quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

[Gauchão 2013] O time do "chefe" vence

Final de tarde do verão gaúcho. Com a nova última parada da Trensurb ao fundo, inicio o meu acompanhamento do Campeonato Gaúcho 2013 no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo, para ver Novo Hamburgo X São José-POA.

Sétimo estádio que eu visito aqui no Rio Grande do Sul, chegar ao Estádio do Vale ficou bem mais fácil após a ampliação das linhas de trem para o Norte da região metropolitana, com as estações Rio dos Sinos (ainda em São Leopoldo) e Santo Afonso. A última estação em funcionamento fica a duas quadras do novo estádio da região, inaugurado em janeiro de 2009.

Estação Santo Afonso à direita
Pelo que havia lido sobre os participantes do Gauchão deste ano, o Novo Hamburgo, finalista do primeiro turno do ano passado, teria perdido o empresário mecenas que bancou o time, que teria partido para Pelotas. Assim, já não eram boas as expectativas para 2013. Ainda assim, apesar da derrota na primeira rodada para o Veranópolis por 3 a 1, o Anilado recebeu um público razoável para o confronto contra o São José, de Porto Alegre.

O Zequinha, até outros tempos dito como o mais querido de Porto Alegre, vem de resultados positivos desde a pré-temporada, onde conquistou a Copa Centenário, disputa realizada com Juventude, Santa Cruz e Cruzeiro no início do ano porque os quatro clubes completam 100 anos em 2013. Na estreia, Lucas Gaúcho marcou o gol da vitória sobre o Pelotas no Passo D'Areia. Pelo que ouvi sobre a partida, o time manteve o estilo de jogo do torneio preparatório, segurando a pressão do adversário e marcando nas poucas chances construídas.

Novelletto, ao fundo, de vermelho
Ah, "outros tempos dito como o mais querido" porque o clube, extra-oficialmente, é de Francisco Noveletto, presidente da Federação Gaúcha de Futebol. Novelletto começou o ano dizendo que era obrigação dos times do interior vencer a Taça Piratini (1º turno) porque o Internacional iniciou o torneio com um time sub-23 para melhorar a preparação do time profissional, enquanto o Grêmio começou com o time B por conta da Pré-Libertadores. Enquanto os times menores recebem R$ 800 a R$ 900 mil para a competição, a dupla Gre-Nal fica com R$ 2,7 milhões cada um. Além disso, após a confusão do ano passado, acabou de vez o apoio do estatal Banrisul aos clubes menores - o banco segue patrocinando a dupla da capital.

Como fiz ano passado em Sapucaia, torcer a favor do São José, apesar do azul escuro do uniforme, não estava nos planos. Ainda mais com a presença do presidente pouco acima de onde eu fiquei. De recepcionado com um "Presidente" a xingamentos no segundo tempo. Passemos então à explicação dessa mudança a partir do que foi a partida.
Até camisa do Criciúma - e eu com a do CSA - no meio da torcida anilada
POUCOS LANCES NA ETAPA INICIAL
Com o jogo iniciado às 20h, apesar de ter visto em vários lugares a informação de que começaria às 20h30 - ao contrário do que estava no site da Federação -, algumas pessoas acabaram perdendo os lances iniciais da partida.

Um dos poucos remanescentes da boa campanha do ano passado, o volante Márcio Hahn reclamou muito da arbitragem após uma falta recebida, com direito a encarada face a face, e levou amarelo ainda aos 3 minutos. Hahn é capitão e um dos ídolos da torcida, sendo elogiado durante o jogo por alguns torcedores. Por que tanta descrição? Trataremos disso depois.

O São José manteve o "jeito de jogar", com o Novo Hamburgo tendo maior posse de bola, enquanto o Zequinha tentava aproveitar os contra-ataques. Aos 8 minutos, por pouco o Anilado não marcou por pouco. Escanteio cobrado da esquerda, o goleiro sai mal, toque para o gol, mas o zagueiro tirou em cima da linha. Apesar de uma ou outra reclamação da torcida, o jogo seguiu.

Boa troca de passes aos 13 minutos. Paulinho Macaíba, aquele mesmo que passou pelo CSA por três vezes - sendo a de maior sucesso a primeira, quando fez parte do time campeão alagoano de 2008 -, recebeu no ataque e tocou para Giuliano bater. A bola foi por cima do gol.

O jogo ficou truncado e o São José começou a achar mais espaços. Aos 18, escanteio para o Zequinha, a bola foi bem fechada e assustou a torcida local. Aos 30, Lucas Gaúcho, jovem de 21 anos formado pelo São Paulo, recebeu na entrada da área e tocou na saída do goleiro, mas para fora! 

