domingo, 27 de maio de 2012

[Em busca do El Dorado] Mais uma "primeira" aula

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Há algumas semanas fui convidado para dar aula no curso de Especialização em Televisão e Convergência Digital, que é organizado pelo grupo de pesquisa o qual faço parte. Quer dizer, (como aqui é um espaço meu, eu posso dizer isso) fui convidado porque as opções anteriores não poderiam. Juntando a necessidade de recursos extras, após as despesas extras e inesperadas deste mês de maio, com a importância de ter uma maior prática docente, topar era algo necessário.

Não seria a minha primeira experiência do outro lado numa sala de aula de Comunicação - ver a outra aqui. A diferença é que ao contrário dos dois semestres de Radiojornalismo 1, no ano passado, estariam na minha frente profissionais, com quase toda certeza com maior experiência na lida jornalística do que eu.

Acordar cedo (6h) significa ver isso do lado de fora
Seriam oito horas de trabalho, em dois turnos, para dar aula sobre "Regulamentação e Políticas de Comunicação". Confesso que, por ter contato frequente com o tema - desde a Graduação, seja no movimento estudantil ou na produção acadêmica - não tinha muita preocupação em falar durante tanto tempo sobre o assunto. Além do que geralmente o que ocorre é que falta tempo para que eu possa apresentar as minhas pesquisas. Um assunto tão necessário quanto esse, então...

Porém, uma coisa é eu ficar tranquilo e outra bem diferente é o "ambiente externo" me garantir tamanha tranquilidade. Em meio a milhões de tarefas cotidianas, acrescidas a problemas de ordem técnica que o fazem "perder" dez dias de trabalho, alguns auxílios podem parecer, e virar, aquela pressãozinha. Por mais que a intenção não seja essa.

Se a minha ideia inicial era trabalhar no plano de aula durante toda a sexta-feira, acabei iniciando isso alguns dias antes. Realmente, oito horas para falar para um mesmo conjunto de pessoas e sobre um "mesmo" assunto é muita coisa.

As minhas primeiras definições foram sobre como dividir a aula, de maneira a não ficar muito cansativo e, principalmente, muito cansativo. Porém, mesmo que imaginando que as pessoas não tenham tanto conhecimento sobre políticas de comunicação no Brasil - pelas barreiras mais que óbvias -, tentar estabelecer um diálogo com os alunos, que já deveria ser "obrigatório" para qualquer professor, é ainda mais para um assunto que nos puxa um pouco do lado manifestante social.

Afinal, o que adianta ter um posicionamento político-ideológico bem definido, ser contra a centralização do conhecimento, mas falar, falar e nada de saber se o "público" entendeu pelo menos a ideia central dessa discussão, não é mesmo?

DIVISÃO DA AULA
Eles também regulam a comunicação...
Pensando na melhor forma de apresentar o assunto, resolvi dividir a aula em duas partes. Na primeira, tratar sobre as políticas de comunicação no mundo, tendo como referencial dois "entendimentos" diferentes sobre a comunicação: o Reino Unido (com forte presença pública) e os Estados Unidos (com forte presença do mercado). Depois disso, mostrar como esse debate passou a ser incluído - e depois "esquecido" - nas discussões dos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, com claro destaque às discussões da UNESCO. De maneira a finalizar com a situação de "bungas-bungas" e Murdochs do mercado transnacional atual.

Ah, é bom explicitar que antes de iniciar pra valer, tentei mostrar através de outras políticas públicas a importância de as mesmas existirem. O caso do Estados Unidos, que tem órgão regulados da comunicação desde a década de 1930 (!) serviu para alicerçar as diferenças entre censura, como querem os grandes meios brasileiros, e a necessária regulação de bens/serviços públicos, como é o espectro eletromagnético e deveria ser o direito de se comunicar.

Confesso, mais uma vez, que imaginei que talvez não fosse possível apresentar tudo o que tinha preparado para a primeira metade da aula, a manhã. No final das contas, até que consegui controlar bem o tempo e apresentar tudo o que tinha determinado. Fomos todos almoçar para voltar em uma hora (é, a "folga" é curta mesmo).

Para a segunda parte, à tarde, até mesmo pelo cansaço que tenderia a aparecer pós-almoço, encaixei alguns vídeos - caso do "Liberte sua voz", do Intervozes, e da edição final do "Direitos de Resposta". Por mais que uma boa parte da turma participasse das discussões, a tarde foi de maior "monólogo" por este que vos escreve. Acabei tendo que, por uma das poucas vezes - senão a primeira -, tendo que improvisar mais para cumprir com um tempo mais esticado do que seria necessário.

Nas horas do "improviso", nada como apresentar um programa de debate sobre a mídia toda a semana. Das pautas mais expostas em redes sociais àquelas que só quem acompanha mais de perto pode saber, determinados acontecimentos ajudaram a tentar incentivar uma discussão, inclusive, sobre a produção jornalística. Até onde a culpa é do profissional e até onde é da empresa de comunicação, que atua seguindo pouca regulamentação e quase sem regulação?

A divisão entre as políticas públicas de comunicação no Brasil foi a seguinte: primeiro, traçar um rápido histórico, parando no Código Brasileiro de Telecomunicações, que merece mais atenção, para uma especialização em TV e Convergência, que as regulamentações de rádio, por exemplo - mas que também foram tratadas.

Após o intervalo - antes as aulas do Mestrado tivessem água e lanche também... - prossegui com analisando o capítulo da Constituição sobre a Comunicação Social e as leis sobre a TV fechada, que "interferem" diretamente no negócio do audiovisual no Brasil. Além de, por fim, traçar a situação atual com uma TV aberta em pleno processo de digitalização, mas com leis que têm Telecomunicações (CBT) e Audiovisual  (Lei do Audiovisual/2011) no nome, mas são restritas a determinados setores comunicacionais. Assim como, as promessas do ministro das Comunicações sobre um novo marco regulatório.

O comentário final dos alunos foi que precisariam ler mais sobre o assunto, já que não é debatido normalmente. Espero ter conseguido chamar a atenção para os problemas tanto em termos de concorrência quanto em termos de pluralidade na difusão de informações que temos mais no Brasil que em outras partes do mundo.

O cansaço da chegada em casa - que ainda teve que esperar para ser "diminuído" por conta de outras obrigações - valeu a pena por mais uma experiência docente.

*A apresentação, com os vídeos utilizados, está na internet. Ver post anterior ou http://prezi.com/xzp3vm6gchql/especializacao-em-televisao-e-convergencia-digital/

quarta-feira, 23 de maio de 2012

FUTEBOL & COMUNICAÇÃO: Pela ampliação das perspectivas de pesquisa

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O futebol tem transitado para além da editoria de Esportes com a proximidade da Copa de 2014. Todavia, nos estudos da Comunicação o tema ainda carece de uma diversificação nas pesquisas em razão da importância que a modalidade tem na vida social brasileira. Com o objetivo de aprofundar esse debate, o Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (Cepos) e o Grupo de Pesquisa Semiótica e Culturas da Comunicação (GPESC), numa parceria entre os Programas de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), organizaram o ciclo de debates “Futebol é Comunicação”, que ocorreu nos dias 17, 18, 23 e 24 de abril em Porto Alegre.

O evento contou com a presença de pesquisadores da área, como o professor Édison Gastaldo, do Departamento de Letras e Comunicação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e do grupo de pesquisa Esporte e Cultura (UERJ), um dos maiores especialistas brasileiros da relação mídia e futebol. O objetivo do ciclo foi estimular os estudos na interface comunicacional com o futebol como objeto na área de Ciências Humanas. Para isso, a proposta focou em discussões acerca da inserção da modalidade na Comunicação, no Cinema, no Jornalismo, na Economia e na Cultura.

Na fala de abertura, Gastaldo enfatizou a dificuldade que existe em torno deste objeto empírico, já que “todo mundo que pesquisa temas relacionados ao tempo livre, lazer, esporte ainda sofre preconceito no meio acadêmico”. Entretanto, tais obstáculos devem servir de estímulo para que ainda mais estudantes se interessem e busquem analisar esses fenômenos. Os atos comunicativos que envolvem o futebol avançam para fora dos estádios. Aliás, conforme Gastaldo, o público dos jogos não pode ser comparado em números com as audiências dos jogos transmitidos no rádio e na televisão.

