sexta-feira, 14 de junho de 2013

[Por Trás do Gol] O Taiti nos representa


Você e seus amigos resolvem participar daquele torneio da comunidade ou da escola mesmo sabendo que as chances de ganhar são ínfimas. Afinal, enquanto o futebol para vocês é apenas o "racha" de um dia por semana, e olhe la, já que é bem difícil encontrar uma data em que todos possam; tem A equipe, aquela que ganha o campeonato todo ano e que treina duas vezes por semana, são quase profissionais.

Enquanto o Nosso Time vai passando de fase no sufoco, A equipe resolveu mandar uns quatro titulares. Afinal, pensavam eles, se ganham todo ano e são bem mais fortes que os concorrentes, por que iriam mandar força total para um torneiozinho? Mas futebol é futebol, mesmo nos rachas da várzea. O time fica no meio do caminho enquanto o Nosso chega, pela quarta vez, na final.

Desta vez, o adversário não é A equipe, com preparação melhor, jogadores profissionais e tudo o mais. Não. É alguém do mesmo nível. A bola rola e o jogo é pegado até que ela sobra para o cara do nosso time  que é office boy de uma empresa de telefonia. ele bate rasteiro, mas bem no canto. GOL. Título com direito à dança típica da comunidade.

Imagina isso tudo tendo como garantia uma vaga para jogar com a campeã mundial de futebol profissional num dos estádios mais emblemáticos do mundo! - apesar de vários textos sobre, o meu desagrado ao "novo" Maracanã pode vir depois, por enquanto, sigamos...

Quem gosta tanto de futebol. Quem odeia essa coisa que inventaram chamada de "futebol moderno", em que torcida não pode levar instrumento musical porque ele pode sair batendo em alguém ou se jogar para o campo. Ah, claro, não pode levantar para nada no estádio - até mesmo porque as coisas ficaram tão caras que é melhor ficar sentado mesmo, poupando energia. Quem vê o futebol como o futebol, não o espetáculo FIFA, tem como deixar de torcer para o Taiti?

Dos 23 convocados, apenas um é profissional, joga num desconhecido time grego, e isso porque o pai, que foi jogador, levou-o para morar na Europa desde novo. O resto da seleção é formada por carregadores de malas, office boys, e no time titular que jogará na segunda-feira há 3 desempregados. Não, não estão sem times de futebol, estão sem quaisquer empregos e conseguiram viagem ao Brasil com tudo pago - se bem que o Taiti é tão feio né?...


Para aumentar a simpatia, eles chegam ao Brasil com uma camisa florida, como se viessem curtir as praias - por mais que as deles sejam melhores que as nossas (a maioria vai). Nos treinos, espanto com a grande estrutura disponível, com direito a hotel e tudo, fora que na "apropriação" pelo Atlético-MG, a surpresa ao ver a Arena do Jacaré com 5 mil pessoas! O que para nós é pouco, para eles é muito, afinal, "cerca de 100 pessoas nos veem jogar", disse o técnico.


Se o tal "futebol moderno" gerou milhares de barreiras para os repórteres chegarem nos jogadores, com o Haiti é só chamar - e saber falar francês. Entrevistas a todo momento, afinal, eles não estão acostumados.

Favorito a saco de pancadas, a surpresa no rosto de Varihua, o único profissional, quando a repórter diz que os jogadores da Nigéria estão em greve é indescritível. "Eu não, não sabia". Era a possível chance de fazer ainda mais história. Por mais que a FIFA o Ministério dos Esportes da Nigéria tenha debelado a greve, os africanos terão apenas um dia para treinar antes da partida. Vai que...

Já tivemos zebra amadora no futebol feminino, com as jogadoras do Japão vencendo as estadunidenses no Mundial passado, mas aqui é bem mais difícil. Estamos falando de Espanha, Uruguai, Itália, Brasil, México... Mas se ao menos eles conseguirem fazer um gol, este poderá representar o sonho do mais grosso peladeiro das várzeas por aqui. Afinal, mesmo usando o visto do lado direito, o Taiti nos representa!

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