com alguns artigos deste autor, Fome: um tema proibido, como forma de conhecê-lo, já que um colega havia falado sobre ele. Na época, o Geografia da Fome estava locado com alguém na Biblioteca Central da Ufal, mesmo assim peguei outro livro com textos de Josué.
Após isso, lembro de ter visto ano passado uma exposição no hall da mesma BC sobre ele e uma matéria no Jornal Hoje (TV Globo), este ano, vinte e cinco anos depois de sua morte. Para a minha surpresa, no jornal Gazeta de Alagoas desta quinta-feira o caderno de Cultura falava sobre este autor, o que me incentivou a publicar aqui os comentários sobre seus artigos organizados em Fome: um tema proibido, postado em duas partes logo abaixo.
Para quem quiser conhecê-lo melhor, há o site www.josuedecastro.com.br.

Fome: um tema proibido – últimos escritos de Josué de Castro

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O livro consta de vários artigos sobre a fome escritos pelo médico Josué de Castro geralmente como prefácio de seus livros, quando não, são artigos para revistas científicas de outros países. O conhecimento sobre o autor, mesmo sem ter lido nada dele antes desse livro, já era o de escritor clássico sobre um tema, infelizmente, também clássico, a fome.
Sendo dividido em três partes (a fome, subdesenvolvimento e desenvolvimento e geografia da fome), o livro trata do tema tanto de forma a explicá-lo quanto para mostrar ao mundo a fome de um local específico, o Nordeste brasileiro, para uma publicação alheia. Sempre procurando tirar o etnocentrismo característico de publicações desse tipo, mostrando também que é impossível para uma pessoa escrever sobre uma realidade em que está inserido colocar parte dessa influência no seu trabalho.
Na primeira parte do livro são colocados artigos de forma a nos apresentar a fome. Logo o primeiro mostra como esse tema foi inserido na cabeça do autor, pelo mesmo morar perto de um mangue ele via os caranguejos e a situação dos mesmos quando não vem nenhum alimento da maré, com as pessoas que não tinham o que comer. Tentando, como o fez em todo o texto, dissociar da idéia malthusiana de que o grande culpado pelo alastramento de misérias por todas as partes do mundo é a explosão demográfica, onde a única alternativa seria isolar esses locais, visão bem etnocentrista, de outra forma, pensa que há comida suficiente para todos desde que todos os recursos oferecidos pelo mundo sejam utilizados, a diferença entre o potencial natural e de força para trabalho humanos em relação ao que vem sendo utilizado é grande, uma alternativa é melhor utilizar o ambiente terrestre. Até porque essa situação é encontrada em outros países ditos subdesenvolvidos, como os Estados Unidos, algo escondido até a década de 60 do século passado, onde, até hoje, há penúria onde moram os imigrantes latinos e afrodescendentes, o que mostra também que a falta de preocupação com esses locais e o paternalismo usado nos países de Terceiro Mundo são utilizados dentro de um país que, desta forma, divide a riqueza e a pobreza num mesmo país. Explicando que se esse processo de exclusão não for de todo exterminada, algo que quase 40 anos depois da maioria dos artigos não ocorreu, essas pessoas poderão se revoltar ao comparar realidades diferentes, causando uma guerra social. Algo que já pode ser visto em relação às guerras americanas no Iraque e no Afeganistão devido às diferenças de poderio entre os dois oponentes, mas que não conseguem vencê-lo quem seria favorito a tal ato e no Brasil com o crescimento do número de pessoas ligadas aos movimentos sociais.

Fome ... - Parte II

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Na segunda parte apresenta-se alternativas para esse processo, só que grande parte das alternativas dependeriam a priori dos países desenvolvidos, que deveriam tirar dos outros países a situação colonial que impediu a maioria dos de Terceiro Mundo a se desenvolver em tempo hábil, já que até os dias de hoje nenhum país conseguiu avançar uma escala no espaço sócio-econômico mundial. Sem falar que num mundo onde a ciência e a técnica se apresentam deveras desenvolvidas, como ninguém busca um método para beneficiar áreas onde os alimento não podem ser produzidos? Cita o exemplo de um programa que transforma elementos derivados de petróleo em alimentos, o melaço da cana que pode ser utilizado em outros alimentos, além de várias outras formas que poderiam ter sido criadas, passando para hoje, do mesmo jeito que há estudos sobre biocombustíveis devido ao fim dos recursos petrolíferos, poderia ter-se criado algo para evitar, ao menos, que as novas gerações estejam a mercê de ajudas comunitárias que poucas vezes chegam para acabar com a fome. O autor coloca que o problema da poluição teve seu início com a colonização dos países desenvolvidos, onde foram extraídas várias espécies, que hoje se apresentam em extinção e poderiam ser alternativas para os outros países, além de que os países por serem subdesenvolvidos não se acham na obrigação de se preocupar com a poluição, algo que até hoje se apresenta dessa forma.
A terceira parte tem o título do livro que o fez ficar conhecido, “Geografia da Fome”, e fala como ocorreu a preocupação dos outros locais do mundo para com esses “primos pobres”. Começa com o prólogo do livro que escreveu para uma editora americana e para um público americano, explicando coisas que para nós, principalmente do nordeste, que são conhecidas, mas que para outras pessoas não são; além de aspectos que ele porá no livro que se seguiria ao trecho, desconhecidos até por quem mora na região, que poderiam surgir como fantasias suas. Das reuniões que ocorreram para se pensar aspectos que diminuiriam essa penúria nada fixo foi resolvido, a proposta de a década 60-70 ser a de diminuir o subdesenvolvimento através do envio de 1% de suas riquezas produzidas por esses países e o maior investimento de empresas nos de Terceiro Mundo. Algo que não foi visto apesar das reuniões de Nova Déli e Bandung, e que não ocorreram em nenhum outro momento da história desse mundo.
Como o autor coloca num trecho de seu livro, no mundo há 2/3 que vivem numa situação de fome, seja ela extrema ou de quase penúria, e outros 1/3 que não dormem com medo dos outros. Mesmo após grandes estudos realizados por esse médico, não existiu nenhuma alternativa nem no seu próprio país frente a uma situação que ocorre em várias partes brasileiras, a não ser o clássico paternalismo, o que ocorreu foi de origem da própria sociedade que procurou a união em prol de objetivos comuns, talvez seja isso o que devam fazer, se unir em busca de soluções que o poder público deveria tomar.


