segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

[Em busca do El Dorado] Ufa!

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Apesar do forte calor que voltou ao Rio Grande do Sul nestas últimas horas de 2012, o sentimento é de alívio. Como alguém disse para mim, apesar de ser por motivos de horóscopo chinês, 2012 seguirá na minha memória por muito tempo. Foram zilhões, dos mais diversos, problemas que apareceram no caminho e apesar de não saber o que vai ser do ano que começa daqui a alguns instantes, sobrevivi!

Ano passado já tinha entrado em contato com algumas experiências diferentes, crises particulares por continuar a ver determinadas coisas não funcionando como eu achava que deveriam, raiva por problemas criados mesmo quando tudo parecia ser bem mais simples. Aconteceu de novo no início do ano, graças à tradicional falta de sorte, que me fez passar um semestre esperando para concluir os créditos que faltavam.

Ainda teve naquele início a experiência da organização de um ciclo de palestras sobre futebol, com pessoas que para além do objeto comum de pesquisa também se mostraram grandes parceirxs tanto no evento quanto em outros espaços de encontro ao longo do ano. No meio do ciclo, ainda houve outro problema desnecessário, tanto que foi rapidamente resolvido. Mas, no fundo, ficou aquela irritação de que se sou contra qualquer forma de injustiça, sou mais ainda quando surge de algo que deveria ser direcionado a mim.

Até que veio maio. A experiência inédita de sair do país, conversar algumas coisas num espanhol de iniciante, mas já bem melhor que antes, apresentar trabalho acadêmico em evento internacional lá fora e a sensação magnífica de ter conhecido o Estádio Centenário. Contar com alguns minutos sem chuva naquela sexta-feira e ficar no topo das arquibancadas, emocionado ao pensar que naquele gramado, há quase 72 anos, Uruguai e Argentina faziam a final da primeira Copa do Mundo FIFA.

Porém, infelizmente, maio não teve saldo positivo, muito pelo contrário. Muitas coisas quebraram em casa, como o HD deste computador - que me fez perder 10 dias de trabalho, que só não foram mais graças ao  arquivamento no HD externo antes de viajar. Soube de uma notícia de problema de saúde de alguém próximo e outras coisinhas aqui e acolá que pareciam não andar. Olha que isso ocorreu já depois da pior data de todos os anos.

Veio junho e a viagem à Argentina que me fez repensar quaisquer preconceitos adquiridos ao longo dos anos de transmissão futebolísticas de "ganhar é bom, mas ganhar da Argentina é muito melhor". Lugar fantástico e pessoas fantásticas. Lá se vai às ruas independentemente de classe social e de posição ideológica. Tem algo ruim? Reclama-se! Além disso, não poderia deixar de conhecer La Bombonera, estádio que percorre mentes de sul-americanos apaixonados por futebol. Por maior a tradição, parecia o oposto do Centenário, muita coisa moderna e muita malandragem para el Boca salir campeón.

Na volta, sensações e experiências pessoais totalmente diferentes. Coisas em sequência tão inesperadas quanto o foi pensar agora que 2012 é o ano em que o Corinthians foi campeão da Libertadores! - e, merecidamente, como seria depois do Mundial de Clubes.

Aí veio julho. A (primeira) viagem ao Rio de Janeiro, com tudo pago pela líder do oligopólio, teve uma grande dor de cabeça nos dias anteriores e na chegada com chuva e temperatura baixa. Foi uma reinicialização do sistema conhecendo por dentro a produção do jornalismo (se é que ainda chamam disso) esportivo.

Na volta, o que deveria significar novo ânimo para seguir adiante recebeu um imenso balde de água geladíssima. Os dias sem dormir naquele final de julho, numa mescla de tristeza, revolta e preocupação com futuro após o 27 de julho. A preocupação de não baixar a cabeça num momento em que tantas outras pessoas precisavam mais que eu de palavras acalentadoras e de um "calma". A vinda no mesmo dia de uma francesa que eu mal conhecia e que tinha de "apresentar" tudo num momento como aquele...

Ainda bem que a pessoa é sensacional e tudo foi se resolvendo com o tempo. Com ela, pude praticar o espanhol com um pouco mais de desenvoltura e discutir as diferenças europeias e brasileiras nos mais diversos aspectos, com algumas opiniões diferentes sobre as pessoas. Nos últimos dias dela por aqui, a certeza de que todo o auxílio prestado durante estes meses longe de terem sido em vão. O fato de ter que dar atenção a alguém de fora permitiu desanuviar um monte.

Realmente tudo mudaria nos meses seguintes àquele dia de julho. Pouco a pouco as coisas foram retiradas, o grupo de pesquisa foi desfalecendo como se para alguns nunca tivesse que ter existido. As pessoas ficam, mas nós seres humanos somos difíceis pra caramba de sermos entendidos e de nos entendermos, por mais que, creio eu, tudo tenha ficado bem entre todo mundo.

Veio, e ainda vem, toda a imagem de cada grupo que eu participei. A ideia aqui era fugir de qualquer tentativa de ser vanguardista e deixar o comando das ações para quem já estava mais tempo. Trabalhar, muito mesmo, até que sim, mas nada de preocupações burocráticas. Ledo engano já no início do ano, com as atividades burocráticas, e no final, com aquele velho "mal" de se tem algo para fazer, eu faço, independentemente de se ter companhia para aquilo. Olha que ainda eu me controlei.

As viagens depois disso, para Fortaleza e novamente para o Rio de Janeiro merecem destaques à parte. Fortaleza foi quase que o caos. Problemas com o hostel, problemas por aqui que eu acabava sabendo mesmo estando tão longe, trabalho para além dos dois artigos a apresentar por lá, por ser a conexão entre RS e o pessoal do grupo que estava no Ceará. Fora que quase não consigo apresentar um dos artigos porque simplesmente apagaram do sistema. No final, como sempre, nada como batalhas por algo que deveriam ter acontecido. 

Porém, há batalhas que já estão perdidas antes mesmo de começarem, mas agora com as devidas certezas e encaminhamentos. Grande sentimento de frustração por ver algo daquele tamanho se despedaçando desta forma, tão rápida. A grande dúvida sobre o fato de que essa coisa de grupo, coletividade, independentemente do que seja, parece que não foi feita para mim.

De volta ao Rio, em outubro, tudo foi diferente. O Rio estava 40 graus e as coisas pareciam, novamente, caminharem para resoluções. Tive até a minha primeira coordenação de mesa num grande evento, e que eu não fazia parte da organização. A pior sensação de não "poder" perguntar para dar espaço para as outras pessoas, mesmo tendo milhões de questões a serem feitas. Novos contatos com pessoas encontradas em outros locais, como xs argentinxs, que também estavam por aqui e mais caminhadas pelas praias cariocas.

