segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Circo a motor - No caminho da Índia

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O circo aportou na Bélgica neste fim de semana com inúmeras expectativas e saiu de lá com mais algumas cenas para uma novela sobre a temporada 2009, que envolve até flash backs que darão o que falar - e o que escrever, já que ficará para um post ainda nesta semana.

Nas últimas semanas, a novela Caminho das Índias (TV Globo) atingiu sua maior audiência ("míseros" 39 pontos), após muitos jargões chatos de ouvir pela população... Mas o que isso tem a ver com a Fórmula 1?

Neste fim de semana, tudo! Graças à equipe Force India e um de seus pilotos, o italiano Giancarlo Fisichella.

FORCE ÍNDIA
Após a desastrosa corrida de Luca Badoer em Valência, surgiram boatos na imprensa europeia que a Ferrari substituiria o substituto de Felipe Massa no comando de um dos carros da equipe por outro italiano: o velho "Físico".

Além disso, o motor home, espécie de casa ambulante que as equipes utilizam durante as corridas, da Force India foi tomado por questão de dívidas de Vijay Mallya, um indiano bilionário que também sofreu com os problemas da crise econômica mundial.

Assim, interesse por um de seus pilotos + necessidade de dinheiro seria a fórmula mágica e perfeita para o atual momento da escuderia, que até então era a única que não havia pontuado no campeonato. Até então.

No melhor circuito da temporada, segundo os pilotos; no que tem a maior distância a ser percorrida por volta (7.004 m); no que tem em seu nome duas cidades (Spa e Francochamps) apesar de passar por outras duas; no que lembra o início das provas automobilísticas por ficar no interior de um país, justamente neste, o carro da equipe "resolveu" andar lá na frente.

Enquanto Galvão e sua turma resolveram apostar em Lewis Hamilton, que sequer passou para a parte final da classificação, a Force India colocava um de seus carros entre os dez que brigariam para largar na frente e o outro em 11º (Adrian Sutil).

E a surpresa não ficou por aí, já que Giancarlo Fisichella conseguiu a poleposition, à frente das também surpresas Jarno Trulli (Toyota) e Nick Heidfeld (BMW). Rubens Barrichello largou na quarta posição, numa situação confortável, já que Webber e Vettel largariam mais para trás e, principalmente, Jenson Button só largaria na 14ª posição.


MAS AÍ VEIO A CORRIDA (E O TRADICIONAL AZAR)
Logo na largada, pela terceira vez este ano, o carro de Barrichello não conseguiu entrar com a primeira marcha. Assim, o piloto brasileiro caiu para a última posição.

Pior para seu companheiro. Button vive uma crise no final de um campeonato que parecia ganho. Ainda na primeira volta se envolveu num acidente com Hamilton, Alguersuari (STR) e Grosjean (Reanult) e teve que assisti a diminuição de sua diferença para outros dois pilotos.

Enquanto isso, após a bandeira amarela e a entrada do carro de segurança, Kimi Raikkonen se aproveitou do impulso do kers para ultrapassar Fisichella e assumir a ponta para não largar mais até o final. Uma vitória que não vinha a 1 ano e meio!

Porém, não foi fácil, já que a diferença para o "Físico", que surpreendentemente teve ritmo de corrida para se manter em segundo, variou de 0,8 s a 1,5 s. Festa da equipe e até dos jornais indianos, que hoje traziam na capa "a primeira vitória da Índia na Fórmula 1".

Voltando a Rubinho, enquanto Vettel ia aos poucos chegando ao terceiro lugar, ele fazia ultrapassagens na pista. Ao final, quando estava na sétima colocação e bem perto do sexto, Kovalainen, viu o óleo do motor fazer fumaça atrás do carro. Devido a isso, passou mais de duas voltas tentando equilibrar a preservação do motor e não deixar que lhe ultrapassassem.

Após todas essas dificuldades, Rubens Barrichello chegou na sétima posição e manteve o segundo lugar no campeonato de pilotos, 16 pontos a menos que Jenson Button e com cinco corridas pela frente.

Tirada a tenda e os equipamentos da Bélgica, o circo tem apresentação marcada daqui a duas semanas no tradicional circuito de Monza, na Itália.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Circo a motor - O operário-padrão

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meses que espero uma vitória de Rubens Barrichello para comentar algo que um dos professores da Universidade havia falado numa das aulas. E esta vitória finalmente veio num final de semana de fatos inusitados: como a vitória do Sport após 41 dias e o gol do "jogador de IML" Fabinho Capixaba.

