segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Circo a motor – Teve de tudo. Até o campeão

Se tem um lugar em que o circo pode garantir ao público muitas surpresas este é o Autódromo José Carlos Pace, na cidade de São Paulo. O Grande Prêmio brasileiro, em Interlagos, cada vez mais se consolida como a prova cujo roteiro pode ser o mais improvável, mais até do que Mônaco.

E este ano não foi diferente. O GP que apresentou o campeão da categoria nas últimas quatro temporadas, viu sol e chuva se revezarem durante o final de semana, causando maior suspense sobre o trabalho de equipes e pilotos durante os treinos e para a corrida.

O circo em São Paulo teve de tudo um pouco. Malabaristas, engolidor de fogo, palhaços, mágicos, homem-bala, mergulho em tanque d’água e japonês voador.

SORTE...
Os treinos livres da sexta-feira mostraram um Rubens Barrichello melhor que Jenson Button, disputando as primeiras posições no forte sol paulistano com Mark Webber, da RBR, e os carros da McLaren.

A manhã do sábado ampliou o significado da “Terra da garoa”. Uma forte chuva caiu em São Paulo e fez com que o treino livre da manhã fosse reduzido à metade, com pouco a se fazer e melhorar nos carros.

Com a continuação da chuva, à tarde ocorreu o treino oficial. Parecia até que os lagos resolveram sair de cima e dos lados para dentro do circuito de “Interlagos”, que ficou com o asfalto com muito volume de água.

Já na primeira parte do treino, com vinte carros na pista, foi necessário interromper o treino, pois a Ferrari de Fisichella ficou parada no meio de um dos S da pista. Quando voltou, o treino trouxe as primeiras de suas surpresas, os dois carros da McLaren, também favoritos à poleposition, e a RBR de Sebastian Vettel, na disputa pelo título de pilotos, largariam de 15º para baixo.

Logo no início da segunda qualificação, com 15 carros, apenas sete conseguiram terminar sua volta antes da sessão ser interrompida por falta de condições na pista. Foi mais de 1h20 esperando que a chuva ao menos diminuísse. Tempo suficiente para este autor cochilar por alguns minutos e o treino não ter reiniciado.

Mas valeu a pena esperar, as emoções apareceram na mesma quantidade de água presente na pista. Para concluir a segunda parte do treino, onde apenas dez carros passariam para disputar a poleposition, Jenson Button, líder do campeonato, não conseguiu boas voltas e largaria na 14ª posição.

Rubens Barrichello, que mais do que nunca precisaria largar bem à frente do seu companheiro de Brawn GP para ter chances de título, conseguiu a posição-limite para o Q3. E isso porque o japonês estreante Kobayiashi rodou na sua tentativa de volta rápida.

Poucos são os pilotos que sabem andar bem com pista molhada e o brasileiro é um deles. Disputou milésimo por milésimo o direito de largar na frente do GP Brasil. Um dos últimos a fechar tempo, Rubinho conseguiu sua segunda pole na sua terra, para felicidade geral da nação.

Precisando marcar ao menos cinco pontos a mais que Button para levar a disputa para Abu-Dhabi, ele conseguira começar a prova com 12 carros entre eles.

... DE CAMPEÃO
Mas como Interlagos geralmente é imprevisível, a manhã de domingo começou com céu com algumas nuvens, contrariando a previsão de 80% de chances de chuva durante a corrida. Algo que caiu ao longo das horas.

Logo nas primeiras curvas, cinco carros se envolveram em confusões na pista. Raikkonen, que fizer uma boa largada e pulara de quinto para terceiro, perdeu parte o bico do carro; Kovalainen também teve problemas; Trulli tocou em Sutil, que rodou e acertou Alonso. Três carros a menos na pista. O italiano da Toyota partiu para a discussão séria com o piloto alemão da Force Índia, e quase se estapearam.

Assim, o carro de segurança precisou entrar ainda na primeira volta. Enquanto Barrichello mantinha a primeira posição, Button ganhara cinco, e já estava em nono lugar.

Após três voltas, o safety car saiu da pista e o inglês partiu para cima dos adversários. Primeiro foi o fraco Roman Grosjean, da Renault, que ficou para trás. Depois, foi a vez de Buemi e, com muita dificuldade e muitas voltas atrás, a do japonês Takumi Kobayiashi, que deu um verdadeiro show em arrojo na pista.

Rubinho não conseguiu colocar diferença o suficiente para os seus adversários, que largaram com menos combustível. Além disso, o carro voltou da primeira parada nos boxes com um rendimento abaixo do esperado. Assim foi fácil para Webber e Kubica passarem para as primeiras posições. A inédita vitória em casa tinha ido embora com a chuva.

Para piorar a situação, enquanto Button se mantinha numa posição em que garantia o título com uma prova de antecedência, Barrichello voltara do segundo pit stop com problemas no pneu traseiro esquerdo, que precisou ser trocado, após sofrer ultrapassagem de Lewis Hamilton.

Foi assim que Mark Webber recebeu o troféu feito com lixo recolhido durante o fim de semana, Robert Kubica ficou em segundo e Lewis Hamilton em terceiro.

Com Vettel em quarto e Rubinho em oitavo, Jenson Button poderia até parar o carro que seria o campeão. Porém, chegou em quinto, foi a inalcançáveis 89 pontos e garantiu, aos 30 anos, o seu primeiro título na Fórmula 1!

A equipe Brawn GP, estreante na categoria, conseguiu também o título de construtores, afinal só precisava de meio ponto para isso e conseguiu seis na corrida de hoje.

Para o inédito GP de Abu-Dhabi, daqui a duas semanas, as atenções maiores ficarão nos bastidores para saber a confirmação dos pilotos que correrão em 2010, principalmente com as quatro novas equipes. Além disso, Vettel (74 pontos) e Barrichello (72 pontos) decidirão quem ficará com o vice-campeonato.

Fotos: Agência Estado

2 comentários:

  1. Andinho, me responde uma dúvida, se é sistema de contagem de pontos, porque é que o campeão geralmente é decidido aqui no Brasil? Ano passado foi a mesma coisa. Eu não entendo. Mas te digo que não acreditava na vitória do Rubinho, talvez seja midiatizada demais em relação a ele...

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  2. Se não me engano, dos cinco últimos GPs Brasil três deles foram a última etapa e dois a penúltima - quando trocaram o GP de março maio para setembro a outubro.

    Enfim, como uma vitória vale dez pontos, basta que alguém chegue depois do Brasil com dez pontos (caso tenha mais vit´roias) ou mais em relação ao segundo colocado. E coincidiu que isso ocorreu no Brasil, mesmo quando foi a penúltima etapa.

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