(CASTRO, Josué de. Fome: um tema proibido – últimos escritos de Josué de Castro. Anna Maria de Castro (org.). 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, 242 p.).

domingo, 9 de novembro de 2008

Enforca um, elege o outro

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O que mais ouvimos é que o dia 04 de novembro de 2008 marcará a história da humanidade. Neste dia, 66% da população “votante” dos Estados Unidos foi às urnas e com ampla vantagem elegeu o primeiro presidente negro da história estadunidense.

Há quase vinte anos atrás os Estados Unidos “alimentavam” com armas o Iraque de Saddam Hussein contra o Irã na Guerra do Golfo. Décadas depois, seu presidente resolve inventar uma estória gigantesca, com muita ficção, para que o mundo inteiro aceitasse ou participasse de uma corrida maluca até garantir seu enforcamento.

Mas, em meio a tanta esperança, em plena “revolução democrática” (Arnaldo Jabor), porque citar algo que só lembra o passado? Ah, você pode pensar: “para demonstrar que, como disse o próprio Obama, ‘a hora da mudança chegou à América’. A era Bush chegou ao fim”.

Engano vosso.

De forma superficial, Barack e Saddam têm, ao menos, uma coisa em comum: ambos possuem o sobrenome Hussein e representam povos segregados na histórica estadunidense, os negros e os árabes. Para um, a resposta foi o enforcamento; para o outro, a aclamação mundial.

Calma, ávidos defensores do democrata, não cairemos no discurso desesperado mccaniano e dizer também que Obama tem ligações com algum terrorista. A questão que os une é a facilidade do pessoal lá de cima, os desenvolvidos Estados Unidos, de armar simples mortais, seja através de armas ou de um poder político e confiança antes inimaginável.

Exageros aos montes aparecem agora. Os míseros onze anos de política de Barack o fizeram chegar ao posto mais importante do mundo. Um negro chegando ao maior posto do mundo, seria a prova de que “a vitória está ao alcance de todos” (Jornal Nacional). Porém, quem faz parte desse todos?

Obama vem de origem familiar pobre, é verdade, mas tem ao seu lado o arsenal de um dos maiores partidos políticos do mundo, um lado da polaridade eleitoral americana, os Democratas, que estão longe de ser um partido que sempre defendeu a igualdade entre os povos.

Mas isso é o partido, não o sujeito, certo?

Então vamos à parte prática: quais são as propostas de Barack Hussein Obama Jr. que possam gerar uma transformação real para a população, nesta incluindo o mundo inteiro, afoito pela sua vitória? Tirar as tropas do Iraque daqui a cinco, seis meses, modifica a vida dos quenianos que tanto vibraram com a sua eleição?

Acho que não. Os estadunidenses não votariam em Obama, em plena grande crise econômica, se ele pensasse em dividir com os demais países as riquezas que tanto tentam demonstrar. Não só os votos dos negros, dos desempregados deram-lhe a diferença de mais que o dobro de delegados em relação ao seu adversário. A elite também o escolheu e nós, brasileiros, sabemos muito bem o quão é importante o apoio dessas elites. Perguntem aos banqueiros do Lula.

Falando no presidente brasileiro, uma relação pertinente. Brito Júnior, no programa de variedades em que trabalha, afirmou que o resultado eleitoral era a realização do sonho de Martin Luther King, da união entre brancos e negros, “a chegada dos negros ao poder”. Quer dizer que o Lula no poder, é o operariado no poder? Aproveitem para perguntar isso também aos banqueiros dele.

Não há dúvidas que Barack Hussein Obama Jr. quebra paradigmas ao ser alguém de cor negra se tornando presidente de uma das nações com imenso apartheid social. Assim como não haverá dúvidas, isso o futuro nos dirá, a quem as suas decisões realmente servirão. Perguntem aos banqueiros, desta vez aos americanos.

sábado, 1 de novembro de 2008

Quem quer dinheiro?

