sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

2023.14 Manifesto Comunista em quadrinhos

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 "Manifesto Comunista em quadrinhos" foi uma das minhas compras da Bienal do Livro de Alagoas. Esse tipo de representação é importante para que a obra alcance diferentes pessoas. Neste caso, temos um traço voltado a um público mais adulto, pois Martin Rowson conseguiu trazer a crueldade do modo de produção capitalista em sua representação da obra clássica de Karl Marx e Friedrich Engels.

Referência

MARX, K; ENGELS, F. Manifesto Comunista em quadrinhos. Adaptação e ilustração de Martin Rowson. São Paulo: Veneta, 2019.

domingo, 26 de novembro de 2023

2023.13 João do Quebra-Queixo

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"O carro do quebra-queixo passando em sua porta". Dentre vários sons da minha infância/adolescência, a música gravada do senhor que passava com o quebra-queixo na porta de casa é uma que segue na minha memória. O livro de Hellen Christina, que acompanha seu João do Quebra-Queixo nas ruas de Viçosa-AL nos faz conhecer o trabalho e a sociabilidade das pessoas que saem cedo para percorrer as ruas de determinada cidade para vender algo.

Em "João do Quebra-Queixo" observamos a autora trazer a Antropologia dos conceitos, do inteligá-los com o cotidiano e de uma sociabilidade que faz pesquisadoras/es andarem nas ruas e nas calçadas para apresentar personagens do dia a dia- algo que parece faltar cada vez mais no jornalismo. Do quebra-queixo ou dinheirinho que acabava sendo oferecido às conversas com e sobre as pessoas.

Referência

CHRISTINA, Hellen. João do Quebra-Queixo. Arapiraca: Performance, 2023.

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

2023.11 O Negro no Futebol Brasileiro/ 2023.12 E a Boca do Luxo entra em campo

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 O Negro no Futebol Brasileiro é um clássico sobre este esporte no país, especialmente ao tratar do período de difusão e da estruturação do profissionalismo no Brasil até a década de 1950 - considerando que esta edição parte da atualização feita por Mario Filho. 

Na parte acadêmica dos estudos sobre futebol, creio eu que consolidada nesta década, o livro gera muitas discussões. É possível considerá-lo como algo de registro histórico que é necessário seguir para analisar academicamente este período? Ou, enquanto algo escrito das memórias e escolhas de um jornalista esportivo, é um referencial histórico a ser lido com alguns cuidados em termos de pesquisa?

Saio da primeira leitura d'O Negro no Futebol Brasileiro mais para a segunda opção, por considerá-lo como registro importante, dada a falta de outras fontes e articulação global e histórica estabelecida por Mario Filho para a primeira metade do século XX. Gostei especialmente da ode a Pelé que encerra o livro, o que inclui comparações ao Garrincha. 

Além disso, esperava algo diferente do prefácio da primeira edição, de Gilberto Freyre, algo que talvez tenha que reler novamente com maior atenção e anotações. Quem sabe também depois de uma lida em Casa Grande e Sensala.

Referência

MARIO FILHO. O Negro no Futebol Brasileiro. 5. ed. Rio de Janeiro: Mauad X, 2010.

Seguindo nos comentários sobre poucas fontes, cheguei nos quadrinhos "E a Boca do Luxo entra em Campo", que é de Lu Castro e Lalo Souza e trata o período em que o futebol de mulheres era proibido por decreto no Brasil - mas nem por isso ficou sem ter jogo, algo relevante que pesquisadoras brasileiras cada vez mais destacam.

Trata-se de uma ficção criada a partir de notas de jornal sobre o torneio de boates de São Paulo realizado em 1979. A história é protagonizada por Isabel, capitã de um dos times e fissurada em futebol, jogado nos dias de folga da boate.

Gostei bastante do material gráfico e do roteiro, creio que é mais uma excelente produção para discutir vários temas sobre a mulher brasileira, com o futebol incluído.

Referência
CASTRO, Lu; SOUZA, Lalo. E a Boca do Luxo entra em campo. São Paulo: Ed. dos Autores, 2023.

sexta-feira, 21 de julho de 2023

2023.9 Quando a saudade me visita/ 2023.10 Oryx e Crake

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"Quando a saudade me visita" chegou até mim ainda na campanha de financiamento. É uma coletânea de crônicas de um colega de pesquisa de esportes, cujas crônicas sobre futebol e outros aspectos da vida já conheço de Ludopédio e mídias sociais.