Enfim, meu professor de Assessoria de Comunicação, matéria que terminou no semestre passado, confessava que não gostava de esportes, mas acreditava que o marketing e a comunicação ligados a esta área deveria ser estudada com profundidade pelos resultados possíveis.

Após isso, em outra aula, ele falou que gostava do Rubinho, apesar da mídia brasileira e dos programas humorísticos sempre o terem tratado com chacota. Segundo o professor, Barrichello sempre foi o "operário-padrão" na categoria, afinal sempre fez o que era possível em seus contratos - nesta parte alguns risos foram ouvidos.

HISTÓRIA
E não deixa de ser verdade. Rubinho entrou na Fórmula 1 com bons resultados com sua Jordan em 1993, e era visto como sucessor natural de Ayrton Senna. Porém, ele não esperava que isso viesse tão cedo, após um GP em que ele mesmo quebrou o braço. Transformou-se num dia de esperança a campeão obrigatório.

Do início surpreendente na Jordan passou perto de ir ao ostracismo e desaparecer da Fórmula 1, até que surgiu a proposta de trabalhar com um ex-campeão mundial, Jack Stewart, que montava uma equipe. Apesar de alguns resultados muito bons para o carro regular, a fama de "pé-de-chinelo" já tinha se inserido nele e a´única vitória da equipe veio com o seu companheiro.

A grande mudança veio mesmo em 2000, com a sua contratação pela Ferrari para correr ao lado do alemão Michael Schumacher. Afinal, Eddie Irvine não conseguiu brigar pelo título de 1999 quando o alemão quebrou a perna no meio da temporada. Era a primeira vez de um brasileiro correndo no carro vermelho mais conhecido do mundo.

A única coisa que não poderia fazer era ser melhor que Schummi, quer dizer na classificação de pilotos deveria ficar "sempre atrás do alemão". E ser segundo lugar num país como o Brasil é o mesmo que ser "o primeiro dos últimos". Mesmo assim, como fiel escudeiro conseguiu ajudar a Ferrari a conseguir um título de pilotos que não vinha há duas décadas.

Até que a situação alegre e vitoriosa na equipe começava a trazer reclamações por baixo dos panos. Primeiro, o azar que o piloto sempre teve correndo no Brasil, a ponto de a equipe errar o cálculo dos combustíveis - após uma pane no sistema de computadores - e o carro parar quando o brasileiro estava em primeiro: pane seca!

A cessão do primeiro lugar na reta final para Schumacher, que nem precisava disso para ganhar o campeonato, num GP do Canadá (?). Além da queda de rendimento do carro, que fez com que o brasileiro abrisse o bico de vez faltando pouco mais de um ano para Schummi se aposentar. Com direito à ultrpassagem do alemão faltando duas curvas para acabar o GP de Mônaco, numa disputa por sexta ou sétima posição!

Rubinho saiu para a emergente Honda - o que acredito ter sido uma falha, já que dali a dois anos ele assumiria o primeiro posto na Ferrari. E não é que a equipe pouco ofereceu e foi caindo, caindo, até que acabasse de vez neste ano?

A sorte dele, o que garantiu que o piloto com maior quantidade de GPs disputados não saísse pela porta dos fundos da categoria, foi o convite de Ross Brawn para se manter no espólio da antiga Honda - que não o manteria para esta temporada. Carro novo, competitivo, mas a falta de sorte de sempre. Até este fim de semana.

FINALMENTE A 100ª VITÓRIA BRASILEIRA!

O treino oficial de sábado mostrou a superioridade dos carros McLaren, com a dobradinha de Lewis Hamilton e Kovalainen - o finlandês que sempre melhora no segundo semestre. A equipe britânica demorou mais que a Ferrari para chegar perto, mas chegou no primeiro nível. Barrichello conseguiu a terceira posição, só que pararia depois dos primeiros colocados.

A Brawn GP aparetnava uma melhora muito boa e, por incrível que pareça, após desistir das "inovações" aplicadas ao carro durante a temporada. Prova que realmente o carro projetado no início do ano era/é muito bom.

De início, a estratégia da equipe inglesa foi de segurar Barrichello, forçando Kovalainen a andar mais devagar do que podia com pneus duros, que deram vantagem à equipe. Assim, Hamilton abria em relação ao brasileiro.

