terça-feira, 18 de junho de 2013

[Por Trás do Gol] Futebol e política se entrelaçam

Pressão política  nos bastidores para demitir o técnico tal. Movimentações politicas para formar a chapa das eleições da diretoria. Forte campanha entre os associados ou conselheiros. Briga com o presidente do Conselho, de outro grupo político. Pressão por mais democracia, para que a participação na política do clube seja maior,... Política interna dos clubes. Política numa associação formada por eles. Acordos entre clubes, grupos empresariais/midiáticos. 

Pressão por mais poder na CBF. Pressão para ser escutado na Conmebol. Pressão da presidenta, ao não querer aparecer do lado do presidente da CBF. Disputas políticas, com direito a várias rasteiras, dentro da FIFA. Promessa desta para o fim da corrupção - de seus inimigos.

Dizer que futebol e política não se misturam é desconsiderar que em torno desta manifestação cultural há instituições sociais, culturais e econômicas que, como tais, sofrem as pressões por conta das disputas de poder dentro delas, independente de esferas e recursos em jogo.

É desconsiderar o caderno de encargos de uma entidade privada para que um Estado, cujo presidente e congressistas são escolhidos por eleições diretas, cumpra, mesmo que para isso seja necessário abrir exceções às próprias leis nacionais. Realizar a política de remoções, está entre as propostas, para melhor o visual e não atrapalhar a visão do estrangeiro sobre o Brasil.

É desconsiderar que não foi nenhum jogador do Náutico ou um torcedor histórico do clube a dar o pontapé inicial na Arena Pernambuco, mas a presidenta, que assim o fez também nos cinco demais. Muito menos foi um grande empresário, afinal, sem empréstimos de bancos estatais ou mistos, isenções fiscais e demais benesses do Executivo os estádios não sairiam.

O erro crasso, e histórico, de crer que "futebol, política e religião não se discutem" é repetir o mantra ditatorial de imposição sobre o que se pode pensar, falar e debater. Não há comunicação quando só um fala e aos demais só resta escutar o que o outro quiser falar, e quando.

Crer nisso é assinar embaixo que é "mais fácil realizar eventos assim em lugares com menos democracia", como já fez a tal entidade privada em outros momentos (1978, na Argentina) e como imaginaria que pudesse fazer por aqui, vendo agora o futuro com maior tranquilidade graças ao centralismo político na Rússia e o domínio dos sheiks do Catar. Afinal, para que iam escolher o Reino Unido, e suas comissões de fiscalização e investigação, se o extremo calor catariano de 2022 vem acompanhado de muitos bilhões de dólares e segurança para o evento?

Proibir protestos na "área delimitada pela FIFA" demonstra que por 30 ou mais dias, em 2013 e em 2014, viveremos numa situação com várias exceções para atender ao que delimita a entidade, que nada gasta com o evento, vide os últimos, com lucros anuais na casa do bilhão de dólares. Dá ordem, exige pressa, ameaça dar um chute no traseiro e ainda pede por respeito e fair play após uma simples vaia de uma parte bem pequena dos "amigos brasileiros".

Futebol e política se misturam sim. Diversos fatos históricos comprovam o entrelaçamento de ambos. Para não ficar apenas em exemplos ditatoriais e/ou autoritários, a presença das torcidas no Egito nos protestos de lá, com direito à clara perseguição

O problema é que a política não deve ser só para alguns representarem muitos. O futebol atinge muitos e com a visibilidade das manifestações num momento de um grande evento do "futebol espetáculo" por aqui, parece que há o medo de a política aparecer ainda mais forte, só que nas ruas, com a população evitando os representantes e a fazendo por conta própria.

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