quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Primeiros dias no Twitter

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Um pouco mais de uma semana utilizando o Twitter e só nos últimos dias é que comecei a me adaptar a este instrumento de comunicação. Como contei no post anterior, a primeira dificuldade que me aparece é a dificuldade em escrever em apenas 140 caracteres, mas estou me acostumando, apesar de sempre ter essa preocupação quando post algo.

Enfim, algumas coisas eu não gostei. A primeira coisa que me apareceu como sugestão para seguir foi o twitter do Corinthians, logo o do Corinthians... - o do Rubens Barrichello apareceu do lado. Além disso, no início achei complicado encontrar os perfis de coisas mais populares, como jornais e TVs, não só por outras cópias existentes, mas também porque tem alguns setores de empresas de comunicação que são separados. Por exemplo, temos a @tvgazeta e a @redacaotvgazeta.

Outra coisa que me perdi foi para formatar a minha página inicial. As fotos que queria para o plano de fundo não ficavam. Isso é para mexer e procurar na Internet depois. 

Já que citei acima fotos, devido ao espaço e à finalidade do microblog, as fotos têm que ser postadas em outros lugares para depois termos de colocar o link lá. O Twitpic faz isso com a mesma conta do Twitter, mas já é um atraso para algo que promete agilidade. No mesmo dia que postei o link da minha primeira foto, verifiquei que, ao menos, a Central de Ajudas tem tradução para o português. Menos mal.

Ao longo da semana fui achando o negócio chato. Ficar vendo manchetes, em especial as de alguns perfis que só divulgavam as futilidades do BBB11. Já daí pude perceber que, não só nesse caso específico, os perfis de TVs locais só são utilizados para notícias locais quando há produtos jornalísticos produzidos em Alagoas no ar. Depois disso fica um vácuo nos perfis jornalísticos. Ninguém comenta sequer os telejornais da  rede.

Só ontem é que vim tomar jeito nisso, adicionando mais algumas pessoas que conheço. Aproveitei para cornetar, novamente, o CSA e opinar sobre (mais uma) derrota da Seleção de futebol sobre a França - é incrível como futebol me anima... Aproveitei também para divulgar os posts do blog do Cepcom, apesar de ainda não ter público para isso.

Hoje é que postei mais, retwittei - quando se posta o que já foi publicado por outro perfil -, respondi a outras pessoas e comentei uma manchete do O Globo sobre os problemas na reforma do Maracanã para a Copa de 2014.

Ando lendo nesses dias textos sobre o Twitter e o destaque geralmente é que as empresas ainda não aprenderam a usar esta ferramenta. Na mídia, vemos que as personalidades têm muito mais seguidores que as empresas em que trabalha. Num texto do Comunique-se, li um comentário que o problema é que o público desta rede social espera uma conversa normal, entre amigos, e não é isso que as empresas fazem.

Se levarmos para o campo da comunicação, se tínhamos na televisão o instrumento que tinha como "obrigação" ter sua forma que alcançasse mais pessoas possíveis, sem diferenciação de sotaques e culturas para um país do tamanho do Brasil, e com um diálogo "olho-no-olho", com conversas mais próximas ao cotidiano, vemos no Twitter uma ferramenta que exige o tom mais que pessoal, ao pé do ouvido, rápida, que instigue interesse e altamente direcionada.

Num texto de Cleyton Torres, no Observatório da Imprensa, ele analisa como o jornalismo vem usando esta ferramenta. Ele coloca como sua maior preocupação que muitas vezes o Twitter pauta as redações, o chute a esmo em confiar numa informação publicada lá pode ser terrível caso ela seja errada. Cabe ao repórter apuração - senão, para que ser repórter, não é mesmo?

Continuaremos a saga de análises e a utilização desse novo fenômenos quanto o assunto são as redes sociais produzidas como novas formas de tecnologias de informação e conhecimento. Se quiser nos acompanha pelo Twitter é só seguir: @AndersonCepcom.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Uma Viagem por repúblicas soviéticas

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No último texto que nós publicamos aqui sobre uma obra de Graciliano Ramos, destacamos o fato de o autor alagoano ter escrito numa categoria literária que não o foi comum, a infanto-juvenil. Para esta análise, temos mais umas vez um texto relativamente diferente ao outros cinco que já tive a oportunidade de ler deste autor.

Viagem está mais para um diário de viagens, em que Graciliano coloca suas impressões diárias de uma viagem que realizou em países soviéticos. Sempre tive curiosidade em saber como eram/são as sociedades tão criticadas pela mídia por carregarem em si certo caráter revolucionário – muito menos que o desejável -, casos de Cuba e da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Este livro é uma oportunidade para ver a URSS através do espelho de alguém sem conceitos negativos preconcebidos.

Um curioso caso de um autor tão ligado ao regionalismo, ao trazer na maioria dos seus livros personagens com características do seu local origem falando sobre uma sociedade que se mostra totalmente diferente da sua, organizada, alfabetizada e, aparentemente, com saúde e confiança no seu trabalho.