Após o primeiro pit stop, Barrichello conseguiu não só a primeira colocação, como diminui bastante a diferença de Hamilton, lembrando as "voltas de classificação" do bom e velho Schummi.

A segunda parada foi que "resolveu" tudo. O piloto inglês apareceu no pit de "surpresa" e a equipe não tinha o pneu dianteiro direito à disposição. Segundos que permitiriam que Rubinho assumisse a liderança de forma tranquila, apesar do brasileiro ter esta possibilidade nas voltas que antecederiam sua parada.

Mesmo assim, quase tudo vai por água abaixo já que um carro estourou o pneu traseiro esquerdo e se ficasse parado na pista permitiria a bandeira amarela em todo o circuito. O que fez com que o brasileiro antecipasse a parada.

Como não houve necessidade de safety car, bastou ao piloto da Brawn controlar a diferença entre 4,5s e 6s e conseguir uma vitória após 84 GPs. A sua 10ª na carreira e a de número 100 dos brasileiros (Emerson Fittipaldi, José Carlso Pace, Nelson Piquet, Ayrton Senna, Rubens Barrichello e Felipe Massa) na categoria, justamente quando só tinha um piloto nacional correndo.

CAMPEONATO

Com a vitória, a quebra de Vettel, o sétimo lugar de Button e o nono de Weber, Rubinho reassume a segunda posição no campeonato e diminue a diferença para dezoito pontos.

Se ele brigará ou não pelo título, para mim sua grande chance na carreira, é a partir do próximo GP, já neste fim de semana, na Bélgica, é que saberemos. Além do que, por ser mais frio, a tendência é que as Red Bull voltem a disputar as primeiras posições.


terça-feira, 18 de agosto de 2009

As Muitas Últimas Coisas

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ACENDE


"As ...Últimas Coisas traz à cena quatro personagens que vivem confinadas em um manicômio. Nesse espaço, distantes do mundo exterior, elas têm apenas umas às outras; têm apenas suas dores, fomes, perdas. Isoladas, e com as forças que lhes restam, elas se agarram febrilmente ao que têm, mesmo que tudo o que lhes tenha sobrado seja apenas fruto de sua imaginação".


É assim que a Cia. Ganymedes dá o enredo da nova apresentação da companhia teatral, que já teve duas apresentações através do Projeto Quarta no Arena, em junho, e que estará até este final de semana no Teatro de Arena em temporada iniciada semana passada.

A primeira coisa a se comentar é o nome As muitas últimas coisas. Não sei porquê, mas já o troquei por "As últimas muitas coisas" algumas vezes, apesar do título original ter mais sentido. Afinal, a história é baseada em personagens que vivem num manicômio, local em que as famílias colocam pessoas dentro e poucas vezes voltam para levá-las. Ou seja, o início do fim, por mais novos que sejam.
APAGA
Cada personagem carregam em si um "tipo" de loucura diferente: o psciopata "35" (Igor de Araújo); a suave e infantilizada Mocinha (Nilton Resende); o visivelmente atormentado Paulo (Igor Araújo); e a "normal" Cida (Lucy Oliveira).

Mas, em nossa opinião, o grande destaque está para trinta-e-cinco. Cada entrada do personagem em cena era garantia de risos, por mais escabrosa que fosse a sua ironia. O mais incrível é que se fôssemos realizar uma entrevista em separado com cada espectador antes da peça, todos talvez respondessem "ser contra qualquer tipo de violência" ou que "com isso não se brinca".
ACENDE OU APAGA, VOCÊS TÊM QUE DECIDIR
Os grandes momentos da personagem eram os monólogos sobre os fatos de um ex-universitário assaltar ou praticar violência sobre outras pessoas. Na primeira, deixa-se claro a crítica à falta de segurança em qualquer lugar, até mesmo em condomínios, quando ele resolveu assaltar vestido de entregador de pizza.
ACENDE
Apesar de só ter conseguido no último andar, ele molesta sexualmente uma das moradoras do local que preferiu abrir a porta em vez de falar logo que "ninguém pediu pizza aqui". Antes de sair, ele ainda deixa um recado: "Não abram a porta para estranhos!". Garantindo os risos do público.

Outro momento é quando ele lembra a época de universidade, quando um professor lhe deu 1,75 e o respondeu ao questionar sobre um arredondamento da nota: "nem 1,7 nem 1,8, 1,75". Anos depois ele encontra o professor, quando thirty-five já é um criminoso, um pouco antes de entrar no carro com a espora.
APAGA
35 entra por trás no carro de forma que o casal não vê e mostra a faca para a mulher, pedindo o dinheiro. O professor pede para não fazer nada com a esposa, pois estava grávida. Friamente, ele rasga a barriga de ponta-a-ponta e afirma: "Agora não está mais".

