sábado, 21 de fevereiro de 2009

O caçador mira - parte 2


Na entrevista do presidente, ele mesmo diz que a mídia foi importante para o processo histórico do País, mesmo que sempre “tenha pegado no pé dele” e prefere não atacar nenhum grupo pela liberdade de imprensa – só se diz chateado com o Ali Kamel pelas últimas eleições (caso dos “aloprados”).

Talvez seja por essa importância no passado que o metalúrgico Nilton Franzoi, de Joinville-SC, acredite que “nós mesmo q somos culpados pela midia ter se transformado nisto”. Não sei não, culpar a todos “nós” por não ter acesso a uma variedade de meios, principalmente em qualidade, ou em não ter acesso à produção é deixar de levar em consideração a dificuldade até mesmo de rádios comunitárias – que poderiam coexistir com as grandes.

O porquê disso? Simplesmente porque há o medo da apropriação de meios de produção, os menores que sejam, pela classe trabalhadora. E, pode ter certeza, que não é com a estatal TV Brasil que a relação trabalhador-imprensa, em termos de produção, será alterada. O acesso a essa possibilidade continua bem difícil. Tivemos muitas rádios comunitárias fechadas ou entregues a políticos e igrejas nesses seis anos de Governo.

Mas há quem acredite no enfraquecimento da imprensa, e isso vindo por queda de audiências ou de vendas, o que poderia indicar uma reação do “povo”:

“Lula coloca a imprensa no seu lugar: de acessório, não de protagonista no processo político. Ela pensa determinar o debate, mas está longe disso, tanto ao nível da audiência (o povo tem reagido ao contrário do que a mídia prega), como do governo”, disse o jornalista Antônio Barbosa Filho, de Delft Holanda-SP.

Nesta mesma linha, o diretor de arte Maxwell Barbosa Medeiros, de Campina Grande-PB, assim justifica e incremente essa “mudança” para o fim da grande imprensa: “Porque a audiência dos telejornais vem caindo? Porque [sic] as vendas dos jornais impressos não cresce [sic] há mais de uma década? Os blogs alternativos(ou de esquerda como costumam taxar) são os que mais ganham audiência na internet”.

Não sei quanto ao ano de 2008, mas segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC), houve crescimento de circulação dos jornais a ela associados na ordem de 10,7% em relação a 2006. Segundo a Associação Nacional dos Jornais (ANJ), com os não-auditados esse número chegaria a 11,8%.

Além disso, o faturamento publicitário aumentou, só no primeiro trimestre de 2008, 23,73% em relação ao mesmo período de 2007 – que já teve crescimento de 15,48% em relação ao ano anterior. Com isso, a participação no “bolo publicitário” passou a ser de 16,38%, quase um por cento a mais.

Todos esses dados são oriundos de matéria da Folha Online, reproduzida no site Fonte de Notícias de 01/06/2008 às 13h44, cujo título era “Imprensa brasileira faz 200 anos hoje”.

Ainda tem uma informação importante, destacada pelo aposentado Jaime Collier Coeli, de Itanhaé,-SP, que “os jornais não chegam inteiros aos municípios”. Não temos a mesma circulação que tínhamos antes pelos demais Estados.

Ou seja, a profecia do servidor federal do TST Marco Antônio Leite, de São Caetano do Sul-SP: “Quanto a toda ‘poderosa’ imprensa já esta com a vela na mão, só falta sair o enterro, pois a cova já esta preparada num desses cemitérios que a elite oferece”, deverá demorar mais anos para acontecer.

Mas não só para a grande imprensa que as críticas foram direcionadas. Os profissionais responsáveis por, no mínimo, assinar as matérias também foram criticadas. Dos 36 comentários, o do funcionário público paulistano Carlos Tavares foi bem claro quanto a isso: “COMO UM JORNALISTA CONSEGUE SABER DE TUDO E FAZER O JOGO SUJO DOS MANDATÁRIOS DA COMUNICAÇÃO E PIOR, ENCOSTAR A CABEÇA NO TRAVESSEIRO E DORMIR O SONO DOS JUSTOS”. A letra de fôrma é dele.

Um jornalista, Giovanni Giocondo (Eunápolis-BA), num de seus comentários apresenta uma versão menos “apaixonada” dessa situação e que, ao meu ver, tem mais razão:

“Como diria a antiga frase de orientação anarquista "Não compre jornal, minta você mesmo". [...] Um jornal, rádio ou blog não precisa necessariamente ser favorável ou contrário ao governo vigente. Ele precisa de seriedade e de honestidade na condução diária de suas reportagens, artigos, etc. [...]Tudo bem presidente, concordo que tem muito jornalista e colunista irresponsável por aí inventando histórias para ganhar ibope em cima de seu nome e posição política. Mas não se esqueça que muitos outros continuam mantendo a ética e revelando maracutaias e desvios de verba de pessoas ligadas ao governo com correção, ouvindo o maior número de fontes ligadas aos casos de maneira correta e adequada”.

Existem jornalistas que estão em determinados empregos, na grade mídia, porque precisam alimentar as suas famílias, da mesma forma que um servidor público tem que trabalhar para qualquer mandatário que assuma uma prefeitura, governo ou presidência. A relação empregado-patrão, infelizmente mas com justificativas, não muda num caso de um jornalista ou de um programador da Microsoft. No fim, o seu produto de trabalho será para dar lucro a outra pessoa, que já tem muito.

(CONTINUA NA TERÇA-FEIRA...)

2 comentários:

  1. Seus dois últimos parágrafos dizem tudo.
    Parabéns.

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  2. Acho q cuspir pra cima é o mal dos q se pretendem revolucionários. Tem um livro chamado "muito além do jardim botânico" que fala da questão da mídia e da tomada de consciência (ele é meio antigo, mas pode ser atualizado por um bom pesquisador, alguém q goste de escrever. conhece alguém assim? kekekeke)

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