Justo para alguém assim descrito no prefácio por Jorge Amado, este que estaria mais ligado ao comunismo, chegando até a ser cassado enquanto deputado federal pelo PCB:

“Pessimista em relação aos político e à vida literária, foi extraordinária sua confiança no povo, sua fidelidade à literatura. Homem de quebrar, jamais de dobrar-se, sem vaidade mas de profundo orgulho, reservado e mesmo tímido em certos momentos, soube, no entanto, não se isolar da vida e dos problemas do país, não fugir às obrigações impostas pro seu tempo dramático.” (p. 10).

Neste livro, Graciliano passa por outros países, caso da Geórgia, antes de chegar à capital Moscou com uma comitiva de brasileiros. Ele se surpreende com algumas informações, aparenta detestas as formalidades e "mecanizações" das situações sociais apresentadas a eles e se impressiona com algumas coisas, como os desfiles para que todos possam ver Josef Stálin:

“A clara advertência ao capitalismo não se limitou à exposição formidável: a cena desenrolada na Praça Vermelha, diante do Kremlin, do monumento onde Lenin repousa, mostrou-nos uma potência maior que a proveniente dos quartéis, das academias militares, dos laboratórios, das fábricas de morte. A pesada ferragem destruidora não atrairia pessoas de sessenta países, ali reunidas. O que nos enchia de pasmo era a alma de todo um povo, manifesta nas organizações de operários, de estudantes, de sociedades incontáveis. Gente das oficinas, dos esportes, dos jornais, dos teatros, a marchar sempre, sempre. Cartazes e mais cartazes; enormes letreiros expostos em quados levados por muitos indivíduos. Retratos e mais retratos: os dirigentes da revolução, antigos e modernos, de Marx e Engels a Mao Tse Tung e Togliat” (p. 56).

Uma das coisas interessantes é a série de visitas por museus, fábricas e áreas de lazer. Inclusive, percebemos através do autor que as riquezas oriundas do czarismo permaneciam lá, só que para visitação pública, talvez para mostrar o contraste das riquezas para poucos que existia até décadas antes. Fica para nós a estranheza de não terem destruído tudo aquilo, a não ser que se tenha recriado como forma de lembrança de um passado que não deveria ser venerado, mas sim o que o havia derrubado.

“Apontam-nos com gravidade, quase veneração, os pratos imensos, as rendas e czarina, os rabichos, trabalho paciente de ourivesaria, as escrituras santas magníficas, a roupa de Pedro o Grande, homem gigantesco no corpo e na alma. Nesse terrível museu vemos isso. A família imperial, a santa Igreja, cavaleiros metidos em cotas de malhas, pedras e pérolas. Onde estaria o povo? Ainda não se falava nele. Iria aparecer alguns séculos depois” (p. 93).

Só que Mestre Graça não esquece da situação totalmente diferente vivida no seu país de origem. É com ironia que ele destaca a abundância de livros encontrados, vendidos e comprados na União Soviética e realiza uma comparação "saudosa" com a realidade vivida do outro lado. Se pensarmos na sociedade alagoana da década de 1950,  a qual tão bem descreveu em outras obras, aí que a comparação fica absurda.

“Lá dentro, biblioteca larga, a abundância de literatura que nos surge em toda a parte. Filas diante de livrarias; as edições esgotam-se com rapidez inadmissível. Trezentas e cinquenta mil bibliotecas do Estado, com setecentos milhões de volumes. As dos sindicatos são doze mil, e há nelas sessenta milhões de livros. Para que tanta letra? Afinal essa fartura de impressos torna-se monótona, tem aparência de mania. Abafamos. Não acharemos neste país um analfabeto? Saudades de nossa terra simples, onde os analfabetos engordam, proliferam, sobem, mandam, na graça de Deus. Felizmente há no parque de cultura restaurantes e bilhares. Ainda podemos jogar uma partida, beber uma cerveja. A ditadura horrível não nos proíbe essas necessidades cristãs” (p. 100).

Outro ponto interessante vem ao final do livro, quando ele descreve que pessoas com restos do individualismo burguês viviam em casebres, isoladas por não apoiarem a nova forma social lá desenvolvida. Confesso que achei essa parte meio confusa, já que a maioria dos que discordavam do stalinismo foram mortos, mesmo os que lutaram no mesmo lado da trincheira na Revolução Russa.

“Ainda existem, é claro, poucos numerosos, mesquinhos, ausentes da literatura, que os celebra noutras partes, da crônica policial derramada escandalosamente nos jornais. Como é possível haver essa gente num país onde se aboliu a propriedade? Ora essa! Possuímos roupas, móveis, livros, objetos de arte, às vezes caros e furtáveis, e, nas multidões festivas, longos dedos ágeis podem facilmente invadir-nos os bolsos, levar-nos a carteira. Não estamos no paraíso mencionado com ironia besta na imprensa rica. Os ladrões arrogantes, prósperos, eficazes na política, dominadores nos bancos, na indústria, no comércio, desapareceram, mas restam, sem dúvida, gatunos pequenos, vagabundos, insignificantes, a democracia dos patifes. - “Belezas do individualismo”.