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Nos ônibus, de vez em quando, você acaba por escutar as conversas alheias, desde problemas pessoais a discussões mais profundas, teóricas até. Foi numa dessas discussões que ouvi comentários de dois universitários sobre a implantação do sistema digital de Televisão no Brasil. O mais interessante foi ouvir a indagação de um deles: “Para que high definition [alta definição] para assistir o Faustão?”.
Sempre reclamamos de quanto o nosso país é atrasado em alguns aspectos; quando há um desenvolvimento tecnológico próprio, eis que importamos o que fazem lá fora. Foi o caso da tecnologia digital para a televisão, o que o Governo federal chamou de SBTVD, nome com iniciais da emissora do Sílvio Santos. Enquanto universidades brasileiras, poucos centros de excelência ainda existentes, desenvolviam a tecnologia eis que o governo grita para o mercado estrangeiro, o famoso jargão do dono do SBT: quem quer dinheiro?
O resultado do leilão de qualidade e financiamento no país foi a vitória do sistema japonês sobre os padrões europeu (especificamente o francês) e americano. A única melhoria realizada é a inclusão de mais um canal para codificação de dados de vídeo, o tal do MP-4 em vez do MP-3 japonês. Você não está confundindo as coisas, é algo parecido com o aparelhinho que costumamos usar para o entretenimento durante os percursos do ônibus.
Explicando um pouco sobre essa nova tecnologia, a grande vantagem da TV Digital é a utilização do mesmo espaço no campo eletromagnético de forma melhor, já que, com as alterações previstas, abrirão espaço para mais quatro novos canais dentro do mesmo espaço ocupado por um analógico.
Isso poderia significar mais espaço para que outros tipos de informação chegassem aos nossos ouvidos. Podemos pensar em maior variedade de canais, aquele esportivo que só passa no canal a cabo, melhorar ainda mais a considerada até de boa qualidade TV brasileira. Já pensou um canal só para cultura, produzido por quem tem condições para bancar eventos desse gabarito?
Pois é, mas também podem vender esses canais, advindos de uma concessão “pública” – de renovação automática e sem consultar a sociedade –, para emissoras de televenda. Venda de tapetes, jóias, bugigangas eletrônicas para emagrecer, um canal para cada um. Não se gasta com a produção e ainda lucra no fim do mês! Ainda tem as empresas religiosas, popularmente conhecidas como igrejas, que já infestam nossas madrugadas televisivas.
Além da quantidade de canais a mais, a qualidade é o ponto de maior destaque com essa nova tecnologia, qualidade técnica é bom que se diga. O tamanho-base para a imagem reproduzida na tela será diferente (do 4X3 para o 16X9), além de melhorias no som e na própria imagem. Melhorias em shows transmitidos, partidas de futebol, novelas e outros eventos a serem mostrados pela televisão. Até para o Domingão do Faustão. Para que precisamos mesmo de alta definição?
O desenvolvimento para chegar a esse ponto para as emissoras de TV, em termos de gastos, é grande. Cada emissora que quer continuar daqui a dez anos a produzir seus programas, terá que desembolsar muito por equipamentos adequados a essa nova tecnologia. Já temos notícias que a emissora paulista Rede TV! estaria tendo dificuldades em adquirir câmeras e demais equipamentos que sejam adequados ao HDTV.
Ou seja, a segregação entre poderosos e os “nem tanto” na mídia brasileira irá se agravar. Como podemos esperar com boas perspectivas um processo que mal permite que as emissoras existentes permaneçam? Como acreditar que um movimento social consiga tal coisa, se ele já não possui estrutura para transmissão via canal analógico?
E como ficam os canais da rede Educativa espalhados por todo o país, cujos detentores são os governos estaduais? Aqueles estados que tiverem dinheiro para bancar a alteração permanecerão, outros, como a Educativa de Alagoas – que mal consegue transmitir para a capital – deverão acabar. Isso se lembrarmos que são nesses espaços que há maior quantidade de programas sobre cultura e produção local, ao menos na TV aberta.
Esperemos, esperemos. O processo de segregação social já começou na implantação inicial, começada pelo estado mais rico da federação, São Paulo. O futuro nos reserva o canal da Igreja dos Cafundós, o Teletapetes, o Globo 2, o da Igreja do Tapete, a Record 2, ...

domingo, 26 de outubro de 2008

Por trás do gol

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*Mudamos de local e também de nome. O "Por trás do gol" deixou de ser nome de coluna semanal e se tornou um blog, com isso o conjunto dos nossos detalhes semanais do esporte se chamará "Vértebra futebolística". Seria muita prepotência chamar de coluna, então que seja apenas uma vértebra.
Visitem-nos em: http://br.oleole.com/blogs/por-tras-do-gol


sábado, 25 de outubro de 2008

Minhas eleições - Final

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2006. Primeiro ano na universidade e todo um acesso a perspectivas que, apesar de estar próximo, nunca havia tido acesso.

Nas eleições estaduais teria que escolher entre dois usineiros, optar por um sujeito de um partido que nada me agradava (PT) ou ir à única alternativa que, eu achava, havia. Votei nesta alternativa, ainda mantinha o receio de votar nulo. Não “por causa dos que tanto lutaram pela democracia”, simplesmente preferia não anular o voto.

Para presidente, o Lula já tinha ido embora há muito tempo como expectativa de transformação social. Votar em algum tucano era algo fora de cogitação a uma década da minha vida - já havia amadurecido um pouquinho há muito tempo!

Enfim, segui a mesma linha da eleição local, votei na Heloísa Helena por se apresentar enquanto “alternativa” naquele momento.

Quanto aos demais cargos, votei nulo em todos eles, pois já pensava no setor legislativo como um espaço em que só venciam os interesses das classes dominantes. Mesmo alguém “honesto” teria que se adequar a esse espaço para poder atuar.

Dois anos após isso, ganhei muito mais aspectos teóricos na área sócio-política. Percebi que em qualquer forma de poder estabelecido, qualquer cargo político, não havia forma de não “sujar as mãos” chegando lá.

Porém, destaco duas coisas que aconteceram nos dias prévios às eleições do primeiro turno, realizadas neste ano:

1. Numa quarta-feira estou tranqüilo em casa fazendo um trabalho para entregar no dia seguinte e começo a ouvir alguns fogos. Para o meu azar, era o candidato de um cabo eleitoral cuja família mora na mesma rua que eu. Ele iria terminar a “campanha da vitória” no bar em frente a casa onde moro.

Quantidade de pessoas igual só lembro ter visto por lá a sete anos atrás, quando Vasco e Flamengo faziam a final do Campeonato Carioca e dois torcedores brigaram neste mesmo bar. Como urubu sobre carniça, numa briga “chove” gente. Assim como, com bebida de graça – as fotos dos posts anteriores representaram esta bagunça;

2. Uma discussão sobre voto nulo realizada numa comunidade do Orkut. E o detalhe mais importante: na comunidade de um time de futebol. Em duas horas foram mais de cem posts sobre o assunto!

A grande discussão de que “devemos votar pelas pessoas que morreram para que tivéssemos esse direito” ou “evitar votar no menos pior”. Vocês devem saber que eu fazia parte deste último grupo.

domingo, 19 de outubro de 2008

Por trás do gol

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PARLA, BRASILEIRO!

Hoje terminou a Copa do Mundo de Futsal Brasil 2008. Após oito anos, e uma disputadíssima e equilibrada partida, o Brasil volta a vencer, conquistando seu sexto título mundial. Porém, o tema deste texto não é o título brasileiro.

Causou curiosidade a todos a grande presença de brasileiros em outras seleções durante o torneio. Para se ter uma idéia, todas as quatro primeiras seleções tiveram pelo menos dois nativos do Brasil atuando com sua camisa.

A finalista Espanha tinha dois brasileiros, inclusive o jogador que participou do lance decisivo da final, Marcelo foi quem teve o pênalti defendido pelo goleiro Franklin.

A quarta colocada Rússia veio com outros dois brasileiros. Destaque para o artilheiro da competição, Pula, com dezesseis gols.

