terça-feira, 20 de abril de 2010

Mercado Brasileiro de Televisão - César Bolaño

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Neste ano acabei viciando em olhar na Estante Virtual livros que pudessem me interessar em algo - daí algo que parece nunca acabar. Além de encontrar algumas preciosidades sobre o futebol, acabo achando uma ou outra coisa dos assuntos que gosto de estudar "academicamente", por assim dizer.

É claro que lendo um livro, estudando um artigo, eu encontro referências de coisas mais legais ainda para ler - e para aumentar a minha fila de livros que neste momento me olha ao lado do computador. Numa dessas referências/buscas encontrei Mercado Brasileiro de Televisão (Programa Editorial da UFS, 1988), escrito pelo professor Dr. César Bolaño (UFS).

Bolãno é graduado em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, e mestre e doutor em Economia. O principal é que ele é o pioneiro nos estudos de Economia Política da Comunicação no Brasil, quiçá na América Latina, e este livro, mesmo sendo a primeira edição de 1988 - já existe uma mais recente, publicada em 2004 -, traz informações valiosíssimas para quem se interessa por estudos nesta área de comunicação ou apenas na questão da televisão no Brasil, quanto a conteúdo ou formas adotadas ao longo do tempo pelas emissoras, entre tantas outras áreas abarcadas.

PARTES
Na primeira parte do livro "O sistema comercial brasileiro de televisão: um estudo econômico dos media", Bolaño trata de forma geral as teorias, e seus acertos e erros, na tentativa de interligar a indústria cultural, com seu elemento concorrencial, com o capitalismo monopolista. Além da relação de transformação do próprio potencial mercado consumidor, com os aparelhos ficando mais baratos ao longo do tempo, a transformação de algo supérfluo de grandes empresários em mais uma empresa, na difícil missão de alcançar lucro e resultados.

Algo que continau a ser tratado na parte a seguir, "Definição dos termos gerais de concorrência no setor televisivo", que aborda a geração e a gerência do investimento publicitário - na verdade, quando o mercado se sentiu seguro de aplicar na televisão, até então era investimento quase familiar, de outras áreas de um mesmo grupo; além da concorrênia intermídia, com tabelas sobre cada período histórico, e como as agências, veículos e anunciantes se relacionaram ao longo deste tempo. Vale lembrar que a Globo atingiu um poderio imenso no "bolo publicitário" e era a única que conseguia compensar crises sofridas pelos clientes.

No último trecho, e para mim o mais facinante, Bolaño trata do "Mercado Brasileiro de Televisão: uma abordagem dinâmica", passando por cada uma das décadas desde que surgiu a primeira emissora de televisão do país, a TV Tupi, em 1951, do grupo dos Diários Associados, pertencente a Assis Chateaubriand.

A impossibilidade, mesmo para o grupo Diário Associados, de criar uma rede perdurou por muito tempo no Brasil, o que impedia a publicidade neste meio. Além do mais, a popularização do aparelho acabaou sendo mais um fator prejudicial, já que não havia delimitação de um público a ser atingido e ficaria difícil para grandes marcas gastar em propaganda para públicos, em sua maioria, fora da realidade de consumo destes produtos.

Na década de 60, primeria metade, é que aparece uma proposta mais profissional, a da TV Excelsior, que tirou alguns dos melhores artistas de outras emissoras para montar um excelente time. Porém, com a falta de recursos disponível do grupo empresarial que financiava a TV, que perdeu a administração do porto de Santos - devido à entrada da ditadura militar, que preferia o "seu" discurso. Sem dinheiro, a falência veio a seguir.

TV GLOBO
A segunda tentativa de profissionalização veio através da TV Globo, que contava com US$ 5 milhões do grupo estadunidense Time/Warner mesmo que a legislação (1962/1963) não permitisse capital estrangeiro na mídia nacional. Houve até uma análise que sugeria ao ditador da época a cancelar a concessão da emissora, mas a ditadura militar "preferiu" só advertar a empresa do Grupo Roberto Marinho.