Pede para que ele saia do carro e fica agachado, como na época das punições medievais. "Puxa a espada" e acerta o pescoço do antigo professor, mas o pescoço ainda fica pendurado. Tenta de novo, e nada de cair. Até que ele desiste, pega uma fita métrica e mede a quantidade de pele que ficou: "1,75. Nem 1,7, nem 1,8, 1,75".

Cômico se não fosse trágico, não? Pois é este a personagem que o público mais riu. Méritos de Igor de Araújo, que conseguiu equilibrar o lado perverso com a fina ironia que muitos carregam mesmo para momentos tão trágicos.
ACENDE OU APAGA
Paramos por aqui para não contar mais momentos tão interessantes quanto. As frases "Acende", "Apaga" e "Acende ou apaga, você têm que decidir" deram início e fim à peça. E você, prefere acender o riso, mesmo em descrições trágicas, ou apagar a alegria em casos específicos?

Acende ou apaga, vocês têm que decidir.

Local:
Teatro de Arena Sérgio Cardoso
(anexo ao Teatro Deodoro)

Data e Horário:
21 e 22/08 - 20h
23/08 - 17h
Ingresso:
R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)

Teatro e Música:
A Cia. Ganymedes agregará um evento extra às apresentações dos domingos (16 e 23/08):
no dia 23, também após o espetáculo, o músico Marcelo Marques (responsável pelas trilhas musicais da Cia. Ganymedes) apresentará composições suas e da banda Gato Zarolho, acompanhado de músicos convidados.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Uma nova magia

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Após críticas de um colega ligado à cultura em relação aos aficcionados pelo futebol, coincidentemente, assisti a duas pessoas num mesmo final de semana e comentarei sobre ela por aqui. Provocações à parte, é bom que se explique que já havia planejado assistí-las antes.

Com uma peça na sexta e outra no sábado, a Cia. Ganymedes mostrou em Alagoas um projeto inédito, o "Repertório" desta nova companhia de teatro alagoana. No primeiro dia, a peça "O Mágico" - baseada na obra Mário e o Mágico, de Thomas Mann -, a qual já havia assistido outras duas vezes em dois locais diferentes. No segundo dia, a mais recente encenação da companhia, "Os Muitos Últimos Dias", que revela o mundo de uma clínica de "tratamento" psiquiátrico.

MAS o assunto deste post é "O Mágico", peça que havia assistido duas vezes em 2007, no Teatro Jofre Soares e, no ainda em interminável reforma, Teatro Deodoro. Quatro personagens bastante conhecidos - o mágico Cipolla (Nilton Rezende), José (Igor Vasconcelos), Dona Cláudia (Simone Maria) e o marido de Dona Cláudia (Igor de Araújo) - e um enredo que, ao menos eu esperava, conhecia todos os detalhes. Assim, não acreditava em algo que me surpreendesse.

Pórém, uma nova magia apareceu nesta nova encenação, algo que marcou o seu início e o seu fim. Nada como o teatro, algo que permite que vejamos o mesmo de novo sempre de uma forma diferente, porque tanto quem a faz como por quem a assiste são pessoas também "diferentes", com novas influências. Como colocado na descrição da peça no site do grupo:

"Em nossa adaptação, na busca da condensação necessária para a tradução dramática, fundimos personagens, mas tentamos manter a natureza alegórica do original de Mann, buscando resultar em um espetáculo polissêmico, uma vez que é característico da alegoria o poder ser lida de diversos modos: uma alegoria não é enigmática, pois é característico dela o estar ao alcance de muitos — pode ser vista em sua superfície, em sua fábula; pode ser escarafunchada, caso esteja sendo lida por um leitor com escafandro. Sua interpretação depende do arsenal do leitor."

Desde a sua primeira encenação, o destaque é a representação de um show de magia. O fato de o público da apresentação de Cipolla ser tratado como que refletido no público real sempre traz aquela sensação de "será que ele está falando comigo?"

E no dia 07, um novo motivo apareceu para maximizar o "medo" das pessoas em participar do espetáculo. Afinal, são poucos os que realmente desejam ir para o centro de um palco, talvez pelo receio de virar motivo de risadas ao invés de aplausos.

