sábado, 24 de janeiro de 2009

Prematuramente morto (continuação)

Esta cena, uma das mais espetaculares do filme e, na minha modesta opinião, do cinema contemporâneo, é o ponto de ligação para a história principal. Neste relógio percebi um dos maiores desejos do ser humano, que é voltar no tempo para não cometer determinados erros, fazer certas coisas. Enfim, ter aproveitado oportunidades que se mostraram únicas.

(Leitor, caso não queira saber importante parte do filme, pule o próximo parágrafo).

A minha principal dúvida quando li sobre o filme era como Benjamin nasceria. Quando vi a mãe toda ensanguentada, próxima da morte, imaginei que ele nasceria como um velho também no tamanho – apesar do mais absurdo que isso possa ser. Quando vi o pai indo em direção ao berço, percebi que não era bem assim. O curioso era que a criança nascera com características físicas de alguém bem próximo da morte.

Após isso, a história de vida dele passa a ser interligada com a de Dayse, uma linda ruiva a quem o diário de Button está sendo lido nos últimos dias de vida – em 2005, faltando poucas horas para o Furacão Katrina destruir Nova Orleans (tragédias históricas marcam o início, o meio – Segunda Guerra - e o final do filme).

Não há como deixar de rir com o senhor que toda vez que o ver pergunta: “Já lhe contei que fui atingido por sete raios?”, mostrando cada história, uma mais engraçada que a outra. Na última vez que conta, ele fala todos os seus problemas de saúde – e são muitos! -, mas que tem que agradecer e ser feliz pelo simples fato de estar vivo.

Outra cena que, para mim, também se tornará clássica é um acidente envolvendo alguém muito importante para Benjamin. A sequência de cenas, que me fez lembrar a velocidade de diálogo do documentário Ilha das Flores (FURTADO, Jorge. 1989), demonstrou aquele famoso “SE isso tivesse sido assim” que tanto falamos no dia-a-dia. A inevitabilidade de algo que poderia facilmente não ter ocorrido.

A frase que dá título a este texto, Prematuramente velho, poderia gerar várias e várias análises. Só uma frase! É uma analogia ao que fala Queenie, mãe de criação de Benjamin: “prematuramente velho”. Apesar de atualmente aumentar cada vez mais as pessoas que querem rejuvenescer, por acharem-se “velhos antes do tempo”, o principal ponto, para nós, é outro.

A única certeza que todos nós temos, independentemente de classe social, é que o fim será igual para todos. Seja qual for a lápide, qual seja a forma de morrer, a única coisa que sabemos é que todos morrerão um dia e sempre haverá alguém que chorará por um corpo, acreditando que se foi alguém prematuramente morto.

A morte sempre será uma certeza prematura nas nossas mentes. Benjamin Button surgiu desta forma e provou que se pode viver bem mesmo assim.

2 comentários:

  1. "Deuses existem, são chamados de Shinigamis"

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  2. Também criei a mesma expectativa. Imaginei o vovô nascendo em tamanho adulto, hehehe
    O senhor dos 7 raios dá o tom cômico - impagável -, trazendo uma leveza ao filme e facilitando a fluência do mesmo em quase 3 horas de exibição.
    Você destacou as grandes cenas. Sò faço um pequeno adendo, de uma parte que me marcou muito: quando Dayse segura ele bebê e nota o reconhecimento antes do último suspiro.
    Fecha a história de forma trágica, mas muito bonita.

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