sábado, 16 de julho de 2011

Em busca do El Dorado: 5 horas e mais duas cidades conhecidas

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Fiquei na dúvida se colocaria este texto na categoria "Em busca do El Dorado" ou não. Afinal, como bem fez o companheiro Eduardo Menezes, no seu Exílio Midiático, o ideal seria falar sobre a importância do debate que realizamos em Bagé através do "Cepos Debates". Porém, uma viagem de seis horas, contando trem até Porto Alegre e, principalmente, as cinco horas de viagem de ônibus até a cidade ao sul do Estado, mostra que essa viagem foi mais uma conquista por este "imigrante alagoano no RS".

São 4 meses e 09 dias aqui em São Leopoldo e dentre as atividades de final de semestre letivo havia a realização do "Cepos Debates" no sábado passado (09). Quando eu confirmei que participaria do evento enquanto membro do Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade, não tinha noção que Bagé ficasse tão longe e, o principal, que a cidade pudesse ser bem mais fria do que aquilo que estava ocorrendo na região metropolitana de Porto Alegre.

Do feriado de Corpus Christi até sexta-feira passada tive a sorte rotineira de pegar o pior início de inverno, pelo menos, dos últimos doze anos! Foram duas semanas em que o maior índice registrado pelos termômetro foi 13º. Numa sequência intermitente que até os gaúchos me diziam que nunca haviam passado. Assustador...

Na quinta-feira da semana passada, no momento que cheguei no estúdio da Rádio Unisinos FM para gravar o "Periscópio da Mídia", o marcador do meu computador mostrava 6º. Isso às 11h da manhã! Uma hora e meia depois, a temperatura chegou ao seu máximo naquele dia, 10º.

Nas duas noite anteriores, eu mal conseguia ficar parado, porque mesmo todo coberto o corpo não parava de dar uma tremida leve. Estudar então, como costumo fazer nos finais de noite, não dava!

Para piorar a minha perspectiva, Bagé fica ao sul do Estado, o aviso de todos era claro: "Se você está sentindo frio aí, em Bagé será bem pior!". A única conversa animadora veio do jornalista responsável pela mesa de som da rádio, que me disse que a previsão era para que a máxima do dia seguinte naquela cidade seria de 18º.

Viagem
Acordei antes das 4h da manhã porque o único ônibus que podíamos pegar saía de Porto Alegre às 06h45. Chegue antes das 5h30 na estação de trem Unisinos, o termômetro marcava 10º. Bom sinal... 
5 horas de conversas com o companheiro de Cepos Eduardo Menezes, que teve a capacidade de machucar o dedão de uma das mãos ao fechar a porta do táxi, e chegamos a Bagé às 12h, sob uma temperatura bem mais amena, que me impediria de usar a quantidade de coisas para aquecer que eu tinha levado.

O terminal rodoviário da cidade tem um estilo mais antigo, quase que mal conservado, além de ser pequeno - claro, a cidade tem um pouco mais de 100 mil habitantes. Além de uma estrutura mais antiga, com ruas mais largas e casas com arquitetura mais antiga, é uma das poucas cidades que é cortada por uma ciclovia, e em conservada.

Cepos Debates
O evento foi na Unipampa, cujo campus em Bagé ainda está em construção, num espaço "doado" por um latifundiário, que teve uma confusão por conta de um espaço dentre esse terreno cedido.
Confesso que, em dia de sábado, para um evento cujo tema seria "Democratização da Comunicação", ter nove pessoas como público é muito bom. Além disso, infelizmente, esta minha afirmativa pessimista mostra o quanto as pessoas não estão atuando para lutar por uma comunicação, ao menos, mais democrática - sendo mais difícil ainda falar em transformação radical da sociedade.

Para se ter uma ideia, acho que dez minutos depois de termos começado a apresentação, duas pessoas saíram. Depois soubemos que uma delas, ao menos, era do PDT, justo o partido do primeiro ministro de Comunicação do Governo Lula, a quem primeiro criticamos ao estabelecer a relação de ministros do setor no governo petista e o problema das escolhas.

Fora isso, o debate foi bem interessante, especialmente porque conseguimos fazer com que o membro do Sindicato dos Professores da Unipampa ficasse interessado em fazer meios de comunicação próprios para o sindicato. Destacamos a produção do Periscópio e criticamos o fato do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul de, por um tempo, optar por pagar caro para veicular comercial na Rádio Gaúcha, do Grupo RBS, em vez de produzir uma programação de rádio própria, numa rádio web.

Conseguimos gravar dois "Diversidades", programete de vídeo que fica na página do Cepos no Youtube - em breve estarão no ar -, e teve uma matéria sobre o evento num jornal local, o Minuano.

Volta
Na volta, conseguimos uma carona para Pelotas, que fica no meio de caminho entre Bagé e Porto Alegre, para não chegarmos tão cansados em casa e, também, porque o Eduardo é desta cidade. Quer dizer, mais que isso, é melhor dizer que ele é Xavante fanático (Xavante, "torcedor do Brasil de Pelotas").

Pelotas me aparentou uma cidade abandonada. Já haviam me dito que a cidade não tinha muitas fontes de recursos e empregos, o que justificava a saída em massa das pessoas de lá - com direito a dois grandes pólos universitários, UFPel e UCPel. Tem algumas praças na cidade, a maioria no escuro. Olhando do apartamento, Eduardo me indicou que numa rua ficavam prostitutas, na outra, travestis. Mas o que vimos mesmo foi um senhor fora de si indo e voltando na faixa de pedestres da rua e falando tudo ao mesmo tempo.

No dia seguinte, mais algumas horas de viagem e chegada em POA! Ufa! Ah, o formato do terminal em Pelotas é estranho, meio alemão; já o de Porto Alegre, por mais abandona que esteja o de Maceió, não chega nem aos pés do nosso. Já havia passado por ele antes e não o havia identificado como um terminal rodoviário.

Mais 40 minutos de metrô e chegada em casa após um final de semana que "conheci" mais duas cidades gaúchas e que mal toquei em algo para os estudos.