Além do Brasil, é claro, a terceira colocada Itália também foi uma seleção repleta de brasileiros. Todos os catorze convocados e inscritos são “brasilianos”. Eu disse TODOS. Fato este que causou até discussões via imprensa e uma partida acirrada durante a segunda fase do torneio.

Lembro que já no Mundial de 2004 a Itália tinha doze dos catorze inscritos sendo brasileiros. A Fifa prometera fazer algo, mas, para variar, não fez e o assunto só piorou.

Uma explicação: futsal, diferente do futebol, não tem nenhuma regra sobre o assunto. Não é a toa que há jogadores atuando por ela mesmo que já tenha jogado pelo Brasil, o que seria impossível no caso do campo.

Todos sabem que o Brasil lança muitos jogadores, não seria diferente no futsal. Poderíamos falar, assim como fez Schumacher, da falta de honra ao se vestir outra camisa, mas onde fica o sonho de disputar um Mundial?

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DUPLO Tudo bem que hoje em dia temos casos de jogadores com mesmos nomes – quantos Diegos, Klebéres ou Brunos – mas o site da Placar errou nisto: “A liderança ainda pertence a Kléber Pereira, com 78 pontos, seguido pó Alex Mineiro, que soma 72 pontos, e Alex Mineiro [sic] com 70”. Direto do Blog de Prata do dia 13.

QUAL? Na Inglaterra há dois Manchester’s, o United e o City, como são chamados por lá. Aqui no Brasil costumou-se chamar o primeiro pelo nome da cidade, porém, não avisaram isto ao narrador Cléber Machado: “Com [Jô, ] Robinho e Elano, Dunga repete o trio de ataque do Manchester”.

CSA? O repórter Luciano Costa, da rádio Gazeta AM, veio com essa durante o jogo do sábado, em que o CRB perdeu para o Juventude: “Já estava impedido o Glaydson, jogador do Centro Sportivo Alagoano [sic]”. O CSA foi eliminado na 1ª fase da Série C.

NADA DE PUBLICIDADE A TV Globo tem uma política de não falar sobre eventos adquiridos por outras empresas. O repórter Carlos Gil assim citou o interesse das equipes da Fórmula Indy (Band) por Rubens Barrichello, durante o treino oficial para o GP da China: “modalidade do automobilismo norte-americano”. Só das famosas temos a Nascar e a Indy.

REVISÃO? Falta de revisão numa matéria de domingo, 19, do jornal Gazeta de Alagoas sobre as séries C e D: “Os quatro primeiros sobem para a Série B em 2010 e os quatro últimos descem para a Série D. Já os quatro primeiros da terceira Divisão sobem para a Série B”.

FRASE DA COLUNA “O Luxemburgo errou, na minha opinião”. O comentarista da Band, Neto durante o programa esportivo Terceiro Tempo. Detalhe, assim que saiu a substituição de Evandro no lugar de Maurício – motivo da crítica -, Neto disse que o técnico palmeirense tinha acertado.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Por trás do gol

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Profissões e textos no lixo

Pressa, agilidade, pressão, evolução tecnológica. Em muito a nova realidade comunicacional facilitou a vida tanto de quem transmite a notícia quanto de quem a recebe. Porém, como esse processo reflete a reestruturação do Capital após as crises do petróleo, sobrou para o trabalhador.

Dia após dia vemos profissões desapareceram nas redações dos jornais por terem sido substituídas por programas de computador ou pela necessidade de maior agilidade em passar as informações.

O resultado de tudo isso é que em todos os tipos de meios de comunicação aparecem erros, como vemos todas as semanas por aqui. O revisor foi para o lixo eletrônico e mesmo pequenas falhas, especialmente na mídia virtual, que poderiam ser tranqüilamente evitadas são muito freqüentes.
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O QUE OS OLHOS NÃO VÊEM...
Essa vem da transmissão da Band na quarta-feira, 08. Luciano do Valle, antes da divisão da rede, chama Ulysses Costa para falar sobre o jogo Sport X Vasco. Ulysses até que falou sobre tal jogo, porém as imagens mostradas foram as de Florianópolis, onde jogariam Figueirense e Palmeiras.

LOCAL Transmissão ao vivo no sábado, 11, do Torneio Infantil do SESI/TV Gazeta e Madson Delano não consegue identificar os atores da jogada: “Everton, Ronaldo recebeu impedido. Ronaldo cruzou e Renato estava impedido”.

LOCAL 2 Mais uma de Madson Delano. Ao pedir os comentários de Filho, ex-goleiro do CSA, soltou um “Meu querido Filho”.

ELETRÔNICO A pressa atrapalhando a comunicação. Começamos com a série Globoesporte.com com trecho da notícia Goiás e Internacional empatam e seguem distantes do sonho da Libertadores: “Já o Internacional [...] amargou a segunda derrota consecutiva [sic] na competição”.

DE QUEM? Outra do GE.com. Sábado sobre a partida das Eliminatórias Européias entre Inglaterra e Cazaquistão: “Aos 40, Beckham, que entrou no lugar de [?], cruzou para área”.

IRA... Para finalizar: “Quando a partida parecia que iria para o intervalo com o time iraquiano [sic] levando a vantagem mínima [...]”. Sobre a partida Irã 5X4 Ucrânia realizado no domingo, 12, pela Copa do Mundo de Futsal.

FÓRMULA 1 Em meio a uma excelente corrida no circuito de Monte Fuji, Japão, a transmissão gerada pela Formula One Manegement (FOM) deixou a desejar. Em alguns momentos, justamente no instante de uma ultrapassagem, cortava para mostrar os líderes.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Minhas eleições – parte II

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"Agora é Lula". "Adeus Lula"

A partir de 2002, vamos dizer que voltei diretamente às eleições e já com reflexo de algumas mudanças ideológicas. Fim de Ensino Fundamental e novas etapas da minha vida aconteceram a partir daí. Além de começar o processo de me tornar adulto, a maturidade política estava se aproximando na mesma escala.

