segunda-feira, 27 de abril de 2009

1984 ideias - II


FAMÍLIA, 1984 E HOJE - Muitos foram e são os casos na nossa sociedade de casamento arranjado. E, com o tempo, aumentaram não por tradição cultural, mas pela influência do dinheiro nas relações. Até mesmo porque a segregação social criada envolve os mais diversos tipos de elementos culturais. Poucas são as pessoas que tem a opção de usufruir um bem cultural ou, até mesmo, de frequentar instituições escolares.


Assim, as uniões matrimoniais ocorrem na maioria das vezes com pessoas de classes sociais iguais. Desta forma, a riqueza produzida por ambas as origens familiares não tem que ser dividas com alguém de uma origem mais baixa. Ou seja, não há a possibilidade da divisão de riquezas nem sob o signo de um relacionamento afetivo.

Segundo Engels (p. 89), “o matrimônio, pois, só se realizará com toda a liberdade quando, suprimidas a produção capitalista e as condições de propriedade criadas por ela, forem removidas todas as considerações econômicas acessórias que ainda exercem uma influência tão poderosa na escolha dos esposos”.

No caso da Londres do livro, quem escolhe como deve ser a relação e com quem é o Partido. É ele que determina quem deve ficar com quem a partir da análise das tais considerações socioeconômicas que tal união pode gerar. As relações estão longe de ser definidas por uma relação afetiva, mas sim por relação de troca: de um lado uma esposa que cuida da casa e que só servirá para procriação; enquanto do outro está um marido que tem que suster a casa e procriar para a manutenção da sociedade.

Winston, por ter variadas ideias subversivas, sempre teve medo das mulheres. Achando que aqueles seres brutos pudessem a qualquer momento denunciá-lo. Sua esposa se separou dele porque não tinham conseguido filhos. Para ele, era algo muito ruim ter relação com alguém tão frígida e sentia falta de sensações mais humanas.

Até que um dia ele tem uma grande surpresa. Ao passar pelo corredor do trabalho em frente a sua sala de trabalho, uma mulher de faixa rosa na cabeça - a qual vira numa das sessões de ódio e faz parte do grupo das jovens feministas - deixou cair uns papeis perto dele. No momento em que Winston a ajudou a catá-los, ela cuidadosamente entrega um pequeno recado em sua mão.

Sabendo do risco de ser vigiado por alguma câmera, ele tentou escolher o momento certo para que o equipamento que ficava na sua mesa de trabalho não visse. De início colocou o bilhete junto com tantas outras mensagens para alterações dos arquivos. De forma que só o abriu após algum tempo e, para sua deslumbre, dizia: “Eu te amo”.

A partir daí ele e Júlia viveram momentos de fuga dos olhos e ouvidos do Grande Irmão, uma fuga daquela realidade. Os prazeres que ambos buscavam tinham motivos diferentes. Ela buscava fugir do sistema através de relações prazerosas, mas ele queria um pouco mais, buscava conhecer pessoas revoltadas da situação social tanto quanto ele.

De certa forma ambos conseguiram isso. Só que Winston também tinha seus pensamentos vigiados e os dois teriam que pagar por vossas desobediências ao sistema estabelecido. Jamais uma família baseada no amor entre as pessoas e na revolta perante o sistema poderia prosperar. Nenhuma ideia revolucionária prosperaria.

É a partir do fim da relação entre os dois que começam os momentos de tortura que afirmei no texto anterior. Só que essa parte só pode ser descrita mais à frente. Caso eu consiga descrever e comparar com qualquer outra coisa.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

ENGELS, Friedrich. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado - trad. Leandro Konder. 14.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. 224pp. Título original: Der Ursprung der Familie, des Privateigentaums und des Staats.

Um comentário:

  1. uma análise só do relacioanmento....

    hum, será q alguém está ficando com o coração mole??

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