quarta-feira, 30 de setembro de 2009

IRAAAAAAAAAAADO!!!!! - Preconceito reverso

Hoje realizo uma tabelinha entre os meus dois blogs, o Por Trás do Gol e o Dialética Terrestre. No Dialética eu criei uma coluna chamada "IRAAAAAAAADO!!!" para simplesmente desabafar, falar sobre algo que tenha me deixado bastante irritado. O motivo desse "algo" vir parar também no Por Trás do Gol é que o assunto é esportes, dentre os quais o mais comentado é o futebol.

Imaginem para algum apaixonado por esportes passar quatro anos num lugar em que o assunto é quase tema proibido - mesmo que esse lugar seja um curso de Comunicação Social. Significa ter poucas pessoas, ou nenhuma, para discutir sobre a rodada do fim de semana, o erro na partida X etc.

Como já mostrei no texto "Eu não gosto de futebol!", a justificativa pela aversão ao assunto geralmente beira ao "ópio do povo", algo ligado extremamente ao futebol e que tem interpretações certas e erradas. E num ambiente extremamente cultural, como o caso do curso em que estudo, uma demonstração de cultura dos povos é discriminada.

Enquanto que na maioria dos lugares do país há o preconceito em relação a quem não gosta de futebol, no querido COS ocorre o inverso, algo que nas brincadeiras cotidianas chamei de "preconceito reverso" - apesar de estarmos caminhando cada vez mais para gerações de graduandos que nem saberão o que significa a palavra preconceito por acharem isso normal.

Apesar de ter participado de uma turma em que tínhamos muitas "espécies futebolísticas", é uma minoria que frequentemente ver caras feias e ataques indiretos. Vou dar dois exemplos com situações que mostram isso:

- O primeiro ocorreu no ano passado, quando a gestão do Diretório Acadêmico, a qual fazia parte, resolveu criar um jornal laboratório para o curso como forma de publicar a produção de estudantes de qualquer período - pasmem, algo que não tínhamos!

Nas primeiras discussões, que envolvia nome do jornal e outros temas, eram colocadas as editorias que existiriam nele. Quando falou-se na de esportes, alguém falou que "era algo que ninguém se interessaria para ver no nosso jornal; que só produz matéria fria, ...".

Foi algo tão absurdo e bizarro que nem precisei falar nada, um colega - o mais "culturo-radical" do texto supracitado - que defendeu a presença da editoria na publicação. Como não havia tantas páginas, resolveu-se que o assunto iria para um conjunto de outros, meio "o que sobrasse".

Publiquei um texto em cada edição e ainda tentei com pessoas além-futebol para escreverem a relação do esporte com outras áreas ditas culturais. Como de forma geral o projeto não atingiu tantas pessoas, acabou que a equipe se desdobrou para preencher duas edições, que tiveram três textos esportivos.

- O segundo vem de uma revista que era impressa através de uma disciplina. Acabei por me juntar após um tempo ao grupo e sempre vinha a taxação da "turma do futebol", uma brincadeira meio que excludente, já que ninguém falava a "turma da cultura" ou a "turma da política" - esta última também bem pequena.

Havíamos decidido antes desta terceira edição que a editoria com mais textos ficaria com a página extra. A de esporte teve mais textos, entregues em tempo ábil, e na hora de finalizar tudo quase que tiram isso da editoria.

Além disso, foi colocada a possibilidade de o título de capa ser para uma matéria esportiva. Não que eu ache que deveria ser, afinal o certo seria que na capa fosse a melhor matéria e não necessariamente a da editoria que mais produziu. Enfim, que a possibilidade acima foi rechaçada naquele momento por uma pessoa por ser para a editoria de esportes.

Enfim, acho que motivos o suficientes para ficar bastante irritado, especialmente quando se vive uma semana para apagar do calendário.

Ah, já ia esquecendo de uma citação. O jornalista Sérgio Cabral, que escreveu biografias de inúmeros cantores e artistas brasileiros, concedeu uma entrevista ao jornal Gazeta de Alagoas.
Vascaíno, uma das perguntas direcionadas a ele foi essa:

- Há quem pense que o excesso de atenção dado ao futebol no Brasil é algo nocivo para o País. O senhor concorda com essa teoria?

"É uma bobagem. Isso é uma invenção. Você sabe que tem fascismo de direita e de esquerda. Mas é tudo fascismo, raiva do povo. De gente que não entende o povo. É tudo fascismo."

Um comentário:

  1. Olá Anderson! Obrigada pelos parabéns! E vamos produzir no COS, para que esse seja somente o primeiro. =)

    Sobre o futebol... Ah, o futebol! Bom, não sei até que ponto esse culto brasileiro não é prejudicial. É um aspecto cultural, sem dúvidas, assim como o samba ou o forró.

    Mas, infelizmente, é um esporte machista, homofóbico. Claro, isso não é um aspecto intrínseco do esporte, é reflexo da população. Mas acaba, culturalmente, se tornando característica da modalidade.

    Todo dia é uma declaração mais esdrúxula do que a outra, vinda seja de torcedor, jogador ou importante dirigente. E vemos jovens idolatrando homens que não têm muito a dizer...

    No mínimo, eu diria que a essência do esporte foi há muito deturpada por quem o pratica e o idolatra.

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