segunda-feira, 29 de março de 2010

Circo a motor - Uma corrida para duas páginas

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Desde o final do GP de Melbourne que não sai da minha cabeça como escrever de forma sucinta uma corrida que não teve nada de simples - bem longe da chata corrida do Bahrein. Poderia falar de tantos personagens: Button, Kubica, Massa, Alonso, Hamilton, Webber, Vettel e até de M. Schumacher.

Se escrevesse para um jornal pediria todas as páginas dedicadas ao caderno de esportes nesta segunda-feira. Pois foram tantas mudanças de posição, ultrapassagens, batidas, reviravoltas, erros, mudanças de estratégias, alterações na classificação,... Tanta coisa que fez valer a pena ter ficado acordado das 3h às 5h em pleno domingo - único dia que esse autor tem para descansar.

TREINO OFICIAL
Havia uma expectativa para nós brasileiros quanto as condições iniciais da pista. É que no treino oficial, todos achamos estranho o fato de Felipe Massa sempre ter ficado bem atrás do seu companheiro de Ferrari, Fernando Alonso, nas três partes da classificação.

Enquanto os carros da Red Bull mostravam ser superiores aos demais, com Alonso um pouco atrás, ficando em terceiro, Massa só conseguiu o quinto lugar, com Jenson Button à sua frente e a mais de meio segundo atrás dos três ponteiros. Uma grande diferença pois sabemos das qualidades do piloto brasileiro.

Em entrevista após o treino veio a explicação. Com a queda na temperatura, ele não conseguia esquentar os pneus e garantir maior aderência na pista. Só restava torcer para que o tempo ajudasse e a temperatura subisse cerca de 5° (para 27°). Ou então, na pior das hipóteses, que viesse a chuva, que traz uma verdadeira loteria em provas de alta velocidade.

TANTAS EMOÇÕES...
E a chuva veio antes mesmo de a corrida começar. Vinte minutos antes da prova, ela estava fininha e deve ter dado dor de cabeça aos engenheiros das equipes: colocar ou não pneu intermediário?

Com tudo úmido, todas as equipes optaram por deixar o pneu seco para outro momento e largar com o intermediário mesmo. A chuva só piorou o fato de que como se trata de um circuito de rua - algo que não sabia - Melbourne tinha o lado das posições pares bem piores quando comparado ao das ímpares.

Felipe Massa largou bem e se aproveitou das derrapadas de Alonso e de Webber, e também ultrapassou Button, para sair do quinto para o segundo lugar na corrida antes da primeira curva. Pelo que eu acompanho, esta foi a melhor largada do brasileiro pilotando uma Ferrari.

No meio do S que forma a primeira parte, dez títulos mundiais se chocaram. Button, M. Schumacher e Alonso se envolveram numa batida. Pior para Alonso, que virou o carro, e para o heptacampeão mundial, que teve que trocar o bico e passar "vexame" para ultrapassar a Virgin de Lucas Di Grassi e a STR de Jaime Alguersuari.

Ainda na primeira volta Kobayiashi saiu da pista e bateu de forma violenta no carro de Hukenberg, o que gerou bandeira amarela por algumas voltas. Após ela, com Massa se segurando para se manter à frente de Webber, já que a temperatura na pista caía com o tempo, Bruno Senna foi abandonado mais uma vez pelo seu Hispania.

A partir daí foi um show de ultrapassagens de Alonso e Hamilton, tentativas do velho Schummi, Webber tentando se aproximar em posições de Vettel, que liderava com folgas a corrida.

Algumas voltas depois, o que poderia ter sido a palhaçada da prova foi o que praticamente a definiu. Button resolveu se antecipar, e ainda com a pista úmida, colocou pneus para pista seca. ele foi passaear na brita logo depois da saída dos boxes. A previsão era que a chuva voltaria dali a dez minutos. Mas não voltou.

A maioria dos outros pilotos só trocou os pneus duas, três voltas depois. O inglês ainda realizou ultrapassagens, já que estava com o carro bem mais rápido, e se beneficiou das paradas para aparecer no segundo lugar quando as coisas se "normalizaram".

Na 25ª volta, mais uma vez Sebastian Vettel viu sua RBR, disparado o melhor carro quanto à velocidade no grid, ter problemas. Se na corrida anterior foi a vela que fez com que ele tirasse o pé do acelerador, desta vez foi o freio direito que faltou numa curva, fazndo com que o jovem alemão ficasse na brita e perdesse a chance da primeira vitória.