Nova reinicialização e oxigênio suficiente para a reta final da dissertação, que caminhou sem muitos atropelos a partir de então, ainda que sob nova, mas tranquila, orientação.

Como sempre nem tudo são flores, ver, pela primeira vez, todo o trabalho paralelo de se preparar para algo ir ao fundo do poço por conta da falta de sorte ao ver documentos partirem para o interior do Rio Grande do Sul em vez de ir para uma cidade do Nordeste. Dias de atraso resultaram em dias de estudo "perdidos", tempo desperdiçado para a elaboração do projeto e uma mudança nos planos, desde a prova final do Espanhol até definir novas opções para o futuro.

O que mais ouvi foi "Não tinha que ser mesmo". O que mais passou pela minha cabeça foi: "O que tem que ser, então?". São sete meses do ano com idas, vindas, voltas e reviravoltas em todas as áreas. Só para citar um exemplo que envolve paixões e amores (ou algo acima disso), o Palmeiras foi campeão da Copa do Brasil e rebaixado à Série B no mesmo ano!

No final das contas, sobrevivi, ufa! As sensações ruins sentidas, e pouco demonstradas, do ano passado e do início do ano serviram para segurar a onda nos momentos realmente bem difíceis que vieram depois. A cabeça suportou muito melhor do que eu imaginava.

Foi um ano de conhecer novas pessoas, ou conhecer melhor as que no máximo saía um "boa tarde" ou um balançar de cabeça quando dissera que tinha lido o meu blog. Viagens que me fizeram conhecer outras cidades do mundo e ver rever outras aqui do Brasil mesmo. Ah, ainda pude ir a vários estádios diferentes, a maioria do interior do Rio Grande do Sul, onde acompanhei a saga do Aimoré em busca do primeiro título da sua história!

Sem falar na continuação do crescimento profissional, com mais e melhores publicações em relação a 2012 e, ao menos, com a certeza de que fiz muito e, principalmente, tudo o que eu podia ter feito. Ao menos quanto a isso, a cabeça termina 2012 sossegada.

DIALÉTICA
Esse espaço completou cinco anos e teve em 2012 a temporada com mais postagens (140) e com mais visitantes e visualizações, quase que o dobro do ano passado. Além de servir em muitos momentos como cano de escape em tantos instantes complicados, serviu também para dialogar sobre tantas coisas que eu vejo e faço.

Não sei como vai ser 2013. Espero, com todo o desejo possível e imaginado, que não tenha tantos problemas como 2012, que mal couberam num longo texto como este - por exemplo, ainda tive doença do Baleia e morte da irmã dele em sequência na casa dos meus pais. Se poderei me dedicar totalmente ao trabalho ao que eu gosto de fazer já não depende mais de mim. Para 2013 a única certeza é a defesa da dissertação.

No fim, se vierem problemas, que eu tenha a maturidade, muita da qual tive este ano, para tirar as pedras que puderem ser tiradas do caminho e seguir em frente, seja onde isso for. Se vierem soluções, então, garanto escrever um texto tão longo quanto esse, mas com uma perspectiva totalmente diferente.


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

[Por Trás do Gol] A metáfora da vida - parte 2

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"O futebol como metáfora da vida" é uma definição muito frequente, mesmo no ambiente científico, para tentar explicar o porquê deste esporte em particular atrair tantas pessoas e causar um amor inexplicável em quem participa dele. Confesso que, enquanto pesquisador, eu penso ser um conceito que me parece ser "lugar comum", que sempre necessita de uma maior explicitação para além da óbvia fuga da realidade em meio a algo em que se tem que buscar ser o melhor mesmo sabendo que a derrota pode vir na mesma proporção, como na vida.

Há alguns autores das Ciências Sociais e Humanas que avançam nesta tentativa de explicação ou que optam pela impossibilidade desta realização, só para citar os nomes mais "famosos" fiquemos em Bourdieu, Hobsbawm e Gumbrecht. Realmente, dá para criar relações e comparações com aspectos econômicos, sociológicos, antropológicos, culturais, políticos, e de tantas outras esferas da vida com o desenvolvimento do futebol que, afinal de contas, também faz parte dela.

Tudo isso para dizer que achei um tanto curioso o fato de os meus textos sobre o Palmeiras no ano terem uma recepção que alcançava muitas pessoas. Foram postagens que por conta de um 2012 recheado de problemas, como nunca dantes, que tiveram muitos relatos de trajetória pessoal. E lia de volta, ou via pela quantidade de pessoas que achavam os textos na internet, alguns "reconhecimentos" de trajetória. Incrível!

"A metáfora da vida" acabou sendo o título decidido muito antes de começar esta retrospectiva porque os períodos de alegria e tristeza foram parecidos com o futebol, que no final das contas foi um oásis no meio de desertos que apareceram na minha jornada este ano, por mais que o fim do ano não tenha sido propício a alegrias.

DE BARCOS A BETINHO: A VOLTA AO TÍTULO
Paulistão e Copa do Brasil começaram e em meio a suspeitas sobre um time pouco reforçado, somos apresentados ao argentino Hernán Barcos. O cara que sofreu piada até mesmo do vice de futebol após prometer repetir, ao menos, os 27 gols da temporada anterior com a LDU, mostrou ser o maior acerto em contratações de muitos anos de diretorias ruins do Palmeiras.

Mais que isso, Barcos além de fazer gols como centroavante, e até foram poucos, mas fundamentais, de cabeça, mostrou-se um atacante com muita habilidade, sabendo abrir espaços em locais com marcadores mais próximos. Um exemplo clássico disso é o gol que ele fez contra o Linense, pelo Paulistão, e que poucos lembraram dentre os mais bonitos deste ano, que teve drible da vaca no zagueiro e toque por cima do goleiro.



Rapidamente "El Pirata" virou ídolo, tirando um pouco do peso de Marcos Assunção, acrescido à volta ao bom futebol de Henrique e mesmo com a aposentadoria de São Marcos no início do ano. Parecia que, apesar de manter um elenco limitado, o time poderia alçar voos mais altos.

No Paulistão, como quase sempre, o time começou muito bem, mas perdeu fôlego no final do primeiro turno, ficando em quinto lugar. Em Campinas, pelas quartas de final, derrota por 3 a 2 para o Guarani e perda por muito tempo da contratação mais cara do ano, Wesley, que jogara pouquíssimas partidas até então.