Com dinheiro para montar a estrutura suficiente - prova disso é que o incêndio de 1967 de sua sede em São Paulo em nada atrapalhou -, e com os melhores profissionais possíveis para se preocupar com a questão administrativa e artírica, a empresa rapidamente atingiu o primeiro lugar tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro. Vale lembrar que se poderia ter até cinco emissoras pertencentes a um mesmo grupo, assim a rede foi formada com parcerias com empresas locais, que indicutivelmente não poderiam, assim como as demais de grandes centros, criar bons produtos.

Assim, a principal dificuldade nesse período não era a preocupação com a concorrência, mas em ter recursos para transformar o "hobby" de outros empresários em uma empresa, no contexto da Indústria Cultural mesmo. Foi a partir daí, e com boa estratégia de segmentação de público, que a Globo rapidamente tomou a maior parte do bolo publicitário, que começou a aplicar suas verbas.

Diferentemente de outras emissoras, em que o produto patrocinava e dava o nome, era o dono, do programa patrocinado (ex. Repórter Esso); na Globo passou-se a vender os espaços de intervalo entre os programas. Assim, a produção era independente dos anunciantes e havia a possbilidade de conseguir mais deles dentro de um mesmo produto televisivo. Acabou se tornando num oligopólio de público e de anunciantes.

É bom que se explique que enquanto conteúdo, a Globo optou por fugir do que vinha sendo oferecido pelas demais emissoras, que apostavam em programas popularescos para atingir um grande público, mesmo que isso afastasse o mercado publicitário. A primeira aposta foi nas telenovelas, iniclamente com textos mexicanos, para depois a produção ser nacional. Conquistado o público através das três faixas que praticamente permancem até hoje.

Há ainda o primeiro jornal em rede do Brasil, que foi ao ar em 1969 e temos como "exemplar de credibilidade" até hoje. O Jornal Nacional ousou com uma proposta de passar as mesmas notícias para todo o país.

GRUPO SS
Outro dos pontos dentre os mais interessantes do livro é como o Grupo Sílvio Santos entrou como empresa da comunicação, afinal de contas, o programa de Senor Abravanel já existia/existe na televisão brasileira há muito tempo, desde a década de 1960, e sempre com uma boa audiência.

Primeiro, o grupo adquiriu parte da Record da família de Paulo Machado de Carvalho - também importante por organizar (gerenciar) a seleção brasileira de futebol nos dois primeiros títulos mundiais. Isso ainda na década de 1960.

Posteriormente, o Grupo SS, com investimentos nas mais diversas áreas ligadas à população de classes menores (p. ex.: Baú da Felicidade), resolveu fundar a sua própria emissora, que entrou na concessão que era pertencente à TV Excelsior: a TV Studio (TVS). A TVS nada mais era do que uma produtora, a mesma do Programa Silvio Santos, que passaria a enviar para emissoras menores os seus produtos, assim como acontecia com outras TVs em relação aos "enlatados estrangeiros".

Um detalhe importante, e que era proibido na lei, também existia uma emissora da TV Record no Rio de Janeiro, o que configuraria que um mesmo grupo possuiria duas estações de TV num determinado estado. Os responsáveis administrativos pelo grupo responderam que a parte da empresa na Record já estava para ser vendida.

Enfim, fato é que só da metade para o final da década de 1970 é que conseguiram vender esta parte. De qualquer forma, o governo resolveu liberar as concessões da TV Tupi, que não conseguiu se adaptar à concorrência e profissionalismo das últimas décadas e, se a minha memória não falha, de mais uma da Excelsior, só que de São Paulo.

O Grupo Silvio Santos "ganhou" uma delas e fundou o hoje bem conhecido Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) que, como o próprio nome já diz e a produtora TVS já tentava fazer, tinha a intenção de criar uma rede nacional. A outra concessão foi para o Grupo Bloch (Revista Manchete), para a TV Manchete.

CONTEÚDO
Como já citamos anteriormente, a TV Globo apostou num conteúdo menos apelativo que o que vinha sendo mostrado nas outras emissoras e, por isso, a concorrência não a preocupou - especialmente com o suporte do investimento de capital estrangeiro. Foi desta forma que surgiu o "horário nobre", que pegava três novelas e o Jornal Nacional, das 18h às 22h. Claro que tudo isso dentro de um planejamento estadunidense, com a definição de programação diária.