História contemporânea e identidade nacional

O consumo da modalidade tem crescido através dos processos midiáticos e constitui uma área instigante para observação, sobretudo do comportamento dos torcedores. As altas cifras das transmissões de jogos também contribuíram para esse aumento. Segundo o mestrando em Comunicação Anderson Santos, que analisa a comercialização de direitos televisivos do futebol, a mercantilização dessa área se expandiu ainda com mais força nas instituições esportivas a partir dos anos 2000.

Essas transformações, aliadas a certa profissionalização, elevaram o custo do futebol no Brasil. O diretor executivo de marketing do Internacional, Jorge Avancini, alerta que os clubes precisam mudar as respectivas concepções administrativas, visto que os altos salários de jogadores e técnicos se tornarão insustentáveis em um curto espaço de tempo. Times vencedores necessitam formar talentos, mas isso também tem um alto preço. O dirigente aponta que as equipes não podem concentrar investimentos somente em torno do departamento de futebol, ampliando a busca de receitas para outras áreas, como o lazer, por exemplo.

Nas manifestações artísticas, o futebol sempre manteve relações com a literatura e o cinema. Ainda assim, a crítica cinematográfica normativa no Brasil discursa que os filmes não conseguem reproduzir o jogo de futebol com competência. Segundo a mestranda em Comunicação e Informação Ana Maria Acker, que estuda a modalidade no audiovisual brasileiro de 1995 a 2012, esse tipo de discurso não poderia impedir a análise de obras que de algum modo tratam desse esporte.

A narrativa do futebol não está somente no jogo em campo. Olhar para esse entorno de imagens vai ajudar a compreendermos como nos vemos, de que forma esse futebol foi mudando também a partir do cinema. Já o mestre em História Rafael Quinsani observa que o jogo das telas é um meio importante para se pensar questões da história contemporânea e de identidade nacional. Sobre isso, é interessante observar que futebol e cinema se firmaram na cultura de massa quase que simultaneamente.

Perspectivas diferenciadas

A importância de tratar do assunto também abarca as mudanças ocorridas na profissão do jornalista esportivo. De cronistas esportivos literatos, como Nelson Rodrigues e Carlos Drummond de Andrade, a jornalistas deste segmento factual, o jornalismo esportivo é, hoje, muito diferente do que era feito nas primeiras décadas do futebol profissionalizado no Brasil. O jornalista do SporTV Mario Marcos de Souza, que vivenciou esse processo de transição ao entrar no mercado de trabalho ainda na década de 1970, destacou a “batalha” para transformar a crônica esportiva em jornalismo esportivo, cuja uma das atividades foi tirar os chavões do discurso.

Rodrigo Oliveira, repórter da Rádio Guaíba, comentou também que uma mudança ocorrida nas últimas décadas foi o “muro” levantado entre jornalistas e jogadores, relação que tem agora a intermediação de assessores de comunicação, sejam os do clube ou dos atletas. Desta forma, ficou mais difícil conseguir notícias de forma exclusiva, resultando que todos os profissionais da imprensa têm as mesmas respostas. Segundo Rodrigo, com as novas tecnologias de informação e comunicação, a repercussão da notícia ficou mais importante que o furo, antigo objeto de desejo dos profissionais da informação.

Além disso, para ambos os jornalistas, o esporte pode ser tratado de forma diferenciada, mas não com o humor exacerbado que está sendo colocado, sobretudo na televisão. Um dos exemplos disso vem da internet, com o site Impedimento.org, especializado em futebol sul-americano e mantido como trabalho paralelo por jornalistas apaixonados pelo futebol do continente que, segundo Douglas Ceconello, um dos responsáveis, o intuito é buscar perspectivas diferenciadas através de um texto descontraído. O Impedimento também produz audiovisuais e organiza um campeonato "amador", o ImpedCopa.

A movimentação tática das equipes

Ronaldo Henn, jornalista e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos teceu comentários sobre a mudança no acontecimento jornalístico e nas possibilidades de cobri-lo enquanto profissional. Essa indústria em que se constituiu o futebol tem forte ligação com a indústria midiática e a análise de mudanças nas atividades profissionais, rotinas produtivas e formas nisso incluídas servem de estímulo para pesquisas acadêmicas qualificadas.

Para encerrar as atividades do Ciclo, foi apresentada a mesa Futebol é Cultura, uma afirmação que parece óbvia à primeira vista quando se trata deste esporte, mas que não é analisada sem prerrogativas “apocalípticas” por muitos sociólogos e antropólogos que estudam o assunto neste viés.

Marcio Telles, mestrando em Comunicação e Informação, analisou as mudanças no ato de torcer por conta do nosso costume em acompanhar partidas de futebol pela televisão. Como a câmera desde os seus primórdios tende a acompanhar aonde a bola vai, ficando principalmente no meio do campo, os torcedores creem que o melhor lugar para assistir às partidas nos estádios são as arquibancadas laterais – quando, na verdade, atrás dos gols (arquibancadas centrais) se pode ver melhor a movimentação tática das equipes.

Para além de conceitos preconcebidos

Mas as mudanças não pararam por aí. Sempre criticados, os árbitros definitivamente não seriam mais as autoridades do jogo, mas sim os replays, espécie de extensão de nossa visão, parafraseando o teórico Marshall McLuhan. O filósofo Celso Candido de Azambuja defende a presença das tecnologias em campo, como uma forma de acabar com possíveis injustiças, o que não impede que o “Sobrenatural de Almeida” rodrigueano continue a aparecer nos gramados.

Para Celso Candido, o futebol é um elemento importante para se entender as relações de poder e de classe na sociedade, tendo como perspectivas as mulheres, a violência e as tecnologias no jogo, o que reflete de forma mais rápida ou mais lenta os avanços do mundo. Entender o futebol como metáfora da vida seria mais importante que abordar possíveis aspectos negativos, como os pretextos alienantes que se interligam a ele.

Nesta perspectiva, o Ciclo de Debates Futebol é Comunicação conseguiu demonstrar a necessidade de se tratar de forma séria o futebol enquanto objeto de pesquisa, para além de conceitos preconcebidos que possam afastar a atividade acadêmica daquilo que é popular.

***

Por Ana Maria Acker, Anderson David Gomes dos Santos e Marcio Telles da Silveira.

Texto originalmente publicado no Observatório da Imprensa.

sábado, 19 de maio de 2012

[Gauchão 2012] Deu a "lógica", mas por pouco

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Como contei em alguns posts ao longo deste ano, este foi o primeiro Campeonato Gaúcho que pude acompanhar deste o início. O primeiro turno, em particular, foi escutado e assistido por mim independente de onde fosse o jogo, em Porto Alegre, em Canoas (inclusive indo ao estádio), em Santa Cruz do Sul, Caxias, etc. Queria ver a diferença entre as narrações e, consequentemente, o quanto a "grande mídia" gaúcha é Gre-Nal.

Isso é fato. Mesmo nos casos dos times de Porto Alegre, a cobertura midiática sobre o futebol vinda dos grupos de comunicação sediados na capital é com um foco muito forte em Grêmio e Internacional, mesmo quando nenhum deles está na disputa, como foi na final do primeiro turno. No intervalo do jogo entre Novo Hamburgo e Caxias, a RBS TV, afiliada da Rede Globo que transmite o Gauchão, optou por usar boa parte do intervalo para falar da novela Inter-Andrade Gutierrez.

Um dos assuntos que acabou tomando conta do Gauchão neste ano foi a reclamação da sua existência. No início, os gremistas, do então técnico Caio Júnior ao presidente do clube Paulo Odone, não deixaram de reclamar do fato de o campeonato começar muito cedo, o que "beneficiaria" (sic) os clubes pequenos, que tinham mais tempo para o entrosamento. Como se a Federação Gaúcha fizesse algo para, no mínimo, não prejudicar os clubes "menores" do Rio Grande do Sul (ver exemplo aqui).

O ponto de reclamação seguinte foi a série de lesões que jogadores de Grêmio e Internacional sofreram nestes primeiros meses do ano. O "destaque" fica por conta de Kleber, que foi atingido por um jogador do Cruzeiro, ainda de Porto Alegre - o clube mudará de cidade no ano que vem. Por mais que eu não goste do jogador, e por mais que o juiz tenha errado ao não expulsar Léo Carioca no lance, fica difícil ver gaúcho reclamando que o futebol local é "pegado" demais. Mas não é disso que tanto se orgulham, a ponto de dizerem que técnico "estrangeiro" não seria apto a treinar clube local?

