domingo, 23 de novembro de 2008

Fome: um tema proibido – últimos escritos de Josué de Castro

O livro consta de vários artigos sobre a fome escritos pelo médico Josué de Castro geralmente como prefácio de seus livros, quando não, são artigos para revistas científicas de outros países. O conhecimento sobre o autor, mesmo sem ter lido nada dele antes desse livro, já era o de escritor clássico sobre um tema, infelizmente, também clássico, a fome.
Sendo dividido em três partes (a fome, subdesenvolvimento e desenvolvimento e geografia da fome), o livro trata do tema tanto de forma a explicá-lo quanto para mostrar ao mundo a fome de um local específico, o Nordeste brasileiro, para uma publicação alheia. Sempre procurando tirar o etnocentrismo característico de publicações desse tipo, mostrando também que é impossível para uma pessoa escrever sobre uma realidade em que está inserido colocar parte dessa influência no seu trabalho.
Na primeira parte do livro são colocados artigos de forma a nos apresentar a fome. Logo o primeiro mostra como esse tema foi inserido na cabeça do autor, pelo mesmo morar perto de um mangue ele via os caranguejos e a situação dos mesmos quando não vem nenhum alimento da maré, com as pessoas que não tinham o que comer. Tentando, como o fez em todo o texto, dissociar da idéia malthusiana de que o grande culpado pelo alastramento de misérias por todas as partes do mundo é a explosão demográfica, onde a única alternativa seria isolar esses locais, visão bem etnocentrista, de outra forma, pensa que há comida suficiente para todos desde que todos os recursos oferecidos pelo mundo sejam utilizados, a diferença entre o potencial natural e de força para trabalho humanos em relação ao que vem sendo utilizado é grande, uma alternativa é melhor utilizar o ambiente terrestre. Até porque essa situação é encontrada em outros países ditos subdesenvolvidos, como os Estados Unidos, algo escondido até a década de 60 do século passado, onde, até hoje, há penúria onde moram os imigrantes latinos e afrodescendentes, o que mostra também que a falta de preocupação com esses locais e o paternalismo usado nos países de Terceiro Mundo são utilizados dentro de um país que, desta forma, divide a riqueza e a pobreza num mesmo país. Explicando que se esse processo de exclusão não for de todo exterminada, algo que quase 40 anos depois da maioria dos artigos não ocorreu, essas pessoas poderão se revoltar ao comparar realidades diferentes, causando uma guerra social. Algo que já pode ser visto em relação às guerras americanas no Iraque e no Afeganistão devido às diferenças de poderio entre os dois oponentes, mas que não conseguem vencê-lo quem seria favorito a tal ato e no Brasil com o crescimento do número de pessoas ligadas aos movimentos sociais.

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