terça-feira, 20 de setembro de 2011

Em busca do El Dorado: Um homem sem lar

2 comentários
Como já contei num post recente, estive em Maceió no início do mês e é curioso que a sensação que tive de nunca ter saído de lá, por mais que o cheiro das coisas guardadas durante seis meses, um monte de revistas amontoadas na mesa do computador e os livros em outros locais me chamassem a atenção para o contrário. Ah, é claro, além disso ainda tinha trabalho, artigos, para fazer.

Nunca fui de ter uma relação firme com família, e eles sabem disso, então não era isso que me deixou numa situação de como se os últimos seis meses nunca tivessem ocorrido. Algo estranho, inexplicável, talvez uma sensação de que Maceió ainda me faz sentir coisas bem diferente das que são possibilitadas aqui no Rio Grande do Sul, por mais que nunca a tenha considerado como lar.

Mais estranho ainda foi voltar a São Leopoldo e ter sensação parecida com a que tive em Maceió, só que imaginando que os 11 dias que passei fora não tivessem ocorrido. A volta para casa depois de ter voltado para casa e, no final das contas, ficar uma sensação que o problema pode estar não nos locais, mas neste ser que vos escreve. 

Alguém cuja desterritorialização está mais para um sintoma de "cardispliscência" que de mudanças que tenham ocorrido ao longo da vida. Trabalhei e estudei, mas às vezes tenho a sensação que falta algo e, o pior, que o tempo que tanto me faltava por conta do trabalho "oficial" até o ano passado continua me faltando por aqui, por conta do "trabalho" intelectual a ser desenvolvido.

Meu hobby está longe de ser o trabalho, por mais que o meu hobby - assistir a futebol - tenha virado trabalho, mas faz falta poder ir a um estádio de futebol, e não vê-lo apenas pela televisão de casa, ou ter a possibilidade de assistir a um filme sem a obrigação de poder utilizá-lo para alguma pesquisa. 

Ir ao cinema então? Tem uma lista de filmes no computador ainda a assistir, o máximo é uma série ou outra. E o DVD do "Laranja Mecânica" que comprei ano passado, que trouxe para cá, mas que continua em seu invólucro? Só me dei conta de ver Persépolis porque tinha que esperar quatro horas para o voo em Recife. Aliás, muito bom o filme para quem tem a curiosidade de conhecer o Irã.

Acho que a coisa que mais faz falta mesmo é escrever por aqui. Quer dizer, aqui e no Por Trás do Gol. Ter tempo para que aquela ideia de texto possa ser desenvolvida sem a preocupação de que os minutos gastos para isso não façam falta para algo de "útil". Escrever sobre um filme, sobre um livro, falar da minha experiência no Twitter,...

Hoje só estou escrevendo porque desde que voltei de Recife/Maceió só me apareceram mais trabalhos, com aulas de segunda a sábado, artigos para concluir, projetos a se pensar e discutir, textos opinativos a fazer para espaços com maior difusão - não todos os imaginados. Resolvi "chutar o balde" e não continuar a ler o livro do Mosco, a começar o artigo para o livro do Cepos e demais coisas. Ficar um pouco por aqui na internet, vendo vídeos, ouvindo músicas, relendo textos e escrevendo coisas como estas por aqui.

Não é bem uma reclamação, já que todos que me conhecem sabem que estou longe do modelo estereotipado de jornalista: ultrafalante, que gosta muito de se divertir,... Tenho conseguido bons resultados por aqui, mas ainda falta algo. Enquanto não descubro, continuo a fazer tudo o que tenho a fazer e mais um pouco, tendo que ouvir e concordar que para determinadas coisas o tempo não espera.

Ah, algo que consigo fazer, e muito, é escutar músicas. Já estou com mais de 5300 no computador. Então, fica a sugestão abaixo:

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Anotações sobre mesa dos 10 anos dos ataques ao WTC

1 comentários

Nos últimos dias fomos inundados, novamente, por informações sobre os ataques terroristas às torres gêmeas do World Trade Center. É um dos acontecimentos que todos lembram onde estavam e a reação de surpresa ao ver na televisão um país em que todos pensavam ser uma fortaleza ser inexplicavelmente derrotado pelo mínimo de tecnologia bélica, um Davi X Golias que assustou quem estava confortavelmente no lado do Ocidente.

No momento, assisto ao primeiro dia de um evento na Unisinos “11 de setembro: Dez anos depois. O que mudou?”. Como este devem ter várias mesas e palestras em todas as partes do mundo sobre o assunto. Textos, vídeos, fotos, então...