O PÚBLICO de Cipolla representa a sociedade: o deboche de Dona Cláudia, o machismo do seu marido e a coragem em defender "a moral e os bons costumes" de um José que se mostrará traiçoeiro. Sérá que já não vimos determinadas cenas antes?

E o que falar sobre o protagonista, esta representação humana do total controle sobre as demais pessoas? Representação de como manipular outros iguais pode ser tão fácil (e tão trágico). O baile bizarro do esposo de D. Cláudia é a melhor prova disso. Quantos são os que bailam diariamente conforme o que se diz na mágica televisão?

Uma das melhores cenas, em nossa opinião, é o controle que Cipolla exerce sobre D. Cláudia. Em seu jeito sarcástico de ser, finge não saber escrever para não ajudar o mágico. É a deixa para que ele recite, com indignação, uma forte crítica "a uma sociedade tão boa, com pessoas tão distantes, que jamais poderia ter pessoas que não soubessem escrever".

Bem que esta sociedade poderia ser a alagoana, mas também poderia ser tantas outras do mundo. E esse reconhecimento é o que mostra as gritantes relações sociais que o homem desenvolveu ao longo do tempo. Afinal, o livro que foi adaptado para esta peça, Mário e o mágico, foi escrito por Thomas Mann em 1930, há 80 anos atrás!

Naquela época, facismo e nazismo já se mostravam como uma opressão que surgiu como resultado da opressão a dois povos do mundo no pós-guerra. Povos estes sedentos por um auto-reconhecimento e pela demonstração de que poderiam ser melhor que os outros. E hoje, será que governos assim só poderiam ser exemplificados em ditaduras mostradas diariamente (China, Coréia do Norte ou Cuba)?

Assim, a peça se baseia num livro que

"[...] lança uma espécie de manifesto contra nossa possível mornidão frente ao que nos rodeia: injustiças de toda monta, política insidiosa, totalitarismos vários — camuflados ou não.
"Um trecho de Mario e o mágico bem ilustra isso: 'É verdade, a alma não pode viver de não querer. Não querer fazer alguma coisa é insuficiente para preencher uma vida. Não querer alguma coisa está bem próximo de não querer mais nada, e, logo, de fazer assim mesmo o que uma outra vontade impõe'".

Sinal que se o homem conseguiu evoluir como nunca antes neste período, com direito à viagem à Lua e à descrição do Genoma da espécie, parece que em outras coisas o retrocesso é cada vez maior. A desigualdade ainda impera numa sociedade em que bilhões precisam fazer mágica para poder sobreviver, mesmo que sem moral alguma. Até quando? É uma pergunta que muitos se fazem, junto com o como mudar.

Mais informações sobre esta peça, visite o blog criado sobre ela pela Cia. Ganymedes: http://ciaganymedes-omagico.blogspot.com/

*Ah, sobre a nova magia da peça, pensem na mais simples delas, quer dizer, na que os mágicos aprendem primeiro.


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

“Não serás acompanhado!”

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“Não serás acompanhado! Ninguém sentará ao teu lado, falará contigo”. Parece que essas frases são ouvidas por mim diariamente. Como a maioria das pessoas que me “conhece” sabe, não sou de muitas relações interssociais. Tenho os meus motivos, toda uma construção sócio-histórica “à favor” disso.

No entanto, tem dias que por mais que eu não queira companhia, as pessoas se aproximam, conhecidos aparecem no meio do ônibus, ou simplesmente um louco resolve falar comigo no ponto-de-ônibus. Por mais incrível que seja, fico impressionado com a quantidade de pessoas que resolvem, do nada, falar comigo em locais públicos.

Paremos por aqui. O assunto da crônica não será esse. Mas justamente quando o mundo parece conspirar comigo mesmo e me deixar mais solitário do que nunca, mesmo que esteja em ambientes lotados de pessoas.

Foi o caso da sexta-feira passada. Fui a um lugar em que imaginava topar com colegas da universidade e até, dependendo, da companhia deles, acompanhar o evento com outras pessoas. O motivo de tanta “certeza” era que ia acompanhar duas peças, uma na sexta e outra no sábado, com a participação de um ator que foi professor nosso e é muito querido por todos.

Como saí direto do estágio, acabei por chegar muito cedo, uma hora antes de a peça começar. Aproveitei para comer algo e esperar que o tempo passasse mais rápido. E quando a gente quer que o tempo passe, parece que ele resolve nos perturbar e demora uma “eternidade” para passar.