Nas mãos de Jenson Button, a corrida só poderia ser alterada se ocorresse algum problema na substituição dos pneus macios. Mas quem disse que ele parou para trocar os pneus? Nem ele, nem Kubica, nem Massa, nem Alonso.

Azar do espanhol, que mesmo com um rendimento melhor que o seu companheiro de equipe, não pôde ultrapassá-lo para evitar riscos - fora o claro desgaste nos pneus de ambos - e ainda teve que segurar Hamilton e Webber com facas nos dentes por mais de dez voltas. Os dois bateram e deram a quinta posição para Rosberg, que também pressionou o sensacional Alonso.

Com o resultado, o atual campeão mundial venceu a prova e já pulou para terceiro na classificação, com 31 pontos. Kubica surpreendeu, com uma Renault aquém do seu nível de piloto, na segunda posição. Felipe Massa marca o seu melhor início de temporada com dois pódios e 33 pontos marcados - o máximo que tinha conseguido na Austrália fora um sexto lugar. Alonso continua na liderança com 37 pontos. Rubens Barrichello terminou a prova na oitava posição e está com cinco pontos no campeonato.

Das novatas da "série B", a grande surpresa ficou por conta de Chandhok, da Hispania. O companheiro de Bruno Senna conseguiu terminar a prova, que contou com oito desistências e a não-largada de Jarno Trulli, da Lotus.

O circo praticamente não pára e já no próximo final de semana colocará sua tenda na Malásia. Se a corrida tiver metade do que teve essa já será uma a tração daquelas!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Notícias por “motivação política”

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Uma notícia movimentou os meios de comunicação alagoanos neste início de mês. Segundo a gerente de um cinema recém implantado num shopping da capital, policiais civis tentaram entrar de graça na primeira sessão de uma segunda-feira (08/03). Como ela não permitiu, eles chamaram reforço e levaram-na presa. Os policiais afirmaram que estavam numa operação para verificar tráfico de drogas no cinema. Porém, não apresentaram nenhum documento e depois não continuaram na suposta operação.

O assunto infestou o noticiário durante toda a semana, com direito a matérias em telejornais nacionais (Jornal Hoje, Jornal Nacional, Jornal da Record e Fala Brasil). Em meio às tentativas de explicação, o secretário de Estado da Defesa Social, Paulo Rubim, afirmou, no dia seguinte ao ocorrido, em entrevista coletiva que a atuação da imprensa, especificamente do grupo Gazeta de Alagoas neste caso tinha motivação política.

A base para tal possibilidade é o cada vez mais próximo período eleitoral, que nos bastidores já começou desde o fim do ano passado. Como alguns devem saber, o maior grupo comunicacional de Alagoas pertence à família do senador Fernando Collor de Mello (PTB). O ex-presidente do Brasil é um dos nomes que formam o “chapão”, agora “Frente Popular”, que aturará em oposição ao atual governador do Estado, o ex-senador Teotônio Vilela Filho (PSDB).

Fazem parte do grupo, que se caracteriza por ser formado pelos partidos da base do Governo Lula, nomes como o do senador Renan Calheiros (PMDB) e o ex-governador, e pré-candidato a um novo mandato, Ronaldo Lessa (PDT), além de partidos como PT e PCdoB.

CORONELISMO ELETRÔNICO

Com o período de disputa eleitoral praticamente em vigor, ficará difícil afirmar por essas bandas o que é ou não produção de matéria por motivação política. Afinal, sempre é mais fácil apontar a ausência de determinado assunto na pauta desse ou daquele noticiário do que a existência de matérias que prejudiquem alguém.

Em Alagoas, fixando nos grupos televisivos, as três TVs privadas pertencem a três grupos políticos: a TV Gazeta, à Organização Arnon de Mello; a TV Alagoas, à família Sampaio (do ex-vice-governador Geraldo Sampaio); e a TV Pajuçara, à uma sociedade entre o ex-deputado federal José Thomaz Nonô (DEM) e o senador João Tenório (PSDB), que também possui ações na TV Gazeta.