O grande destaque deste campeonato, para mim, foi o Canoas. O ex-Ulbra, time o qual pude ver jogar contra o Cerâmica no primeiro turno, teve uma recuperação sensacional no segundo turno e de maior candidato ao rebaixamento desde antes do torneio começar, por ter poucos recursos numa cidade metropolitana, escapou do descenso ao conquistar 12 dos seus 13 pontos na Taça Farroupilha e o segundo lugar na sua chave, atrás apenas do Internacional. 

Por uma "falha" da tabela, o Ypiranga, que marcou 12 pontos, estava rebaixado mesmo passando para a segunda fase da Taça Farroupilha, só podendo se salvar caso vencesse o torneio, tendo pela frente, já nas quartas de final, o Grêmio no Olímpico. Não deu. Assim, o canarinho de Erechim foi rebaixado com o Avenida, de Santa Cruz do Sul.

SUPERFINAL
Após passar pelo Grêmio na final da Taça Farroupilha, o Internacional era superfavorito para enfrentar um Caxias que, da mesma forma que o CRB em Alagoas, demitiu o treinador campeão do primeiro turno, Paulo Porto, após fraca campanha no segundo, onde também não passou da primeira fase.

No jogo de ida, no Estádio Centenário, o Caxias foi guerreiro, abriu o placar com Matheus "só bate quem erra", mas levou o empate no segundo tempo, quando os jogadores, sem jogar há quase um mês, cansaram. Oscar, de volta ao Inter após todo o imbróglio com o São Paulo, que continua, marcou o gol de empate e desabou no choro.

Na volta, sem poupar ninguém - dentre outros Leandro Damião e Dátolo foram poupados para jogar na eliminação da Libertadores contra o Fluminense -, o Inter veio com tudo para apagar a saída do torneio sul-americano. Ainda assim, o Caxias assustou novamente.

Jogando um primeiro tempo primoroso no Beira-Rio sob remendos, o clube grená marcou muito bem e saía da mesma forma nos contra-ataques, com Michel abrindo o placar. Só que no segundo tempo pesou a diferença de estruturas. Afinal, os jogadores da Serra não tiveram preparação física adequada para manter o ritmo.

Paulo Sérgio defende tudo o quanto pôde, inclusive pênalti de Nei no início da etapa derradeira, mas não foi o suficiente. O hoje "imprescindível" Sandro Silva empatou o jogo e Damião virou o placar aos 26 minutos. Na única chance do segundo tempo, Muriel fez uma defesa magnífica no final e garantiu o bicampeonato gaúcho para o Sport Club Internacional.

FUTURO
Os times gaúchos seguem para a disputa dos torneios nacionais. O Internacional tem como único foco no ano a reconquista do Brasileirão, estreando neste domingo em casa contra o Coritiba, tricampeão paranaense. O Caxias inicia a disputa da Série C no dia 26, junto com o Brasil de Pelotas, que em meio a uma confusão judicial está confirmado na disputa. O Xavante disputa a 2ª fase da Divisão de Acesso gaúcha.

O Grêmio segue na Copa do Brasil, e com 100%. Na última quinta-feira venceu o Bahia, treinado pelo ídolo colorado Falcão, no Pituaçu por 2 a 1 e se encaminhou para as semifinais do torneio que dá vaga à Libertadores para o seu campeão. O tricolor estreia no Brasileirão também neste domingo, só que no Rio de Janeiro, contra o Vasco.

Pela Série D, o Juventude, que venceu a Copa Laci Ughni ("Copinha") no ano passado, terá a companhia do Cerâmica na disputa. O time de Gravataí só entrou na disputa porque Veranópolis, Novo Hamburgo, São José-POA, Pelotas e Lajeadense desistiram do torneio. Com problema parecido em Minas Gerais o "malufista" que preside a CBF resolveu bancar transporte e hospedagem para os times da Série D. Pena que não avisou antes...

sexta-feira, 18 de maio de 2012

[Por Trás do Gol] Em Alagoas, nada de "maldições" e tabus

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O Campeonato Alagoano de Futebol chegou ao final no sábado passado de um jeito que, de antemão, já digo que não esperava. Após dez anos sem sequer chegar à final do torneio, o Clube de Regatas Brasil (CRB) não só quebrou o tabu de não vencer um Estadual há tanto tempo, como fortalece o ano de seu centenário como um dos melhores da história, já que esta sexta-feira marca também o seu retorno para o Campeonato Brasileiro de Série B, após três anos na terceira divisão nacional.

Esse título de 2012 tem uma valor ainda maior se considerarmos que, sem sombra de dúvida, foi o melhor Campeonato Alagoano de, pelo menos, as últimas décadas. O torneio começou pela primeira vez com dois times que disputariam a Série B, o papão de títulos ASA e o CRB, que desde o início aparecia como favorito por ter mantido boa parte do elenco que conseguiu o vice-campeonato na Série C do ano passado. Dois experientes jogadores atuaram pelo Galo, o atacante Aloísio Chulapa (campeão do Mundial com o São Paulo) continuou na equipe e ainda houve o  reforço do o lateral-esquerdo Jadilson (que passou por Goiás e São Paulo, dentre outros clubes grandes do país), o melhor da posição em Alagoas.

Além deles, o CSA resolveu montar um time de respeito, capaz de apagar o vexame de 2011, em que só escapou de voltar à Segundona local com um gol aos 45 minutos do segundo tempo contra o CRB. Destaques para a volta de Adriano Gabirú, que mal jogou e foi dispensado pela diretoria - joga pelo Guarani de Bagé-RS a Segunda Divisão do Gauchão (na verdade 3ª, já que há a Divisão de Acesso no meio) - e o goleiro Flávio, que com toda a sua experiência se tornaria, indiscutivelmente, o melhor jogador desta posição.

Como atrativo para a imprensa nacional, Túlio Maravilha, em busca do seu milésimo gol, foi contratado pelo CSE, de Palmeira dos Índios. Nas primeiras três rodadas, Túlio marcou quatro gols, mas ficou por aí. O tricolor de Palmeira fez uma boa campanha no segundo turno, mas o camisa sete não quis prorrogar o contrato para disputar as semifinais contra o ASA.

FINAL
Quem nos acompanha aqui no blog, deve lembrar que acompanhamos as finais dos dois turnos através da saga "A volta dos titãs alagoanos" da Liga da Justiça do setor Alagoas do universo. Antes que alguém nos acuse de parcialidade, o que realmente há, explico que não pude acompanhar as finais do Alagoano por estar viajando a trabalho. Quando cheguei em casa, no sábado, a partida tinha acabado de terminar.

Se no primeiro turno, acreditava que o CRB era favorito para passar pelo ASA e garantir vaga na superfinal; para a decisão do campeonato, apontava como favorito o time de Arapiraca, que foi para as duas finais de turno, vinha empolgado com o título sobre o CSA e ainda decidiria em casa. Além disso, o CRB vivia uma mudança no comando técnico, com a estreia de Roberto Fonseca na superfinal. Fora o tabu de não vencer o rival arapiraquense há 5 anos.

Pelo pouco que pude acompanhar em terras uruguaias, e pelo que meu pai me disse depois, o primeiro jogo, no Estádio Rei Pelé, foi bem disputado, com o CRB abrindo o placar no primeiro tempo, o artilheiro Lúcio Maranhão empatando na metade do segundo, mas sendo expulso logo em seguida. Aos 45 minutos do segundo tempo, quando todos esperavam a manutenção do tabu, o CRB virou o jogo e garantiu a festa na arquibancada e a vantagem para o jogo de volta.

Pelo que pude acompanhar pelos melhores momentos, o ASA pressionou o quanto pôde, ficando exposto aos contra-ataques, mas sentiu muita falta do artilheiro do Alagoano, com 21 gols (!), Lúcio Maranhão. No geral, um desperdício de gols para os dois lados no Coaracy da Mata Fonseca e um empate sem gols que recolocou o Clube de Regatas Brasil no rol de campeões alagoanos.

Talvez o maior ponto negativo neste brilhante Alagoano tenha sido o rebaixamento do Coruripe, bicampeão estadual em 2005 e 2006, que jogará a Segundona em 2013 ao lado do centenário Penedense.

BRASILEIRO
Os três maiores campeões alagoanos se focam já neste mês no Campeonato Brasileiro. Daqui a poucos minutos, o CRB reestreia na Série B enfrentando o Bragantino no Estádio Rei Pelé. Amanhã (sábado), também às 21h, o ASA enfrenta o São Caetano no Anacleto Campanella. Fica a torcida para que ambos façam um bom campeonato e, pelo menos, consigam se manter nesta difícil divisão.