A crônica é um tipo de texto que facilita bastante a quem tem menos tempo para leitura, pois as histórias são mais curtas. Ao mesmo tempo, trata de situações do cotidiano, cujo objetivo é trazer quem lê para a sensação daquele momento da história - alegria, tristeza, amor e, neste caso, saudade. Phelipe margeia especialmente pelo amor e pela saudade da mãe e do pai, falecidos. Livro para ler pensando nas nossas pessoas queridas.

Referência
CALDAS, Phelipe. Quando a saudade me visita. João Pessoa: Ideia, 2020.

Há alguns anos, antes de ter a série, que li "O conto da Aia", de Margaret Atwood. Uma realidade distópica que, ao passar dos anos, parecia não ser tanto assim e cada vez mais possível. Vi a série nas penúltimas férias, no início do ano, o que me fez querer voltar a outros livros da autora. Comprei dois, terminei um.

"Orix e Crake" segue a trajetória distópica, aqui até mesmo pós-apocalíptica, de Atwood. Acompanhamos em paralelo a história de Jimmy/Homem das Neves desde uma sociedade com o desenvolvimento científico e tecnológico avançado, mas seguindo a interesses individuais (pessoas e/ou corporações), até o que seria um novo "Jardim do Éden", com novas espécies, inclusive humanas.

As idas e voltas entre passado e presente são uma marca das obras da autora. Aqui, gerou certo incômodo para mim na primeira metade, mas foi algo compreensível e justificado para se chegar a um final que se mostra aberto.

Referência
ATWOOD, Margaret. Oryx e Crake. Rio de Janeiro: Rocco, 2018.

quinta-feira, 29 de junho de 2023

2023.8 Salvar o Fogo

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 "Salvar o Fogo" é o livro seguinte de Itamar Vieira Júnior após o bestseller "Torto Arado". Aqui, vemos um formato que é marca do autor: livro dividido em partes, com cada uma delas narrada por alguém que tem peso de protagonista ou com foco numa das pessoas.

Trata-se da história de uma família inicialmente pequena produtora rural num território pertencente, ou que passa a pertencer, à Igreja Católica, com referências explícitas à caça de pessoas de outras crenças religiosas e certas situações que envolvem a escola para crianças da localidade. 

Um elemento que segue presente no interior do Nordeste é a migração para a "cidade grande" em busca de melhores condições de vida a partir de qualquer tipo de trabalho. O que, na prática, leva a subempregos e moradias em regiões periféricas, transformando o sonho em uma rotina de trabalho tão dura quanto à da zona rural.

Referência

VIEIRA JÚNIOR, I. V. Salvar o Fogo. 2. ed. São Paulo: Todavia, 2023.


sábado, 17 de junho de 2023

2023.6 Clube-empresa/ 2023.7 O pacto da branquitude

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Demorei tanto para ler "Clube-empresa: abordagens críticas globais às sociedades anônimas no futebol" que neste tempo aprovaram a Lei da Sociedade Anônima do Futebol no Brasil, venderam algumas SAF de clubes brasileiros. Olha que conheço organizador e parte dos autores.

Porém, este tempo entre publicação (2020) e leitura (2023) me ajudou a perceber o quanto os capítulos do livro organizado por Irlan Simões seguem atuais. Vemos a difusão do capital de países como Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos e Abu Dhabi; a ramificação do modelo de multipropriedade de clubes; e alguns dos problemas vistos em outros países ocorrerem aqui no Brasil a partir da SAF.

Referência

SANTOS, Irlan Simões da Cruz. (Org.). Clube empresa: abordagens críticas globais às sociedades anônimas no futebol. Rio de Janeiro: Corner, 2020.
Cida Bento destaca em "O pacto da branquitude" um elemento que é muito importante para nós, brancos: entender que há um privilégio histórico a partir da naturalização do branco como ser humano. Quer dizer, o branco se entende e é entendido não necessariamente como raça, pois vê as demais pessoas sempre como o "outro" frente ao "normal".

O conjunto de exemplos descritos no livro a partir da experiência de trabalho e de militância da autora revelam bastante do longo caminho a se percorrer quando se trata de raça na nossa sociedade, mas sempre com muita luta por negras e negros contra as desigualdades ainda mais desiguais no modo de produção capitalista.

Referência
BENTO, C. O pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.




segunda-feira, 3 de abril de 2023

2023.4 Esporte e Sociedade/ 2023.5 Os vilões do futebol

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Simoni Lahud Guedes foi a pioneira dos estudos em futebol nas Ciências Humanas e Sociais, ao defender dissertação com material sobre o tema ainda em 1977 e estar entre as autoras com capítulos no livro "Universo do Futebol", publicado 5 anos depois, mas considerado como o marco das publicações sobre este esporte.