Mas os problemas não ficaram por conta de Wesley, outros se lesionaram ao longo do semestre ou foram caindo de rendimento, casos de Cicinho e Juninho, ao longo do tempo. Houve também sequestro relâmpago da família de Valdívia, com ameaça de saída do clube, cirurgia urgente para curar apendicite no dia da primeira partida da final da Copa do Brasil, vários erros de arbitragem contra, etc. 

Parecia que não daria. Apesar da classificação às semifinais da Copa do Brasil após 13 anos, enfrentamos o favorito Grêmio, de Kleber e Luxemburgo. Partida sublime sob o comando de Felipão no Olímpico e classificação confirmada com gol do Mago na volta em São Paulo.

A final contra o Coritiba foi realizada em meio ao alvoroço do título da Libertadores pelos arquirrivais - o que comprovava todo o potencial sádico de 2012. No primeiro jogo, domínio total dos adversários no primeiro tempo, com vários gols perdidos, mas vitória com gol de pênalti no finzinho. Na etapa final, segundo gol marcado, mas polêmica gerada por um pênalti claro não marcado para o Coritiba. Esqueceu-se da expulsão infantil de Valdívia e de um gol "daqueles" perdido por Maikon Leite.

"Inferno Verde" no jogo de volta, no Couto Pereira, e um nervosismo que só os palmeirenses sabem como é, daquilo de que para nós nunca há título ganho, sempre virá com muitas e extremas dificuldades. O gol de Ayrton, futuro reforço palmeirense, deu o ar de desespero à final. Ainda bem que Marcos Assunção acertou mais uma cobrança de falta logo em seguida. Betinho, ele mesmo, BETINHO desviou de cabeça e marcou o gol do empate, o do título nacional que não vinha há doze anos.

INVICTOS, vencíamos a nossa segunda Copa do Brasil e garantíamos a volta à Libertadores.


AGORA TRANQUILIDADE? JAMAIS PARA O PALMEIRAS
O que todos esperavam para o Campeonato Brasileiro era uma fuga tranquila, ainda no primeiro turno, da zona do rebaixamento. Em determinado momento, isso parecia ficar claro, quando, por algumas rodadas, ficamos realmente fora deste espaço que não nos pertencia. Mas durou pouco.

O técnico celebrado por torcedores e pelos jogadores começava a afastar alguns atletas do elenco, os boatos extra-campo voltaram a ser transmitidos pela imprensa esportiva, os desfalques por lesão seguiram se multiplicando, assim como as convocações do Barcos para a seleção principal da Argentina, e a bola passou a não entrar.

Foi no meio de um turbilhão de emoções, recém campeão da Copa do Brasil, mas com sérios riscos de rebaixamento, que passaram a crescer às nossas vistas rodada após rodada que passamos agosto, setembro e outubro. O que parecia ser impossível para um time da grandeza do Palmeiras tornou-se uma certeza, mesmo com algum fôlego aqui ou acolá sob o comando de Gilson Kleina.


Fui ao (que restou do) Beira-Rio para ver, ao lado de tantos sofredores quanto eu, a derrota para o Internacional de virada e a polêmica da anulação do gol do Barcos por influência externa. O sentimento após a partida era de que seria impossível. E foi.

Após a derrota para o Fluminense por 3 a 2, que deu o título aos tricolores e que praticamente sepultou nossas chances na primeira divisão, todos viam que a situação era totalmente outra. Tudo dava errado, nossas bolas batiam na trave e iam para fora, enquanto as dos adversários voltavam para o atacante ter uma segunda chance e marcar. Contra o Flu, terminamos o jogo praticamente com três a menos após termos empatado uma partida depois de perder por 2 a 0. Correia, João Denoni e Patrick Viera sentiram lesões após as três substituições!

No dia 18 de novembro de 2012 veio a confirmação pela falta de nossas próprias pernas. Empate no final do jogo, com gol de atacante formado nas nossas categorias de base e que muito nos ajudou na até então única passagem pela Série B. Era o fim.

O REINÍCIO
A única palavra que deveria passar na cabeça de todos os palmeirenses era "reinício". Só que para isso ocorrer precisa chegar o dia 21 de janeiro e que o Conselho Deliberativo eleja um presidente que não tenha rabo preso com fantasmas históricos do Palestra, que não tenham medo de atuar pelo time, que tenham inteligência e profissionalismo para fazer o "campeão do século XX" finalmente entrar no século XXI.

Como todos os anos anteriores, vemos a lentidão da diretoria em contratar jogadores. Foram 20 jogadores mandados embora e apenas dois contratados, o lateral Ayrton e o goleiro (!!!) Fernando Prass - que coisa, após 18 anos o Palmeiras voltando a contratar um goleiro! Além disso, segue-se o risco de perder dois jogadores fundamentais do elenco, Barcos e Marcos Assunção, e muito por responsabilidade da atual diretoria. Péssima em todos os sentidos.

Se é para ser a metáfora da (minha) vida, que 2013 seja um ano muito melhor para nós!

domingo, 23 de dezembro de 2012

[Por Trás do Gol] A metáfora da vida - parte 1

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Pelo quinto ano consecutivo, resolvo fazer a retrospectiva dos clubes ao qual eu torço. De lá para cá, pouco mudou para positivo. Duas quedas e três títulos depois, chegamos a mais um ano com aquela sensação de que poderia, e deveria, ter sido bem melhor que foi. Como a vida, a gente sempre reclama muito e tende a esperar mais.

Ao contrário do ano passado, resolvi dividir a análise em duas partes, até porque o ano foi de muitas emoções para as hostes alviverdes, mas também teve seus momentos de alegria que parecia que ia resplandecer, mas que ficou no meio do caminho nas hostes azulinas, pelas quais começamos a traçar o nosso 2012 futebolístico.

UM ALAGOANO DOS GRANDES
O Campeonato Alagoano deste ano prometia ser um dos melhores das últimas décadas, com os times grandes, CSA, CRB e ASA montando bons times e a presença de Túlio para atrair a atenção da mídia nacional ao CSE. E foi.

Na primeira fase, o time comandado pelo experiente e excepcional goleiro Flávio (ex-Atlético-PR, Paraná e América-MG) começou muito mal, com mais uma derrota em clássico contra um CRB mais entrosado, parecia que poderia namorar novamente o rebaixamento, mas se ergueu. As defesas de Flávio e a habilidade de Washington no meio-campo colocaram o CSA em condições de passar para as semifinais. Bastava vencer o CEO, em pleno Rei Pelé. O que não aconteceu.