Já o CSA garantiu uma continuidade na temporada. Os azulinos estreiam na Série D no dia 27 de maio, no Rei Pelé, contra os baianos do Vitória da Conquista. Ainda estão no grupo dos alagoanos, o Feirense-BA, o Souza-PB, e Itabaiana ou Confiança - que fazem o jogo final do Sergipano neste domingo, com vantagem do triocolor, que venceu em casa o Dragão do Bairro Industrial por 3 a 1. Neste caso, a torcida é ampla e, literalmente, desde criancinha para que o Azulão faça um excelente campeonato e rume à Série C no ano que vem.

terça-feira, 15 de maio de 2012

[Por Trás do Gol] Fim de tabus, tabela estranha e a importância dos Estaduais

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No último final de semana tivemos a conclusão da maioria dos Campeonatos Estaduais disputados no Brasil - ou que só são disputados no Brasil. De antemão já afirmo que eu gosto destes campeonatos e acho que são essenciais, partindo do ponto de vista de um torcedor de um Estado menor. O Campeonato Alagoano deste ano é prova inconteste disso.

Porém, deixarei para falar dos campeonatos que acompanhei mais de "perto" em textos ao longo desta semana. Afinal, consegui acompanhar de forma razoável os torneios em Alagoas e aqui no Rio Grande do Sul. Lá na minha terra natal, houve a quebra de um tabu de dez anos (infelizmente...); aqui, o Internacional venceu novamente, mas levando sufoco do Caxias.

Tabelas estranhas
Aqui no Rio Grande do Sul, a mídia deu uma boa vazão sobre o Campeonato Baiano deste ano. O motivo é simples, e bem "bairrista": o maior ídolo do Inter, Falcão, passou a treinar o Bahia. Com uma campanha muito boa, o tricolor da "boa terra" terminou a primeira fase, um turnão, com muitos pontos à frente do segundo colocado, o rival Vitória, time do artilheiro do Brasil, Neto Baiano.

Nas semifinais, a dupla Bavi passou na bacia das almas por Vitória da Conquista e Feirense, perdendo um jogo e ganhando outro na diferença mínima. Na volta do clássico em finais, o primeiro jogo terminou sem gols. Com vantagem do empate, o "Bahêa" sofreu para empatar no Pituaçu por 3 a 3.

Este título representou mais do que a rouquidão do "imperador de Roma", mas também a quebra do tabu de 10 anos sem vencer o Baianão. Neste tempo, o Vitória venceu oito dos dez torneios, perdendo um para o Colo Colo e, no ano passado, para o Bahia de Feira de Santana.

Se o Bahia escapou de um regulamento que não privilegiou sua imensa vantagem na primeira fase, o Catarinense não perdoou. Após perder Jorginho para o futebol japonês, o Figueirense resolveu apostar no outro lateral do tetracampeonato como técnico. Parecia que ia dar muito certo, já que, com Branco, o time venceu os dois turnos. Venceu o campeonato, portanto?

Não. Houve final em Santa Catarina com o segundo maior pontuador, o Avaí. Resultado: o Avaí venceu o Figueirense nos dois jogos e conquistou o Campeonato Catarinense deste ano. Além disso, Branco foi demitido. Parabéns aos cartolas!

Como explicar o "Paulistinha"?
Ok, detratores dos Estaduais. O exemplo-mor é o Carioca, sem sal, sem açúcar, sem tempero e com os grandes passando quando querem. O Vasco foi à final dos dois turnos e perdeu ambos. O Fluminense deu um sacode no Botafogo no primeiro jogo e venceu o segundo, mantendo-se na Libertadores mesmo com a conquista do Carioca - é, o Flamengo caiu fora do torneio sul-americano logo cedo e pouco figurou no Estadual.

Em Minas, tivemos a surpresa do América voltar a fazer uma final, após eliminar o Cruzeiro na semifinal. Na volta do Independência, Cuca balançou, mas conseguiu vencer com o Atlético-MG o campeonato local e quase se manter na disputa da Copa do Brasil - levou um gol do Goiás no final do jogo em Minas Gerais.

Para finalizar, o Santos foi tricampeão paulista. E esse é o meu argumento. Vamos lá. Todo mundo reclama que os Estaduais só atrapalham, pois os clubes deveriam aproveitar esse tempo para realizar uma pré-temporada digna e blá, blá, blá. Demos dois exemplos de quem ganhou o Estadual e segue em seu outro torneio. Mas, o que falar do Santos?

Vamos ao tricampeonato. Em 2010, Neymar e companhia, vices para Ronaldo e o Corinthians no ano anterior, fizeram uma superfinal contra o Santo André e ainda ganharam a Copa do Brasil. No ano passado, o Santos desbancou o Corinthians na final do Paulistão e "simplesmente" ganhou a Libertadores da América, em cima do tradicional Peñarol do Uruguai.

Este ano, o Santos venceu o Guarani nas duas finais no Morumbi. Aqui, um parêntesis. Absurdo ver o Santos com aquela camisa azul "nikelesca" numa final de campeonato - da mesma forma que foi ver isso num clássico, contra o São Paulo; mais ainda ver Santos e Guarani, dois times do interior, fazendo a final no Morumbi!

Voltemos. Este ano o Santos ganhou o Paulista e também segue na Libertadores, quando enfrentará o difícil Vélez Sarsfield nas quartas de final. Se o Estadual atrapalha tanto, porque o Santos de Neymar não se atrapalhou até aqui com ele?

Outros
Para registro, acompanhei o Paranaense para o pessoal da RSSSF Brasil. Nos dois turnos, clubes de menor expressão começaram bem, Cianorte e Londrina, mas perderam o fôlego para ver Atlético e Coritiba fazerem a final do campeonato. Sem quaisquer vantagens, dois empates e o Coxa levou o título nos pênaltis.

No Ceará, o time com o mesmo nome do Estado venceu o time com o nome da capital e conquistou o Cearense. Na Paraíba, foi a vez do Campinense golear o Sousa na final e cumprir com o fim da sequência de títulos do rival de Campina Grande, o Treze.

Um dos que "ainda" restam é o Sergipano, já que os clubes locais só têm vaga na Série D, que este ano começa no final de maio. O Itabaiana ganhou o primeiro turno e, após uma decisão polêmica - à lá Grêmio, ou seja, o jogo vai até que o "maior" marque -, o Confiança venceu o segundo turno, após passar pelo rival Sergipe nas semifinais do segundo turno. Sergipe que se mantivesse a campanha do primeiro turno teria caído de divisão. Enfim, as finais ocorrem quarta e domingo.

sábado, 12 de maio de 2012

TEMPOS MODERNOS: A fase da multiplicidade da oferta

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Algumas vezes, quando aparecem textos neste Observatório que tratam da “Fase da Multiplicidade da Oferta” – que, no caso brasileiro, inicia-se aproximadamente a partir da Lei do Cabo, aprovada em 1995 –, há quem questione o conceito para definir o período histórico em que novos agentes passam a atuar no mercado comunicacional brasileiro.

Para explicar um conceito desenvolvido pelos pesquisadores do Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (Cepos), da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), este texto tratará das mudanças vivenciadas no futebol, tendo como perspectiva a participação de novas formas de comunicá-lo enquanto bem cultural adaptado à forma de mercadoria. Antes de qualquer outra coisa, a “Fase da Multiplicidade da Oferta” é um dos reflexos da quebra de barreiras político-econômicas mundiais que se dá sob liderança dos Estados Unidos, a partir do fim do padrão dólar-ouro, ainda na década de 1970, e que é complementado com a aplicação das políticas neoliberais pelos governos Reagan (EUA) e Thatcher (Reino Unido), a partir dos anos 80.

As empresas transnacionais se expandem geograficamente de forma ainda mais rápida do que era feito até então, assim como adentram em outros ramos industriais. Um deles é a comunicação, que intensifica o seu processo evolutivo ao se tornar um setor econômico que envolve bilhões de dólares e com uma complexidade bem maior que a posse de meios de comunicação “tradicionais”. Há o acréscimo das empresas de telecomunicações, que se desenvolvem rapidamente a partir da década de 1990, inclusive em países “em desenvolvimento”, com a permissão de empresas privadas na telefonia, a chegada da TV de transmissão paga e o desenvolvimento e a expansão do acesso à internet.