Achei curioso, e daí escrever um texto sobre, a apresentação do historiador Cláudio P. Elmir. Bisneto de libaneses, ele afirmou a dificuldade de se contar historicamente este evento, mesmo que se veja um pouco antes ou um pouco depois. Segundo ele, “O 11 de setembro não cabe em si mesmo, ele é apenas um indício. […] A guerra contra o terror talvez tenha sido apenas a mais evidente”.

Não se daria para dizer que se a eleição, fraudulenta, George W. Bush não tivesse sido confirmada ou se Osama Bin Laden fosse morto na década de 1990 se isso teria ocorrido. Abro um parêntese para lembrar de um professor de História de Ensino Fundamental que dissera em aula no ano anterior que “o Bush tinha cara de louco, parece que quer arranjar uma guerra a qualquer custo”. O 11 de setembro e suas guerras consecutivas me lembram sempre disso.

Voltando a Elmir, ele aborda o Outro lado deste acontecimento, que fez com que o mundo ocidental se unisse em torno dos estadunidenses, que tanto nos governos Bush ou Obama não deixariam de destacar o caráter de vingança. Encerrou ele: “We can [da campanha de Barack Obama] serve para muitos propósitos, inclusive para a caça bem sucedida do líder máximo da Al Qaeda. […] Nesta cruzada liderada pelos EUA, ainda assim, os fundamentalistas são os outros. […] Cabe questionar: fundamentalistas são os outros?”.

A seguir, o cientista político Carlos Alfredo G. Castro lembra que o líder da Al Qaeda tão perseguido, e cuja morte foi tão comemorada, foi colaborador dos Estados Unidos em confrontos na região décadas antes. Ele apresenta alguns dos questionamentos sobre como ocorreu naquela época e com dúvidas sobre o que ocorreu, numa espécie de “autodestruição”. Os custos com a guerra, até 2008, chegaram a US$ 3 bilhões, ora as perdas sociais, de pessoas mortas e desabrigados. “Ambígua situação de aproximação e separação de culturas. […] O Afeganistão enquanto nação não tinha nada a ver com aquele atentado. […] O Ocidente e o Oriente nunca tiveram tão próximos, paradoxalmente, por meio da violência”.

Falando em custos, algumas matérias desta semana costumaram ligar a crise econômica dos Estados Unidos, oriunda do boom no mercado imobiliário dos Estados Unidos, com o 11 de setembro, fazendo a relação com os gastos no setor bélico. Parece-me uma tentativa de tirar o peso das costas do mercado financeiro e culpar um setor econômico que não deixa de ser forte nos Estados Unidos, mas que aproveitou-se de um “momento”.

O processo neoliberal remonta a década de 1980, num período em que os Estados Unidos eram aliados de figuras como Saddam Hussein e Osama Bin Laden, apenas se metiam numa gélida guerra contra a União Soviética e por áreas de controle de um ou outro, com ameaças de destruição mundial. Para perceber as verdadeiras relações de causa-consequência basta observar tantos e tantos documentários sobre o assunto, caso do recente Inside Job, dirigido por alguém que não se coloca enquanto de centro-esquerda, socialista ou coisas afins.

Por fim, uma contribuição interessante da professora do PPG em Ciências da Comunicação Christa Berger, em meio às relações de “Acontecimento” que, sinceramente, não me interessam. No dia 11 de setembro de 1973 Salvador Allende era assassinado por conta do golpe militar no Chile. Morreram muitas mais pessoas que em 2001 e pouco ou nada se fala sobre (ver documentário extraído do “Sampa no Walkman” abaixo deste post).

Dentre as possibilidades apontadas para uma análise do ponto de vista jornalístico, ela citou que não seria interessante analisar as publicações da época. Mas tem algo que pouco vi ser comentado, ao menos aqui no Brasil, que veio depois. Como os jornais estadunidenses alimentaram as invasões ao Afeganistão e ao Iraque, provando a existências das inexistentes armas de destruição em massa no segundo país. Além disso, a comemoração mundial pela morte, sem mostrar o corpo, de Osama Bin Laden neste ano, com fogos de artifício, inclusive, pela grande mídia brasileira.