Houve emissoras que tentaram em alguns momentos vencer a Globo justamente nesta faixa de horário e, consequentemente, viram uma derrota atrás da outra, mesmo que em efêmeros momentos conseguissem um resultado razoável.

A Bandeirantes, grupo Saad, é que teve alterações que do ponto de vista do estudo foram bastante interessantes. Uma empresa que sempre prezou por ser uma alternativa para as classes A e B da população, inclusive com programas de destaque para o período em que o Brasil vivia, como o "Canal Livre". Além de o jornal ser mais voltado à explicação dos fatos, mais opinião; o oposto do apresentado no JN.

Na década de 1980, contratou Walter Clark, um dos homens responsáveis pela solidificação da Globo. Clark culturalizou ainda mais a emissora, mandando embora os poucos programas mais apelativos (caso do Chacrinha) e trazendo pessoas de caráter mais intelectual (caso de Ziraldo). O resultado foi negativo - com a emissora sendo ultrapassada até pela Record - e em pouco tempo Walter Clark e sua programação foram mandados embora.

Com o insucesso, a futura Band resolve partir para o oposto, popularizando, no pior sentido da palavra, toda a programação. Como resultado prático, não consegue atingir índices de audiência e perde seu público seleto (classes A e B) para a Manchete, que passa a ocupar esse perfil - com direito à transmissão do carnaval de forma exclusiva, algo bem parecido com que Globo faz hoje.

FUTURO
As últimas partes são conjecturas sobre as possibilidades de futuro. Afinal, é nesta época que a Globo adquiri um canal regional italiano como uma forma de adentrar de vez no mercado europeu - algo que desiste posteriormente. Vale destacar quanto a isso que a emissora já vendia seus programas para o exterior e tinha produção quase específica para isso - nesta época a Europa apenas começava a comprar telenovelas daqui.

Outra grande dúvida consiste na entrada de outras empresas envolvidas com outros tipos de mídia, porém eram proibidas de ter TVs exclusivas. Caso do Grupo Abril, que montou uma produtora de programas "independentes" e fez uma parceria com a paulista TV Gazeta. Inclusive há hoje uma grande discussão para que se permita a presença de empresas de telecomunicações (TIM, ...) no mercado televisivo, o que mudaria os rumos de concorrência.

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
Não dá para chamar de considerações finais algo sobre a análise da indústria televisiva que foi até 1985. A partir da década de 1990 temos a entrada da TV via satélite, puxada pelas Organizações Globo, como uma nova maneira, com muito mais acesso a conteúdos diversos, de entretenimento através da mídia televisão.

Além disso, há graves crises econômicas mundiais que balançarão as empresas até então existentes, com algumas até decretando falência ou fechando acordos para se manterem. A até então "toda-poderosa" Globo continua dominando o mercado, porém sem toda aquela "autossufiência" financeira e de audiência de antes.

Enfim, como já colocamos no início, mesmo uma edição antiga de Mercado Brasileiro de Televisão traz dados, entrevistas e informações muito interessantes para qualquer aventureiro da área - basta olhar o tamanho deste texto que não tem uma citação sequer do livro.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Circo a motor - Mais uma...

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O circo aprontou sua lona e suas atrações para o Circuito de Shangai, na China, sem saber se iria/irá conseguir sair de lá por causa da erupção de um vulcão na Islândia que torna impraticável o voo na Europa. Fora isso, tivemos mais uma corrida em que a chuva trouxe emoções e variações de posição, além de mais uma corrida sensacional de Hamilton, mais uma prova a se lamentar do velho Schummi e a primeira encrenca de Alonso com Felipe Massa.

MAIS UMA... POLEPOSITION DA RBR
Até pouco tempo após o final da corrida anterior, falava-se muito que a corrida na China era para sacramentar a superioridade da Red Bull enquanto melhor carro do campeonato.