Atração de “parceiros”

No caso do futebol, percebe-se, especialmente a partir da década de 1990 – com a formação da Premier League na Inglaterra e o aumento dos contratos dos direitos de transmissão – que o futebol vai ser ainda mais explorado enquanto mercadoria. A transmissão dos principais torneios do mundo é disputada por grandes grupos comunicacionais; os clubes passam a ter interesse em expandir suas marcas ao redor do mundo, quando não são adquiridos por novos bilionários – por estarem no mercado de ações; e os jogadores tornam-se super-astros globais, com altíssimos salários e patrocínios individuais, com os mais variados tipos de mercadorias, de empresas de material esportivo (contrato vitalício), a telefonia móvel, cervejas e até xampus.

Como se constituem mutuamente, hoje não é possível imaginar a prática do futebol sem a exposição midiática e sua respectiva transformação em produto dos meios de comunicação. A questão é que, com o desenvolvimento de outros meios de comunicação, a exposição das práticas esportivas não se dá apenas nos jornais, nos rádios e nas TVs, mas também nos mais diversos canais a cabo e via satélite, por celulares e pela internet. O futebol, os demais esportes e vários produtos estrangeiros ganham ainda mais espaço em outros países pela transmissão televisiva, especialmente pelos canais de TV fechada, ou por streaming.

Desta forma, se os clubes e a Fifa podem ganham mais dinheiro com a venda dos direitos de imagem, a multiplicação da concorrência, agora também entre as plataformas de comunicação, gera uma maior possibilidade de atração de “parceiros” comerciais. O que não necessariamente vai significar que haja uma maior distribuição da renda oriunda disso entre seleções e clubes ao redor do planeta.

Pluralidade e diversidade

Este, porém, vai indicar também o ponto de vista defendido sobre a “Fase da Multiplicidade da Oferta”: não significa que seja um momento importante para a diversidade e pluralidade. Tudo bem, com a internet há a possibilidade de produção de conteúdo contra hegemônico, mas as principais formas de distribuí-lo continuam sob o comando de poucos grupos – sem desmerecer a importância de se manter a neutralidade da rede e demais questões que se quer impingir com legislações que buscam estabelecer o controle e a vigilância excessiva de conteúdo na internet.

No caso do futebol, a sua ainda maior expansão mundo afora e a entrada de novos agentes para patrocinar clubes, campeonatos e federações; e de novos meios de comunicação para fazer a transmissão de seus conteúdos e marcas, também não significa uma diversidade e pluralidade de clubes e seleções a serem mostrados. A lógica continua a ser a de falar mais, transmitir mais jogos, dos clubes que podem atrair maior audiência para o programa ou produto, o que acaba afastando possíveis patrocínios e aumenta o fosso entre maiores e menores clubes, campeonatos ou seleções.

Como o próprio termo já traz, o que aumentou nas últimas décadas foi a oferta de bens simbólicos via meios de comunicação para os consumidores destes conteúdos. Os processos de mercantilização se expandiram, penetrando no de comunicação e nas instituições nela envolvidas. Além disso, para se ter uma maior pluralidade e diversidade de vozes nos espaços para discussão massivos, é necessário mais que alterações de ordem quantitativa e/ou tecnológica. A vontade político-ideológica para se contrapor a quem exerce a hegemonia nas relações de poder sob o modo de produção capitalista precisa ganhar força.

***

Por Valério Cruz Brittos e Anderson David Gomes dos Santos.

Originalmente publicado no Observatório da Imprensa.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

[En busca de El Dorado] No hay

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O tema do último texto publicado em terras uruguaias poderia até ser a apresentação realizada no Congresso da ALAIC - que foi ruim, no final das contas, por causa da pressa para apresentar. Mas não. 

Como costumo dizer, pareço que atraio desconhecidos. O bom é quando são pessoas legais, que querem fazer amizade e tal. Tem também os casos em que a pessoa quer só tirar uma dúvida sobre o ônibus que passa ou não naquele local, reclamar do mesmo que não passa ou falar do tempo. O pior é quando se trata de "chatos" e eu também os atraio.

Hoje resolvi dar uma volta após o Grupo de Trabalho e antes de ver o vídeo com o Jesus Martín-Barbero, que não pode vir receber o título de doutor Honoris Causa da Universidad de la República. Por mais que não goste de praia, por conta da pele que frita, morar numa cidade que não tem região litorânea por perto gera saudades de andar de ônibus e passar por uma delas. A possibilidade de dar um passeio no final da tarde e coisas do tipo.

Mesmo num dia que beirou os 10º, para mais e para menos, resolvi andar as quadras por trás da Udelar e reencontrar o mar. Achei a orla muito bonita, por mais que a ventania não tenha permitido ficar por muito tempo. Porém, para quem conhece o mar de Maceió - exceto o setor que desemboca o Salgadinho na Praia da Avenida, que se deixe claro -, a água daqui é uma das mais escuras que conheci. Muito diferente do litoral alagoano.

Enfim, na volta, acabei sentando no pátio da Facultad de Derecho, "matando" o tempo até o início da homenagem ao pesquisador comunicacional. Do nada, surge um uruguaio dizendo que está fazendo uma pesquisa. A pergunta: "O que ocorre depois da morte?". A resposta: "No hay".

Inconformado, ele logo que me perguntou se acreditava em Deus, a resposta: "No, por eso dice que no hay cualquer cosa después de la muerte". Daí em diante, tudo foi pregação. Perguntas de o que eu faria se morresse e encontrasse Deus "cara a cara", se o agradeceria, se eu tinha cometido pecados na minha vida e blá, blá, blá.

Ao final, ele perguntou de novo a pergunta inicial e teve a mesma resposta. Óbvio, não para ele, já que eu tenho que abraçar Jesus para não ter de ir ao inferno. Do nada, surge a esposa dele - ambos novos, por mais que quando disse a minha idade ele tenha balbuciado um "por eso". Ele continua, continua e depois me diz que só estava ali porque via que a minha alma precisa ser salva.

Enfim, de todos os minutos ali a única coisa que ele falou de certo foi que eu nunca imaginava que teria algo deste tipo aqui em Montevidéu - muito menos numa universidade! Passou um livreto e colocou o número atrás para quando eu estiver passando por qualquer momento de angústia. Quando estou angustiado, o problema é meu, quero lá importunar os outros, muito menos por telefone e ainda menos sendo de outro país.

Fora isso, de forma geral, o Congresso da ALAIC é o mais crítico que participei até agora. Não é à toa, já que conheço parte dos dirigentes da entidade e sei que isso a criticidade é praticamente um pré-requisito. Alguns problemas na organização, mas as mesas e a maioria dos trabalhos apresentados no GT de Economía Política de la Comunicación y Información serviram de contrapeso, por mais que os problemas  com o tempo tenham atrapalhado nosso GT.

O próximo Congresso da ALAIC será daqui a dois anos, em Lima. Não sei nada do que estarei fazendo, se vou então, muito menos. Amanhã será o último dia desta viagem e, provavelmente, já escrevo algo em terras brasileiras. Hasta!

[En busca de El Dorado] Uruguay otra vez campeón

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Um dia para não sair da minha cabeça. Algumas horas para contar para os meus filhos e netos, se um dia eu os tiver. Na manhã de hoje, mais exatamente depois das 11h, visitei o primeiro estádio a receber uma final de Copa do Mundo!!!

A minha ideia inicial era de ir ao Estádio Centenário no sábado pela manhã, após o Congresso da Alaic e aproveitando o longo tempo que teria entre a saída do albergue e o horário do voo. Porém, após olhar em muitos sites, percebi que el "Museo del Fútbol" não abria no sábado - pelo menos é o que informa o site da AUF (Assoc. Uruguaia de Futebol). Como amanhã eu apresento trabalho, resolvi visitá-lo durante a segunda mesa desta quinta-feira. Daria tempo de sair, visitá-lo, comer algo e voltar para o Grupo de Trabalho.

Porém, o dia de hoje começou com chuva e prometia ser assim até o final da noite. De qualquer modo, eu, com o meu guarda-chuva pequeno, made in Taiwan ou China comprado em Brasília, saí pelas calles e avenidas até a Universidad de la República. Assisti à primeira mesa e parti em direção à rua, ainda em dúvida se teria que ir de ônibus ou poderia ir a pé.

