sábado, 28 de fevereiro de 2009

O caçador acerta o alvo


“[...]Numa campanha eleitoral acidentada pode ser desagradável ver publicadas as fotos dos maços de dinheiro usados atabalhoadamente por correligionários que, contra a vontade do candidato, tentam métodos heterodoxos para vencer. Pode dar azia. Mas a imprensa não é correligionária. Ela não é amiga. Não pode ser. A ela cabe apenas noticiar, sem se importar minimamente com o efeito eleitoral das notícias nas diversas campanhas. A imprensa de qualidade age assim. Sempre. E não perde o sono, não sente azia, não guarda ressentimentos. [...]”.

“O Jornal Nacional é quase um diário oficial de tão chapa-branca, mas mesmo assim Lula se queixa da cobertura durante a campanha de 2006. Ao mesmo tempo, ele diz ser defensor ‘de que o fato seja a razão de ser da imprensa’. O dinheiro apreendido pela polícia não era um fato? Aliás, esse dinheiro até hoje não foi explicado e se constitui mais um esqueleto no armário do PT. O Brasil merece um governo do qual se orgulhar, ou talvez não, já que a popularidade do governo bate recordes”.

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Essas duas frases servirão muito bem para entendermos uma relação entre dois sujeitos importantes para a série “O dia do caçador”. Para chegarmos até elas, é necessário analisar o último grupo de comentários, os específicos sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Como já colocamos anteriormente, a maior parte dos comentários foram a favor dele. Alguns que beiram à permissão do autoritarismo, como nesta opinião do aposentado Remindo Sauim, de Canoas-RS: “O Lula além de salvar o Brasil tem uma visão realista de como a grande imprensa burguesa desinforma a população. Mais 20 anos do baixinho”.

Há também o outro extremo, que utiliza do pouco estudo a que teve oportunidade, e quis, o presidente para tripudiar sobre o fato dele não ler jornais ou revistas. Este é o caso do trabalhador autônomo Osmar Rocha, de Fortaleza-CE: “Na verdade ele não lê porque não sabe interpretar o contexto da notícia, por isso, manda primeiro o assessor lê e depois repassa para ele”.

A única certeza que temos é que Lula falou a verdade, ele não deve ler nada mesmo, ou alguém acha que algum dia da vida dele ele leu algo de Karl Marx para nas décadas de 70 e 80 defender a revolução – nos modos dele, é claro?

Segundo poucos estudos que realizei sobre o novo sindicalismo, que surgiu no final da década de 70, a classe trabalhadora brasileira sempre teve como principal característica o fato de agir mais do que estudar sobre a luta dos trabalhadores. Até mesmo pela quantidade de analfabetos que existiam nas fábricas.

Claro que este fato não impedia, como não impediu, de que eles realizassem grandes lutas nas indústrias, algumas até de forma autônoma às lideranças sindicais, que tinham que acatar as decisões da “base”. Afinal, não é a toa que Karl Marx afirma que são eles os sujeitos revolucionários, já que estão diretamente ligados à produção de mais-valia, a qual vem da exploração da sua força de trabalho.

No caso do atual presidente, ele foi “beneficiado” pelas discussões teóricas existentes na “gestação” do que veio a ser a Central Única dos Trabalhadores (CUT), grupo de trabalhadores oriundos de algumas tendências teóricas. Alguns até com um bom estudo sobre o materialismo histórico-dialético.

O também aposentado Jaime Collier Coeli traz um comentário interessante sobre esta preferência do presidente, apesar do mesmo ter falado que não tem tempo de assistir TV: “39 milhões de brasileiros tem condições financeiras e de estudo para comprar, pelo menos episodicamente, um jornal, uma revista, assinar TV a cabo & cia. Mas 150 milhões estão no uso do radinho de pilha e da TV "gratuita". De que lado um politico [sic] competente fica?”.

Há quem afirme que não só Lula, mas até mesmo empresários utilizam-se de assessores para o repasse de informações. Segundo estes, a prova seria o aumento de colunas de “pílulas” em revistas e jornais.