No contexto de 2002 tínhamos um país em que eu via muita miséria, muita desigualdade, ou seja, alguém lucrando e muitos outros com pouca coisa. Eleições presidenciais e acreditei no senhor Luiz Inácio da Silva, era oriundo do “povo”, conhecia suas dificuldades; além disso, era bem melhor do que mais quatro anos do mesmo.

Confesso que olhei com certa estranheza ele ter se apresentado, através do marketing dudanesco, em reuniões com os empresários mais importantes (leia-se mais ricos) do país, mas era o Lula. Vale ressaltar que concorreu internamente no PT com o Eduardo Suplicy pela candidatura; achei o processo petista estranho, parecia com “cartas marcadas”. Mas estava cansado dos oito anos anteriores, “agora é Lula!”.

Após três tentativas, o ex-sindicalista vence as eleições e eu, no dia seguinte, coloco o adesivo do horizonte com o dizer supracitado. Mais uma vez tinha um colega chateado, ele torcia pelo Serra, “fazer o quê, era a vontade do ‘povo’”? Mesmo que durante o processo de transição a Heloísa Helena tenha se afastado e, posteriormente, expulsa do partido, eu continuei acreditando, só que com umas duas pulgas atrás da orelha esquerda.

Veio a posse e seu público de título de Copa do Mundo e eu em casa assisti a tudo emocionado. Devo ter vibrado antes mesmo da posse quando ele foi diplomado pelo TSE e disse que “alguns afirmaram na campanha que não tinha diploma [instrução] e agora um torneiro mecânico formado pelo Senac é diplomado presidente do Brasil”. Emocionante na época, tragicômico hoje.

2003. Nada de dar o “pé-na-bunda” do FMI, que coisa! Ainda mais, nada de melhoria real para o “povo”! Mas eu ainda acreditava em Lula/PT. Apesar de não simpatizar, desde o início, com José Dirceu, José Genoíno e Antônio Palocci. Havia alguma coisa neles que me causava repulsa, só não sabia exatamente o que era, mas comentava com pessoas próximas a mim.

2004: as coisas mudam. Roberto Jéferson espalha merda no ventilador e o PT é mostrado como “um partido igual aos outros”, com corrupção, caixa dois e... Onde mais esperava diferença vi algo igual. PT, Lula e quem estivessem aos seus lados eram iguais aos outros. “Agora é Lula” quem mama nas tetas do Governo e patrocina a desigualdade.

Ano de eleições municipais, com 16 anos finalmente poderia votar. Porém, minhas alternativas eram alguém do PMDB empurrado para a candidatura; outro que era do grupo político de gestões anteriores tanto da Prefeitura quanto do Cefet, com seus desvios financeiros e o olhar específico para quem tem dinheiro; e, a alternativa, outro que viera do “povo”, radialista e repórter [sic] policial, porém candidato patrocinado por um... usineiro!

A melhor solução encontrada quando poderia votar, e após ter por toda uma vida desejado fazer isso, foi não tirar o título de eleitor. Para quê mesmo?

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Por trás do gol

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HINO
Começou em São Paulo a história de obrigar a tocar o hino nacional antes dos jogos de futebol. Das terras paulistas para outros estados do Brasil – Alagoas foi um dos que acompanhou isto.

Início do ano, em meio aos campeonatos estaduais, e tudo correndo da maneira certa: os dois times e a arbitragem perfilados e cantando o hino como deve ser. Porém, a exceção ficava por conta das torcidas organizadas, poucas interessadas em parar de gritar incentivos ao seu time em troca de um dos símbolos nacionais.

Na época, formaram-se dois grupos de opiniões: 1. os que reclamavam da falta de formação dos torcedores, exigindo a distribuição da letra entre eles ou a passagem da letra no placar eletrônico - nos estádios em que isso pode ser feito; 2. a falta de educação desses “porcos” torcedores organizados.

Chega o Campeonato Brasileiro, em todas as suas séries, e a coisa piora. Devido a uma norma da CBF, as partidas têm que começar exatamente no horário em que foram marcadas, com pena de multa financeira por cada minuto passado.

Resultado: na maioria dos casos, o hino chega até ser colocado com vinte minutos de antecedência do início do jogo, sem estar sequer o trio de arbitragem no gramado. Neste final de semana, a única exceção foi o jogo Santos X Atlético-PR que, mesmo com o atraso do time santista, teve os times perfilados.

Pois é, mais uma lei que vai para o buraco. Estão aí os interesses financeiros para justificar toda essa bancarrota e a pergunta da rádio Jovem Pan AM, sonora especial criada no sábado, “Quem é o responsável?”

COPIAR + COLAR Eita mania dos jornais alagoanos de copiar matérias esportivas de agências de notícias. O primeiro caso é do O Jornal do dia 01/10 que, além de tudo, não cita a fonte da notícia: ao final do primeiro parágrafo de “Itália sofre para vencer a Tailândia” veio um “Clique aqui e confira a tabela completa da competição [Copa do Mundo de Futsal]”.

COPIAR + COLAR 2 Outra do dia 1º. Desta vez no Gazeta de Alagoas, baseado numa notícia do Globoesporte.com: “A seleção brasileira de futsal começou bem na luta pelo inédito [sic] título da Copa do Mundo”. São cinco títulos mundiais também para o futsal brasileiro, três sobre ordem da Fifa.

MAIS ERROS Duas pequenas falhas do narrador Théo José na partida Palmeiras X Sport Ancásh (PER) pela Band. O primeiro foi ao falar de um filme a ser transmitido: “Feito cãos [sic], cães e gatos”. A segunda foi sobre um evento esportivo: “Copa Salonpa’s Cup [sic]”.

CALE-SE Esse spot vem da Jovem Pam AM: “Jovem Pan, se alguém tem um time melhor, que fale agora ou cale-se para sempre!”

FALHA GLOBAL As transmissões esportivas da TV Globo foram as que começaram com o placar das outras partidas na tela junto com as colocações do momento. Durante a transmissão de Grêmio X Botafogo, a técnica falhou. Enquanto Palmeiras X Atlético-MG estavam no 0X0 aparecia ao lado do Palmeiras a classificação enquanto 1°, só que com a setinha para baixo, como se tivesse perdendo posições.

