segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Conferência Estadual de Comunicação (Alagoas)

Quase sempre opto por conhecer as coisas antes de criticar, para evitar preconceitos ou ser levado por comentários de outras pessoas, por mais confiáveis que sejam. Mesmo que na maioria das vezes veja coisas que elevem as críticas. Só a partir do momento que eu conheço minimamente eu tenho mais e reais argumentos para falar bem ou mal.

Enfim, esse preâmbulo é necessário para começar a apresentar o que foi a Conferência Estadual de Comunicação alagoana, realizada no último final de semana em Maceió. Um evento que antes mesmo de ser oficializado nacionalmente eu já tinha sérias críticas sobre a sua efetividade e que nem precisei ver toda a etapa estadual para saber que quando se fala em comunicação o negócio consegue ser muito complicado.


DELEGADOS

Para início de conversa, os adiamentos sucessivos da etapa estadual e a falta de incentivo por parte do Governo local para a elaboração das conferências municipais deram a demonstração do "grande" interesse do poder público neste evento.

Para piorar a situação, a ficha de inscrição disponível na Internet trazia como título: "FICHA DE INSCRIÇÃO PARA DELEGADOS". Como não pude ir à Conferência Metropolitana - e mesmo que fosse não teria itneresse em ser delegado -, liguei para um dos telefones colocados para tirar dúvidas no release sobre o evento e quase não consigo resolver nada.

A primeira pessoa que atendeu me disse que deveria ligar para o outro número. Quando já ia desligando o telefone, ele passa para outra pessoa, que me diz que posso me inscrever no site através da "ficha de delegados". Olhe que antes eu ainda ponderei: "mas isso não causará um problema na hora de saber quem é o quê?".

Além disso, já estava irritado pelo simples fato de que só queria ir como observador. Se falam tanto que a Conferência de Comunicação é "um avanço democrático" para que manter a burocracia cotidiana? Devia-se divulgar bem mais do que foi, para instigar a sociedade propriamente dita e estabelecer um razoável controle, por motivos logísticos.

Enfim, devido a compromissos de trabalho, não poderia ir pela manhã e só não perdi a inscrição graças a dois colegas que a fizeram por mim, já que o credenciamente só era feito, impreterivelmente, até às 12h. Como já disse antes, com inscrição feita qual o problema do sujeito não chegar na hora, principalmente se for observador?

Quando cheguei soube da bagunça que foi. Além do atraso gritante a ponto de uma mesa não ser realizada antes e de o almoço começar com uma hora de atraso, fizeram a mágica de transformar a todos os inscritos em delegados. Mais um desprestígio às Conferências municipais.

Soube ainda que a decisão não seria colocada ao público se alguém não questionasse durante ã plenária de abertura. É importante frisar que tal escolha permitiu que os cerca de cinquenta empresários presentes, que não haviam participado de qualquer conferência ou da organização da Conecom, virassem delegados.

PALESTRAS

As duas mesas que acompanhei tiveram algumas coisas interessantes, principalmente no que se refere aos questionamentos do público e as discussões sobre como deveria ser a participação. Como quase sempre, tempo não é respeitado e aparecem perguntas de quem vive num mundo comunicacional diferente do nosso.

Ah, vale destacar como aspecto negativo que alguns palestrantes eram os mesmos que haviam participado de um Seminário preparatório para a Confecom da maior entidade sindical do país (CUT) e que colocaram um estudante para falar (e mal) sobre TV pública. Nada contra a participação de estudantes, mas um assunto tão problemático, em especial no atual momento alagoano, será que não teríamos ninguém com profundo conhecimento no tema?

FINAL

Para terminar o dia de sábado, uma carta de um grupo de 11 empresas, denominado "Mídia Unificada" denunciava uma grande associação de mídias locais que já havia decidido que as vagas seriam delas. Até empresário brigando com empresário... Onde estavam os movimentos sociais para tornar isto realmente democrático?

Como não sou adepto do masoquismo, resolvi não ir para a manhã dos Grupos de Discussão e, principalmente, do início da tarde com eleição de delegados. Não tenho mais paciência para ver aproximar de mim pessoas que discordo ideologicamente e vêm tentar me convencer a votar nelas.

Para finalizar, o link para um texto publicado no jornal e no site Primeira Edição, provavelmente integrante do Mídia Unificada: http://primeiraedicao.com.br/?pag=maceio&cod=7402.

Para um evento com o ideal título "Comunicação para emancipação humana", a minha grande surpresa foi que pessoas de outros estados elogiaram a organização local, quando comparadas, por exemplo, ao que foi a Conferência do Rio de Janeiro.

3 comentários:

  1. Anderson, o que saiu de propostas? Algum avanço? com quem se pode contar, efetivamente, depois deste processo tortuoso? qual a participação da abraço, do sindjornal, enfim das "entidades de classe"?das empresas alagoanas, quais estavam do lados das 11 q tu diz?

    Enfim sabiamos que este era um espaço de pouca disputa, mas enquanto a artuculação? algum avanço?

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  2. Tentando responder por aqui (e por lá), como coloquei no post, eu não fui no domingo, dia de decisões do que seria encaminhado, mas pelo que li no Observatório, o Governo federal levará propostas prontas e a tendência é de as estaduais não valerem para nada. As entidades de classe tiveram sua participação tradicional, achando que "a migalha já enche barriga", ao menos para quem nunca teve nada. O Júlio foi quem fez mais contatos, conversou e discutiu mesmo com o povo, por causa da ATRIZP.



    E sobre as 11 entidades, para vc ter uma ideia, quem assinava era o Wagner, professor do COs. Acho que não precisa dizer mais nada.

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  3. Estou aguardando ansiosa pela sua avaliação do Congresso Acadêmico (com ênfase na organização do COS). Será que dá pra fazer um paralelo com a Conecom?

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