Depois da tese, tinha a dissertação de Guedes como uma leitura necessária em meio à busca por fortalecer a minha formação nos estudos (clássicos) sobre o futebol no Brasil. Porém, não está em repositório institucional e, como descobri com "Esporte e Sociedade: A contribuição de Simoni Guedes", não é possível encontrar sequer impresso porque foi uma das perdas do incêndio do Museu Nacional, em 2018.

Ler este livro organizado por Ronaldo Helal e Leda Costa me ajudou a identificar os caminhos teóricos de Guedes, além de confirmar uma percepção que tive na única vez em que a encontrei em eventos, a sua importância e força enquanto pessoa na formação e no desenvolvimento de pesquisadoras/es e em pesquisas deste campo científico.

Referência:
HELAL, R.; COSTA, L. (Orgs.). Esporte e Sociedade: A contribuição de Simoni Guedes. Curitiba: Appris, 2022.


Seguindo as leituras sobre futebol a partir do viés acadêmico, li "Os vilões do futebol: jornalismo esportivo e imaginação melodramática", resulado da tese de Leda Costa. 

Eu imaginava que o objeto em si não iria me interessar diretamente para o que estudo, mas todo o contexto sobre o jornalismo esportivo, sim, de maneira aplicada à construção de narrativas e dos vilões no futebol brasileiro. Assim como, representa auxílio para estudar narrações de jogos de clubes alagoanos, elemento de pesquisa de iniciação científica que coordeno, pois a autora se atenta em diversos momentos aos jogos ao vivo de Copas do Mundo.

Referência:
COSTA, L. M. da. Os vilões do futebol: jornalismo esportivo e imaginação melodramática. Curitiba: Appris, 2020.



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

2023.1 Campo de Terra, Campo da Vida/ 2023.2 Brasil 50/ 2023.3 As margens e o ditado

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O período prévio à Copa do Mundo de 2022 até depois do final foi marcado por uma série de livros sobre futebol a serem lançados. "Campo de Terra, Campo da Vida: Alternativas de resistência negra e o Negritude Futebol Clube" foi um deles.

Diferente dos temais, mais voltados a recontar uma história num fazer jornalístico ou ensaístico, a obra de Roberta Pereira da Silva é resultado de uma pesquisa de pós-graduação em Serviço Social, com relatos das idas e vindas do projeto até à execução.

Trata-se de um objeto bastante interessante para a perspectiva crítica dos estudos sobre o futebol por, como demonstra a autora, parecer ser a alternativa ao futebol profissional e suas grandes contradições político-econômicas - ainda que as socioculturais de algo dentro do capitalismo ainda persistam.

Referência

SILVA, R. P. da. Campo de Terra, Campo da Vida: Alternativas de resistência negra e o Negritude Futebol Clube. São Paulo: Editora Dandara, 2022.


Outro desses lançamentos foi "Brasil 50: Retratos de uma Copa do Mundo além do Maracanazo", de Toni Padilla, traduzido e editado aqui pela Grande Área, editora especializada em futebol. 

Eu construí ao longo das décadas uma relação especial com a Copa de 1950, a final com "silêncio de mais de 200 mil pessoas", então sempre me interesso por livros que tratem desse mundial. Aqui, temos uma proposta um pouco diferente, pois Padilla não se prende apenas às histórias sobre heróis uruguaios e vilões brasileiros - e vice-versa -, ampliando a narrativa com personagens de diversos países, jogadores ou não.

Faço a ressalva, entretanto, que há alguns lugares-comuns no meio de alguns relatos sobre o Brasil, ao menos alguns sinais de alerta e atenção acenderam para mim.

Referência

PADILHA, T. Brasil 50: Retratos de uma Copa do Mundo além do Maracanazo. Campinas: Grande Área, 2022.

A tetralogia napolitana me fez ficar atento à qualquer obra da italiana (desconhecida) Elena Ferrante. De lá para cá, li tudo, inclusive infantil e algo mais voltado aos ensaios. Este "As margens e o ditado: Sobre os prazeres de ler e escrever", inclusive, é um livro de palestras que ela "daria" - a partir da intervenção artística de uma atriz.

Os três primeiros capítulos, que compõem uma das palestras, são maravilhosos por tratarem da experiência dela com vários questões sobre a escrita. Parte de distintas referências para se entender enquanto escritorA. Uma mulher escrevendo dentro de uma cultura de autorEs, inclusive para a sua própria referência.

É curioso como não saber quem ela é de verdade não nos impede de perceber certas coisas, mesmo nos romances, que ela retoma aqui sobre o seu processo de escrita. Há uma naturalidade que gera intimidade com quem lê. Leitura, até pelo formato e diagramação, rápida.

Referência
FERRANTE, E. As margens e o ditado: Sobre os prazeres de ler e escrever. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2023.