sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Ano de enfrentamentos importantes

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"O eu completo e complexo é o grande desafio que tenho para 2016". Assim eu terminei o texto de avaliação do ano passado (algo que fiz também em 2011, 2012 e 2014). Mal sabia eu o que viria de elementos para aumentar a complexidade e os desafios de 2016. Ainda que com dores, de diferentes aspectos, este ano não tem caráter de "sobrevivência", mas de, pela primeira vez, tentar viver.

Foi um 2016 de um elemento novo marcando o tempo inteiro as rotinas de vida: saúde. Já no primeiro mês um acidente que só me deixou com um colete na cervical por alguns dias e algumas dores nela e nas costas até hoje, mas que poderia ter arrebentado minha coluna ao meio. Pior que a dor foi ter me visto cair por completo nas semanas seguintes. Talvez em nenhum outro momento da minha vida o estar e me sentir sozinho tenha feito tanto efeito. Veio uma crise depressiva a ponto de minha terapeuta "ameaçar" me encaminhar a um psiquiatra, mas que serviu para entender que todo carnaval tem seu fim. De bom disso tudo, um desabafo homérico de algo guardado há 3 anos para a única pessoa que se preocupou comigo naquele momento e em outros ao longo do ano - para, talvez, azar dela, há de reaparecer neste relato mais à frente.

Em abril eu assumi a coordenação acadêmica da unidade em Santana do Ipanema. Quase que ao mesmo tempo, tive que assumir dois processos de transição, um surpresa na coordenação de Economia, ficando algumas semanas até ter alguém provisório - e atuando com ele durante aqueles meses -; e acompanhar e comandar o processo de término e seleção de monitores. Foram dois meses que valeram por quase 2 anos. Por sorte vieram as férias de duas semanas. As primeiras da vida!


Dentre as melhores decisões deste ano com certeza está ter encerrado dois ciclos que ficaram "engasgados" desde março de 2013, quando saí do Rio Grande do Sul. Voltar para lá, mesmo para poucos dias e encontrando amigxs e colegas tão bons na correria, foi bom. Nova condição e sem o peso do que ocorreu no segundo semestre de 2012. Ver ainda que realmente não fechei porta alguma por lá é muito importante.

A segunda coisa está em ter mudado a previsão inicial - ir a Montevidéu - para me reconciliar com São Paulo. Ver o Palmeiras ganhar dois jogos no estádio, especialmente o clássico contra o arquirrival com gol de alagoano sertanejo atrás do gol em que está, ficando sem voz de tanto apoiar, é inesquecível. Aproveito a deixa para dizer que fui 100% no Brasileiro ganho após 22 anos - ainda teve clássico contra o São Paulo, de virada e rouco no evento acadêmico no dia seguinte. Sem falar nos quase 20 jogos que vi do CSA este ano, entre Alagoano e Série D. Preparem-se, que o Maior de Alagoas iniciou em 2016 um novo ciclo positivo de sua história, vem mais por aí e, como sempre, estaremos juntos em 2017!

Mas voltando a São Paulo, o motivo de ter mudado a viagem internacional pela local, de ter mudado o status de relacionamento com o Estado passa para além do Palmeiras, diria que literalmente. Aqui retorna a pessoa do desabafo de fevereiro. Foi tudo surpreendentemente positivo naqueles 15 dias. Ainda que as dificuldades do dia-a-dia, até porque se fosse fácil não seria eu, tenha voltado tudo ao "normal" depois. Consegui encerrar uma pendência que sempre ficou para mim desde a ida ao cinema em março de 2013 - ainda que a pessoa não acredite que eu iria atrás independente do lugar e da situação de ambos.

Este novo "perder", ainda que diferente por não ter vindo com um "adeus geral", também foi bem menos traumático que antes e isso é muito importante para mim. Acho que saber não ficar tão mal e dar sequência à vida sem ser algo tortuoso foi um dos grandes avanços psicológicos deste ano. Do que estava no texto do ano passado, sigo devendo mostrar às pessoas como eu me sinto, especialmente quando as coisas vão mal, mas avancei mais rapidamente em alguns casos que antes.
O segundo semestre letivo do ano veio com viagens e alguns sonhos realizados no meio disso - e alguns problemas de saúde para garantir que meu check-up seria em emergências. Agosto veio com duas viagens malucas de fim de semana. Ida ao Rio de Janeiro para ver o handebol e o futebol femininos no mesmo dia e o sonho de criança de poder participar, ainda que não trabalhando, de um megaevento esportivo, com toda a vontade do mundo para ir à Rússia e Japão. No final de semana seguinte, um literal bate e volta a Mossoró por razões que a própria razão desconhece, mas que era muito importante. Ainda que tenha gerado uma infecção digestiva que nunca tive igual e que me deixou fora da vida por uma semana.

