
Uma das grandes atrações cinematográficas das férias é o filme O curioso caso de Benjamin Button. Esta superprodução hollywoodiana, que conta com a atuação de astros como Brad Pitt e Cate Blanchet, tem como diferencial ser totalmente díspar dos tradicionais blockbusters produzidos pelos grandes estúdios.
Após ler e ouvir críticas bastante positivas sobre o filme - alguns o comparando até a epifanias (aparição ou manifestação divina)! - fui acompanhá-lo no mesmo dia em que saiu sua indicação ao Oscar de melhor filme, além de outras doze indicações.
Geralmente quando alguém nos diz que um filme é sensacional, muito bom, acaba-se criando expectativas extremas no possível espectador. Comigo não é diferente. O problema é que sempre se espera mais do que poderá se ver e, no fim, pode até ser que se saia da sala do cinema um pouco frustrado.
Para citar alguns exemplos recentes de filmes que assisti em 2008, temos A Pequena Miss Sunshine e Juno, que “tive” que assistir após milhares de discussões sobre qual seria o melhor. No fim das contas, esperava mais de ambos – apesar de serem diferentes dos filmes infanto-juvenis que vemos diariamente na Sessão da Tarde.
Porém, um exemplo nunca foi tão claro quanto Batman: O Cavaleiro das Trevas, em que não só eu, após escutar várias coisas positivas sobre o filme – em especial, sobre o Coringa -, saí do cinema esperando um pouquinho mais. Não que a atuação de Heth Ledger não tenha sido histórica e que o filme não tenha sido excelente, mas faltou um pouco.
Enfim, tudo isso para dizer que a sensação deixada por O curioso caso de Benjamin Button foi algo muito especial, realmente. Não cheguei a ter epifanias (imagina!) assistindo ao filme, mas vários pontos do mesmo são para se pensar. E pensei muito após ele, principalmente sobre o que tinha dúvidas antes de assisti-lo e que tive após ele.
Primeiro, histórias que buscam caminhos inversos sempre me atraíram, a exemplo do morto Brás Cubas que escreve sua própria biografia (ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas). Em O curioso caso... isso também acontece. Baseado num conto de F. Scott Fitzgerald, a base da história é contar a vida de alguém que fez o caminho “natural” inverso, nasceu com características físicas de idoso e vai rejuvenescendo.
A grande sacada do filme foi seu início. O nascimento de Button é no último dia da Primeira Guerra Mundial, em 1918, um momento deveras histórico. Antes disso, um senhor relojoeiro, que era cego, tem seu filho morto nas batalhas. Depois finalmente termina de construir “o” relógio de toda a vida.
No dia de apresentá-lo à cidade, Nova Orleans (Louissiana), todos percebem que os ponteiros andam ao contrário. Todos pensam que foi um erro, mas aí ele fala algo magistral: “Eu fiz de propósito. Quem sabe assim o tempo não volta e os nossos filhos possam voltar para as suas casas”. Após isso, passam-se cenas de guerra, pessoas morrendo. Para, com o tempo em retrocesso, deixarem de morrer, com destaque para o filho do relojoeiro, que nunca mais torna a aparecer.