COMÉDIA PASTELÃO
Palmeiras X Atlético-MG, a bola vai saindo para a linha de fundo e um fotógrafo tenta ajudar. Pega a bola e a devolve para o campo. Detalhe: a “redondinha” ainda não tinha saído. Gilson, da agência Futurapress, foi expulso de campo.

FRASE DA COLUNA “Achava que o Atlético-MG fosse ficar na toca, na defensiva. Aliás, nunca que o Galo ficaria na Toca” Flávio Prado, Jovem Pan AM. O Centro de Treinamento do Cruzeiro, arqui-rival do Atlético, chama-se Toca da Raposa.

domingo, 5 de outubro de 2008

Minhas eleições – parte I

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Desde pirralho que eleições para mim era uma data especial. Saía com meus pais e minha irmã e, desde 1996, era eu que apertava as teclas – algo que foi proibido das crianças fazerem este ano.

De 1994 até aqui acredito que este período especificamente serve de exemplo da evolução intelectual que tive. De Fernando Henrique Cardoso ao voto nulo, vamos por partes.

Uma das coisas que também sempre gostei de fazer era olhar resultados, seja no aspecto esportivo ou nas eleições, neste nicho é que está a minha vontade em ser jornalista. Lembro dos meus caderninhos em que anotava os dados que apareciam na TV. Acreditava que um dia iria precisar daquelas informações, para algum trabalho, sei lá.

Para as eleições mais locais, como é o caso das eleições municipais, ficava grudado no radinho de pilha escutando os últimos resultados. Melhor, dormia com ele ligado embaixo do travesseiro para não perder nada. Confesso que escolhi perder este hábito aos poucos.

Hoje, ainda fico de olho nessas notícias – inclusive agora assisto a uma mesa-redonda sobre as eleições na TV -, mas não com tanto disponível quanto antes. Porém, acredito que também pese a mudança da minha visão de mundo eleitoral.

Lembro das eleições de 1994, eu com meus seis anos acompanhando o meu pai na urna e colocar o voto nela, aquela velha tapinha para o papel entrar. E, depois do resultado, falar para ele: “Não disse pai que ele [FHC] ia ganhar, ele é o ‘pai’ do Real”.

Além disso, lembro de uma pequena discussão com um colega meu de escolinha que defendia outro candidato a governador. Inclusive, depois do resultado, ele falou que tinha sido roubo, que tinham trocado as urnas no meio do caminho da contagem. Velhos tempos de apuração manual!

Eleições municipais de 1996. Logo após a votação nas urnas eletrônicas pelos meus pais, eu viria para Maceió – a votação era num dia determinado, independente de ser domingo. Lembro, desta vez, de ter vindo com “santinhos” do candidato a prefeito que os meus pais votaram e distribuir entre os meus parentes.

Não lembro direito das eleições de 1998, não sei o porquê. 2000 foi o ano da minha saída de Aracaju para Maceió. Aqui, as eleições ainda apresentavam os reflexos do “efeito Suruagy” e, como os meus pais ainda tinham residência eleitoral noutra cidade, pude observar de fora este período, fiz até uma ínfima pesquisa de opinião que, inclusive, refletiu os resultados das urnas.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Uma montanha insone

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Recentemente tive a oportunidade de ler uma crônica do Paulo Mendes Campos onde o autor relatava O Despertar da Montanha, quer dizer, o quão era difícil dele acordar todas as manhãs. Pois bem caro Mendes Campos (in memorian), reconheci-me nas tuas palavras, porém, ainda tenho um agravante, tenho minhas crises
de insônia.

Você, meu seleto leitor, há de questionar: como alguém há de ter dificuldades em dormir e também em acordar?
Quem disse que sou um complexo humano fácil ou, no mínimo, parecido com os demais?

Acredito que o meu corpo acaba por refletir aspectos que me tornam, mais até do que os outros, um indivíduo único. Sou capaz de ser lacônico em público e prolixo quando escrevo... Mas essa história não cabe aqui, vamos ao que interessa.

Desde meninote dormia muito bem. Inclusive teve um dia que eu, lá para os meus cinco ou seis anos, dormi mais que um dia inteiro, isso mesmo, mais que 24h. O que me recordo é ter acordado de madrugada e gritar “mainha!” ao perceber que não tinha ninguém na casa e ainda era noite. Foi quando os meus pais levantaram e explicaram que dia e horário estávamos.
Eu achei esquisito, mas era criança ainda. A única coisa que fiz foi comer alguma coisa e depois... voltar para cama. Naquela época não tinha problemas com sono mesmo, além do mais, tinha total liberdade para “estragos” como esse.

Não lembro de outros dias ter dormido tanto, mas até alguns anos atrás se eu cochilasse durante a tarde, após o almoço, à noite dormiria tranquilamente na mesma hora de sempre. Caso eu dormisse bem antes do horário normal, duas chances: ou dormiria direto, até a manhã dou outro dia; ou então, acordava, ficava uma hora fazendo qualquer coisa (leia-se, brincar ou assistir TV) e voltava a dormir.

Era ótimo isso. Porque sempre gostei de assistir esportes na TV ou escutá-los no rádio e mesmo com tanto sono, o meu organismo funcionava como um reloginho. Era só ter alguma competição de madrugada, seja corrida de Fórmula-1 no Japão ou vôlei feminino na Malásia, que eu acordava minutos antes do evento. Não precisa de despertador!

Não mais que de repente veio um problema que fez com que essa montanha tivesse problemas com sono: o vestibular. Foram mais de dois meses sem conseguir começar a dormir direito, e isso exatamente a partir do dia que fiz a primeira prova – aqui em Maceió, na época, tínhamos que fazer mais três dias de Segunda Fase.

Eram mais de uma hora para começar a dormir, mesmo que este começo fosse às 23 ou às 2h da madrugada. Fiz as outras provas, passei na universidade e fiz a matrícula. Esta terrível seqüência só foi passar após algumas semanas cursando o Ensino Superior!

De lá para cá tive algumas crises (semanas). Hoje já sei mais ou menos quando isso ocorre: é só ter vários problemas para resolver, principalmente no que diz respeito à universidade. Há dias que acordo e vou fazer alguma coisa para distrair enquanto o sono chega; outros, fico apenas me revirando na cama.