Neste caso específico da “carteirada” no cinema, a TV Pajuçara, cujos dois sócios são aliados do governador Téo Vilela para as próximas eleições, também fez matérias e teceu comentários sobre o assunto. Além disso, a TV Record, cuja emissora é retransmissora, também noticiou o fato – com o erro de afirmar que a gerente do cinema era bilheteira.

A única diferença que pode ser apontada é que em dois dias os apresentadores do ALTV 1ª Edição, jornal do horário do almoço da TV Gazeta, dialogaram por cerca de dez minutos sobre o tema, mostrando a proibição da entrada gratuita dos policiais, até mesmo com citação de artigos de lei, estando fora de serviço. Porém, isso ocorreu depois da reclamação do secretário.

Se isso ocorre no ramo televisivo, imagina o que vai ocorrer com as rádios, a imensa maioria nas mãos de políticos espalhados na capital e no interior. Além dos candidatos oriundos de programas de rádio e de TV, que já começaram a campanha, seja apontando ainda mais os erros dos governantes ou, até mesmo, largando estúdios com condicionador de ar para fazer matérias nas favelas da capital.

O período para afastamento dos meios de comunicação – algo que esse tipo de candidato reclama – está próximo, mas os repórteres saem na frente dos demais por terem ampla divulgação de suas visitas e de suas propostas.

Do outro lado, os meios de comunicação continuarão a mostrar o que quiserem de quem quiser. O período eleitoral só vai focar um ponto ou outro da pauta “jornalística”, no que a lei eleitoral ainda permite.

Se o secretário reclamou de motivação política numa notícia que só existiu pela tradicional (em todo o Brasil) “carteirada” de policiais, ele não perde por esperar o que virá nos próximos meses.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Circo a motor - Tudo de volta

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E voltamos a ter um final de semana com o circo da Fórmula 1! E desta vez as atrações aumentaram: mudanças nos carros, mais pilotos na pista - com uma espécie de divisão inferior na categoria -, e muita expectativa vinda dos grandes pilotos.

A primeira apresentação da nova temporada ocorreu no meio do deserto, no Bahrein. O circuito de Sakhir sofreu alterações e cerca de 800 m eram totalmente desconhecidos pelos pilotos, que tiveram que se adaptar a um forte calor que só fez prejudicá-los ainda mais com a ausência de reabastecimento.

Nos treinos que antecederam a corrida, a primeira coisa perceptível foi a diferença do nível das equipes novas perante as demais, especialmente no caso da Hispania. Só Bruno Senna conseguir dar algumas voltas nos treinos livres e Chandok guiou o carro pela primeira vez nos treinos oficiais. A diferença de mais de 6 s com o tempo da poleposition fez com que o novo chefe da FIA, Jean Todt, pensasse na volta de um limite de tempo para a qualificação para cada Grande Prêmio.

Na hora da verdade, os dez carros classificados para disputar as primeiras posições no grid de largada não foram nenhuma surpresa, com a Ferrari, a McLaren e a RBR um pouco à frente e Mercedes, Force India e Renault superando a Willians. Vettel conseguiu o melhor tempo, seguido por Massa e Alonso.

FERRARI DOMINA

Incrível como antes da corrida, como nós mostramos no post anterior, todo mundo tinha dúvidas sobre quem estava com o melhor carro e após os treinos criou-se um "consenso" de que a Ferrari era a melhor. Imagina a surpresa quando todos souberam que os motores de cada carro da equipe tiveram que ser trocados porque não aguentava o calor do deserto.

Na pista, Felipe Massa largou mal, deixando o lado de dentro da segunda curva livre para Fernando Alonso ultrapassá-lo. Sem possibilidade de diferentes estratégias nas paradas dos boxes e com carros da mesma equipe, ele perderia ali o primeiro embate com o piloto espanhol.

Sebastian Vettel conseguiu manter a liderança até o meio da prova, quando o motor do seu carro perdeu potência e o seu tempo por volta foi aumentando. Tanto Alonso, quanto Massa e Hamilton o ultrapassaram com tranquilidade. Mantendo-se na pista como pôde, o novato alemão ainda conseguiu levar o carro até a linha de chegada na quarta posição, largando-o metros depois.

Nas posições intermediárias brigas por posições aquém do esperado. Rosberg conseguiu se manter bem à frente de Schumacher, seu companheiro de Mercedes, que chegou em sexto lugar em sua volta. Button e Webber não conseguiram colocar uma pressão real no maior campeão da história da F1 e chegaram em sétimo e oitavo respectivamente.