Já quando os treinos começaram, até o oficial, o papo já era outro. A McLaren se daria bem com aquele efeito aerodinâmico comandado pelos pilotos com o joelho que permite a entrada de ar nas retas. Isso porque a reta na China é imensa!

Na hora do "vâmu-ver", Barrichello ficou fora do Q3 por 33 milésimos em relação a M. Schumacher. E na disputa da poleposition, A RBR dominou com uma dobradinha com Vettel em primeiro - em sua terceira pole em quatro provas no ano - e Webber em segundo. Alonso largaria em terceiro e Rosberg se surpreendeu com o quarto lugar, que o colocou à frente das McLarens de Button e Hamilton e da Ferrari de Massa - que errou na última curva.

MAIS UMA... CORRIDA EM QUE A CHUVA AJUDA
Começa a transmissão da corrida e o tempo na China está nublado. O "admirável público" começa a colocar as capas e a previsão é de que a chuva comece a cair dali a cinco minutos. Todos os carros estão sem os pneus torcendo para que naqueles poucos minutos que restavam para a volta de apresentação que o tempo se decidisse entre chuva ou sol.

Não decidiu e todos resolveram sair com pneus para pista seca. Já na volta de apresentação os primeiros pingos começaram a cair e, na dúvida, davam um excelente prognóstico para a corrida. Afinal, só a primeira apresentação do circo foi ruim (na verdade, péssima), nas outras duas uma maravilha de prova e, de certa forma, graças à presença do "Sobrenatural de Almeida" que esses pingos d'água caídos do céu trazem.

Logo na largada, Fernando Alonso pulou da terceira para a primeira posição de forma tranquila. Após uma série de replays e muita dúvida, o dedo de Charlie Writing, comissário-mor da FIA, apontava para a vigarice do espanhol, que "queimou" o sinal.

Não precisou muito para a primeira bandeira amarela. Ainda na primeira volta, a Force India de Liuzzi voou por cima de outros dois carros e todos ficaram na área de escape, forçando a entrada do safety car e, com o aumento da chuva, a da maioria dos pilotos nos boxes para colocar pneus intermediários - para pista úmida.

MAIS UMA... APOSTA CERTA
Somente quatro pilotos resolveram arriscar e permaneceram com os pneus para pista seca e pularam para a frente: Rosberg, Button, Kubica e Petrov. A chuva que parecia que iria cair, não caiu e os pilotos tiveram que voltar aos boxes, puxados por Schumacher, para destrocar os pneus. Enquanto que Button aproveitou uma falha de Rosberg para assumir a primeira colocação.

Depois de certo tempo, mais uma mudança. A chuva passou a cair de forma regular e todo mundo recolocou os pneus intermediários num momento em que os pneus de quem estava atrás tinham menos desgaste do que os dos ponteiros, o que já vinha sendo mostrado pela aproximação e de algumas ultrapassagens do pelotão traseiro. Tinham que torcer pela chuva e ela veio para que todos ficassem iguais quanto a desgaste.

Daí para o final, até mesmo esta é mais uma corrida cheia de coisas a se apontar, Jenson Button não largou da frente, mesmo chegando com pneus praticamente lisos, e venceu a sua segunda prova no ano, a segunda com decisão arriscada, que o alavanca à liderança da temporada 2010, com 60 pontos marcados.

MAIS UMA... CORRIDA SENSACIONAL DE HAMILTON
O outro inglês da McLaren está dando show nas corridas. Apesar de mais uma vez ter optado por uma decisão errada, foi ultrapassando um a um e alcançou a segunda posição na prova. Destaque para a incrível disputa com o heptacampeão M. Schumacher - que ao longo da corrida foi ultrapassado por "todo mundo" - e a segurança de Sutil e sua Force India, que deram bastante trabalho.

Enquanto Schumacher chegou em 10º, seu companheiro abriu mais pontos de diferença ao chegar em terceiro lugar. Além disso, sobe para a segunda posição do campeonato, com dez pontos a menos que Button.

