domingo, 4 de janeiro de 2009

Economia Política para tempos de crise


Em meio a mais turbulenta crise do sistema capitalista desde 1929, Economia Política: uma introdução crítica, de autoria dos professores da UFRJ Marcelo Braz e José Paulo Netto, apresenta-se como livro essencial para entender as relações de sustentação de um Modo de Produção que, por ser baseado em contradições, apresenta crises para denunciá-las.

Como primeiro volume de uma coleção que se propõe especialmente a universitários do curso de Serviço Social, Economia Política traz de uma forma didática, mas não simplória, as fundamentações introduzidas pelo filósofo alemão Karl Marx para explicar as relações sociais humanas.

Para realizar tal fato, os autores do livro seguem a linha do materialismo histórico-dialético. Explicam as relações humanas desde sua forma primitiva de organização familiar aos dias de hoje, de maneira a mostrar que a partir do momento em que as forças de produção (trabalho humano, matérias-primas, desenvolvimento tecnológico) se desenvolvem bem mais velozes que as relações de produção estabelecidas, de forma que tais relações não suportam mais, chegamos a uma outra forma social.

O processo dialético (tese + antítese gerando um novo objeto, através da síntese) se apresenta em toda a história da humanidade. História esta que foi e é conduzida pelo trabalho humano. Trabalho sendo a categoria fundante do ser social, por ter permitido ao homem desenvolver as suas habilidades através da transformação da natureza circundante e ainda ter permitindo o estabelecimento de uma linguagem como forma de “passar para outras gerações” o que foi ali desenvolvido.

Braz e Paulo Netto caminham ao longo do trabalho nesta direção, em que apontam em cada evolução da espécie humana, através de novas formas de organização sócio-econômica (os modos ou sistemas de produção), os conflitos que permitiram que isso fosse possível. Além disso, baseados na atual forma, a cada sistema vivido pelo homem, apontam a existência e a respectiva importância da mercadoria como maneira de mostrar como eram realizadas as trocas em outros sistemas que não conheciam ainda o lucro.

Entretanto, a exploração do trabalho, elemento primordial criado para possibilitar a acumulação do excedente econômico produzido. Sobre isso, os autores apontam como a primeira forma de divisão social do trabalho, ainda no início do sedentarismo, a separação de ações entre homem e mulher nas sociedades tribais. Além disso, foi desde aí que começou um processo que caminhou conjuntamente com a exploração do trabalhador, a opressão contra as mulheres, “especialistas” exclusivas a determinados afazeres.

Os autores passam de Modo de Produção em Modo de Produção até chegar ao MPCapitalista, em que também vão transitar por sua fases e explicam cada alteração realizada para garantir a sua manutenção. Especialmente após as crises, que não foram/são poucas. Crises estas responsáveis também por gerar um novo ciclo do capital e, portanto, um novo auge.

Entretanto, fica claro em todo o texto que da mesma forma que tivemos a superação de outros MP's, este também pode ser ultrapassado e dá sinais fortes que isso é possível. Porém, não serão apenas as crises responsáveis por isso, é necessário que o homem, especificametne o proletariado, ajude para que isso ocorra.

A natureza já dá seus suspiros, que podem chegar a ser os últimos. E sem natureza não haverá o que transformar; logo não haverá trabalho; ou seja, o homem perderá a sua característica que o definiu como ser social. E, o pior, seguirá para o caminho da barbárie.

Como colocam vários autores, não só estes de Economia Política, há dois caminhos a se seguir: Socialismo ou Barbárie.

5 comentários:

  1. Acho que sem natureza não existirá mais caminho nenhum.
    Mas, de agora, ainda existem várias opções. É que a gente só consegue viver entre dicotomias: bem X mal, bonito X feio, capitalismo X socialismo, morango X chocolate, hehehe...
    Bobagem. Existem mais opções do que a gente é capaz de enxergar.

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  2. Naum é uma questão de dicotomia. Acabou a exploração do homem pelo homem e a propriedade privada? É comunismo, pode até colocar outro nome...

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  3. Quando disse “opções” não me referi à nomenclatura... Outras opções de ação, como por exemplo, num exemplo absurdo (e sem paciência): se todos os homem passassem a adorar o deus sorvete de caramelo. Todos trabalhassem para resfriar, manter e conservar o deus sorvete de caramelo. Não seria comunismo (seria loucura, verdade, mas é só pra exemplificar).
    Quis dizer que a gente não enxerga uma outra opção. Mas quem sabe um dia pinte alguém com mais criatividade na Terra para dar uma terceira opção. E quem sabe uma quarta, uma quinta, uma sexta, um sábado... Nunca se sabe.

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  4. Vocês teriam a resenha do cap 5 até o cap 8?

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