terça-feira, 25 de agosto de 2009

Circo a motor - O operário-padrão

meses que espero uma vitória de Rubens Barrichello para comentar algo que um dos professores da Universidade havia falado numa das aulas. E esta vitória finalmente veio num final de semana de fatos inusitados: como a vitória do Sport após 41 dias e o gol do "jogador de IML" Fabinho Capixaba.

Enfim, meu professor de Assessoria de Comunicação, matéria que terminou no semestre passado, confessava que não gostava de esportes, mas acreditava que o marketing e a comunicação ligados a esta área deveria ser estudada com profundidade pelos resultados possíveis.

Após isso, em outra aula, ele falou que gostava do Rubinho, apesar da mídia brasileira e dos programas humorísticos sempre o terem tratado com chacota. Segundo o professor, Barrichello sempre foi o "operário-padrão" na categoria, afinal sempre fez o que era possível em seus contratos - nesta parte alguns risos foram ouvidos.

HISTÓRIA
E não deixa de ser verdade. Rubinho entrou na Fórmula 1 com bons resultados com sua Jordan em 1993, e era visto como sucessor natural de Ayrton Senna. Porém, ele não esperava que isso viesse tão cedo, após um GP em que ele mesmo quebrou o braço. Transformou-se num dia de esperança a campeão obrigatório.

Do início surpreendente na Jordan passou perto de ir ao ostracismo e desaparecer da Fórmula 1, até que surgiu a proposta de trabalhar com um ex-campeão mundial, Jack Stewart, que montava uma equipe. Apesar de alguns resultados muito bons para o carro regular, a fama de "pé-de-chinelo" já tinha se inserido nele e a´única vitória da equipe veio com o seu companheiro.

A grande mudança veio mesmo em 2000, com a sua contratação pela Ferrari para correr ao lado do alemão Michael Schumacher. Afinal, Eddie Irvine não conseguiu brigar pelo título de 1999 quando o alemão quebrou a perna no meio da temporada. Era a primeira vez de um brasileiro correndo no carro vermelho mais conhecido do mundo.

A única coisa que não poderia fazer era ser melhor que Schummi, quer dizer na classificação de pilotos deveria ficar "sempre atrás do alemão". E ser segundo lugar num país como o Brasil é o mesmo que ser "o primeiro dos últimos". Mesmo assim, como fiel escudeiro conseguiu ajudar a Ferrari a conseguir um título de pilotos que não vinha há duas décadas.

Até que a situação alegre e vitoriosa na equipe começava a trazer reclamações por baixo dos panos. Primeiro, o azar que o piloto sempre teve correndo no Brasil, a ponto de a equipe errar o cálculo dos combustíveis - após uma pane no sistema de computadores - e o carro parar quando o brasileiro estava em primeiro: pane seca!

A cessão do primeiro lugar na reta final para Schumacher, que nem precisava disso para ganhar o campeonato, num GP do Canadá (?). Além da queda de rendimento do carro, que fez com que o brasileiro abrisse o bico de vez faltando pouco mais de um ano para Schummi se aposentar. Com direito à ultrpassagem do alemão faltando duas curvas para acabar o GP de Mônaco, numa disputa por sexta ou sétima posição!

Rubinho saiu para a emergente Honda - o que acredito ter sido uma falha, já que dali a dois anos ele assumiria o primeiro posto na Ferrari. E não é que a equipe pouco ofereceu e foi caindo, caindo, até que acabasse de vez neste ano?

A sorte dele, o que garantiu que o piloto com maior quantidade de GPs disputados não saísse pela porta dos fundos da categoria, foi o convite de Ross Brawn para se manter no espólio da antiga Honda - que não o manteria para esta temporada. Carro novo, competitivo, mas a falta de sorte de sempre. Até este fim de semana.

FINALMENTE A 100ª VITÓRIA BRASILEIRA!

O treino oficial de sábado mostrou a superioridade dos carros McLaren, com a dobradinha de Lewis Hamilton e Kovalainen - o finlandês que sempre melhora no segundo semestre. A equipe britânica demorou mais que a Ferrari para chegar perto, mas chegou no primeiro nível. Barrichello conseguiu a terceira posição, só que pararia depois dos primeiros colocados.

A Brawn GP aparetnava uma melhora muito boa e, por incrível que pareça, após desistir das "inovações" aplicadas ao carro durante a temporada. Prova que realmente o carro projetado no início do ano era/é muito bom.

De início, a estratégia da equipe inglesa foi de segurar Barrichello, forçando Kovalainen a andar mais devagar do que podia com pneus duros, que deram vantagem à equipe. Assim, Hamilton abria em relação ao brasileiro.

Após o primeiro pit stop, Barrichello conseguiu não só a primeira colocação, como diminui bastante a diferença de Hamilton, lembrando as "voltas de classificação" do bom e velho Schummi.

A segunda parada foi que "resolveu" tudo. O piloto inglês apareceu no pit de "surpresa" e a equipe não tinha o pneu dianteiro direito à disposição. Segundos que permitiriam que Rubinho assumisse a liderança de forma tranquila, apesar do brasileiro ter esta possibilidade nas voltas que antecederiam sua parada.

Mesmo assim, quase tudo vai por água abaixo já que um carro estourou o pneu traseiro esquerdo e se ficasse parado na pista permitiria a bandeira amarela em todo o circuito. O que fez com que o brasileiro antecipasse a parada.

Como não houve necessidade de safety car, bastou ao piloto da Brawn controlar a diferença entre 4,5s e 6s e conseguir uma vitória após 84 GPs. A sua 10ª na carreira e a de número 100 dos brasileiros (Emerson Fittipaldi, José Carlso Pace, Nelson Piquet, Ayrton Senna, Rubens Barrichello e Felipe Massa) na categoria, justamente quando só tinha um piloto nacional correndo.

CAMPEONATO

Com a vitória, a quebra de Vettel, o sétimo lugar de Button e o nono de Weber, Rubinho reassume a segunda posição no campeonato e diminue a diferença para dezoito pontos.

Se ele brigará ou não pelo título, para mim sua grande chance na carreira, é a partir do próximo GP, já neste fim de semana, na Bélgica, é que saberemos. Além do que, por ser mais frio, a tendência é que as Red Bull voltem a disputar as primeiras posições.


2 comentários:

  1. Olá Anderson, bom eu também não acreditei quando vi o Rubinho vencendo aquela corrida. Realmente me surpreendi.

    Adorei o blog, o post, ou seja, tudo!!!

    Ótimo trabalho, parabéns!!!

    Abraços, Jessica Corais

    http://www.porjessicacorais.blogspot.com/

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  2. Eu não entendia nada de F1, aí você me explicou e eu vi o GP da Bélgica. Aprendi que o Galvão Bueno é ainda mais chato comentando corridas. E percebi que os comerciais e os comentários iniciais exaltavam as chances de um Rubinho 4º na largada de ganharem mais um GP, sendo que deu errado. Aí na 15ª volta, começaram a falar da vida do Felipe Massa, com direito ao Galvão dizer "Ah, se o Massa estivesse aí, ganhava essa corrida fácil." Fiquei com pena do Rubinho, tudo graças a você... Tá, a chatice do Galvão contribuiu bastante, mas 90% graças a você!

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