terça-feira, 11 de setembro de 2012

Cada vez mais descrente de um El Dorado


Difícil pensar nestes últimos quatro meses e não sentir uma frustração do tamanho do universo, um cansaço ainda maior e questionamentos a zilhões sobre o quanto pode valer ou não à pena dedicar tanto tempo da vida a algo. Dar um passo à frente após muito trabalho e logo em seguida ser empurrado ainda mais para trás de forma rápida e sucessiva.

Em meio às dúvidas de vir ou não para cá, optei pelo que poderia ser a "oportunidade da vida", acreditei nisso até muito recentemente, mas olhando hoje, neste exato momento, para tudo, já não tenho esta certeza. Pessoalmente, está sendo uma trajetória desastrosa. Surpreendo-me nestes últimos meses da mente estar aguentando tão firmemente tudo isso.

É difícil para alguém que nem eu, que além de trabalhar com o que eu pesquisa, sou fascinado pelo meu objeto empírico e, para além disso, tenho uma relação de crença sociopolítica com o eixo teórico-metodológico. Eu procurei por algum tempo da graduação teorias em algumas Ciências Humanas e Sociais que ampliassem meu campo de visão sobre a sociedade. Ser crítico sem cair no "panfletário". Enfim, ter argumentos sobre aquilo que via nas relações sociais cotidianas, mas sempre com abertura a tensionamentos sobre tudo, inclusive a própria teoria, que não é "perfeita" - como odeio proselitismos de quaisquer partes...

Cheguei no que estudo praticamente por conta própria, catando os lugares, "inventando" outros, fortalecendo o que dialogava em outros lugares até encontrar o que procurava na Comunicação. Independente de ter professores para orientar ou não, de auxiliar em artigos ou dos que dificultavam a vida porque eu era "só" graduando. Ainda assim, os passos eram dados, os desafios enfrentados, mesmo que num jeito quase "suicida" de que responsabilidade assumida é garantia de que de alguma forma, nem que fosse me sobrecarregando em demasia, ela seria cumprida.

Aqui, imaginava que por mais trabalho que pudesse aparecer, ao menos não seria necessário brigar por nada, havia todo um coletivo para isso. Mais que isso, teria contato com pessoas com muito mais experiência que eu para tomar as rédeas do processo. Por mais que eu seja teimoso e goste de saber da maioria dos processos internos de onde estou, seria um período para focar em outras coisas. Menos preocupações burocráticas e mais teóricas, dentro do que estudo.

Com todos os problemas e desmanche desses dias, frustra-me muito ver um espaço desses tendo que recomeçar praticamente do zero, com um simples "vocês são importantes para a área nacionalmente e internacionalmente, então desejamos uma boa sorte para este novo...". 

Acho até que eu deveria ter me acostumado com essas coisas, afinal, é uma vida inteira vendo isso acontecer - desde então começo a pensar que devo alertar as pessoas para que não me chamem para mais nada. Há algum tempo que já me questiono se realmente terá valido a pena tentar respeitar a tod@s, pessoas e aplicações teóricas, não entrar em "rinhas" ou provocações - e é esta a palavra para algumas coisas, com um pedido de perdão a galos e galinhas -, fazer o possível para não trazer para casa os problemas de fora e não levar para o trabalho os problemas de casa. O que adianta? Ser o idiota n.1 de todos os lugares?

Desculpem-me o choque d@s pouc@s que possam ler este desabafo, mas volto a chamar de difícil este momento. Tenho a impressão de que estou fadado a ficar na fase entre o engatinhar e dar os primeiros passos. Parado no tempo, saem os primeiros passos, mas logo em seguida vem o desequilíbrio e o chão volta a aparecer. Cair, levantar, cair outras dezenas de vezes mais; enfrentar as gigantescas pedras no meio de todos os caminhos... 

Há muito que cansa, mas como eu não sei fazer outra coisa, com eu acredito em utopias, sigo tentando me convencer de que por mais que sempre vá cair, sempre terei que buscar forças já não sei nem onde para seguir levantando e fazer o que eu mais sei fazer: fingir que não há nada de mal comigo.

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