Antes disso, quando fui comprar o ingresso, apresentei o meu comprovante de matrícula e eis que encontrei alguém que também passou pelo COS/Ufal. A pergunta? A de sempre: “continua a mesma bagunça por lá?”. Cuja resposta, infelizmente, continua a mesma.

Até que após não ter mais placas de homenagem para olhar, a sala do modesto Teatro de Arena – que fica ao lado do, eternamente em reforma, luxuoso Teatro Deodoro – se abriu.

Já tinha ido a outras peças da Cia. em questão, a Ganymedes, e sempre com excelentes públicos, diferente desta sexta-feira. Pouco mais de trinta pessoas: senhores de idade, adolescentes, casais – muitos deles espalhados – e jovens.

Tentei sentar num local que desse para ficar de frente à encenação, algo que é difícil de se saber ao certo devido ao formato “pianístico” do palco. Terceira fileira, quase em frente à sala de controle da iluminação e do som.

Mais alguns minutos e a peça começaria. Porém, a minha atenção se desviou para um curioso detalhe. Ninguém, além de mim, sentou-se naquela fileira. Os minutos passavam, algumas pessoas chegavam e nada de sentar ali. Será que eram os “deuses do teatro” que resolveram dizer “Não te acompanharás!”?

Um casal, com certa idade, entrou e se dirigiu à fileira de trás. Discutiam quem estava certo sobre o lugar em que deveriam ficar, apesar de ambos dizerem “você quer ficar aí? Tudo bem, mas...”. Até que o marido – eita sociedade patriarcal! – definiu onde ficariam.

Na fileira da frente chega um casal com dois capacetes vermelhos, que logo me lembraram o acidente de Felipe Massa, semanas atrás, na Fórmula 1. A minha curiosidade desviou o olhar para a viseira dos capacetes e que aqueles dali não aguentariam um tiro como os do automobilismo.

Outro casal, acho que o de pessoas mais novas por ali, era só carinhos sentados na primeira fila. Era foto para lá, beijo para cá. E um grude só.

Não consigo ficar parado, sem mexer em nada. Voltei muitas vezes a atenção para a minha mochila, com os meus chaveiros e o broche da Copa do Mundo do ano que vem. No teatro nem adiantava tentar organizar os papéis do interior do bloquinho, já tinha feito isso após lanchar no Café do Teatro.

Só restava olhar para o palco, com a cadeira, a mesa, os cigarros, o cinzeiro e a garrafa de vinho lá colocados e esperar que a peça começasse. E nada de ninguém sentar ao lado.

Não precisava ser ao meu lado, junto. Mas era muito estranho que dentre apenas seis ou sete fileiras, apenas uma entre trinta e quarenta pessoas resolvesse ter sentado ali.

As últimas pessoas entram para assistir a peça. As luzes abaixam e Cipolla, José, Dona Cláudia e o marido de Dona Cláudia entram em cena. As atenções de todos têm que ir para lá, onde a minha não foge.

Ah, minutos depois da peça três jovens sentam na fileira, quase que na ponta. Talvez tenham feito isso porque a peça já havia começado e os “deuses do teatro” estavam muito concentrados com a encenação.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Mídia tosca

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- Devido à falta de tempo e até de vontade para escrever aqui, os posts começam a rarear, mas continuamos fazendo o possível. E nesta semana temos mais erros da imprensa:

1. O primeiro erro vem do site Alagoas em Tempo Real. Primeiro não, afinal são dois os erros percebidos em conjugação de verbos, além do visual muito ruim dos parágrafos, especialmente os iniciais.

2. Não tenho nada a favor do regime "comunista" norte-coreano, mas não o conheço bem para afirmar o que o pessoal do G1, nesta matéria reproduzida pelo Gazetaweb, colocou. Vai um psiquiatra aí?
3. Piada. Só pode ter sido alguma peça que o pessoal do jornalismo do Gazetaweb queria passar em alguém. Valeu, Bruno, por ter indicado este bizarro erro.

4. Geralmente alguns sites colocam links com assuntos próximos ao da matéria principal para quem quiser conhecer um pouco mais. O problema aqui no site Primeira Edição é que copiaram tudo, colaram no site e não viram como ficou.

5. Um erro que vem do site governamental, Agência Alagoas, e que foi repetido ao longo da semana com a ginasta DanielLE Hipólyto.