Assim que saí, veio um ônibus que para no Terminal Tres Cruces, relativamente próximo ao Centenário. Subi direto, pagando 11 pesos (R$ 1,10) por estar saindo da universidade em direção ao terminal - passagem "cêntrica", por isso não os tradicionais 19 pesos (R$ 1,90). Andei um pouco, dei a volta no parque em que o Centenário fica, perguntei a uma senhora que estava na delegacia do estádio onde ficava a entrada do Museo e adentrei.

A entrada pode ser paga em pesos uruguayos, pesos argentinos, dólares e em reais. São 100 pesos ou dez reais. Confesso que o coração bateu forte. A primeira informação que temos é que a arquibancada fica no final do corredor à esquerda. Porém, antes disso, havia uma enorme bandeira azul com o 1950 costurado em negro.

Dei uma olhada rápida nas coisas que tinham no corredor - dentre elas, de outros esportes, como o 3º lugar do basquete uruguaio numa olimpíada, os pôsteres de Jogos Olímpicos até 2004, creio, e demais troféus. Além de uniformes de árbitros e árbitras de futebol, com direito a imagens do futebol feminino no registro histórico.

Entrando à esquerda, há o lugar em que se vendem alimentos, bebidas e água e, seguindo reto, subindo as arquibancadas, o gigante de concreto! O campo se abre em nossa vista e aí é só pensar de como foi a final da Copa de 1930, entre Argentina e Uruguai naquele gramado. Observar que do mesmo lado está a torre da homenagem, ou algo parecido com isso, que sempre aparece nas transmissões de jogos por lá.

Subi até o ponto mais alto das arquibancadas, que ainda têm partes montadas em cimento e de onde dá para ver um pouco da cidade ao longe e partes da praça e seus arredores por trás. Sentei no último degrau possível e parei uns instantes imaginando que nunca pensei que conheceria o Estádio Centenário. É a história da minha paixão pelo futebol ali, representada em forma de bancos, velhas cadeiras, arquibancadas de concreto e um gramado prejudicado pela chuva. Literalmente, respirei história! Era essa a sensação que corria pelo corpo.

Desci após um bom tempo por ali, olhando aquele monumental estádio, patrimônio do futebol mundial, como diz na fachada do lado oposto, com designação oficial da FIFA. Aí sim, poderia visitar parte por parte do Museu, com destaque para o andar superior, em que os títulos olímpicos (1924 e 1928) e de Copas do Mundo (1930 e 1950) têm espaços destacados.

Sobre 1950, que eu tanto sou fascinado, há uma imensa foto do Maracanã lotado e, num outro lugar, uma frase mais ou menos assim: "o silêncio de 200 mil vozes disse: Uruguai outra vez campeão". Há recortes de jornais uruguaios da época - e de jogos entre as seleções meses depois - e um busto de Obdúlio Varella, o capitão daquele time e alvo de vários dos mitos.

Ainda voltei para olhar o campo depois da visita completa, mas a chuva tinha voltado a apertar. Não importava mais, já tinha visto e sentido o que queria.

Com a minha "sorte" habitual, a bateria do celular acabou justo quando cheguei no Monumental. Porém, após algumas artimanhas, consegui o suficiente para tirar três fotos por lá. Espero um dia voltar para viver o Centenário num dia de jogo. Mal dará para mensurar o nível de felicidade que estarei. Além de respirar o passado, estarei vendo o presente do futebol uruguaio em campo. Mas isso é para uma outra viagem!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

[En busca de El Dorado] Mas despácio, por favor!

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Há um acordo informal dos pesquisadores brasileiros que conheço em que quando vem alguém de fora do Brasil, é "permitido" que a pessoa profira uma palestra ou uma aula na sua língua nativa. Da mesma forma, quando nós saímos eles saem do Brasil, poderiam falar em português - a não ser que seja diretor de uma associação latino-americana, já que se fala espanhol nos outros países, maioria.

Brasileiros por aqui em Montevidéu pude encontrar aos montes, principalmente por conta do Congresso da Alaic, o que é bom, pois retira um pouco do isolamento de alguém que já tem dificuldades de se comunicar com outras pessoas, desconhecidas, que nem eu. É uma sensação estranha quando você está num lugar cheio de pessoas em que não se entenda nada em meio a tanto barulho. Ah, no albergue em que estou há um paulista.

Enfim, pude encontrar alguns amigos de grupo no Rio Grande do Sul e dialogar um pouco com o pessoal da EPC que conheço e estava por aqui e uma mestranda da Unisinos, que mal falei lá no Rio Grande do Sul, mas que conversamos bem antes uma das mesas de hoje.

Acabei almoçando num lugar em que se escolhe qual o tipo de salada, o tipo de carne e o tipo de molho - na brincadeira, o Subway daqui, só que com carne no melhor estilo centro de São Paulo, com pedaços de carne sobre os outros. Por conta de encontros, eu, alagoano morador do Rio Grande do Sul, almocei com um amigo carioca morador do Rio Grande do Sul, mais um maranhense morador do Rio Grande do Sul (doutorando na UFSM), um sergipano e uma mineira.

Entre idas e vindas de conversas sobre as diferenças de universidades, acabou rolando um bom papo sobre situações de violência e/ou políticas. O pavio foi aceso porque numa curiosidade vinda do Periscópio da Mídia, perguntamos ao maranhense sobre o assassinato de um jornalista que trabalhava num jornal do Grupo Mirante (José Sarney). Conseguiu esclarecer algumas coisas sobre o caso, dúvidas que tínhamos foram retiradas.

Além disso, é chato perceber como estamos distantes, em termos de conhecimento de língua, dos hispanos, tão próximos. Ontem, no credenciamento, vi uma das pessoas da organização dizendo que falava inglês, mas não português. Já vi e ouvi brasileiros que entendem menos que eu de espanhol; mal o "permiso" no lugar do "licença" sai.

Na hora da apresentação, no Grupo de Trabalho em que estou, alguns brasileiros optaram em falar em espanhol. Na vez do português, sempre houve pedido para falar com "mas despácio" - por mais que um professor brasileiro experiente, numa das mesas "gerais", tenha falado rápido até para quem sabe português... Nós da América Latina temos maior aproximação, em termos de linguagem, com o inglês do que com o espanhol ou o português, dependendo de onde se é.

Ah, mas há outra grande diferença. Na mesa de abertura, realizada no paraninfo da Universidad de La República, local em que Ernesto Che Guevara pronunciou um discurso revolucionário quando esteve por aqui, pudemos perceber que a "cultura política" é diferente. Ou alguém imagina um reitor de universidade brasileira vestido de abrigo de couro e começando a falar com um "companeros e companeras? Além de falar que a universidade deveria produzir para uma mudança social "maior" que vivenciamos nesta fase da América Latina?

A mesa seguinte, com um paraguaio formado em agricultura, Juan Díaz Bordenave, que em fuga da ditadura passou alguns anos no Brasil - e é pai do ator Chico Díaz. Só fala sem rodeios que, dentre outras coisas, imagina que se cremos que "un nuevo mundo es posible", como aponta o Fórum Social Mundial, precisamos acreditar que uma nova comunicação é possível e necessária para que a primeira coisa ocorra. 

Ele fez uma interessante reflexão sobre como o marxismo teria sido "desviado" nas práticas stalinistas e, principalmente, na China, onde o capital fez a parceria com o seu inimigo, o "comunismo" para criar aquilo que virou o país asiático atualmente. Isso, dentre outras provocações sobre a comunicação de alguém que assumidamente não é um pesquisador.

Amanhã tem mais e espero que consiga fazer a visita ao único monumento que tenho a "obrigação" de passar por lá. Hasta!

terça-feira, 8 de maio de 2012

[En busca de El Dorado] Yo no hablo español

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Viajar para outro Estado para seminários e congressos nem sempre é a melhor coisa do mundo. Já fiquei em Campina Grande numa pensão que fica à certa distância dos locais em que o Intercom Regional ocorreria. São Paulo é "assustador" independentemente de se estar com um amigo cujo pai mora por lá; em compensação, as vezes que fui a Recife e a Fortaleza até que foi bem tranquilo. 

Mas desde hoje a experiência é outra. Vir a Montevidéu, capital uruguaia, para o Congresso da Asociación Latinoamericana de Investigadores en Comunicación (Alaic). Por mais que alguém possa dizer que espanhol seria bem mais fácil que o inglês ou outras línguas, o ritmo de fala é outro e justo nas palavras que você acha que o portunhol irá resolver é que complicam tudo.