“[...] As criaturas fechadas, esquivas, propensas ao isolamento, permaneceriam, invisíveis, espalhadas. Estavam ali patentes, cada vez mais fracos, a encolher-se na umidade e na friagem, resíduos do capitalismo” (184).

Graciliano Ramos, da sua forma, seca e direta, mostra certa desconfiança com a "sociedade perfeita" que lhe apresentaram, porém, já saíra do Brasil com a desconfiança quanto à "sociedade péssima" que os burgueses nacionais descreviam dos países soviéticos. Ele descreve coisas inacreditáveis e muito 'certinhas' para qualquer forma social. Além disso, ele foi lá como um visitante estrangeiro, difícil imaginar algo natural.

O que podemos retirar a partir da visão de Graciliano é que havia uma extrema preocupação em fazer tudo de uma determinada maneira, até mesmo quando ele cita os guardas de trânsito dos pedestres, que definiam que ia e quem vinha nas calçadas. Na nossa interpretação, em especial a partir de todo o desenrolar histórico posterior, faltavam liberdades. Liberdades não no sentido capitalista de ser, individualistas, mas no sentido de pensar a coletividade respeitando determinadas necessidades individuais.

A diferença entre autoritarismo e centralidade para a liberdade aparenta ser bem curta na prática. A preocupação em se manter uma das duas alternativas é perigosa para qualquer convivência social.


Referência Bibliográfica:
RAMOS, Graciliano. Viagem: Tcheco-Eslováquia-URSS, obra póstuma; prefácio de Jorge Amado. 14. ed. Rio de Janeiro: Record; São Paulo, 1984.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Agora grunhindo: @AndersonCepcom

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"[O Twitter] Nem sequer é para mim uma tentação de neófito. Os tais 140 caracteres reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido". José Saramago, entrevista para O Globo em 2009.

A notícia que provavelmente fará a audiência deste blog aumentar consideravelmente, ao menos para este post: acabo de fazer uma conta no Twitter! Basta agora que uma pessoa que me conheça leia isso para disseminar perante "arqui-inimigos" da escrita longa para que a partir de amanhã surjam brincadeiras sobre o assunto.

Quem me conhece sabe que a minha divergência com o Twitter vem do motivo elencado por José Saramago numa entrevista cedida em julho de 2009. Eu sou acostumado a ter dificuldades em escrever nos limites de aceitos por uma publicação - os "arqui-inimigos" sabem muito bem disso. Imagina só ter que escrever em apenas 140 caracteres? 

É a representação da efemeridade da sociedade pós-moderna contemporânea, em que, graças também à televisão, temos que nos adaptar a notícias rápidas e sem a possibilidade de consciência do que se passou. São os 90 segundos de uma informação telejornalística em forma proporcional na escrita. E isso justo através da Internet, onde a promessa é de que podemos escrever o que quiseremos sobre o que quisermos e deixar por aqui, à espera de alguém que leia.

E por que alguém que é contra tão profundamente a esta forma de escrita resolveu entrar neste troço?

Para minha infelicidade, e isso há muito tempo, as várias formas do passarinho azul se espalharam e, em alguns casos, foi fundamental para a disseminação de informações, mesmo que curtíssimas. Onde a imprensa não pode entrar, basta ter um computador com acesso à Internet, ou algo que funcione enquanto tal, para que saibamos um pouco do que acontece.

Além disso, o fato de um dos programas de uma emissora comercial local - um telejornal que para fazer merchandising não pode ser chamado de telejornal - passou o mês inteiro divulgando intensamente, diariamente, suas contas nas redes sociais. Se antes você mandava uma sugestão por e-mail, agora ela pode ser feita através da rede social mais atual.

A minha ideia, ao menos neste mês que me resta em terras caetés, é verificar como as emissoras locais utilizam essa ferramenta. Além disso, e caso eu consiga, perceber se o que ocorreu com os blogs se repete no caso do Twitter. O seguinte: apesar da possibilidade de publicação livre, os que  fazem maior sucesso são de pessoas famosas em outras plataformas midiáticas, com algumas exceções - estas que geralmente não aguentam a pressão de serem obrigados a postar devido o sucesso.

Na medida do possível eu escrevo por aqui ou no blog do Cepcom, quando enviar um texto para publicação em sites nacionais, como está este processo. De antemão, o negócio é bem mais complicado do que parece, ao menos para se fazer: não tem formatação em Língua Portuguesa - por mais que o Google Chrome traduza do jeito dele ainda fica difícil -, algumas dificuldades de formatação e, o principal, os muitos perfis falsos que existem lá.

Nunca fui e nunca fiz questão de ter centenas de "Amigos" no Orkut, então minha intenção lá não será atingir o "Trend Topics" e muito menos ter muitos seguidores. Vamos ver o que dá para fazer por lá enquanto ferramenta de comunicação e como não ser mais um viciado nisso.

Agora, após a morte do Saramago e a minha "venda" ao passarinho azul, só resta o Luís Fernando Veríssimo para atacar o Twitter. Foi mal, Veríssimo.