segunda-feira, 27 de julho de 2009

Circo a motor – A evolução da Fórmula 1(?)

Pouco antes das 10 da manhã. Como sempre para um final de semana com o circo da Fórmula 1 estacionado na Europa, eu estava em frente à televisão assistindo à transmissão do “treino oficial que definirá o grid de largada”.

A primeira sensação quando vi a Ferrari de Felipe Massa parada no meio da barreira de pneus foi puramente tecnicista: “o Rubinho não ficará entre os dez”. Milésimos de segundo depois veio a estranheza pelo piloto brasileiro não se mexer. Já que a primeira reação é, com raiva, tirar o volante e recolocá-lo de volta (que é uma regra) e sair do carro.

Depois minutos de ansiedade e curiosidade por descobrir o que teria acontecido, já que a única pista era a marca dos pneus em linha reta, veio a imagem de dentro do cockpit do brasileiro. Percebo algo voando na direção da cabeça dele, pelo lado esquerdo. Algo tão rápido que a equipe de transmissão, tão angustiada quanto eu, não percebe.

Logo vem a lembrança da lança que virou um dos materiais que saíram da Willians de 1994 na direção da cabeça de Ayrton Senna, que deve ter causado sua morte imediata. Um profundo sentimento de tristeza tomou conta de mim. Será que foi uma pedra, um pássaro?

Após mais alguns minutos aparece um replay mais “pausado”, que mostra que é uma mola. A equipe de transmissão da Globo tenta acalmar a todos, mesmo não sabendo nenhuma informação oficial da saúde do piloto, que ganhou a muitos brasileiros com a perda do título do ano passado – logo o povo brasileiro, tão ligado a vitórias.

A transmissão do treino perde o sentido. Acabamos descobrindo que a peça saiu justamente do carro de outro brasileiro, Rubens Barrichello, após o próprio Ross Brawn ir verificar. Acham a imagem da peça saindo e a saltitar pela pista.

É incrível como por mais seguros estejam os carros hoje, especialmente por causa daquele final de semana trágico em Ímola, um pequeno elemento pode ser tão perigoso. E mesmo para um carro bem construído e que parecia uma “fortaleza”, como eram os BrawnGP.

>>

Outra curiosidade, relegada a segundo plano, foi a pane nos computadores oficiais justamente na última parte do treino, a mais importante, apesar de já ter problemas desde o início. Mas nunca tinha visto todos os nove pilotos sem saber onde largariam, e um bicampeão mundial perguntando os tempos alheios para comparar com o seu.

>>

Fatos como este provam que ainda há muito que se evoluir tecnicamente e, por mais que alguns digam o contrário, há seres humanos dentro dos carros.


*Texto escrito na noite do sábado. Amanhã, informações sobre a corrida.

Um comentário:

  1. Texto bem emotivo. Lembrei-me do Senna também e passam duas coisas na minha mente quanto ao circo:
    1- Como ninguém nunca imaginou em fazer uma viseira que proteja o piloto? e
    2- Como fazer um campeonato ano que vem de baixo orçamento se a Williams em 94 e a Brawn hoje, fazem barbaridades? Como podem jogar tanta gente inexperiente numa F1 já caótica?

    ResponderExcluir