Veio o segundo turno. Já na primeira rodada, derrota para o CEO e várias piadas sobre qual seria o limite do time. Depois disso, em compensação, foram sete vitórias seguidas e um empate após sair para o intervalo do clássico contra o arquirrival perdendo por 2 a 0. Passamos pelo Sport Atalaia com um empate e uma vitória e teríamos pela frente um velho conhecido, o ASA.

Em jogo, a vaga para a final e a chance de melar um possível título do CRB no ano de seu centenário. Na primeira partida, vitória dos arapiraquenses por 2 a 0. No Rei Pelé, apesar de todo o apoio da torcida - e em outros lugares do país e do mundo, meu caso -, o time não conseguiu fazer sequer um gol, que poderia levar a final para a prorrogação.

Paramos ali, bem pertinho dos objetivos, mas ao menos garantimos, por mérito, a vaga para a Série D no segundo semestre e para a Copa do Brasil, mais inchada, do ano seguinte. A parte ruim é a de não ter garantido vaga para a volta do Nordestão, sendo a péssima ter acompanhado o fim do tabu de 10 anos sem títulos do arquirrival semanas depois.

O QUASE DE NOVO
10 jogos, 6 vitórias, 3 empates e 1 derrota. Campanha de campeão não? Não. O CSA na Série D fez um excelente campeonato, mas mal pôde chegar a disputar as quartas de final do torneio, que dariam ao vencedor do confronto a vaga à tão sonhada monotonia de estar na segurança da Série C em 2013.

Num grupo com baianos e sergipanos, o Azulão do Mutange voou dentro e fora de casa, com direito a goleada por 5 a 0 contra o Feirense no Rei Pelé com 4 gols do jovem atacante Ronaldo, uma das revelações surgidas durante o torneio. Acompanhei pouco, por questões de trabalho, mas lia e ouvia um time bem entrosado, apesar do prejudicial mês em que não se sabia se o torneio ocorreria este ano, por conta de zilhões de ações judiciais.

Quando a bola rolou, o time estava muito bem e bem mais forte que qualquer concorrente. Nas oitavas de final, o adversário era o Campinense, da Paraíba. No primeiro jogo, o time levou o gol, mas empatou com certa tranquilidade. Porém, no final da partida levaria o gol da única derrota azulina na competição.

Na volta, o mesmo roteiro do que foi visto na última partida da primeira fase do primeiro turno do Alagoano. Um time muito ansioso, partindo de qualquer jeito para o ataque e torcendo para que Flávio seguisse fazendo os milagres para evitar algo bem pior. De novo no Rei Pelé, o time parava numa competição com um empate sem gols. Foram três situações assim no ano.

A Série D acabou sendo ainda mais especial por motivos particulares, marcando o trajeto esportivo desta temporada.

Justiça seja feita, este ano a diretoria fez um bom trabalho, apesar de algumas briguinhas aqui e acolá, confirmando a sina de que em ano de eleições pode-se esperar um CSA forte.

2013
Após algumas dúvidas e vacâncias na gerência de futebol - e acusações de roubos de documentos da gestão anterior -, a pré-temporada está em pleno vapor, com direito a uma amistoso ontem, vitória de 1 a 0 sobre o Confiança, em Aracaju.

Pelo que se tem de contratações, percebe-se o cuidado de trazer de volta os jogadores que foram bem no Alagoano e na Série D do ano passado, o que facilita muito. Além dos já "tradicionais", para o futebol alagoano, atletas de empresários do interior de São Paulo. As expectativas são de razoáveis a boas, ao menos por enquanto, para o nosso ano do centenário.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

[Por Trás do Gol] "The favela is here"

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Yokohama. Goleiro adversário como melhor jogador da partida, dezenas de chances desperdiçadas e gol saindo com volante participando da jogada e o principal, um time brasileiro vencendo por 1 a 0 o time inglês campeão da rica Champions League. Rafael Benítez já tinha visto isso há sete anos, quando treinava o Liverpool contra o São Paulo. Porém, desta vez foi bem diferente.

Como tratamos no texto escrito às vésperas do confronto deste domingo a final do Mundial de Clubes FIFA 2012 seria a mais equilibrada da história do torneio. Indo bem além do confronto chavão entre o ataque europeu e uma defesa bem fechadinha durante toda a partida do time sul-americano. O Corinthians preza pela tática, com a metáfora disso sendo representada dentro de campo por Paulinho, o volante que aparece no ataque com bastante frequência - ou também o Jorge Henrique, terceiro atacante que vira primeiro lateral quando o time é atacado.

Apesar de começar com Moses no lugar de Oscar, o Chelsea teve mais oportunidades no primeiro tempo, nelas apareceu a figura do veranense Cássio. Primeiro, em cabeceio de Cahill, com uma defesa que contou com a sorte de sequer ficar perto da linha para testar o chip da Cafusa. Depois, numa das poucas boas jogadas do nigeriano na partida, Moses acertou um chute à lá Neymar, com a bola perto dos pés e a colocando no canto. De mão trocada, Cássio fez a principal defesa da partida.

O Corinthians não relembrava as melhores partidas da Libertadores, principalmente pela pouca participação de Emerson Sheik na partida, que forçava Paolo Guerrero a sair do centro e buscar a bola pelas laterais - e não é que o peruano tem habilidade? Paulinho poucas chances teve e a primeira etapa terminou com um bom equilíbrio na posse de bola, cujos números variavam a cada dez minutos, e também dentro de campo.

O segundo tempo rolava e pouco de diferente ocorria. Quer dizer, o belga Hazard tinha ainda menos espaço para articular as jogadas. Na única chance que teve, aparecendo em cruzamento diagonal de Lampard, jogada que foi a melhor dos blues na partida, também parou em Cássio.

Até que Paulinho apareceu. Tabelou com Jorge Henrique, que ainda pequeno devolveu a bola de cabeça, caminhou pela entrada da área do Chelsea até clamar para que Danilo chutasse. O meia, canhoto, cortou para a direita e ficou no zagueiro. A bola subiu e encontrou Paolo Guerrero, no melhor estilo Basílio. Três homens na frente dele e cabeceio triscando a trave, impossível de ser alcançado. Gol do Corinthians e festa de um "bando de loucos" com dinheiro suficiente, ou com carros vendidos e dívidas futuras, para ir ao Japão.