Rubens Barrichello fez uma corrida regular e chegou na décima posição que, graças à nova pontuação, lhe garantiu o primeiro ponto na temporada. Liuzzi, da Force India, ficou à sua frente e mostrou que a equipe indiana vem com um carro razoável para todas as corridas deste ano.

Na parte de baixo, a grande surpresa foi a (linda) Lottus que conseguiu terminar a prova com os dois carros, mesmo que nas últimas posições (16º e 17º). Como se era de esperar os dois carros da Virgin e os dois da Hispania ficaram no início da prova. Lucas di Grassi já na terceira volta e Bruno Senna na décima nona.
SÃO PAULO INDY 300
No domingo à tarde, o BRasil voltou a ter uma prova da Fórmula Indy. Realizada nas ruas de São Paulo, passando pelo sambódromo do Anhembi e com a maior reta da categoria às margens do rio Tietê, a confusão típica da prova de Fórmula 1 foi maximizada na corrida da categoria de origem estadunidense.

Quando soube que a pista escolhida como GP do Brasil passaria pelo sambódromo logo pensei na questão do piso de concreto do mesmo, mas a minha preocupação maior era se chovesse muito, já que as ruas de São Paulo não aguentam uma grande quantidade de água. Preocupei-me com o problema errado.

Os pilotos mal conseguiram passar da quinta marcha na reta do sambódromo por questões de seguranças. Mesmo os pilotos brasileiros reclamaram pela falta de preocupação em manter o carro no chão. Tony Kanaan, por exemplo, disse que o carro da escola de samba Gaviões da Fiel desfilou mais preso ao chão do que o seu Andretti-Green.

A organização teve que criar ranhuras, como as que devem ter em aeroportos, literalmente do dia para a noite, de sábado para domingo, com a possibilidade da aplicação de uma camada de asfalto no setor. Assim, o treino classificatório foi adiado do sábado à tarde para o domingo de manhã, bem no horário do GP da Fórmula 1, um tiro recebido pela Band, que tanto brigou para a realização da Indy por aqui.

A corrida, para mim, foi bem chata, apesar de não destoar das corridas da Fórmula Indy quanto às mudanças de posições e ultrapassagens constantes. Os brasileiros não chegaram a sonhar com a liderança em nenhum momento.

Mário Moraes saiu da prova logo no início ao passar por cima, literalmente, de Takuma Sato. Tony Kanaan foi tocado quando estava nas primeiras posições e perdeu a corrida, terminando no 14º lugar.

No meio da corrida, do nada, chega uma forte chuva que, desta vez, serviu para confirmar as previsões dos meteorologistas. Tanta água na pista que foi necessário parar a corrida por alguns minutos. Na volta, Hélio Castroneves errou ao demorar demais para colocar pneus para pista seca e teve que se contentar com o nono lugar.

Enquanto Ryan Briscoe errou sozinho e ficou de fora da corrida quando estava na frente, Will Power ultrapassou Ryan Hunter-Heay e venceu a prova, mostrando que a decisão de Roger Penske em lhe dar e criar um terceiro carro da equipe foi acertada.

A alegria dos brasileiros ficou por conta de Vitor Meira, que com um carro razoável e na sua volta após o acidente no GP de Indianápolis do ano passado - quando fraturou algumas vértebras -, terminou em terceiro lugar.

Raphael Mattos, da De Ferran/Luczo/Dragon, conseguiu a quarta colocação, a melhor classificação da história da equipe, que agora tem como sócio o brasileiro Gil de Ferran. Bia Figueiredo terminou a corrida, como pretendia, na 13ª posição.

terça-feira, 9 de março de 2010

Circo a motor renovado

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A Fórmula 1 volta, mais uma vez, totalmente renovada em início de temporada. Porém, ao contrário da última, promete ser uma das mais emocionantes dentro da pista devido às variadas possibilidades a serem descobertas de corrida em corrida ao longo deste ano. A pontuação também muda, pela sexta vez na história, para premiar o vencedor das provas. Além disso, após dez anos, largarão na primeira etapa quatro campeões do mundo.