E quem diria que a Renault conseguiria uma boa prova com seus dois pilotos. Enquanto Kubica fez uma prova regular, no mesmo estilo de Button e Rosberg, e alcançou o quinto lugar, o russo Vitaly Petrov fez sua melhor corrida até agora e terminou em sexto, para a felicidade da sua mãe-empresária (ou será empresária-mãe?).

MAIS UMA... CONFUSÃO DE ALONSO À VISTA
Na primeira parada, o "príncipe das Astúrias" se aproveitou por estar à frente para deixar Massa esperando. Como teve que pagar punição por ter avançado o sinal na largada, teve que esperar o brasileiro fazer sua troca de pneus para depois ir. Já na terceira...

Consta que Felipe teria errado no cotovelo da entrada dos boxes e os dois dividiram-na até a curva final, onde o espanhol colocou o carro por dentro e fez a "ultrapassagem". O brasileiro teve que tirar o carro para não bater e quase fica preso na molhada grama. Assim, Alonso pôde chegar em quarto, enquanto Massa - na sua pior corrida do ano - chegou apenas em 9º.

De líder do campeonato a duas semanas atrás, Felipe Massa passou ao sexto lugar, com 41 pontos e há19 atrás do líder do Mundial. Muita coisa ainda será falada durante essas semanas nos bastidores, já que a regra na era pós-Schummi da Ferrari é beneficiar a equipe e não interesses próprios.

SE O VULCÃO NÃO PARAR...
Com a crise nos aeroportos devido à fumaça do vulcão islandês, o circo não pode pegar o avião com todo o material e chegar no próximo país onde ocorrerá mais uma apresentação. Para se ter uma ideia os catalães do time de futebol do Barcelona tiveram que viajar de ônibus para Milão.

E é no circuito da Catalunha que daqui a três semanas a Fórmula 1 realiza a quarta etapa da temporada de mais surpresas e emoções após muito tempo! Ao menos é o que promete Bernie Eclestone.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

IRAAAAAAAAAADO! - ODEIO aniversário

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Como já deu para imaginar no nosso último post desta coluna - e quem me conhece o mínimo possível deve imaginar - não gosto de festas, mas nada supera todo o meu ódio perante aniversários, especialmente quando se trata do meu. Os motivos são simples.

Sempre fui tímido, do tipo de ficar na sombra do meu pai no trabalho dele quando tinha que passar as tardes lá. Festa de aniversário então, um sofrimento só. Imagina a sensação de ficar no centro das atenções com todo mundo batendo palmas e sem ter o que fazer até apagar a porcaria da vela, que não sei para que significa. Será que indica menos um ano para viver, menos uma luz que se acenderá no final do túnel?

Enfim, quando criança, já numa fase mais "consciente", escondia-me embaixo da mesa do bolo, embaixo da cama ou em qualquer lugar que fosse difícil de me encontrarem e que fosse bastante engraçado ouvir todo mundo me procurando e a minha mãe dizendo "ele não gosta de parabéns".

Quando você vai crescendo, na escola passam a deixar para lá esse tipo de coisa, mas depois de um tempo se em raríssimos anos algumas colegas começavam o côro de parabéns eu encontrava alguma tangente para sair de perto. Depois, já aqui em Maceió, nunca disse a ninguém quando era o meu aniversário e aí ninguém me perturbava nessa data maldita.

Além disso, não vejo que troço comemorar num dia em que se faz X anos que você nasceu. O que mudará neste dia específico em você - tirando quando você faz 18 anos, quando pode ser preso, ou quando atinge idade para se aposentar, quando talvez possa descansar -, que já não venha se processando ao longo do tempo? Deveria ser um dia como qualquer outro, que no meu caso deve ser de raivas, irritações e muito a lamentar.

Acresça-se a isso q tendência irresistível de no mês do aniversário as coisas darem errado. Se tem outros 335 dias para que isso ocorra, é justamente em abril que tudo resolve dar errado. Para se ter uma ideia, por muitos anos sempre tive o "privilégio" de a prova de Matemática cair na data do meu aniversário - apesar de ir bem nesta matéria. Mas isso é pouco perante os problemas até familiares que já aconteceram neste período. Fora o que ocorre no dia específico, quando a Lei de Murphy se aplica bem melhor em mim do que em qualquer outro momento do ano - e olhe que isso ocorre muitas vezes.