Mas isso não serve de justificativa para que Ele não leia nada e afirme isso publicamente. A dona de casa Teresa Arantes, de Ribeirão Preto-SP comenta: “É lamentável que o Presidente de um país copie, dando exemplo ao mundo,uma atitude que foi tão duramente punida e que ninguém deveria plagiar ensinando a se fazer o que não deve.LAMENTÁVEL!!!!”.

Nessa mesma linha, o técnico em Eletrônica Ibsen Marques, de Caçapava-SP, entra em contradição e usa a aprovação do “povo” para aceitar tudo o que vem do atual presidente do Brasil:
“Eu tenderia a fazer uma tremenda crítica ao Lula por ter assumido que não lê jornais, não vê TV nem acessa a internet em busca de notícias e, além de tudo isso, baseia-se sempre no que dizem os assessores e lê apenas o que eles recomendam. Tenderia, mas não vou efetivar a crítica. Como poderia acusar de desinformado um homem que se elegeu presidente, reelegeu-se quatro anos depois e , hoje, tem o maior índice de popularidade já angariado por um presidente da república no Brasil?”.

A relação de Lula com a imprensa pode ser difícil em determinados momentos, geralmente nos que alguém do seu Governo, ou ligado a ele, faz alguma trapalhada a ponto de conseguir lançar um traque perto de setores da direita, que tem acesso ou controlam a maioria dos meios de comunicação.

Mas nada como o tempo para que essa mesma imprensa esqueça de tudo e passe a anunciar mais uma pesquisa de opinião encomendada pela Presidência que mostra o sucesso de Lula. Além disso, nunca Lula se absteve de dar entrevista a empresa X ou Y por ir contra alguma de suas atitudes.

Travestido de liberdade de expressão, algo que ele sempre fala, está o fato de que Lula e sua equipe sabem que com certos setores da sociedade não se mexe. Já que as Organizações Globo passaram a antipatizar com ele, mesmo após um empréstimo bilionário do BNDES, nada melhor que apoiar o crescimento do Grupo Record. Nada além disso!

Sobre esta relação com a grande imprensa, pedimos aos leitores que voltem ao início e leiam as duas citações. A primeira é a resposta de Ali Kamel, diretor-executivo de Jornalismo da Central Globo de Jornalismo para o presidente. Quem lê de qualquer forma pode até acreditar – claro que se acreditar em Papai Noel, coelhinho de Páscoa, ...

Não precisamos nem escrever nada, leia a carta publicada logo abaixo, assim como aqui, no setor “cartas_pinguim desnudo” da piauí de fevereiro, da leitora Lourdes Regina Machado Volpato, de Pato Branco-PR. Ela bem fala sobre Jornal Nacional e como Lula quer ver a imprensa: falando tudo o que ele quer que fale e escondendo alguns “equívocos”.

Como forma de encerrar essa discussão, lembramos que uma das funções do Estado, especialmente desenvolvida para o sistema de produção capitalista, é defender a propriedade privada, de forma a ajudá-la quando necessária e dando a liberdade que ela precisar. Não seria diferente com este presidente, que tem ex-diretor da TV Globo como ministro das Comunicações.

“No interior desta classe [dominante], essa cisão [entre pensadores e passivos] pode mesmo conduzir até a uma certa oposição e hostilidade entre ambas as partes, mas esta hostilidade, entretanto, desaparece por si mesma logo que surge qualquer colisão prática capaz de colocar em perigo a própria classe, ocasião em que desaparece também a aparência de que as idéias dominantes não são as idéias da classe dominante e têm um poder diferente do poder desta classe”. (MARX & ENGELS, A Ideologia Alemã).

Sábias palavras para encerrar esta série...

3 comentários:

  1. Bela análise.
    E uma coisa, eu nunca tinha notado que CUT deveria ser acentuado, realmente deveria, hehehehe

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  2. Ei, ALi Mamel, vei tomar no...

    Afinal, o Lula deve ou naum ler os jornais?kkkkkkkkkkkkkkk

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  3. Ei, ALi Mamel, vei tomar no...

    Afinal, o Lula deve ou naum ler os jornais?kkkkkkkkkkkkkkk

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