O louco Benítez resolveu colocar Oscar em campo, mas o Chelsea pouco criou com o ex-jogador do Internacional. O time partia para a clássica jogada inglesa, ainda que num time recheado de estrangeiros, de bolas alçadas na área, por trás dos laterais e marcadores. Como corintiano se orgulha de ser "maloqueiro" e "sofredor", ainda houve tempo para os torcedores acenderem sinalizadores dentro do comportado estádio de Yokohama e verem a última grande defesa de Cássio. A bola sobrou para Torres que, como quase sempre, perdeu o gol, ou melhor, teve a bola defendida. No final, ainda houve tempo para, no último segundo, a bola acertar a trave esquerda.

Final de jogo, Cássio escolhido como melhor jogador da partida e do torneio; o incansável David Luiz, ainda que corintiano na infância, foi o que mais se esforçou na partida e sentiu a derrota, ficou com a bola de prata; e Guerrero, o centroavante que o time buscava, autor dos dois gols corintianos na final, ficou com a bola de bronze.

O time que "só ganhava de um a zero", que muitos viam como retranqueiro sob o comando de Tite, que só não foi demitido em 2010 após a eliminação para o Tolima porque Andrés Sanchez o segurou no cargo. Este time, que disputou a Série B em 2008, aprendeu dentro de campo e fora dele, com o marketing, e se reergueu. Para infelicidade da torcida que é contra ao time - o qual este escritor se inclui -, o Corinthians não precisa ter vergonha ao dizer que é campeão do mundo. 

Como a torcida mostrou - além da lembrança corriqueira ao Palmeiras com frases como "Chora Porco" - e Tite pegou a faixa depois, mais que o mundo ser de "um bando de loucos", é mais aceitável dizer que "The favela is here", no Brasil, no Japão e em todo o mundo.
Foto: Rodrigo Nogueira/Folhapress

sábado, 15 de dezembro de 2012

[Por Trás do Gol] O inesperado em Yokohama

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No ano passado, o Santos chegava à final do Mundial de Clubes FIFA sabendo que teria que jogar tudo o que sabia e torcer para que o Barcelona estivesse num péssimo dia. Não foi o que houve, um primeiro tempo espetacular e 3 a 0 que viraram 4 a 0 no final de mais um espetáculo do time então comandado por Pep Guardiola e Messi. Este ano o confronto entre o campeão da Libertadores e o campeão da Champions League é bem diferente. Favorito?

CHELSEA
Dizer que o Chelsea é favorito porque é um dos times mais caros do mundo, têm tais e tais jogadores e é inglês é balela. Apesar de um meio-campo rápido, com três jogadores com habilidade, geralmente Oscar, Hazard e Mata, os atuais campeões europeus ficaram de fora da segunda fase da Liga dos Campeões, a primeira vez para um campeão do torneio. Antes disso, Abramovich já havia trocado o técnico, saindo Di Matteo e entrando Rafa Benítez, técnico com história pelo Liverpool.

Vi três partidas dos Blues no torneio - escutando sempre da Band coisas como "torcedor corintiano, acompanhe o possível adversário do Corinthians na final do Mundial" (argh!) - e pela partida contra o Monterrey não parece que o time mudou tanto sob as mãos do técnico espanhol. Sinceramente, acho até que pode ter piorado ou piorar, já que Benítez opta por um rodízio entre os atletas e me parece inventar demais na escalação. Nada contra David Luiz jogar de volante, até mesmo porque ele iniciou assim no Vitória e tem técnica o suficiente para sair com a bola, mas mudar o esquema a cada partida?

Contra o Monterrey, o Chelsea manteve a tendência de ter grandes momentos nas partidas - foi assim no empate com a Juventus em 2 a 2 -, com o trio do meio solto, confundindo a zaga adversária e criando chances para Torres marcar (e desperdiçar). Porém, o time parece que se acomoda em outros momentos, possibilitando os ataques adversários. Aos mexicanos faltou qualidade tática, que não faltará ao Corinthians.

CORINTHIANS
Os otimistas viram o Corinthians na quarta-feira e devem ter falado que para corintiano tem que ser no sufoco mesmo, que o time controlou a partida em toda a primeira etapa e acabou sentindo a temperatura e o peso da estreia no torneio. Os pessimistas logo apontaram que o Chelsea era bem melhor tecnicamente que o Al Ahly e que não perderiam passes e chances como eles.

Tite convive, até menos nos últimos meses, com a pecha de que o Corinthians só ganha por poucos gols porque joga tão taticamente que o ideal é apenas vencer. Raios, qual o problema disso? Desde o ano passado, ainda durante o Brasileirão que eles ganhariam, afirmou que o time lá do Parque São Jorge, e futuramente de Itaquera, é um dos que mais joga há mais tempo de forma definida no mundo. Isso é uma grande qualidade.

Se o motor do time pode ser o Paulinho, o segundo volante que marca, protegido pelo parceiro Ralf, e chega na frente como homem-surpresa, o clube paulista ainda conta com jogadores como Danilo e Emerson para desequilibrar, em todos os sentidos, lá na frente, e Guerrero como centroavante matador - que o time não tinha desde a aposentadoria de Ronaldo.

Tite já sinaliza modificar o time para garantir a marcação no trio do meio do Chelsea, seja lá qual for que Rafa Benítez coloque em campo, com Jorge Henrique no lugar de Douglas mais pela marcação da saída de bola adversária que para puxar ataques em velocidade, outra boa característica do jogador.

Difícil apontar um favorito, mas se tivesse que apostar entre a habilidade e técnica do trio de frente Oscar, Mata e Hazard (como o belga joga bola!) contra a tática de Tite, a aposta seria, com toda infelicidade do mundo, no Corinthians.

DÁ UM TEMPO!
Feita a análise para a partida de amanhã, preciso dizer o quanto tem sido chato acompanhar o Mundial. Em busca da audiência possibilitada pela segunda maior torcida do país, vivemos uma corintianização dos meios de comunicação esportivos brasileiros. E não é birra de palmeirense, basta comparar com a cobertura do Santos no ano passado.

Eu, que não pretendia torcer nem contra nem a favor do arquirrival, venho sendo obrigado a torcer cada vez mais contra para ver se paro de ouvir o Casagrande emocionado comentando o jogo no Japão, "porque o Corinthians representa o Brasil e não é preciso esconder nada"; ou o Galvão aproveitando da situação e disparando milhares de "haaaaaaaaaaja coração" e "o Corinthians é o Brasil no Mundial de Clubes" - e eu pedindo "asilo esportivo" para outro pais em 3, 2, 1,...