Dez anos depois, o mundo vive uma reviravolta em todos os setores. Economicamente, os Estados Unidos estão mais dependentes da China que os países emergentes dele, numa escala de dependência global em que os pontos de origem e destino sofreram algumas alterações, com uma interligação mais próxima por conta da falta de regulação sobre o capital financeiro, que domina as relações financeira mundiais. Segurança virou questão problemática e paranoica. Curiosamente, países como o Brasil tem mais mortos em “guerras civis” que nestes locais e pouco há de prático para evitar isso.

sábado, 10 de setembro de 2011

Em busca do El Dorado: A (rápida) volta a Maceió

1 comentários
Daqui a algumas horas estarei em direção à Rodoviária para pegar um ônibus para Recife e de lá pegar um avião de volta para casa. Pois é, agora verdadeiramente, na prática, Maceió virou uma cidade para visitas - assim como já fora Aracaju na última década.

Quando saí daqui no dia 07 de março deste ano já tinha dentre as atividades a volta para Maceió após o Intercom, maior evento de Comunicação do país. Ele ocorreria em Recife e eu daria um jeito de passar na "terra dos Marechais" - e do Collor. Só não sabia por quantos dias. O fato de descobrir depois que o evento tinha uma programação diferenciada, começando no sábado e terminando numa terça-feira, melhorou a situação, pois poderia passar o resto da semana na casa dos meus pais.

Óbvio que não falei para eles que viria para cá, mesmo quando o meu pai ligou para mim pela última vez no sábado retrasado, meio que desconfiando que eu aproveitaria a proximidade para passar por aqui. Como repeti para alguns colegas, se era para ver os "mesmos" problemas que a vinda fosse de surpresa, sem tempo para se preocuparem em "mascarar" a realidade que tanto conheço.

Fui ao Intercom, mas parecia que a minha maior preocupação era que o tempo passasse logo para que eu voltasse logo para Maceió. De forma geral, as minhas escolhas de espaços no evento muito me ajudaram para a pesquisa na Unisinos, conseguindo contatos interessantes. Os espaços específicos de Economia Política da Comunicação serviram para ver os sérios problemas que vivemos em termos de organização para eventos desse tipo e perceber que nós de Alagoas estamos com moral na área.

MACEIÓ
A volta para cá foi com a companhia de dois amigos de núcleo Cepcom, o que garantiu algumas conversas nas cerca de quatro horas de viagem. Chegando aqui, cada qual foi para a sua casa. Na minha, a surpresa nos rostos de todos e a estranheza dos dois cachorros que vi nascer e os quais dei os nomes. Só conseguiram se acalmar depois que saí com eles para passear. A mãe dos dois foi a única que me reconheceu.

O Baleia - homenagem à cadela Baleia de Vidas Secas, obras de Graciliano Ramos -, dá jus ao nome e ficou enorme. Deve ter mais de um metro quando fica de pé, mas por conta dos nove meses de vida, é um cachorro que só cresceu no tamanho...

Por conta dos pelos e das coisas no quarto estarem guardadas a seis meses, logo peguei um resfriado, que acabou me impossibilitando de visitar dois dos últimos locais de trabalho. Além disso, o meu atual trabalho é do tipo que se leva aonde se vai. Tinha artigo para enviar até hoje, que consegui mandar ontem, e tenho outro para segunda-feira - este de até 5 páginas e que eu já comecei, mas estou com a menor vontade de continuar...

A viagem me fez perceber também que continuo a manter as amizades só com quem tenho relações de "trabalho", que no meu caso são relações de estudo. Acabei jogando futsal na quarta à noite após dois anos e meio! por conta de amigos de Cepcom, que ainda voltei a encontrar na sexta-feira para uma reunião do grupo, que me deixou uma sensação de que finalmente está conseguindo estudar EPC. Depois, tempo de seguir para o apartamento de amigos e conversar durante a noite.

Além disso, a prioridade era visitar as avós. Uma comemorou 85 anos no mês passado e está bem - ainda bem. A outra, que fará 71 anos mês que vem, já esteve melhor, mas pude vê-la e duas outras tias. No caso da primeira, mesmo com as tias morando perto, optei por não ver mais ninguém, devido a alguns problemas de anos anteriores.

Enfim, em casa os problemas de "sempre" continuam e só corroboram com uma agenda de atividades no ano que vem não passa nem perto de Maceió. A possibilidade de retorno aqui, por enquanto, é inexistente, afinal passagens de avião para cá comeriam, pelo menos, metade da minha bolsa.

Nunca foi tão estranho ficar aqui, principalmente por não saber quando voltarei...