Neste ano serão 12 equipes na temporada, com a estreia das novatas Virgin Racing, Hispania Racing F1 (antiga Campos) e Lotus F1 (no lugar da Toyota). Além da volta da Sauber (no espólio da BMW), na aquisição da Brawn GP pela Mercedes e na grande venda da Renault para um grupo financeiro. A estadunidense USF1 não conseguiu verbas para correr este ano.

A primeira etapa é neste final de semana, no circuito do Bahrein, e termina com a sua décima nona etapa no circuito de Abu Dhabi, passando por Brasil, Itália, Bélgica, Alemanha, Malásia, Mônaco, Hungria, Cingapura, Japão, Turquia, Canadá, Espanha, Inglaterra e pela primeira vez na Coreia do Sul.

REGRAS
Os carros sofreram grandes alterações para esta temporada. Se em 2009 vimos a diminuição das asas traseiras, o uso do KERS (repositor de energia) em alguns carros e o aparecimento dos difusores traseiros nas equipes que souberam "ler" o regulamento; para 2010, a FIA resolveu acabar com o acréscimo de combustível nas paradas de boxes. Assim, o tanque que, em média, suportava 80 litros de gasolina, passa a ter que suportar 250 litros.

Outra mudança é no tamanho dos pneus dianteiros, cuja largura foi reduzida de 270 milímetros para 245, numa tentativa de melhorar o equilíbrio de aderência entre as duas metade do carro. E se o reabastecimento acabou, fazendo com que a classificação para a corrida seja para os mais rápidos realmente, os pneus usados na última partida serão os que os carros largarão.

Uma alteração que já vinha sendo discutida desde o ano passado é a pontuação por prova. Após a ideia (imposta) de o campeão ser descoberto pelo número de vitórias, o que teria dado a Jenson Button o título do ano passado com muitas corridas de antecedência, e uma mudança parcial no final de 2009, decidiu-se pela premiação de dez pilotos (em vez de oito) e pela maior diferença entre o primeiro e o segundo lugar:

1º: 25
2º: 18
3º: 15
4º: 12
5º: 10
6º: 08
7º: 06
8º: 04
9º: 02
10º: 01

EQUIPES
A dança das cadeiras montou equipes que, ao menos quanto aos pilotos, devem se destacar neste ano.

A Ferrari terá a volta de Felipe Massa após o acidente do ano passado e a estreia do bicampeão mundial Fernando Alonso, um companheiro bem mais competitivo do que o gélido Kimi Raikonen. Vale lembrar que os dois já discutiram numa corrida em 2007, quando Alonso ainda era da McLaren.

Falando nas flechas de prata, a equipe manteve o "queridinho" deles, Lewis Hamilton, e contratou um "ex" queridinho dos ingleses, o atual campeão mundial Jenson Button. Nas duas maiores equipes da Fórmula 1 a expectativa é saber por quem trabalhará a equipe a partir de determinado ponto de disputa na temporada.

Além das duas, não há como deixar de destacar o retorno do maior campeão da história da Fórmula 1, o homem que detém quase todos os recordes da maior categoria do automobilismo mundial. O heptacampeão Michael Schumacher, com 41 anos, resolveu largar a aposentadoria e assumir um posto na equipe Mercedes, onde terá como companheiro o também alemão Nico Rosberg.

Outra equipe forte é a Red Bull Racing, que manteve seus dois pilotos, o alemão Sebastian Vettel e o australiano Mark Webber.

Destacamos também a presença de quatro brasileiros no grid. Além de Massa, Rubens Barrichello assume um lugar na Willians e Lucas Di Grassi e Bruno Senna estreiam na categoria na Virgin e na Hispania, respectivamente. Bruno, apesar do sobrenome muito famoso, quase não consegue correr este ano por falta de dinheiro na equipe e ainda não tem certeza se correrá no Bahrein.

DISPUTA ACIRRADA
Com a redução nos treinos de pré-temporada pouco se sabe ao certo como vai ser a primeira corrida do ano. Aposta-se na força da Ferrari, da McLaren e da RBR por terem conseguido fazer melhores tempos ao longo dos treinos. Porém, ninguém sabe ao certo a quantidade de gasolina nos carros neste período, mesmo que a durabilidade de cada um tenha sido boa.

Fernando Alonso disse que os carros da RBR foram melhor, Lewis Hamilton falou que a Ferrari larga um pouco na frente e os especialista apostam na McLaren - que, pelo que se comenta, apresenta novidades aerodinômicas em relação às demais. Um verdadeiro jogo de empurra-empurra que só saberemos quem estava certo, ou não, com os primeiros treinos no Bahrein.