Para não falar do quanto tenho que aturar torcedorxs corintianxs de um lado pedindo para eu torcer para o arquirrival, "mas é o Brasil", e de outro expressando toda as características que justificam o "maloqueiro" que identifica a torcida, enchendo o saco de um palmeirense com fim de ano péssimo hehehehe. Ainda tenho promessa de telefonema paterno em caso de título... Acaba logo, 2012!

sábado, 8 de dezembro de 2012

"Um homem que foi amado pelo povo, mas que não conseguiu amar o próprio filho"

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Estava ansioso para que estreasse "Gonzaga: de pai para filho", dirigido por Breno Silveira, que também já dirigira "Dois Filhos de Francisco", um filme que, mesmo quem não gosta da dupla Zezé de Camargo e Luciano, acaba por se emocionar. Se bem que no meu caso era mais para lembrar do Nordeste com essa referência musical tão característica, agora morando tão distante de lá.

Acabei de sair da minha segunda vez com o filme, algo que não costumo fazer. Não foi algo de escolha anterior, para tirar alguma dúvida que tenha ficado ou porque o filme mereceria ser visto a maior quantidade de vezes possível. Infelizmente, o último dos argumentos não serve, ao menos para mim. Há cenas que causam emoção, há momentos em que até quem não é nordestino vai sentir um aperto no coração, mas me parece que faltou algo - ou algo está faltando em mim neste momento.

A minha experiência é bem maior com Luiz Gonzaga que com Gonzaguinha, ao ponto de eu só saber como o último morreu por conta do filme. Meu pai, dentre os vários discos de Roberto Carlos, tinha - e acho que ainda tem - alguns de Luiz Gonzaga, então foi uma das músicas que ouvia durante a infância. Além disso, criado numa cidade em que a festa junina tem uma grande importância, com quadrilha na escola e tudo o mais, a cada mês de junho estavam lá algumas músicas do Velho Lua a tocar.

Nos últimos anos, quase dois já, vivendo bem distante dos meus lugares de origem, ouvir essas coisas tão "nossas", ainda que sendo um vivente do litoral nordestino, sempre traz lembranças da região. A Vida do Viajante sendo carregada na memória como um bom fundo musical para a jornada atual e para o que eu espero que sejam as jornadas futuras.

Voltemos ao filme... 
Por conta de tudo isso, esperava sentir algo a mais, mas não vou ficar só nas críticas.

Quando escrevi sobre "O Palhaço" (Selton Mello, 2012), candidato brasileiro ao Oscar de melhor filme estrangeiro, critiquei o início modorrento vendo os patrocinadores do filme, um a um, passando na tela enquanto aumentava a agonia para que tudo aquilo passasse de uma vez. Ainda que repetindo o que deve ser um novo formato de retorno da publicidade, colocar Gilberto Gil cantando "No mundo do lua" dá um início que acalenta o espectador:

Afinal de contas se ainda sou rei
É que aí na terra tudo é tão real
E o povo canta o canto que eu cantei
Não importa o certo e o errado, o bem e o mal

O filme toma como base a tentativa de Gonzaguinha de ajudar ao pai, demonstrando os problemas de uma relação que praticamente não existiu, com um sendo desconhecido para o outro e com tantas e aparentes diferenças entre os dois. O filho resolve gravar as histórias do pai, que agora parece permitir que ele o possa conhecer, ainda assim, quando o assunto é a criação dele, teima em discordar, afinal era "um homem que foi amado pelo povo, mas que não conseguiu amar o próprio filho", que só queria ver "um neto de Januário com anel de doutor".

Natural de Exu-PE, a conversa parte do sertão pernambucano e as agruras de uma família que vive sob as rédeas de um coronel, como tantas outras ainda hoje no interior nordestino, em que o amor entre alguém rico com alguém pobre é impossível. Como diz Santana, mãe de Lula, Nazinha era rica, branca e letrada.

Dali para o Exército em Fortaleza e as peripécias para não dar nenhum tiro. "De sanfoneiro a milico", como diria Gonzaguinha, numa das diferenças mais fundamentais para aquele período, anos 80, de ditadura militar, em que o filho protestava por liberdade, enquanto o pai cantava para os milicos - e, algo que não contém no filme, apoiava o regime que lhe "dava o que comer".

O imigrante nordestino chegando ao Rio de Janeiro para ganhar a vida também é uma de um monte de histórias, com as agruras de sempre, neste caso com direito a esquecer as músicas da terra natal e o sucesso por conta da redescoberta das origens, tão distantes para quem é do "Sul", mas que fizeram dançar quaisquer pessoas. O sucesso oriundo da "parceria" com nomes como Humberto Teixeira, de Asa Branca e tantas outras. Parceria entre aspas mesmo, porque as composições com assinatura de Luiz Gonzaga sempre deram pano para manga - o que também não é mostrado no filme.

A história de amor e extremo conservadorismo com Léia, mulher a frente do seu tempo ao querer fazer o que gosta, independente da opinião do marido, que a quer prender em casa. A tuberculose que os separa e separa Gonzaga do filho, ao optar cantar para o Brasil, pagar todas as despesas dele para que não passe necessidades, mas sem ter qualquer proximidade de pai para filho, como tivera com Januário, sobre quem no início do filme diz que quando o filho anda com o pai "se o pai é muito bom, o filho há de ser bom também".

Enquanto se torna Rei do Baião, com direito a cantar na laje do Cine Pax, no Rio de Janeiro, porque ele cantava para o povo, o filho crescia sendo cuidado por Xavier e Dina no Morro de São Carlos, com vários problemas da revolta de crescer longe do pai e numa situação social excludente. Em vez de orientação, o filho é internado no melhor colégio do Rio para sair como doutor, enquanto Gonzaga constrói outra família com Helena, uma fã que virou esposa, mas que se revolta com as constantes viagens do marido e a falta de dinheiro posterior.

Apesar da raiva demonstrada em relação a Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, a quem muitas vezes diz que não deve ser filho natural de Gonzagão, é ela a responsável pelo pedido para que o filho, que "se formou sem o dinheiro" dele e que "fez sucesso sem seu apoio", pudesse resgatar o pai de uma situação ruim.

Na primeira vez que eu vi o filme foi numa sessão à tarde, em Canoas, acompanhado por oito senhores de idade. Hoje, em Porto Alegre, tinha duas pessoas a mais, porém, percebi que o momento de perdão entre pai e filho emocionou algumas pessoas.

No final das contas, acabei não gostando do término da película, justamente por me lembrar a outra de Breno Silveira. Li até de outros críticos que a história poderia ter andado mais, até a morte dos dois, que ficou restrita a legendas. O ápice da união ficaria perdida no meio do caminho.

