quarta-feira, 19 de agosto de 2015

1 ano de UFAL

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365 dias e, pelos meus cálculos, algo como 200 estudantes a passarem por Lógica, Informática e Comunicação, Seminário Integrador 1 e Economia Política da Comunicação. Passou rápido, passou devagar. Muitas coisas feitas, ainda mais por fazer. Daquela manhã de 19 de agosto de 2014 para esta tarde, a certeza de estar fazendo o que eu gosto e a consciência ainda maior da responsabilidade de um docente e de um pesquisador.

Confesso que em determinados momentos nestas tantas horas de aula dadas aqui em Santana, batia uma certa frustração. A ideia que não dava certo, a aula que não chamava a atenção dxs estudantes, o bocejo e às vezes até o cochilo em sala ou a conversa enquanto eu lecionava. As leituras não feitas; os textos com comentários contrários ao que eu tentei explicar na aula, as dúvidas que via nos rostos, especialmente às vésperas de provas ou trabalhos. Incomodava.

Mas quando via a aula sobre o Sherlock gerando um debate que facilitava a argumentação da parte de Lógica. Ou da empolgação em determinado debate. Também quando via que determinada conversa "socialmente referenciada" fazia aparecer questionamentos sobre o que vemos no dia a dia. Ver que, ainda só num semestre, eu pude marcar a vida de algumas pessoas, ajudar a construir melhores pensamentos e vidas. Estimulava.

Lembro de uma conversa com um amigo de núcleo de estudo, na época professor de faculdade particular em Pernambuco, em meio a um dos meus momentos de incômodo e ele destacar a importância de pessoas como nós para fazer com que as mentes pensassem sobre assuntos que mesmo nós demoramos a ter acerto, a pontos de vista diferentes do que estamos acostumados. E isso fica cada dia mais claro, mesmo quando as opiniões são distintas. O debate tem que ser possível e direito tem que ser exigido, mesmo que seja um embate frente ao professor.

Como escrevi aqui e disse naquele dia, ser professor de universidade federal é motivo de um orgulho imenso. Ser professor da Universidade Federal de Alagoas ainda mais, porém também traz uma responsabilidade enorme. Porque é muito bom voltar para o espaço que me formei, ainda que não no curso que passei.

Fazer parte de uma disciplina de um primeiro semestre que, no modelo da interiorização da UFAL tem a função de fazer uma análise geral/conjuntural é um grande desafio. Ainda maior quando as condições locais são de um prédio em início de construção, logo lecionando em escola alugada (há 5 anos!), que xs estudantes são escolhidos pelo curso e se identificam com ele durante a graduação e de um eixo gestão, que às vezes demonstra a sua diferença, mesmo que num ambiente (raro na academia) de convivência agradável.

Ser professor da UFAL me permitiu também voltar às pesquisas e poder desenvolvê-las com mais calma, tranquilidade e estabelecendo novas relações ao longo deste ano. Vida acadêmica também é militância, pois estudar via uma área crítica é ter a certeza de enfrentar ainda mais obstáculos pela frente. Evitar o individualismo, lutar pela construção coletiva, é bem mais difícil que parece.

Ainda veio um processo de construção de greve que não imaginava que seria ainda em maio. Por conta de sérios problemas particulares e algumas reuniões locais, só em julho pude entrar no Comando Local e lutar contra as dificuldades de articulação e da falta de diálogo de um país em que defender a educação pública e de qualidade é exceção, mesmo com tantos ataques às questões sociais como neste ano - em que o ápice disto está representado nas esferas de Governo federal e Congresso.

Que venham mais anos de aulas, pesquisas, atividades de gestão pela melhoria das nossas condições de ensino e trabalho e de pequenas batalhas cotidianas. Que eu consiga de mais momentos de estímulo em sala de aula e que os que aparecerem para gerarem incômodos sejam pequenos e não tão marcantes.