Pois bem, após este primeiro dia, aproveito para dar algumas dicas. A primeira é que voando de Gol o check-in não é no espaço de check-in comum, pois antes disso eles precisam saber se você não leva creme, líquido, pasta ou qualquer coisa assim. Em Porto Alegre, ao menos, eles dão um plástico para vedar; em São Paulo, jogaram um creme de cabelo de uma pessoa que conheci no avião e que fez escala por lá.

A segunda coisa é o de sempre olhar como estará o tempo nos dias em que estiver em qualquer outra cidade. Não é porque Montevidéu fica perto de Porto Alegre que o calorão dos últimos dias em terras gauchas brasileiras se repetirão na capital uruguaia. Hoje a temperatura estava em 21º, com a noite diminuindo menos que no RS; mas a promessa é de desabar chuva e a temperatura na sexta-feira. Ah, mas não é porque se está no sul do continente que deve encher a mala de coisas para o frio. Prudência é bom na medida certa.

Por fim, o Aeroporto de Carrasco é muito bonito. Porém, você terá que passar pela imigração antes de pegar a bagagem. A empresa aérea deve dar um folheto para preencheres com informações básicas - algumas das quais ficará a dúvida sobre o que colocar, mas, ao menos na vinda para cá não deu problema. Curioso que assim que você sai desse setor há uma loja que vende tudo bem a seguir. Você é obrigado a passar por ela para pegar a bagagem. Grande sacada para vendas. Ah, as suas malas ainda passarão novamente pelo raixo-x - já passaram pela PF no Brasil - antes de você sair.

Pelo que nos contaram, o táxi para o Centro da Cidade ou para a Ciudad Vieja ficaria na casa dos US$ 60,00. Uma boa é pegar a van que o deixa defronte onde irá se instalar por módicos R$ 20,00. Com o meu azar característico, depois que eu e colegas de PPG do Mato Grosso, que conheci no avião, pagamos o valor, soubemos que havia um ônibus da organização da Alaic. Confesso que não os vi antes, mas, além disso, geralmente estes transportes são para convidados vips, categoria a qual estou longe de alcançar.

Há casa de câmbio no lugar em que se pega a bagagem. A cotação era em torno de 8,50 pesos uruguaios para cada um real. Andando depois vi que na 18 de julio as casas de câmbio pagavam hoje R$ 9,60. uma boa sugestão é trocar só o necessário no Aeroporto e deixar para trocar o resto no Centro - se é que precisarás trocar, já que às 19h algumas casas de câmbio ainda estavam abertas.

Dicas à parte, não vi o Estádio Centenário, por mais que passei na Avenida Itália, um caminho certo e que tenha visto placas indicativas para ele. Porém, passei em frente a algo do Peñarol (provavelmente um ginásio ou sede social), todo em preto e amarelo, com um torcedor com a camisa típica em sua frente. Pena que fiquei tão surpreso que mal deu para sacar o celular para fotografá-lo.

Deu tempo de pegar as coisas do Alaic, pois anteciparam las "aceptaciones". Aproveitei para dar uma volta pelas Calles que ficavam em torno do Hotel Embajador, o "oficial" do evento e que fica mais perto do hostel que eu estou que os espaços da Udelar (Universidad de La República) em que ele ocorrerá.

Há muitos brasileiros de vários lugares - inclusive dois professores da Universidade Federal de Alagoas (quem disse que não podemos ser surpreendidos? -, o avião veio cheio de pessoas para o congresso. Reencontrei também colegas da Federal de Juiz de Fora, que conheci no ano passado porque passaram um tempo na Unisinos. Uma coisa que não posso deixar de falar é que uma professora brasileira, que esperava acharem o crachá, veio perguntar para mim se estava sentindo o cheiro de esgoto. A minha pronta resposta foi que não. Ainda assim, ela me disse que era porque a cidade era velha (!!!!).

Folhado com recheio de doce de leite
e cobertura de chocolate
Enfim, vamos aos alimentos. O sonho de consumo são las panaderias (padarias), as quais a professora do Espanhol, natural de Montevidéu, havia falado mil maravilhas. O que é verdade. Incrível como as vitrines estão lotadas de doces dos mais diversos e como elas existem em pouca distância. O quilo de guloseimas está em torno de 179 pesos uruguaios, ao menos no lugar em que eu fui, que dá algo em torno de R$ 20,00. 

Foi nela que eu e a vendedora tentamos estabelecer um contato em que eu entendia o que ela falava, mas não conseguia fazer com que ela entendesse. Até que consegui dizer-la em números de cada coisa o que eu queria.

Mercados e mercadillos há em vários lugares também. Dei uma passada em dois mercados de artesãos e o preço de chaveiros e demais coisas é parecido com os lugares voltados ao turismo no Brasil, ou seja, pouco acima de um preço razoável.

Vi algumas lojas de clubes num centro comercial daqui. Aproveitei para comprar coisas menores, já que ainda terei mais quatro dias por aqui. A camisa do Nacional, campeão uruguaio ficará para ser comprada, se eu tiver como, lá para o final da semana. Na dúvida, já tenho um cachecol da Celeste Olímpica, que consegui ter o desconto de 20 pesos, dois reais, pelo simples fato de pensar um pouco se compraria três (Uruguai, Peñarol e Nacional) ou só um.

O engraçado foi encontrar um paraguaio numa das bancas de artesanato na Plaza Cangancha que parecia entender menos algumas coisas que eu. No fim, cada qual conseguiu comprar o que queria de uma senhora (por volta de 50 anos) que nos tratou com todo o carinho possível e imaginado.

Enfim, amanhã começa o Congresso e, com toda certeza, verei mais "dos meus" por lá, que ficaram de chegar na madrugada e na manhã desta quarta. A boa notícia do dia é que o GT de Economía Política ficará no mesmo endereço das mesas de manhã - não na Constituyente como estava antes aqui -, na 18 de julio. Apresentarei em los viernes (sexta)!

domingo, 6 de maio de 2012

[Por Trás do Gol] Definido o último super-confronto dos titãs alagoanos

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Tarde de sábado, hora e vez do último confronto do decisivo combate pelo título do 2º turno da Liga da Justiça Alagoana. Nada melhor que este combate ocorrer na Sala da Justiça local, o Estádio Rei Pelé. Para além da vaga ao super-confronto final, o vencedor desta disputa ainda se garantiria em torneios em outros "universos", a Copa do Brasil e o Campeonato do Nordeste, ambos em 2013.

Do lado de Clark CSA Kent, após o jogo de terça-feira, uma semana tensa, com direito a entrevista coletiva com boa parte dos titulares para mostrarem apoio a Lourival Jor-El Santos, já que os boatos contavam que alguns jogadores estavam insatisfeitos, dentre eles, a habilidade mais efetiva do Super Blue-Man, o atacante Rony.

Na Caverna do Agreste, tranquilidade para o segundo jogo. O Fantasma conhece mais do que qualquer outro super-herói o caminho para se manter entre os maiores do Universo alagoano neste novo século. Com a vitória no primeiro jogo, independentemente do placar, poderia jogar pelo empate.

Jogo controlado no primeiro round
Até metade do primeiro round no Rei Pelé, a tônica do confronto era de muito controle por parte do Fantasma do Agreste, que conseguia manter a posse de bola e atordoar Super Blue-Man com uma marcação à lá kriptonita, que mal permitia o herói-jornalista se aproximar do gol de Jônathas.

A partir dos 24 minutos e até os 30, Clark CSA Kent consegue arriscar alguns ataques, principalmente com o seu conjunto de habilidades em campo, o meia-atacante Washington. Primeiro, ele arriscou um chute de fora da área, mas a bola foi para fora. Depois, devolveu de calcanhar para Jucemar Gaúcho isolar. Por fim, participou do bate-rebate que fez com que a bola sobrasse para Júnior Paraíba mandar por cima do gol, mais uma vez.

Com o anel da caveira prevalecendo, deu tempo de Lee ASA Falk arriscar com a pistola .45 mais calibrada dessa Liga da Justiça no final da primeira etapa. Após boa jogada de Didira, Lúcio Maranhão conseguiu se desvencilhar da marcação e chutou bem perto do gol.

Raça, mas sem efetividade
Sabendo da obrigação de vencer para provocar um round prorrogatório, Clark CSA Kent começou o segundo round partindo para a cima, com apoio dos aficionados torcedores. Mesmo que a alteração no intervalo tenha sido de zagueiros, por conta da lesão de Cleberson, que deu lugar a Rafael.

No primeiro minuto, o raio de fogo Rony chutou bem, próximo ao ângulo, mas o anel da caveira conseguiu fazer com que a bola passasse apenas do lado da trave.