Não tenho a capacidade de analisar a atuação dos atores do filme, mas é impressionante como o gaúcho Júlio Andrade ficou parecido com Gonzaguinha, pena que haja mais destaques ao pai que ao filho, que passei a conhecer um pouco mais, musicalmente, após ter visto "Gonzaga: de pai para filho" pela primeira vez. Chambinho do Acordeon, que vive Gonzaga adulto, se pela falta de experiência como ator não consegue externar os momentos emocionalmente mais críticos, ganha a simpatia pela habilidade no toque da sanfona e na relação com o público.

De qualquer forma, independente das críticas, é um filme para se ver, para que as pessoas que não conhecem possam saber quem foi Luiz Gonzaga e para outras, que nem eu, possam ser estimuladas a buscar outras coisas de Gonzaguinha. Além disso, é claro, trata-se de uma boa oportunidade para ver, ouvir e sentir o Nordeste, especialmente para quem está fora dele.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

"La Poesía no es de quien la escribe sino de quien la usa"

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Il Postino (también conocida como El cartero (y Pablo Neruda), El cartero de Neruda o simplemente El cartero) es una película italiana de 1994 dirigida por Michael Radford (“1984”; “El mercader de Venecia”) basada en la novela “Ardiente paciencia”, de Antonio Skarmeta. Está protagonizada por Philippe Noiret, Massimo Troisi y Maria Grazia Cucinotta. 

Tratase de una adaptación de la novela Ardiente paciencia de Antonio Skármeta – después de la película, “El cartero de Neruda” –, quien ya había llevado la novela al cine en 1983 con el mismo título, Ardiente paciencia. En la novela y la película original Neruda se encuentra en Isla Negra (Chile) alrededor de 1970, sin embargo, Il Postino traslada la acción a la Isla Salina en Italia durante los años 50. 

Mario Ruoppollo es un hombre joven en un pueblo de pescadores insulares en Italia, donde el tiempo se mueve lentamente. Dado que los mareos de Mario no le permiten pescar, él consigue un trabajo como cartero, repartiendo el correo en una bicicleta a sólo un único cliente, el famoso poeta chileno Pablo Neruda, que ha sido exiliado a Italia a causa de sus ideas comunistas. Después de un rato, los dos se convierten en buenos amigos. 

Con la ayuda de Neruda, el cartero, gracias a la poesía, logra ser capaz de comunicar mejor su amor a una joven y bella dama, Beatrice Russo, a través del uso de las metáforas. Los dos se casan más adelante y el poeta Neruda y su esposa se ​​le permitió regresar a Chile.

Para Mario permanece la preocupación con los problemas de su comunidad, hasta entonces pasaban como algo natural. No solo tu padre reclama de los problemas, como la falta de agua, él también, que discute con quien procura engañar los más pobres.

Algunos meses después, Mario hace una grabación de los sonidos de la aldea de Neruda, triste, a espera de alguna nueva mensaje del amigo, padrino de su casamento. Años después, Neruda vuelve a la isla como turista, se encuentra con Beatriz y su hijo en la cafetería de siempre, pero no encuentra más Mario, que fue impedido de leer su poema.

En el final de la película, vemos una dedicatoria a Massimo Troisi. Investigando en la internet, descubrimos el motivo. El escritor y protagonista Massimo Troisi pospuso una cirugía cardíaca para poder terminar la filmación, suyo sueño de actor. El día después de que la misma fuera terminada, sufrió un ataque cardíaco que le causó la muerte.

Aún de ser una historia interesante, a pesar de parecernos ser rápida en algunas partes, tratase de una buena sugestión para quien desea emocionarse e conocer como “cualquier uno”, desde que sea sensible, puede hacer metáforas e poemas.

Galardones 


La película ha sido galardonada con más de 25 premios internacionales, incluyendo el Premio David di Donatello al mejor montaje (1994), Premios BAFTA a la mejor película de habla no inglesa, mejor dirección y mejor música (1995), Premio Cóndor de Plata a la mejor película extranjera y un Premio Oscar a la mejor banda sonora de drama para Luis Enríquez Bacalov. 

domingo, 2 de dezembro de 2012

[Por Trás do Gol] Não reagiria bem a um adeus "Monumental"

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A minha relação com o futebol é muito forte. Já fui a estádios para ver jogos de rivais locais, de arquirrivais históricos, da Seleção brasileira, alguns só por "curiosidade", outros pela emoção, por se tratarem de clubes que eu torço - seja o que eu aprendi a amar ou o que ainda não inventaram palavras para descrever tal sentimento - e outros "apenas" para conhecer. Com estádios, a curiosidade sempre foi a de ver como se postavam os torcedores, dos mais fanáticos e organizados aos que vão para "apreciar" a partida e gritar na hora certa.

A minha relação é mais fervorosa apenas por um, o Estádio Rei Pelé, em Maceió. A proximidade da casa da minha avó materna, que me "obrigava" a vê-lo a cada visita à cidade natal na década de 1990; a ida a pé aos jogos dos anos 2000 já de volta a cidade, onde o ir ao estádio representava a parceria futebolística de uma boa relação paterna

Foi difícil ver o Trapichão parado por vários anos por conta de obras que não andavam, que nunca terminavam e que interditava partes ou o estádio inteiro. Não poder ouvir de casa o grito da torcida e, principalmente, não poder percorrer aqueles 20 minutos a pé para adentrar ao estádio. Mais que um simples monumento arquitetônico, representou e representa um lar. O lugar para conversar com vários desconhecidos como se fôssemos amigos de longa data, de xingar jogadores e diretorias, quando necessário, e, principalmente, gritar pelos gols e títulos ali conquistados - fosse Segundona estadual ou algum campeonato nacional.

Já há algum tempo, penso como vem sendo o sentimento dos torcedores gremistas com o momento final do Estádio Olímpico. Confesso que não consigo imaginar como será a reação após a partida de daqui a pouco contra o Internacional. Pensar que o espaço ocupado pelos torcedores por 58 anos deixará de existir de uma hora para a outra, fechando um capítulo da história como se pula um capítulo de um livro.

Quer dizer, não deve ser tão fácil assim. Eu, que não sou gremista - e nem colorado -, já me emociono ao ver os vídeos produzidos sobre o estádio, os comentários sobre a história individual de alguns torcedores nele. Só posso imaginar mesmo, ainda que não sentir de forma forte, o que sente e o que sentirá o gremista. Por mais que se pense que a Arena está magnífica, ficou pronta de forma bem rápida e contará novas histórias ao torcedor, é impossível esquecer de um lar.