Ah, tinha esquecido da festa de 1999. Dia 19 de abril, uma semana depois, festa conjunta com a minha irmã e um desastre colossal. Algo extremamente vergonhoso e desnecessário a se apagar de qualquer memória da face da Terra!

Em casa fui excluindo as festas e comemorações, mesmo as caseiras, aos poucos. Ninguém lá é maluco o suficiente para me contrariar. No máximo, recebo os parabéns deles e pronto, tudo resolvido. Porém, é nos outros locais que sempre aparece alguém, para minha absoluta raiva.

As poucas pessoas que descobrem, esse é o termo adequado, a data do meu aniversário sabem o quanto eu odeio essa data. Como não quero para os outros o que não desejo para mim, resolvo não desejar parabéns para 95% das pessoas que conheço, mesmo sabendo a data de aniversário delas e mesmo que conviva com elas neste dia. É como se quisesse dizer: "basta retribuir não falando nada sobre esse assunto comigo. Responda, por mil favores, com a mesma ingratidão!".

Uma colega em específico até que descobriu um ano desses a data após me perturbar bastante, só que através de uma colega minha de trabalho que ela conhecia mais do que eu - que, aliás, levou uma bronca no dia seguinte. Porém, não teve a coragem de fazer nada de minimamente constrangedor. Que bom que ao menos os colegas mais próximos são racionais.

Mas desde que passei a trabalhar essa chatice de ser lembrado ocorre com alguma frequência. No primeiro estágio, até consegui evitar que a data de aniversário parasse no mural - algo mais envergonhante e babaca ainda, apesar de o pessoal gostar -, mas conseguimos fazer inicialmente algo mais restrito ao setor, uma pizza. Algo frequente entre nós, sem parabéns e com o aniversariante não pagando a sua parte.

Porém, sempre dou o "azar" de ter alguém a ter nascido numa data próxima e aí resolverem fazer algo para esta pessoa. Acabou que os parabéns sobraram para mim e que, com toda a coordenação, que incluía algumas pessoas apenas interessadas em se alimentar, tive que dividir os parabéns, mesmo que no canto.

Ano passado escapei por estar quase num momento de transição, quando se deram conta sobre aniversário já era tarde, cerca de seis meses depois. Ufa!!!

Só que este ano mais uma vez tinha um colega para fazer aniversário perto do meu e fui obrigado a escutar com antecedência, tudo isso devido a um "revisor de cadastro" que apareceu justamente uma semana antes do meu aniversário. Não o respondi, mas tinham cópias dos meus documentos.

P.S.: No próximo emprego suscetível a comemorações, lembrar de entregar cópias do RG com data de nascimento errada, de preferência com 29 de fevereiro.

Na maldita data começaram a me encher, mas nada como uma ameaça em tempos de terrorismo internacional para pararem. Você pode até pensar que é uma besteira da sua parte. Fique com a sua opinião porque para mim é altamente irritante.

Imagina se alguém mandasse você morrer, desde que não queira morrer, iria gostar? Eu afirmo que ODEIO aniversário e as pessoas continuam a me encher o saco com isso. Bem que poderia cumprir determinada profecia universitária de que eu tenho cara de alguém que fica calado o tempo inteiro mas um dia se irrita com todo e vira um serial killer.

O respeito aos outros deveria começar com essas mínimas coisas, mas pelo jeito é mais fácil seguir as normas e a tradição do que deixar a outra pessoa satisfeita no conjunto de suas diferenças.

domingo, 4 de abril de 2010

Circo a motor - Quinze minutos

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"Quinze minutos de fama/Mais um pros comerciais,/Quinze minutos de fama/Depois descanse em paz./O gênio da última hora,/É o idiota do ano seguinte/O último novo-rico,/É o mais novo pedinte [...]" (Branco Melo/Sérgio Brito - Titãs).

