terça-feira, 17 de junho de 2014

[Copa] Pode isso, Arnaldo?

Confesso estar um pouco irritado hoje - especialmente por ver o Jô fazendo o que ele sabe fazer na Copa enquanto eu assistia em casa -, mas não poderia deixar de comentar algo que aconteceu após a partida em que o Brasil jogou mal, mas conseguiu criar grandes chances de gols, só que todas pararam no Ochoa.

A cobertura da Globo já foi tema de texto anterior. Preocupava-me algo que via como uma mistura entre o grupo empresarial que compra os direitos de transmissão dos jogos do Brasil com a produção jornalística, a tal ponto que a própria Seleção pudesse vir a ser prejudicada com tanta informação sendo repassada gratuitamente na TV aberta brasileira.

Incomoda-me muito o extremo nacionalismo da cobertura da emissora sobre o time brasileiro. Tudo bem que poderia apontar isso, além do já dito anteriormente, como sinal do processo de evolução da separação do jornalismo esportivo do jornalismo da emissora, com direito a duas diretorias diferentes conformando a Central Globo de Jornalismo - que, se não me falha a memória, ocorreu em 2009. Entretanto, é algo que beira o absurdo quando certas críticas não são feitas ou quando se recorre a dados históricos, superstição pura, para acalmar o torcedor.

Óbvio que quanto mais a Seleção seguir em frente mais audiência terá a Globo, já que a maioria dos outros jogos vêm tendo dados parecidos com os do dia a dia em queda da emissora. E isso ao contrário de outros países, que estão quebraram recordes de audiência ao redor do mundo - casos de Japão, Alemanha e Estados Unidos. O momento do nosso mercado de radiodifusão, com a entrada de um novo medidor de audiência e o acesso a novas opções, caso da internet e dos canais fechados, indica a necessidade de preservar importantes produtos, e os jogos da Seleção se mostram como mais importantes que a novela das 8 e o Jornal Nacional neste momento.

Entretanto, é preciso ter cuidado com a exclusividade. A minha reclamação vem para as entrevistas realizadas ao final da partida, hoje por Mauro Naves. Uma delas foi com o Marcelo, que reclamou de pênalti numa jogada em que optou por não seguir a jogada porque o mexicano colocou a mão/puxou o seu ombro. Na transmissão, Arnaldo César Coelho, comentarista da emissora desde 1989, não titubeou em dizer que o lateral esquerdo cavou o pênalti.

Pois bem, resolveram colocar um fone de ouvido para que o Marcelo conversasse com o Arnaldo. Foi o único jogador em que isso foi possível. O lateral defendeu, até de forma ríspida, que sofreu o pênalti. O comentarista, visivelmente constrangido, não conseguia dar opinião. Primeiro porque Marcelo não deixava. "Realmente é difícil se manter em pé com qualquer toque naquela velocidade", tentava argumentar Arnaldo. "Não, não tive como, ele me puxou, foi pênalti", interrompia o lateral.

O constrangimento foi visível no sorriso amarelo e no silêncio de Arnaldo César Coelho, mas também dos demais envolvidos. Galvão Bueno, que costuma provocar o amigo, ficou quieto. Enquanto que coube a Mauro Naves se despedir de Marcelo desejando sorte contra Camarões, enquanto o lateral só queria entregar o fone de ouvido para alguém da produção.

Imagino que alguém tenha buzinado no ouvido dos globais para não provocar, para não discordar de forma clara. Por tudo o que eu disse, não pegaria bem à Globo, na grande aposta para elevar/manter a audiência em 2014, brigar com a Seleção. Mas se era para criar o que ocorreu era melhor não ter armado a lona de circo. Deixassem o Mauro fazer o trabalho dele como sempre o fez.

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