terça-feira, 2 de julho de 2013

[Circo a motor] "Estamos falando da vida dos pilotos”


Imagina num grande circo, um de Soleil da vida, o trapezista está fazendo suas acrobacias e uma das cordas acaba estourando. Susto do público, mas uma rede lá embaixo para proteger. Imagina isso ocorrendo quatro vezes e noutra oportunidade, a corda quase estourar. Imagina agora você dirigindo um monoposto a quase 300 km/h e um dos pneus simplesmente estourar...

Só por esta introdução dá para imaginar o porquê de apesar de ter 3 líderes diferentes, com muita disputa nas 7 voltas finais e ao menos 3 pilotos (Webber, 2º; Hamilton, 4º; e Massa, 6º) com excelentes recuperações, o que ficou do tradicional GP de Silverstone foi o perigo que a fornecedora de pneus, a Pirelli, causou aos pilotos.

Independentemente de Ferrari, Force India e Lotus não terem aceitado as mudanças nos pneus para o GP britânico - até então era obrigatório o consenso entre as equipes -, não dá para imaginar que um pneu com 6 voltas vá estourar. Que outro estoure duas voltas depois, mais outro algumas voltas adiante, outro na metade final da corrida e mais um murche do nada.

A RBR, especialmente, já havia se pronunciado contra o desgaste excessivo dos pneus como uma forma de gerar competitividade à Fórmula 1. Vettel já havia até discutido com seu engenheiro após levar bronca por tentar fazer a volta mais rápida de uma corrida, quer dizer, andar ao máximo apenas por uma volta. No final de semana passada chegamos ao limite, pois colocou em risco a segurança dos pilotos, como comprova a frase que dá título a este post, de Pérez, que teve de abandonar a corrida após o pneu estourar, e o tuíte de Fernando Alonso, que estava atrás dele, que legenda a foto que também ilustra este post:

"Hoje na corrida nos puseram à prova os reflexos..! 288 km/h, 3,6g lateral, curva em reta".

#GodSaveOurTyres
Há perfis no Twitter, de forma geral, que apesar de serem oficiais são hilários. Na Fórmula 1, o melhor deles é o da Lotus. Tudo bem que o carro é reconhecido como o que mais poupa pneus nesta temporada, mas eles foram proféticos na hashtag para este GP: "Deus Salve nossos pneus".

A classificação da equipe não foi lá essas coisas, com Gosjean largando em 8º e Raikkonen em 9º. Ainda assim, bem melhor que os carros da Ferrari, com Alonso largando em 10º e Massa em 12º - ganhariam uma posição após punição a Sutil. O brasileiro, por sinal, começava a sofrer pressão dos jornais italianos por ter batido no treino livre. Seria a 3ª batida em 4 por culpa dele nas últimas 3 corridas.

Lá na frente, Hamilton colocou mais de 4 décimos no companheiro de Mercedes Rosberg e largava na pole. Ambos seguidos pelas RBRs de Vettel e Webber.

Na largada, Vettel pulou para segundo, enquanto Webber, que anunciara a aposentadoria dos carros de F1, abrindo uma importante vaga para 2014, caía para 15º. Alonso também não largou bem, chegando a ir a 11º, recuperando as posições perdidas ainda na 1ª volta. Bem mesmo foi Felipe Massa, que pulou do 11º para o 6º lugar antes da primeira curva e alcançaria o 5º lugar antes da primeira volta. Espetacular e providencial!

As coisas pareciam caminhar bem quando Hamilton teve um pneu estourado, para frustração de seus compatriotas, logo após passar pela linha de chegada. Uma volta inteira com o pneu dechapado e ida ao último lugar. Vettel assumia a primeira posição e Massa já pressionava Di Resta pelo 3º lugar quando o pneu dele também dechapou.

Depois disso, mais outro pneu dechapado, só que o pneu duro de Vergne, e a necessidade do Safety Car entrar para saber se aquilo ali poderia continuar. Lembrei na hora do GP de Indianápolis de 2005, em que os carros da Michelin não correram por falta de segurança. Foi a melhor prova das Minardi na história da categoria que, depois disso, ficaria alguns anos sem pisar nos Estados Unidos.

Na 42ª volta a tal falta de sorte a Vettel, que Alonso pede desde o início da temporada, chegou. O carro foi parando na linha de chegada por quebra no câmbio. Rosberg assumiria a liderança para não mais soltar, enquanto Fernando Alonso tirava Raikkonen - e sua nova "aerodinâmica pessoal", leia-se cabelo moicano - do pódio.

Enquanto isso, Webber já estava em segundo e torcia por mais algumas voltas para ganhar a corrida de forma excepcional e ainda "dedicá-la" à equipe que tanto o ama. Para alegria dos ingleses, Hamilton chegaria em 4º. Massa conseguiu fazer uma excelente corrida e chegar em 6º. Não só ele, mas a Ferrari esteve com um ritmo de corrida bom, lembrando o ano passado, quando não conseguia largar bem, mas recuperava na pista no domingo.

Ah, Raikkonen chegou em 5º, por erro da equipe que não trocou seus pneus com o Safety Car que surgiu por conta da quebra de Vettel, mas ainda assim quebrou um recorde e de M. Shumacher, que já durava 10 anos: ele é o piloto com mais corridas seguidas na zona de pontuação, 25.

Para o campeonato, a diferença entre os líderes caiu 15 pontos, agora estacionada nos 21. Nos construtores, a Mercedes ultrapassou a Ferrari por 3 pontos e está em segundo.

No meio da confusão dos pneus, para piorar para os lados da fornecedora, já tem corrida no próximo final de semana, na Alemanha. Reuniões e mais reuniões, muita pressão da FIA e sabe-se lá até se os pneus de 2012 não retornarão. De fato, não dá para esperar que a trapezista caia e muito menos que algo bem pior ocorra num desses carros.

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