A Fórmula 1 deste ano está com o jeito de seguir essa música titânica. Gênios como Michael Schumacher estão sendo metralhados pela crítica. A efemeridade pós-moderna já esqueceu do que ele fez antes, só importa o que ele (não) faz agora. Fernando Alonso era o líder do campeonato, Massa parecia se tornar seu coadjuvante de luxo, a RBR só quebrava, na Malásia só chovia...

Ah, antes de falar propriamente do final de semana, eu perdi cerca de quinze minutos tanto do treino oficial quanto da corrida - o que aparentou ser a melhor parte. O horário para nós é tortuoso: 5h. Nem de madrugada o suficiente para se manter acordado, nem de manhã o suficiente para acordar mais cedo.

TEMPORAL NO TREINO
Ficaram na primeira parte do treino as duas Ferraris e a McLaren de Lewis Hamilton. As esquipes resolveram ver as gotas de chuva caírem até o momento em que elas diminuíssem o ritmo. Como estamos falando de Fórmula 1, elas diminuíram mas prontamente voltaram, assim como um piloto corrige um pequeno deslize do carro. Resultado: 19º Alonso; 20º Hamilton e 21º Massa.

Para completar, a outra McLaren, de Jenson Button, ficou na brita na primeira tentativa do Q2, onde Barrichello e Schumacher brigaram por posições o tempo inteiro, e quase ficaram de fora do qualificatório final, onde Webber foi o único que arriscou com pneus intermediários e garantiu a terceira pole da RBR, com Rosberg em segundo, Vettel em terceiro e Rubinho em sétimo.

MALDITOS QUINZE MINUTOS...
A parte que não vi: Hamilton e Massa conseguindo sete posições só na largada; Vettel, que largou na parte limpa da pista, chegando em primeiro com duas ultrapassagens antes da primeira curva; M. Schumacher saindo da prova com problemas no carro e o principal, a surpresa de todos ao ver que a previsão do tempo se enganara, gigante sol!

Sobre a largada de Vettel, já é a segunda corrida em que um piloto - o outro foi Massa - que larga atrás consegue posições na largada com a ajuda de sair de uma posição mais limpa. Desse jeito, os pilotos passarão a preferir largar em terceiro ou em quinto do que em segundo.

Lewis Hamilton deu outro dos seus shows ao ir ultrpassando os pilotos um a um. Porém, quando chegou na Force India de Sutil, quinto colocado, parou. Na briga entre os motores dava empate: Mercedes X Mercedes.

Atrás dele, Massa, com uma estratégia de parada melhor, até demorou para passar Button e alcançar a sétima posição, mas viu Alonso ficar preso atrás do atual campeão da categoria e depois de algumas tentativas, e com problemas no carro, explodir o motor a poucas voltas do final.

Vettel e Webber fizeram a dobradinha da RBR no pódio, cuja vitória deveria ter chegado nas duas últimas corridas, com Rosberg em terceiro e Kubica em quarto. Alguersuari (9º) e Hulkenberg (10º) marcaram seus primeiros pontos na categoria. Os brasileiros Lucas de Grassi (14º) e Bruno Senna (16º) conseguiram levar os seus carros até o final da prova pela primeira vez.

Ah, faltou falar em Rubens Barrichello que teve mais uma de suas sessões de azar. Como ocorrera com o carro da Brawn por duas vezes no ano passado, a Willians do brasileiro demorou para arrancar na largada e ele perdeu onze posições, terminando a prova num modesto 12º lugar.

NA PONTA
O campeonato ficou equilibradíssimo. Apesar de a vitória agora valer mais, é um piloto que não venceu em nenhuma das três etapas até agora disputadas que lidera. Felipe Massa pulou para 39 pontos e supera Vettel e Alonso por dois pontos. Jenson Button e Nico Rosberg vêm logo atrás com 35 e Hamilton e Kubica também estão na mesma casa decimal com 31 e 30 pontos, respectivamente.

A próxima corrida será daqui a duas semanas, na China. É a chance de ver se Felipe Massa mantém a ponta e o melhor começo de temporada da sua carreira, se a RBR continua dominando como melhor carro, se Schumacher começa a pegar o jeito da nova F1,...