quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Circo a motor - Lusco-fusco

Nunca pensei em utilizar a palavra "lusco-fusco" (anoitecer) em título de qualquer texto, muito menos numa coluna sobre a Fórmula 1. Mas assim como o futebol, este escriba gosta de surpreender, mesmo que às vezes até a si mesmo.

O mais novo circuito da categoria (64º da história) foi um espetáculo à parte. Ou melhor, quase que o único espetáculo. Assim como algumas "grandes" obras artísticas contemporâneas (pós-modernas), resolveram construir algo com uma belíssima forma, mas sem conteúdo.

Explico. A arquitetura feita no meio do deserto de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, é o que há de mais moderno no mundo. Com direito à cobertura num hotel - situado no meio do circuito - com o mesmo esquema do estádio de futebol alemão Allianz Arena e a um museu da italianíssima Ferrari em outro trecho.

Olhe que não terminaram a tempo o circuito, que era para estar entre as primeiras provas do ano, por causa da crise financeira e da drástica redução do preço do barril de petróleo, motor da economia daquela região - que ainda é livre de impostos. O "paraíso" está caindo dos céus e mais dia ou menos dia a situação fica muito ruim por lá.

Enquanto isso não ocorre, há a previsão de 200 BILHÕES de dólares para serem gastos em melhoras nos próximos anos. A saída dos boxes "cega" deveria ser a primeira alteração, apesar de não ter ocorrido nenhum problema assim durante a prova.

CORRIDA
Economia à parte, a nossa preocupação não era se o Barrichello ou o Vettel terminaria em segundo lugar no campeonato, até mesmo porque nem o brasileiro estava preocupado com isso. Você lerá em algum lugar sobre se fulano foi vice-campeão da temporada de 2009 tão fácil quanto verá que Jenson Button conquistou o título no Brasil?

Enfim, nas cinco primeiras posições largariam os pilotos que tiveram maior tempo na frente ao longo do campeonato: as Brawn GP de Barrichello e Button (4º e 5º); as Red Bull de Vettel e Webber (2º e 3º); e a McLaren de Lewis Hamilton, que largou na frente.

Para variar, Rubens Barrichello deu azar. Logo na primeira curva, tentou se aproveitar da briga entre Vettel e Webber para ultrapassar o australiano, mas viu parte da asa dianteira do seu carro voar. Com isso, perdeu ritmo em algumas voltas e a posição para seu companheiro de equipe.

Mas nada perto do que ocorreu com Lewis Hamilton que viu sua "flecha de prata" perder ritmo antes e depois da primeira parada. A telemetria detectou problema no freio do pneu traseiro, que o forçou a parar o carro e entregar a corrida para o alemão Sebástian Vettel.

Vettel alcançou sua quinta vitória na categoria, quatro este ano, garantiu o segundo lugar no campeonato de pilotos e mostra que a RBR deve se juntar ao rol de grandes equipes, assim como ele deverá se juntar ao de grandes pilotos da história da Fórmula 1.

Webber chegou em segundo - primeira dobradinha da equipe austríaca "que dá asas"-, Button em terceiro e Barrichello em quarto.

ANIMAÇÃO
Primeiro, a palhaçada da apresentação circense desta semana. Você já imaginou dirigir um carro movido a gasolina e parar ao lado do álcool no posto de combustível? Pois bem, foi algo parecido que Jaime Alguersuari fez. O piloto espanhol, o mais novo da história da F1, parou nos boxes da RBR, mas a sua equipe (STR) ficava uma posição antes.

Tudo bem que ambas são do mesmo dono, roupas parecidas, mas foi erro engraçado. A equipe de Vettel é que foi bem ao mandar o espanhol passar direto, já que o piloto da equipe, líder da corrida, viria a seguir. Alguersuari teve que diminuir o ritmo para não dar pane seca.

KOBAYASHI."Finalmente os japoneses podem ter achado o piloto por quem tanto investiram". Uma das poucas frases - poucas no sentido de qualidade, já que isto foi repetido n vezes - corretas de Galvão Bueno. O japonês deu uma "senhora" ultrapassagem em Button, que "só" é o campeão da temporada, e chegou em sexto lugar. O problema é que a Toyota é mais uma construtora que sai da F1.

BUTTON. Você já tem o título da temporada, lugar garantido ano que vem, não sofre pressão de quem vem atrás e tem o pódio da corrida nas mãos. Para que arriscar a ultrapassagem em alguém faltando poucas voltas para terminar a prova?

Para nos dar alguma alegria. O britânico foi o responsável por tentar fazer do final desta temporada tão emocionante quanto o do ano passado, quando Hamilton ganhou o título na última volta. Mostrou o bico do carro e dividiu curvas com Webber pelo segundo lugar. O australiano levou a melhor, mas o inglês colocou a cereja no bolo de 2009.

ACABOU
Agora só em março do ano que vem.

Equipes novas, velhas equipes voltando e construtoras de veículos de rua saindo. E o melhor: a probabilidade de surpresas maiores e melhores que as deste ano. É Alonso na Ferrari, um Senna de volta à Fórmula 1 (Bruno, na estreante Campos), Rubinho na Willians e Massa de volta.

Mas antes disso, a coluna ainda trará a retrospectiva deste ano com trechos do que foi publicado no ano de estreia do circo por aqui. Aguardem esta colcha de retalhos...

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