segunda-feira, 6 de maio de 2013

[Por Trás do Gol] Sem sofrimento não é o CSA

Acho que agora já posso escrever. Que dia! Creio que deve ter sido o primeiro jogo aqui no Estádio Rei Pelé que fui sozinho. Nada mais que uma semifinal do time com a maior torcida do Estado com a vantagem do empate em casa. Resolvi sair no horário normal, já que estava com ingresso comprado e moro perto do estádio. Resultado: só via filas (enormes) na minha frente.

Insatisfação, impaciência e a sensação de ser profundamente desrespeitado. Afinal, o que pensava a diretoria ao colocar tão poucas catracas dentro do estádio num jogo que realmente se esperava um imenso público? Eles, eu não sei. Eu fiquei inconformado, enquanto via crianças e senhores de idade esperando mais de meia hora na fila e cambistas atuando livremente no entorno.

O tempo foi passando e enquanto para as arquibancadas baixas, R$ 5 mais barata, as pessoas conseguiram entrar antes do apito inicial, nas arquibancadas altas, mais cara, isso demorou a ocorrer. Só entrei no estádio com mais de 5 minutos de bola rolando. E como ele estava cheio! Acho que mais gente no Rei Pelé só da última passagem do Brasil por aqui, nas Eliminatórias da Copa de 2006, em 2004, contra a Colômbia.


Sentei atrás de um dos gols e minutos depois vi ali o gol do adversário. Cruzamento rasteiro pela esquerda e complemento de Didira. E já era a vantagem do empate em apenas 8 ou 10 minutos de jogo. Isso porque o CSA começou melhor e levou o gol no primeiro ataque adversário. Eu passaria a bate o pé a partir desse instante.

Depois disso, o time se atrapalhou muito, mesmo controlando a posse de bola. A chance só viria no final do primeiro tempo, com grande defesa de Gilson. Não que a torcida azulina tenha sentido o baque, como o time, mas por conta da jogada, ela aplaudiu o CSA e gritou muito no apito final.

Já durante o segundo tempo, a impaciência quase de nascença da torcida acabou falando mais alto, a ponto de a torcida do ASA aparecer em alguns momentos. O CSA até que começou pressionando no início da etapa final, mas depois cansou e viu o adversário controlar a bola, esperando o apito final do juiz. O que ocorreu.

O estádio silenciou com o fim do tempo normal, afinal, ninguém esperava perder em casa após a vantagem construída fora. Mas bastou a bola começar a rolar para que as reclamações, mas também muito incentivo, voltassem. O intervalo da prorrogação é um exemplo marcante.

O tempo ia passando e a preocupação seguia nos dois times, que pareciam mais preocupados em não levar gols que em fazer, porém, com ligeira superioridade do ASA, que segurou mais a bola no primeiro tempo da prorrogação, aproveitando-se da fragilidade na marcação azulina, que sofreu muito com a ausência do lateral-direito Leandrinho.

A segunda etapa foi de fortes emoções. Eu já estava com o coração a mil, xingando muito e muitas vezes, gritando com a torcida, batendo palmas quando necessário. Até que veio a jogada do dia. Contra-ataque rápido pela esquerda, chute de Everaldo, rebote de Gilson e aquele instante que para quem está atrás do outro gol parece um suplício: a bola na direção do gol.


Para um pessimista que nem eu - da mesma forma que a impaciente torcida azulina, com todos motivos para isso -, vinha tudo na mente. Se a bola entrasse, se não entrasse... Até que vi a rede balançar. GOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLL!!!! Vários pulos, vários gritos, uns xingamentos e braços golpeando o ar.

Ainda assim, no meio disso tudo, eu olhava para o assistente, vai que... Olhava para a torcida nas grandes arquibancadas. Olhava para o outro lado. E via um bocado de jogadores do CSA caindo no gramado por cansaço.

Olhei para o relógio, mas nem lembrava quando tinha começado o segundo tempo da prorrogação. Para mim, deveria terminar ali mesmo. Mas não terminou!

Antes do anúncio do acréscimo, ataque do ASA com a defesa aberta. Bola na lateral-direita, lançamento para Léo Gamalho. O centroavante deles frente a frente com Flávio. Ali, atrás do gol que eu estava. Pensei que ele chutaria por baixo. Mas não, Gamalho tentou driblar e ficou sem ângulo. Flávio voou para fechar o gol e o atacante do ASA teve que mandar a bomba. Por cima!!!

Mais comemorações, mais xingamentos, mais vibrações e muito, mas muito grito - e dos mais diversos - da torcida. Agora sim, poderia acabar - com Rodolfo do lado de fora do gramado por cansaço total. O que ocorreu dois minutos depois.

Grande festa da torcida, que durou muito tempo, com jogadores participando da festa e o recado para os arquirrivais esperarem a hora. Afinal, o que é uma semana para quem esperou por 11 anos por uma final entre os dois maiores campeões locais? 

Vem mais emoção por aí. Ao menos, o meu coração passou pelo teste deste domingo. (O meu, mas a ambulância e os bombeiros tiveram que trabalhar para tirar um torcida das arquibancadas baixas, que deve ter passado mal).

Voltando a pé para casa, eis que um torcedor grita a plenos pulmões: "Obrigado Deus por eu ser azulino!". Não é para tanto né? Fico com o que passei mais à frente: "Sem sofrimento não é o CSA!".

*Ah, nos próximos dias, a Liga da Justiça Alagoana entra em campo para narrar os confrontos entre os super heróis alagoanos. Por hoje, o texto do torcedor, por favor!

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