Setembro veio com a tradicional ida ao Intercom, com a terceira viagem a São Paulo em 4 meses, desta vez com muitos altos e baixos, mas também com auxílio primoroso dxs amigxs de lá - espero que ainda sejam, apesar das poucas conversas desde outubro.

Em outubro, ida à Cidade do México. Esta me derrubou pela altitude e pelos problemas na imunidade pelo desgaste emocional e físico do trabalho e de certo descaminho daquele período. Fui vencido e ainda não sei de algumas coisas de México e escala em Lima se foram reais ou não, mas nunca foi tão difícil voltar de uma viagem a trabalho, com direito à raiva na semana de volta. Cheguei no limite de uma estafa físico-mental.

Novembro trouxe a segunda parte das férias, onde finalmente a minha cabeça saiu do período sabático e voltou a escrever artigos no ritmo normal. Logo depois, ida a Brasília com novas realizações de objetivos, um deles que não imaginaria para agora. Basta reler as avaliações dos anos anteriores para entender o quanto foi difícil chegar aqui, apesar dos 28 anos - e ao contrário de comentários que provavelmente surgiram por aí. Mesmo a coordenação acadêmica, e o Caiite demonstrou isso, é uma prova de ao menos aqui eu consigo me desenvolver bem e, o mais importante, ter resultados. Dois anos e quatro meses sabendo que estou trabalhando sem qualquer peso na consciência.


Porém, o mais curioso deste ano foi que apesar de eu ter tentado mais com as pessoas, conheci mais gente - Leia Mulheres segue sendo outra das grandes coisas deste ano -, eu termino com menos pessoas próximas que quando iniciei. Lidar com algumas coisas parecidas que já deram errado, ou eu perdi a paciência mesmo, vem sendo complicado e acaba me afastando de grupos e até amigxs, especialmente pós-outubro.

Duas pessoas diferentes me perguntaram recentemente porque um fato recente mexeu tanto comigo ainda que eu ache que não tenha feito nada de errado. Pensando nestes dias, uma hipótese forte seja a que, apesar de eu não declarar abertamente a falta de pessoas para mim, eu sempre levei em conta a opinião alheia, por isso o ser "certinho" ou "formal", algo que o MUNDO vem gritando no meu ouvido. Seria bem mais fácil ligar o f...-se para quando me enchessem o saco, ainda que eu finja que fiz isso em alguns casos até porque a lista está grande.

Dezembro, o mais que falta, poderia ter sido devastador. O tema que deu título ao texto do ano passado voltou de forma inesperada e com uma notícia para além das minhas pessimistas expectativas e com uma reação em mim também inesperada. Pelo jeito há feridas que mesmo cicatrizadas ainda doerão. No meio disso, outra surpresa inesperada e que não podia deixar de tratar, apesar de meu cuidado sobre.

Foram duas pessoas este ano que vieram com a questão de me decifrar. Por experiência anterior, perde-se a graça logo, uma destas pessoas superou o desafio rapidamente e sumiu; a outra me ofendeu de diferentes formas na semana do relato do parágrafo anterior e em meio a bomba atrás de bomba para desarmar devido ao Congresso Acadêmico. Então, por favor, nada de tentar me decifrar. Não quero ser desafio para ninguém, até porque a graça acaba rápido.

Outra coisa muito importante é aprender a me escutar e estar à disposição para me entender. Sinceramente, estou cansado de fazer isso com as pessoas e ouvir o "eu sou assim e não vou mudar", ainda que as mesmas pessoas apontem o dedo para mim para que eu mude. Ao menos eu observo o que é problema para mim e estou tentando, ainda que o meu processo leve a velocidade que eu queira e possa.

O trabalho é o meu cano de escape - assim como o futebol e já foi este blog, desenhar e neste ano foram os livros literários -, mas tem muita coisa nele que eu adoro fazer e não uso como justificativa (a não ser que seja algo irônico) para as minhas decisões pessoais. E isso não vai mudar mesmo que eu trabalhe (bem) menos. Já sofri muito até com escolhas que não me forma ditas - ou foram porque eu vi que estavam sendo praticadas, envolviam-me, mas eu era o único a não ter sido "informado" -, mas respeitá-las é a opção possível. Então, outro por favor, aprendam a respeitar as minhas decisões em 2017. Estou aprendendo ainda a dizer não, mas quando o digo é não mesmo. Serve para artigo, criar evento, inventar trabalho (para mim) e nas questões pessoais nem se fala.

Por fim, tempo de passar algumas semanas desconectado para poder respirar e cumprir pendências individuais que quero fazer, mas estão atrasadas. Que eu consiga seguir nesse melhoramento de eu complexo e que a vida pegue mais leve, porque já passou da hora - prometo cuidar um pouco mais de saúde, o saco de areia para socos em casa serve como prova rs.