terça-feira, 25 de junho de 2019

2019.9 A tradutora

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Acabei não comentando no texto anterior, mas passei de janeiro a maio sem terminar nenhum livro. Entrei na rotina de ler muito, mas especialmente textos acadêmicos (artigos e capítulos de livros). Se eu somasse tudo daria muita coisa, mas uma das minhas reclamações recentes é que essa situação, que tem o acréscimo de usar bastante o Twitter, está fazendo com que eu piore a minha escrita. Além, é claro, de eu não consegui ler coisas por prazer.

Dentre outros motivos para eu ter diminuído a leitura deste tipo de texto está o fato de eu viajar muito à noite/de madrugada, em que há o cansaço do dia mais a busca por não incomodar as pessoas. Outra coisa, mais óbvia, é a falta de tempo mesmo para ler à noite, em que eu prefiro descansar quer ler mais um pouco. Além disso, as minhas idas à UnB são longas, mas normalmente eu estou a maior parte de tempo em pé no ônibus. Até por esses fatores, sinto muita falta do Leia Mulheres, que me forçava a ler um livro por mês, partindo de diferentes motivos.

Anos atrás, dei num amigo secreto o livro "O fotógrafo", do Cristovão Tezza. Ano passado, quando passei pelo (incrível) Sebinho aqui em Brasília saí carregados de livros. E "A tradutora", do autor paranaense, foi um deles. O livro ficou aqui e acho que não levei para Maceió (ou Santana) em nenhuma viagem, assim, eu acabei lendo-o a conta-gotas, encerrando hoje.

Como se não bastasse ser em conta-gotas, o livro trata de três dias na vida de Beatriz, que está traduzindo um texto, serve como tradutora para um executivo da Fifa que vai a Curitiba por conta da Copa e ainda tem memórias sobre um namoro que deveria acabar e conversa com uma amiga sobre o relacionamento com o executivo. São histórias em paralelo, divididas em aspas, travessões e itálicos que fizeram com que eu demorasse a achar o fio da meada. Quando consegui, agradei-me do livro (nem tanto do final).

TEZZA, Cristovão. A tradutora. São Paulo: Record, 2016.

2019.8 Meus desacontecimentos

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Sou fã da Eliane Brum desde o dia em que pude acompanhar uma entrevista em que um grupo de pesquisa da Unisinos fez com ela, ainda em 2012. Meses depois, um texto dela na revista Época sobre a situação dos índios Guarani-Kaiowás viralizou. Acompanhava uma coluna ou outra na revista e venho lendo mais coisas desde que ela foi contratada pelo El País Brasil.

Das coisas que eu gostei naquele momento em São Leopoldo e segui acompanhando é a busca pela autonomia no trabalho jornalístico, de buscar ouvir e contar a história das pessoas, independente da pauta que foi passada ou do tamanho do que será contado.

Meus Desacontecimentos é um relato pessoal sobre como a relação com as palavras fez com que Eliane Brum suportasse o cotidiano, sendo uma criança que conviveu com a memória de saudade da mãe por uma irmã mais velha que morreu ainda bebê. A partir do que ela conta no livro temos muitas explicações dos caminhos que conseguimos enxergar nos seus textos. 

Se você é ou quer ser jornalista e não conhece as colunas de Elaine Brum, maratone: https://brasil.elpais.com/autor/eliane_brum

Também para quem não é jornalista, há o livro de ficção dela, que li algum tempo atrás, que é o "Uma, duas", um relato muito vivo da relação entre mãe e filha. Forte, mas necessário.

BRUM, Eliane. Meus desacontecimentos. São Paulo: Leya, 2014.