O primeiro tempo seguiu sem gols até o final. Novo Hamburgo 0X0 São José.
Márcio Hahn observa os companheiros em campo no 2º tempo
OS CHEFES
Volta do intervalo e primeira substituição do jogo. Duas fileiras à minha frente, vibração de algumas mulheres porque um amigo ou parente entraria, o lateral Vinícius. Instantes depois, um jogador passa à minha frente e encontra a família, filho, esposa e outras duas pessoas que não consegui identificar o parentesco, que estavam sentados na fileira da frente. Márcio Hahn!

O filho perguntou porque ele tinha saído e a resposta, chateado, foi: "Porque o treinador quis". A esposa perguntou se ele estava machucado e nova resposta negativa. Hahn acompanhou a partida ali por cerca de 20 minutos, até ir ao encontro de algum amigo em outra parte das arquibancadas.

O Novo Hamburgo começou pressionando o São José no segundo tempo e foi desperdiçando oportunidades. Aos 9 minutos, Macaíba chutou para fora. Aos 15 e aos 18, em contra-ataques, Lucas Gaúcho exigiu boas defesas de Gott, provando que o Anilado deveria tomar cuidado na partida. 

O lance da partida, ver vídeo acima, poderia vir aos 24 minutos. Falta na entrada da área para o Novo Hamburgo, mas a bola passou por cima do gol. No lance seguinte, ataque do São José e o assistente deu toque de mão dentro da área. Pênalti.

Naquele momento, era o quinto marcado na 2ª rodada do Gauchão, sendo que os outros quatro haviam sido desperdiçados. A torcida anilada até vaiou, mas Cléber Oliveira bateu bem e abriu o marcador no Estádio do Vale. Novo Hamburgo 1X0 São José (ver abaixo).
O Novo Hamburgo passou a atacar de forma desorganizada, abrindo ainda mais espaços na intermediária. Algumas decisões duvidosas do árbitro da partida começaram a aumentar as reclamações da torcida. Um torcedor, bem próximo a Novelletto começou a reclamar ainda mais, a ponto de eu achar que iria na direção do presidente da FGF: "Para agradar ao Novelletto, bota esses merdas para apitar aqui". Um dos lances polêmicos veio aos 34, quando o zagueiro do São José afastou a bola com o pé lá em cima. O juiz indicou que foi na bola, o que não evitou os xingamentos da torcida, que via nessa decisão uma forma de "agradar ao chefe".

Para piorar, aos 36 minutos, o zagueiro Baggio falhou e deixou a bola limpa para Lucas Gaúcho tocar na saída do goleiro. 2 a 0 para o São José e a torcida do Novo Hamburgo começou a sair do estádio e xingar time, jogadores e diretoria, com coisas como  "Time sem vergonha" e "Adeus, Iiiiser". [Consta no Toda Cancha que Gilmar Iser e o vice de futebol Raul Hartmann foram demitidos após a partida]

O jogo terminou com vitória do São José por 2 a 0 para o Novo Hamburgo. De um lado, o São José lidera o Grupo B com 6 pontos ganhos em duas partidas, enquanto o Novo Hamburgo é o último colocado do Grupo A sem pontos marcados.


RESULTADOS
- 1ª RODADA: 19/01 - Inter 1X1 Passo Fundo; São José 1X0 Pelotas; Juventude 1X1 Lajeadense. 20/01:  Esportivo 0X2 Grêmio; Canoas 0X0 Caxias; Santa Cruz 1X2 Cerâmica; Veranópolis 3X1 Novo Hamburgo; São Luiz 0X0 Cruzeiro.

- 2ª RODADA: 23/01 - Cruzeiro 0X0 Santa Cruz; Cerâmica 1X2 Inter; Novo Hamburgo 0X2 São José; Passo Fundo 1X1 Juventude; Pelotas 1X3 Esportivo.

ATUALIZADOS DEPOIS: 24/01 - Caxias 2X1 Veranópolis; Lajeadense 2X0 São Luiz; Grêmio 1X2 Canoas.


* Para ver mais vídeos de jogo, acesse o nosso canal no Youtube: Futebol 2013; Aqui para ver as fotos do jogo; e nos siga pelo Twitter: @AndersonDGomes.

2 comentários:

  1. Tenho uma tia de primeiro grau e outros parentes em novo Hamburgo, sendo que meu primo de primeiro grau (colorado, como o pai dele, em uma familia gremista) tem um carinho especial por esse estádio, por motivos óbvios.
    É mais parecido com a condição de ser humano acompanhar jogos em estádios deste porte do que nos "grandes teatros' montados atualmente, uma outra maneira de se assistir os jogos, certamente, mas não sei dizer qual é a melhor, confesso.

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    1. Eu gosto dos estádios "menores" porque aquela história de mulher e criança não ir ao estádio nos dias de hoje é balela. Não é o caso do Estádio do Vale, que é novo, mas já fui a outros do interior que falta estrutura e isso é muito diferente para estes tempos de arena multiuso, "estádios-shopping". Se eu conseguir ir à Arena Grêmio pretendo ver a diferença.

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