Aos 5 minutos, Duda tentou arriscar de fora da área, mas isolou. Mesmo caminho do chute de Washington, cinco minutos depois, após o craque de Clark CSA Kent finalmente conseguir se desvencilhar da super-marcação de Kal.

O Fantasma do Agreste resolveu mostrar que, se quisesse, poderia causar perigo ao adversário. Aos 13 minutos, Valdívia, a revelação desta Liga da Justiça alagoana, fez boa jogada na esquerda e deixou para Gabriel escolher o que fazer. Porém, o lateral-direito chutou fraco, mas com tamanho perigo que Flávio só pode torcer para que ela fosse para fora.

Mas as coisas para o Super Blue-Man começaram a piorar aos 19 minutos. Mesmo com um cartão amarelo, Jucemar Catarinense não ficou satisfeito em segurar a camisa de Valdívia e resolveu segurar o calção, bem próximo da área. Expulsão no elenco de habilidades dos donos da casa. Na cobrança da falta, Lúcio Maranhão subiu sozinho, sem goleiro na frente, mas cabeceou para fora!

Os aficionados de Clark CSA Kent continuavam tentando empurrar o time, que sofreria outra baixa aos 33 minutos. Claudinho, que entrara no segundo round, sentiu o joelho direito após uma falta que ele mesmo cometeu e teve que fazer número em campo, já que Lourival Jor-El Santos tinha feito todas as alterações. Parece que o verde do gramado voltara a ser a kriptonita de anos anteriores.

Ainda assim, a torcida não parou de incentivar e Super Blue-Man conseguiu captar esta força externa para pressionar o Fantasma do Agreste. Aos 37 minutos, Rony matou a bola na área, girou, mas bateu fraco. Washington seguiu tentando criar jogadas com sua habilidade característica, mas não conseguiu fazer "A" jogada.

Aos 47 minutos, o que poderia ser o gol do título. Marcinho passou como quis pela marcação de Clark CSA Kent na esquerda, e tocou para Valdívia a alguns metros de um gol sem goleiro. Porém, o supersopro conseguiu evitar uma injustiça na Liga da Justiça.

Na jogada de contra-ataque de Super Blue-Man, mesmo faltando trinta segundos para os três minutos de acréscimo dado, o árbitro resolveu encerrar o confronto que definiu o Fantasma do Agreste, mais uma vez, como finalista no super-confronto da Liga da Justiça alagoana. Desde 2007, com mais títulos que vices, o super-herói da Marvel se coloca na grande decisão.


SUPER-CONFRONTO FINAL
O sorteio após o jogo de ontem definiu que o primeiro dos confrontos finais será na quarta-feira à noite no Estádio Rei Pelé. A grande decisão ocorrerá no sábado à tarde, no Estádio Coaracy da Mata Fonseca, em Arapiraca. (É para se confirmar, mas) Lee ASA Falk e The CRB Flash se enfrentam pela primeira vez numa final da Liga da Justiça Alagoana.

terça-feira, 1 de maio de 2012

[Por Trás do Gol] A volta dos titãs alagoanos com uma disputa "corriqueira"

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Enquanto Os Vingadores*, companheiros do Fantasma do Agreste na Marvel, fazem sucesso nos cinemas mundiais, a Sala da Justiça alagoana retorna com a saga "A volta dos titãs alagoanos" com um confronto que já representou três finais do grande confronto entre os heróis dos gramados antes caetés.

Lee ASA Fark foi o único time capaz de chegar às fases finais dos dois turnos. Desta vez, passou pelo confronto do interior contra o CSE - que só não coloco os termos da disputa porque o bom senso não me permite. Só que, desta vez, o adversário seria outro. Tudo bem que não há tanto tempo fora das decisões neste universo quanto o vencedor da batalha do 1º turno, The CRB Flash, mas Clark CSA Kent não chegava em qualquer batalha decisiva desde 2008, quando conquistou o seu 37º título.

No primeiro turno, Super Blue-Man ficou de fora da fase decisiva com um empate no território que lembra a sua Kripton, o Estádio Rei Pelé, por conta das artimanhas do CEO Lex Luthor, que voltaria a vencê-lo na primeira partida do segundo turno. Depois daquilo, foram 7 vitórias seguidas, um empate após estar perdendo por 2 a 0 no clássico contra The CRB Flash, e um empate e uma vitória contra o inimigo dos tempos ruins de Segundona, Sport Santo Antônio.

É bom que se frise que além da mudança nas sugestões vindas dos tempos de Kripton, com o técnico Lourival Jor-El Santos, a mudança do uniforme contou muito. Menos vermelho, mais azul e nada de sunga na frente da calça, acabaram animando o time em campo.

Exclusivo: Wally Cock West assistindo o confronto que definirá
seu adversário na super final da Liga da Justiça alagoana
Uma final, tempos distintos, mas um vencedor
A Caverna do Agreste, que sofre uma pequena reforma para disputas maiores a partir de maio, recebeu o primeiro jogo entre o Fantasma do Agreste e Super Blue-Man, na tarde deste feriado do Dia do Trabalho. O início de um confronto que vale vaga na superfinal contra The CRB Flash, mais vagas na Copa do Brasil e na volta do Campeonato do Nordeste, no ano que vem.

Bem que The Super Blue-Man tentou criar algumas jogadas de perigo nos minutos iniciais do confronto, mas parece que o lado Clark CSA Kent pesou mais e o time começou a acompanhar o domínio de The Lee ASA Falk. 

Ainda assim, foi necessário que o Fantasma do Agreste utilizasse o seu Anel de caveira para atrapalhar a marcação azulina. A bola sobrou para Audálio, que deixou a pistola .45 mais calibrada desta Liga livre na frente de Flávio, tocando por cima da representação em campo do supersopro. Lee ASA Fark 1, Clark CSA Kent 0.

Daí em diante, a parte mais emocionante deste round ficou por conta do assistente da batalha que ficou tonto em meio aos disparos de ataque de Fantasma e as habilidades defensivas de Super Blue-Man.

Para o segundo round, Lourival Jor-El Santos, resolveu aumentar as possibilidades de ataque de Super Blue-Man, com a entrada de Reinaldo Gaúcho, alguém que "tem dificuldade enorme para se encontrar com o próprio corpo" (TORRES, Antônio. TV Pajuçara). Porém, foi o suficiente para que Clark CSA Kent esquecesse o profissionalismo jornalístico e entrasse em campo como o super-herói que todos conhecem.

Aos 9 minutos, Washington arriscou com a força superior do herói acrescida ao sopro de gelo, que congelou as mãos do goleiro Jônathas, que demorou para segurar a bola, quase dando tempo para o raio de fogo Rony empatar o jogo.

Treinando, Jônathas conseguiu encaixar bem chute de Washington, que de tão fraco ficou muito perceptível a utilização do anel da caveira para atrapalhar Super Blue-Man na jogada.

O domínio no segundo round de Clark CSA Kent durou até os 30 minutos, quando o Fantasma do Agreste sacou o nigeriano Henry para gerar algumas chances em contragolpes. Num deles, os donos da Caverna voltaram a utilizar o seu anel para prejudicar as ações do adversário, mas não contavam com o super sopro Flávio para defender o desvio de Cleberson contra o próprio herói.

Só que aos 38 minutos, não teve jeito. Cleberson voltou a se atordoar com o poder do adversário e cometeu pênalti em Lúcio Maranhão. Com a pontaria característica, o artilheiro calibre 45 da Liga da Justiça alagoana marcou o seu 21º gol, definindo a disputa na Caverna do Agreste para Lee ASA Fark por 2 a 0.

Como a inteligência não está entre as habilidades dos dirigentes da Liga da Justiça Alagoana, não há vantagens de saldo de gols para o Fantasma do Agreste em caso de vitória de Clark CSA Kent na central da Sala da Justiça alagoana, o Estádio Rei Pelé. Em caso de empate em pontos nas duas batalhas, a disputa vai para a prorrogação e, em caso de novo empate, para os pênaltis.

Não perca o confronto que definirá o adversário de The CRB Flash na Liga da Justiça Alagoana, neste sábado, a partir das 16h, com continuação da saga aqui no Dialética Terrestre!

*Como punição por tentar tirar o foco da decisão da Liga da Justiça alagoana, a direção resolveu punir um dos heróis da Marvel, o Hulk (Coruripe) com o rebaixamento para a segunda divisão.