Só que o meu problema com o sono consegue ser pior! Desde o início do ano tenho que acordar cedo para ir ao estágio – cedo para os meus moldes, até então entre 9h e 11h. Gradativamente fui acordando um pouco mais tarde. 6h50 – 7h – 7h10 – 7h20, e estou me aproximando das 7h30 – espero não chegar lá.

O meu problema não é o “acordar”, já que sempre coloco o despertador do celular para as 7h e geralmente o escuto, além disso, ainda consigo condicionar o meu organismo para horários específicos, apesar de ter um menor potencial que na infância/adolescência.

A minha resposta é a mesma coisa que acontecia com Paulo Mendes Campos: o “Efeito Montanha”. Penso eu logo cedo: “Foi ficar mais um pouquinho, mais uns cinco minutos e levanto”. Mais uma colocada de cabeça no travesseiro e dez minutos depois: “Droga! Nunca consigo levantar na hora que deveria ser!”.

O motivo é que me acostumei a dormir bem mesmo só depois das 6h, quando tenho que acordar. Ainda tenho que conviver com os dias em que demoro duas horas para dormir, devido à insônia, e ter que acordar algumas horas depois de ter conseguido fazê-lo.

Pois é Mendes Campos, esta insone montanha, caso pudesse, dir-te-ia uma frase comum nos dias de hoje: “era feliz e não sabia”.


*Foto: Rio Guaíba, Porto Alegre, 2007

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Por trás do gol

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IMPARCIALIDADE?

São poucos os jornalistas esportivos que admitem abertamente o time o qual torcem. Entenda-se, o medo de retaliação por parte dos torcedores de times rivais, ou até mesmo, da torcida do próprio time; nada a ver com a tal “imparcialidade jornalística”. Caso assim fosse, não teríamos tantos exemplos de defesas a clubes de um estado.

A maior discussão do futebol de nível “A” brasileiro refere-se ao eixo Rio-São Paulo. O que ocorre fora, seja bons times ou bons jogadores, desse eixo seria desconsiderado pela imprensa nacional, localizada por lá. Agora os gaúchos acusam alguns comentaristas dessa região de atacarem o Grêmio, torcendo claramente pelo título do Palmeiras. “Teorias da conspiração” a parte, em alguns casos isso realmente acontece.

Aqui no Nordeste brasileiro, toda a imprensa local se junta para torcer para o time local durante as narrações dos jogos via rádio. Caso recente foi o jogo Confiança X ASA, na quarta-feira passada. Vá lá que o juiz Rodrigo Martins Cintra errou e muito contra o ASA, mas ter radialista gritando ao pé do ouvido do árbitro após o jogo é demais. Nenhum funcionário do ASA fez isso.

Porém, fora do Brasil isso é normal. Na Itália, a Ferrari é um bem nacional e, após o erro no GP de Cingapura, recebeu críticas de torcedor mesmo. O site de um dos principais jornais italianos, o La Reppublica, tinha: “Ferrari, disastro ai box” (Ferrari, desastre no Box). Num dos blogs, uma crítica ferrenha.

CAIXINHA DE SURPRESAS – Campanha de esportes da rádio CBN: “E você ainda acredita que futebol é uma caixinha de surpresas?”. Pode até se que não, porém ainda não é uma ciência perfeita.

QUE JOGO? Essa vem da coluna do Ancelmo Góis do sábado (28). Um dos pontos da coluna afirma que “Domingo, um juiz foi detido no Náutico X Corinthians, em Recife, [...]”. Com o Corinthians na série B, ele não joga aos domingos. Além disso, com o náutico na Série A, esse jogo só poderia ocorrer na Copa do Brasil, encerrada em julho.

SIMPLES ERROS Vander Luiz trocou o time na informação: “E o Sport [sic] que havia marcado 2X0 com Júlio César ...”. A Jovem Pan AM transmitia naquele momento Flamengo versus Sport, que estava ... 0X0. Era o Goiás que vencia por 3X0 o Vitória.

SIMPLES ERROS 2 Notícia do Globoesporte.com sobre o sexto título mundial do italiano Valentino Rossi na MotoGP. Dentre os recordes citados, veio: “Mike Hailnoud and [sic] Carlos Ubbiali [...]”. Copiaram e colaram de um site em inglês, só esqueceram de traduzir uma simples palavra.

GALVÃO Estava faltando uma das deles. Ontem, na transmissão da Fórmula 1, o narrador da TV Globo Galvão Bueno teimou em dizer que tinha erro na previsão da empresa que transmite o evento para o mundo por não apresentar a classificação do Mundial levando em consideração as paradas nos boxes que alguns pilotos fariam. Galvão, a classificação que é apresentada durante as corridas é a do momento!

FRASE DA COLUNA “Aqui no Brasil é o único lugar que numerada não é numerada”, Antônio Petrin durante transmissão do Campeonato Italiano. No Brasil não criou-se a “cultura” de comprar o lugar num estádio, a escolha é feita por quem chega primeiro.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Por trás do gol

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Nada como falar mal de jogador atrás do gol ou dentro de cabines com condicionador de ar. Para combater os que fazem isso e utilizam bordões tais como “esse até eu fazia”, surge a coluna “Por trás do gol”. Além da crítica à imprensa esportiva, alguns comentários que merecerem ser dados dos esportes, especialmente o futebol, também ocorrerão, apesar de este não ser o foco.

ERRO DIGITAL – No primeiro dia do cenário virtual, idéia bastante usada na Band, já haviam “cortado” um pouco da cabeça de Louise Altenhoffen no Band Esporte Clube (BEC). Ontem, estréia nos domingos, foi a vez de "cortarem" o braço. Tudo bem que o programa é ao vivo, mas edição de imagens ainda existe.

ERRO DIGITAL 2 – As imagens dos gols de sábado do Campeonato Brasileiro travaram no BEC. Só uns cinco minutos depois que tudo voltou ao normal, só que com os gols da Série B.