O Circo a motor acompanhará tudo e transmitirá na semana que vem as primeiras impressões da temporada na sua apresentação de estreia. Além disso, ficaremos de olho na volta da Fórmula Indy às pistas brasileiras, no circuito de rua de São Paulo também neste domingo.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Um time, um país (Invictus)

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Um filme sobre a África do Sul no ano que o país realizará um dos maiores eventos esportivos do mundo. Um filme com uma história de redenção através do esporte. Um filme sobre como um país pode se reerguer após um período sombrio. Acrescente a estes fatores, um personagem histórico quase "santificado", Nelson Mandella, feito por Morgan Freeman.

Como fazer um filme com um esporte como base ser bom e ter sucesso de crítica e de público, mesmo sabendo do seu final? Como fugir do simples de uma história real que o mundo todo aprecia por ter como protagonista uma das poucas personalidades reverenciadas por quase todos os lados?

Esse foi o desafio do diretor Clint Eastwood. Tentar fugir de aspectos banais que cercam os filmes esportivos ou, para este caso, cair numa santificação da imagem de Mandela, o homem que fugiu de uma possível vingança após anos de subordinação e prisão para tentar unir um país.

Antes de qualquer coisa vou logo avisando que alguém apaixonado por esportes, independentemente de quais sejam, como eu não poderia ter outra reação do que a que vi na sessão de cinema. E, provavelmente, o fato de ter achado Invictus um dos melhores filmes que eu já tive a possibilidade de assistir derive disso.

Se em O Ano em que meus pais saíram de férias (2006, Cao Hamburguer) eu saí feliz por ter visto um filme que soube mostrar a relação do futebol num período difícil da vida sócio-política brasileira, com todas as referências do mesmo como "ópio do povo" e de como o esporte pode unir muitos; no filme sobre a África do Sul pós-apartheid, o esporte foi visto como a mostra de como se pode romper com preconceitos em busca de um mesmo objetivo.

AULA DE HISTÓRIA
Confesso que apesar de ter ouvido falar sobre o período do apartheid na África do Sul, ter ouvido mais ainda sobre Nelson Mandela, percebi que pouco conhecia do processo de transição ocorrido na década de 90, o quanto era difícil administrar o otimismo dos negros e o pessimismo dos afrikaners, ambos exagerados.

Após ficar preso por 27 anos, Nelson Mandela, líder do movimento contrário à situação de divisão de acordo com a cor da pele, é solto e a esperança dos negros sul-africanos renasce. Além disso, com, pela primeira vez, a oportunidade de votarem nas eleições de 1994, com o ex-preso como candidato, viram em Mandela o homem que poderiam resgatá-los do ostracismo e da pobreza que os descendentes de ingleses os relegaram.

Só que a eleição foi só o primeiro passo. A maioria de seus seguidores desejava a vingança, menos ele, que mostrou que queria a união do país ao manter os empregados administrativos do período anterior - que já arrumavam suas coisas para ir embora. Dentre eles, estavam os antigos seguranças, que treinaram em locais que serviam para formar policiais de segurança nacional que prendiam os negros. É na segurança pessoal do presidente que se vê as diferenças existentes entre as duas partes da África do Sul e o quão elas vão mudando ao longo do tempo.

E essas diferenças são trazidas até o público na primeira cena do filme. De um lado, crianças jogam futebol. Elas são negras, pobres, roupas rasgadas, atuando no que chamamos aqui no Brasil de "terrão". Do outro lado da rua, com cercas para fazer "proteção", estão jovens brancos, num bonito gramado, com uma bola oval e roupas em perfeito estado para jogar o rúgbi.

Na África do Sul, o futebol era/é o esporte para negros e o rúgbi o esporte para brancos. Daí que ainda hoje, na seleção que disputará o Mundial em casa este ano, há apenas um branco, o zagueiro Boo, que faz a torcida entrar em delírio nas partidas; e na seleção do país de rúgbi, os Springboks, só existisse um negro, Chester.