Quando o árbitro apitar o final da partida, mais que o Gre-Nal de número não sei qual, com a garantia da classificação gremista à fase de grupos da Libertadores do ano que vem, terá sido encerrado, mas um lugar que durante tanto tempo foi palco de frustrações e alegrias de um conjunto de pessoas tão diferentes e tão iguais nos minutos de antes, durante e depois da realização das partidas.

Graças a um amigo tricolor, eu pude ir ao Olímpico por duas vezes, sempre torcendo contra. Na primeira, ainda no ano passado, fiquei ao lado da Geral do Grêmio, controlando-me ao ver o Palmeiras abrir 2 a 0 e ceder o empate com um gol do Fernando, justamente na trave que eu via mais de perto, na última jogada da partida. A segunda foi este ano, quando o sergipano River Plate aplicou um susto com um gol no início da partida pela primeira fase da Copa do Brasil, mas sofreu uma virada por 3 a 1.

Aos gremistas que não tiveram a oportunidade de ir ao estádio, posso dizer que, de certa forma, entendo bem a situação. Alagoano, só vi pela primeira vez o Palmeiras num estádio no ano passado. Ainda que em São Paulo, no Canindé, já que o Palestra Itália estava em reforma. Por um bom contato, consegui visitá-lo já com uma parte das arquibancadas derrubada e sem o gramado. Ali, onde vencemos "só" a Taça Libertadores. Pesou na mente o fato de nunca ter ido à nossa casa antes, por mais que as condições econômicas não permitissem. Porém, não fui menor torcedor por conta disso. Mais distante, sofri, e como, da mesma forma de quem estava ocupando aquelas arquibancadas, e sigo saudosista dos bons tempos do agora velho Palestra.

A diferença talvez seja que a Nova Arena está sendo construída por cima do velho Palestra, no mesmo endereço. Ao contrário da Arena gremista, que desenvolverá outro ponto da cidade. Não reagiria bem enquanto torcedor a um adeus ao estádio; menos ainda quando for concretizada a implosão do espaço para a construção de prédios. Os gremistas passarão pela Azenha e mostrarão aos filhos que no lugar daqueles prédios havia mais que um estádio de futebol, mas o lar de tantas e tantas pessoas.

sábado, 1 de dezembro de 2012

[Baú do Por Trás do Gol] Aniversários

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Como o Olímpico se despedirá dos torcedores amanhã aqui no Rio Grande do Sul, resolvi lembrar um texto sobre a minha relação com um estádio de futebol. O Estádio Rei Pelé, o Trapichão, em Alagoas. Amanhã, conto mais um pouco sobre isso e sobre como eu me sentiria se fosse um estádio "meu" a ter seus episódios finais.
***
25 de outubro de 2010 (Texto do blog Por Trás do Gol)

Só ontem pude perceber uma incrível coincidência. Este blog foi criado no mesmo dia da inauguração do maior estádio de futebol de Alagoas; a praça esportiva brasileira que recebe o nome de um ser genial: Rei Pelé.

Enquanto o Por Trás do Gol chega hoje ao seu segundo ano de existência, com bem menos fôlego que no seu início, o querido Trapichão alcança quarenta anos.

O Estádio Rei Pelé é membro cativo e deverá ser eterno na minha memória afetiva tão quanto o Rio São Francisco, o qual tive a tristeza de vê-lo bem seco em viagem nos últimos dias.

O orgulho que dava em chegar a Maceió nas viagens constantes quando criança e poder ver aquela imensidão situada perto da casa da minha avó, que só acentuava a minha paixão pelo futebol. Lembro da alegria de dizer em Aracaju que ela morava perto do Estádio, mesmo indo pouquíssimas vezes, até então, a ele.

Na primeira vez que fui, inclusive, com cerca de quatro anos, dormi durante o jogo do CSA contra o América-RN por causa do cansaço da viagem e ser acordado pelo meu pai para sairmos, já à noite.

Na volta à terra natal como habitante, em 2000, confundi a afirmação de um colega na nova escola ao dizer que morava perto do Trapichão e eu responder que "minha avó morava perto do Rei Pelé", sem saber que estávamos falando da mesma coisa.

A oportunidade de morar perto do estádio e poder ouvir o grito da torcida nos lances de gol...

Nada supera os jogos em companhia com meu parceiro futebolístico, o meu pai, aos jogos...

No Rei Pelé, pude ver dois grandes ídolos. Romário, em 2002, na derrota do Vasco para o CSA por 2 a 1, mas ainda com uma movimentação interessante perto da área. E Ronaldo, já um pouco gordo, com a seleção brasileira, em 2004, num empate sem gols com a Colômbia, mas, ao menos, com a Daniella Cicarelli dando tchauzinho para a torcida.

Nos últimos anos, convivemos com um rei "nú". Ele estava lá, mas funcionando como podia, algumas vezes até com menos da metade de sua capacidade cotidiana.

Sofremos mais ainda com o fechamento completo neste ano. Como se não bastasse o CSA fora da Primeira Divisão, não nos restava sequer o Estádio Rei Pelé aberto.

Passava de ônibus e parava o que estava fazendo para olhá-lo pela janela, saber a que pé andava sua reforma.

Não pude ir ao jogo que o reinaugurou, com a volta de Édson Arantes do Nascimento, mas me arrepiei ao ouvir os fortes gritos da torcida azulina no único clássico do ano contra o CRB, pelo Nordestão. Ele estava de volta!

Em três meses, fomos a seis jogos, entre Série D e Segundona do Alagoano e a cada partida podia sentir uma sensação diferente, com suas curiosidades diferentes a serem observadas, mesmo que sem o mesmo tempo de outrora para relatá-las.

De todos os momentos desta relação, o momento inesquecível se deu no final do ano passado, em que após uma partida da seletiva para a Copa do Brasil de futebol feminino, adentramos no gramado de futebol feminino, adentramos no gramado.

Meu pai parecia uma criança, empolgado durante e depois, ao chegar em casa, ao adentrar no palco do espetáculo pela primeira vez nos seus quase cinquenta anos. Eu fiquei muito satisfeito ao sentir de perto um dos melhores gramados do país. Sensação indescritível!

Por isso tudo, o que são dois anos deste blog perto dos quarenta do Estádio Rei Pelé, o Trapichão querido dos alagoanos?

Que seja eterno o Estádio que fez e faz tantas pessoas como eu felizes, tristes, mas profundamente marcadas pela paixão pelo futebol!