DESMANDOS – Imagens do BEC, não críticas a ele. O ex-deputado federal, o primeiro afastado por corrupção, Luiz Estevão fez gestos obscenos à torcida do Brasiliense no clássico contra o Gama. Detalhe: ele é dono do Brasiliense. Desmandos aqui, falta de educação ali e muito dinheiro na conta.

REPRISE – Mais uma gafe do pessoal da Band. Início de jogo do Campeonato Italiano e a lista de jogos encerrados. Não mais que de repente, o último aparece: Torino1X3Inter. Exatamente o jogo que estava sendo transmitido, ainda no primeiro tempo. Alguma dúvida do resultado final?

ABRAÇO – Radialista alagoano foi impedido de entrar em campo em Salgueiro-PE, na partida do time desta cidade contra o ASA. Não teve jeito, os companheiros até que tentaram interceder, mas sem a carteirinha da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias comprovando ser radialista não entrava em campo.

SURPREENDENTE – a atitude de Luciano do Valle na narração do jogo Sport X São Paulo. Após críticas no semestre passado aos seus companheiros de narração, os comentaristas Oscar Roberto Godói e Neto, Luciano reclamou do fato de estar em Pernambuco sem os comentaristas e, além disso, não poder escutar direito o que eles falam.

FRASE DA COLUNA– “Você não sabe o que te espera, Grêmio”. Vá lá que eu sou totalmente imparcial no que se refere à Série A do Brasileiro, especialmente nas atuais condições, mas ainda quero entender o motivo da birra do narrador da Jovem Pan AM Rogério Assis. Após cada gol da vitória de 2X0 do Verdão contra o Vasco saiu um aviso desses ao tricolor gaúcho.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Uma ode ao real

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A alguns dias li o livro A Revolução dos Bichos, de George Orwel. Após várias tentativas de encontrá-lo na Biblioteca da Ufal, uma colega de turma me emprestou. Vamos a alguns comentários que acredito que sejam pertinentes, principalmente no que se refere à sua atualidade e ao que foi dito sobre sua análise do contexto histórico em que fora escrito.

De antemão discordo dos que acharam o texto de Orwell uma ode ao capitalismo. Hoje, vinte anos depois do início da derrocada do que se convencionou erroneamente denominar de “socialismo real”, percebemos o quanto aquilo que fora escrito ainda após a Segunda Guerra Mundial, 1945, só teve seus deméritos fortalecidos ao longo dos anos; da mesma forma que ocorreu com os defeitos apresentados no mundo sobre a égide do Capital.

O contexto do início da Revolução com a realidade social dos animais sendo oprimidos pelos seres humanos continua ainda hoje, tanto na relação humano-animal quanto entre os próprios homens. Vários foram os projetos de proteção aos animais que surgiram de lá para cá, mas, por incrível que pareça, poucas são as organizações que se mantêm enquanto uma proposta coerente de transformação real das condições subumanas em que vive a maioria das pessoas.

O processo de criação do livro, que representa o fim da opressão animal, surgiu na mente de Orwell ao ver como uma criança andava com um cavalo, molestando-o, mesmo sendo infinitamente mais fraca que o mesmo. Resolvera, então, mostrar a teoria marxista através da realidade dos demais animais, numa simples granja, em que o senhor Jones representaria o primeiro dos capitalistas e os cavalos, ratos, vacas, galinhas, ovelhas... os trabalhadores.

No transcorrer do livro, vemos como o "Trabalharei ainda mais" do cavalo (proletário) Sansão vai causando a sua morte, isso quando as coisas na agora Granja dos Bichos deixam de ter produção recorde e com menos trabalho e as divisas, que desde o início eram desiguais, tornam-se ainda mais favoráveis a certos setores de animais.
Em paralelo a isso, alguns atos definidos após a grande batalha de conquista são proibidos. O hino “Bichos da Inglaterra” (espécie de Internacional Comunista) foi proibido, uma frase de elogio ao ditador da Granja fora pintada e todos os pontos dos Mandamentos - que servia para diferenciar "duas patas de quatro patas" foram modificados com a finalidade de adequar às mordomias humanas que os porcos passavam a conhecer. Manipulação teórica lembra alguém?

De imediato a reposta vem a ser Stálin. Abro, porém, um parêntese na linha discursiva para questionar o que foi feito com esse texto de Orwell na parte ocidental do mundo. Será que não fora também uma manipulação de acordo com os interesses do capitalismo dominante (EUA e Inglaterra)? De início, amigos dos stalinistas, não quiseram sequer publicar a obra por pensarem que irritaria ao comparar os soviéticos com porcos. Pouco tempo depois, e o esfriamento nas relações, o texto virou ataque ao tal do “socialismo real”.

No final, um encotrno de taças representa claramente uma conciliação de classes, mesmo que a classe menos favorecida não tenha sido consultada para tal. A República na qual se transforma a Granja lembra muito terras tupiniquins atualmente com um presidente que veio das classes menos favorecidas só que preferiu se render aos capitalistas. Na época, serviu como paródia do encontro entre Churchill, Roosevelt e Stálin.

Pena que não possa tratar de acontecimentos marcantes do livro, até mesmo para não anunciar o seu final. Porém, posso dizer que o seu término deixa um sentimento de revolta, especialmente para quem deseja uma transformação social radical. Principalmente porque representa a nossa realidade, mesmo após mais de sessenta anos de escrito, assim como, explica muito do que se viu depois, independentemente de nomes. Virou praxe brigar em público e realizar jantares íntimos para selar acordos econômicos, vide relação Estados Unidos e Venezuela, com o seu “socialismo bolivariano”.

Por isso é que entendemos A Revolução dos Bichos enquanto uma ode ao real. A realidade e seus conflitos, suas diversas formas de opressão, suas imposições, oportunismos, enfim, tudo que reflete as desigualdades sociais iminentes. Esta mesma realidade que mostra a necessidade de se compreender que não há consciência de classe com um “todos são iguais, porém uns são mais iguais que outros” (democracia), e sim, quando a classe oprimida perceber sua função social e, principalmente, sua capacidade de transformação. Aí sim, poderemos lutar por uma transformação real desse conjunto de situações desiguais e partir para um mundo justo, livre e igualitário.