"Madiba", como era chamado Mandela pelos negros por ser o nome de família, tinha que enfrentar um país recém aberto para outros após o fim das sanções da ONU. O que significava a busca por ajuda e parcerias financeiras e industriais de outros países (dos Estados Unidos à China). Com crise econômica visível num país já bem pobre, os jornais já circulavam citando o fim da "lua-de-mel do presidente".

No ano seguinte haveria a Copa do Mundo de Rúgbi na África do Sul. A expectativa, segundo os amistosos realizados com outros países, era um vexame, no máximo chegar até às quartas-de-final. O capitão do time, François Pienaar recebia pressão por resultados e ficou bem perto de ser tirado do cargo.

A SOLUÇÃO
Enquanto todos esperavam soluções para os problemas socioeconômicos do país, Mandela resolveu apostar no esporte como meio de unir o povo sul-africano. Uma das suas primeiras ações sobre isso foi conhecer o rúgbi com profundidade, já que antes só sabia que tinha que torcer contra os afrikaners, no esporte "deles", e do jeito que sempre foi - roupas verde e dourado e nome Springboks.

A união entre Pienaar e Mandela, selada a partir de um jantar, representava o que poderia acontecer no país. Os dois eram pressionados até mesmo pela própria família. Enquanto o capitão morava numa casa que mantinha uma emprega negra como escrava; o presidente via a sua filha se afastar por suas decisões não vingativas.

O presidente cria a campanha "One team. One country" como forma de propagar o esporte e garantir a confiança da população. Os jogadores chegaram até a dar aulas de rúgbi para crianças nas regiões pobres da África do Sul, que até então renegavam o esporte. Imaginam nossas "estrelas" de futebol jogando nas favelas do Brasil?

Uma criança especificamente representa bem essa virada de "mentalidade", por assim dizer. Numa cena, uma mulher branca entrega roupas para crianças pobres e a última camisa que sobra é a dos Springboks. A senhora diz que ele teve sorte e ele não quer a camisa. Ao longo do filme o menino treina com a seleção, e faz uma das cenas mais cômicas e engraçadas na surpreendente final do Mundial ao comemorar junto com policiais.

TORNEIO
O time passa por cada adversário na Copa do Mundo e chega na final contra uma também surpreendente Nova Zelândia, que eliminou os favoritos ingleses na semi-final. Os All Blacks fizeram a maior pontuação da história ao vencerem na primeira fase os japoneses com 145 pontos! E possuíam em Lomu o craque que era quase imbatível - junto com a dança dos moari no início de cada partida.

Uma final emocionante, sem os dois times conseguirem fazer pontuações expressivas, com o resultado saindo através de gols - chutes entre as imensas balizas. No tempo normal, um empate por 12 a 12, vindo através de três "pênaltis" de Stransky (AFS) e de Merhtens (NZE) e de um drop goal de cada jogador - jogar a bola coma as mãos e chutar entre as traves.

Na prorrogação, Joel Stransky fez o gol que deu o título e a imensa festa em toda a África do Sul. Como disse Pienaar, não só para os mais de 60 mil presentes no estádio, mas para os mais de 40 milhões de sul-africanos.

Nelson Mandela, vestido com a camisa e o boné do time entregou a taça ao capitão. Como está no pôster do filme: "As pessoas precisavam de um líder. Ele deu a elas um campeão".

+ MAIS
O filme teve algumas falhas, como não mostrar tanto a relação de preconceito "interracial" diferente nasduas famílias, mas não dava tempo para isso. Fora que a intenção, muito bem interpretada por Morgan Freeman, era mostrar o lado "humano", terreno, de Mandela, que tinha seus problemas, mas fazia muito pelo seu "povo".

Outra ponto negativo foi o exagero de ter uma ameaça terrorista no dia da final. Ficou bem desnecessário para o que foi o filme o resultado da suposta ação - algo até bizarro de tão improvável e irreal.

Mas no geral, repito que é um filme sensacional, que valeu a minha tarde de sábado para assisti-lo mesmo que na fileira de trás tivesse um rapaz que ria alto para caramba ou que uma mulher tenha atendido por duas vezes o celular dois cadeiras à direita de mim. Prova de quão bom foi o filme é que as pessoas esperaram até o final dos créditos, já que os mesmos foram acompanhados com fotos tiradas naquele momento histórico.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Go Canada!

