quinta-feira, 21 de maio de 2009

1984 ideias: REALIDADE x UTOPIA

Como visto nos demais livros de George Orwell (A revolução dos bichos e A Flor da Inglaterra), o autor inglês era bem cético quanto a transformações sociais radicais. Mudanças que significassem não apenas uma nova forma de sociedade, mas um convívio entre pessoas de forma justa, livre e igualitária.

Orwell tinha como exemplo para acreditar que isso seria impossível a maneira que a União Soviética, sob julgo stalinista, não só tratava os demais países, como tratava a própria população. A manutenção da divisão social era clara, com clara superioridade dos burocratas estatais.

Mesmo assim, o autor, como já temos dito nos demais textos, não acreditava ser o sistema capitalista perfeito. Pelo contrário, ele conhecia as contradições entre as classes existentes sob o julgo do capital e recriminava não só a exploração entre os humanos (A Revolução...), como a dependência estrita perante o objeto dinheiro (A Flor...).

Em 1984 mais uma vez encontramos a comprovação dos comentários dos dois últimos parágrafos. Uma das passagens mais interessantes sobre este assunto encontra-se, nesta edição, na página 155. Através do sistema capitalista, como já havia dito Marx, os homens criaram condições materiais para o fim da desigualdade humana:

“Desde o momento em que a máquina surgiu, tornou-se claro a todos que sabiam raciocinar que desaparecera em grande parte a necessidade do trabalho braçal do homem e, portanto, a desigualdade humana”.

Porém, os objetos que criaram, especialmente o dinheiro, acabaram por subjugá-los. As formas de expressão de poder são criações humanas que de meios de organização viraram instrumentos de forte repressão e segregação.

Na Londres do livro, o poder mais uma vez toma as cabeças de quem o alcança: “O Partido procura o poder por amor ao poder [...] Sabemos que ninguém jamais toma o poder com a intenção de largá-lo. O poder não é um meio, é um fim em si” (214).

Entretanto, através de Winston, o autor mostra como deveria ser modificada a realidade vigente. Assim como para Marx, a revolução teria que partir, ter como protagonistas, membros das classes exploradas, os proles: “Se há esperança, escreveu Winston, está nos proles” (59). Ainda “escreveu: Não se revoltarão enquanto não se tornarem conscientes, e não se tornarão conscientes enquanto não se rebelarem” (59).

Assim como outros tantos ex-revolucionários – os que não se transformaram em reacionários, mas em fatalistas -, Orwell desacredita ideias transformadoras e como já dissemos ao longo das análises orwellianas, ele demonstra isso em seus livros:

“O socialismo, teoria aparecida no início do século dezenove e o último elo de uma cadeia de pensamento que se iniciara nas rebeliões dos escravos antigos, ainda estava profundamente infeccionada pelo utopismo do passado” (166).

Baseado no exemplo soviético, stalinista, o qual foi contemporâneo, o autor já afirmara um pouco antes a falibilidade do Socialismo: “Mas em cada variante de Socialismo que apareceu de 1900 para cá, o propósito de estabelecer a liberdade e a igualdade ia sendo abandonado cada vez mais abertamente” (162).

Na cidade-continente do livro, assim como na URSS, as pessoas sequer poderiam ter ideias de querer transformar a sociedade, não poderiam ver problemas nela. O que não é diferente também dos dias atuais, em que todos são guiados para o pensamento de que “são pobres porque querem, não se esforçaram”, quando sabemos quem é que não quer.

Instrumentos não faltam para que isso seja realizado. Se a tecnologia evolui a passos cada vez mais rápidos, também evolui, talvez em proporções maiores, a quantidade de pessoas que nascem ou caem para as classes inferiores da sociedade.

Se já havia algo errado por volta de 1948, sessenta anos depois os problemas existentes se agravaram e novos apareceram. Alguma coisa continua errada. O sistema que nos rege não foi alterado, sofreu apenas algumas mutações. O que fazer?

3 comentários:

  1. O que fazer?
    "Não se revoltarão enquanto não se tornarem conscientes, e não se tornarão conscientes enquanto não se rebelarem"

    Achei a revolução dos bichos auqi em casa, vou ler.

    Precisamos conscientizar as pessoas, dar oportunidade, abrir mentes. Acho que o problema é q o ser huamno é egoísta e quer ter tudo pra si.

    Quanto ao seu comentário no meu artigo. Deveríamos mudar essa realidade que vemos nos jornais todos os dias. A sociedade já se acustumou a engolir esse tipo de informação bruta.

    Esse questionamento que vc fez rende muita discursão. Deposi conversamos.

    Sábado a gente se vê!

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  2. Lembrei-me mto de Marx qdo Winston fala que a esperança está nos proles.
    É inevitável.
    O que fazer? É um questionamento esperando resposta a mto tempo.

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  3. putz! achei q tu ia escrever um texto de dois quilômetros velho!!

    O q fazer? livro de lenin, um bom exemplo d como iniciar a idéia da resposta.

    eu ainda naum li 1984, gostei bastante de revolução..., naum acho q o homem seja egoísta por natureza, ou q o poder corrompe...

    discussões q tivemos, temos e teremos

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