domingo, 21 de dezembro de 2008

Da proximidade ao afastamento - parte 2


Porém, quando quase vence o dinheiro, eis que o jogo vira. Apesar de jogar toda a culpa nele, Gordon é obrigado a se tornar o típico cidadão londrino. Família (leia-se mulher e filho), emprego, o dinheiro que dava para manter a todos e, claro, algo que todo inglês de classe média possuía, e que ele fez questão de ter, uma aspidistra na janela. O que significou a sua volta para a empresa de publicidade.
Infelizmente não dá para abordar todos os pontos do livro, abaixo vão alguns:
1-Gordon tinha um amigo pequeno-burguês que se dizia socialista, algo que ele não gostava tanto. Para ele, “Todo rapaz inteligente é socialista aos dezesseis anos. Nessa idade, ninguém percebe a ponta do anzol cuidadosamente escondido dentro da isca. Bem gorda” (p. 59). Mais uma crítica de Orwell ao projeto em curso no Leste europeu. Como em A Revolução dos Bichos, há a crítica da representação do valor do capital, o dinheiro, mas também há a crítica ao sistema que na época polarizava, ou tentava, com o capitalismo.
2-A sedução da mercadoria é uma das partes citadas e que podem ser destrinchadas do livro. Primeiro, e principal, a mercadoria dinheiro, a qual todos correm em direção e Gordon ao contrário. Depois, nos elementos que têm a função de ajudar a vender as coisas. Vemos nos livros mais novos e mais caros a intenção estética de ser facilmente atingido por olhares curiosos – e por bolsos com dinheiro. Nos cartazes e slogans a possibilidade de vencer os mais variados produtos. Tudo isso através da estetização da mercadoria.
Mantenha as aspidistras voando e a situação como está? Um homem só não poderá enfrentar todo um sistema imposto desde que ele nasceu, mas um conjunto de homens, sim.
(ORWELL, George. A Flor da Inglaterra; trad. Sérgio Flaksman; – São Paulo: Companhia das Letras, 2007, 318pp. Título original: Keep the aspidistra flying).

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