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O nosso último post foi sobre as primeiras medalhas douradas do Canadá em Olimpíadas promovidas no país. Hoje acabaram os Jogos Olímpicos de Inverno 2010, realizados em Vancouver, e o resultado foi totalmente diferente do que os canadenses haviam se acostumado.

No meio de tanta festa da torcida, eles venceram os Jogos com 14 medalhas de ouro, um recorde. Foram quatro a mais que o país segundo colocado, a Alemanha, e cinco à frente dos Estados Unidos - que tiveram mais medalhas no total e devem se achar campeões, como fizeram após Pequim 2008.

Com uma pequena presença brasileira, e sem chances de medalhas, confesso que torci pelos canadenses. O primeiro motivo pelo fato de eles nunca terem conseguido medalhas de ouro em casa. Imagina fazer uma super festa e não conseguir se divertir - para quem gosta de festas .

Porém, o principal motivo veio dos Estados Unidos. São apenas três países na América do Norte e um deles, o México, foi colocado na América Latina. Só sobram o Canadá e os estadunidenses, destes últimos ouvimos falar muito e do primeiro quase nada.

Segundo um colega de trabalho viciado em séries, uma delas, How I meet your mother, trata de uma jornalista canadense que passa a trabalhar no país abaixo. Tudo bem que séries cômicas exageram, mas um episódio que ele me contou me irritou bastante.

A repórter chega num bar com um colega e ele começa a gritar "USA, USA, USA", acompanhado por todos do recinto. Depois, grita qualquer porcaria e todo mundo repete. A canadense diz que todo mundo ali repete qualquer coisa que disserem e arrisca um "Canada, Canada, Canada", que ficou num silêncio sepulcral.

Além disso, supostamente os estadunidenses tratam o Canadá como uma cidade deles. Dentre outras coisas, as ligas de basquete e de hóquei dos EUA possuem times canadenses. Como já dissemos antes, ainda há o fato da completa diferença de mentalidade de moradores dos países. Enquanto uns geralmente estão satisfeitos com o que fazem, os outros se acham melhores do que qualquer outro.

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Vale destacar também a super transmissão da Record. Uma grande equipe liderada por Álvaro José, o maior especialista em esportes do Brasil, toda transmissão com ele é uma aula sobre a história da modalidade em questão. Além da presença de Paulo Henrique Amorim, muito melhor fazendo reportagens sobre o país do que sobre esportes, Milena Ceribely e Ana Paula Padrão, dentre outros.

Se nem os executivos da empresa acreditavam no sucesso da competição, que para eles seria um simples teste para mostrar o "potencial olímpico" de transmissão, todos se enganaram. As transmissões da tarde, por exemplo, mais que dobraram a audiência do horário, até então o fracasso na grade da emissora. Prova de que brasileiro gosta de competição, de espetáculo, mesmo que nenhum dos "nossos" esteja na disputa.

Mas quem viu a exibição de gala da patinação no gelo, mostrada "ao vivo" no sábado à noite, deve ter percebido o quão espetacular podem ser os jogos de inverno. Beleza, sensualidade, precisão técnica,... Um verdadeiro show que pode ser descrito pela atuação da sul-coreana vencedora na patinação artística individual. Liu Chen conseguiu a maior pontuação da história numa apresentação que, segundo a própria, não teve um errinho sequer!

Vale destacar também as partidas de hóquei, vencidas pelos canadenses nos dois gêneros. Um esporte que tem goleiro e tem gols igual ao futebol, só que com um "pouco" mais de contato físico. Pena que o pick, o disco que serve como a "nossa" bola, às vezes ficasse tão escondido que não dava para ver, tamanha a rapidez das jogadas.

E pena também que a Record não quis transmitir as finais ao vivo. A do masculino foi sensacional, pelo que soube. Uma revanche para o Canadá contra os Estados Unidos, que calaram a torcida ainda na primeira fase ao vencerem por 5 a 3. O time da casa abriu dois a zero, mas cedeu o empate faltando 24 segundos para acabar o jogo. Na prorrogação saiu o gol de ouro que deve ter levado o ginásio a uma explosão impressionante.

Enfim, fica a satisfação de ter acompanhado um show, com vários esportes desconhecidos ou pouco conhecidos. Se havia alguma dúvida sobre a capacidade de transmissão da emissora - ainda com poucos narradores e um time específico de esporte muito pequeno -, Vancouver 2010 mostra que eles podem fazer algo que preste. Esperemos...