domingo, 2 de março de 2008

Eclipse: eis o aborto - parte II

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Outra coisa importante a se ressaltar é a liberdade da mulher decidir se vai ter ou não um filho. É presumível, até por quem não desconfia da sociedade opressora em que vivemos, que não existe liberdade real na sociedade do capital, daí que só se pensa na criança e esquece do direito que a mulher teria de optar por ter um filho ou não.


Não caiamos na discussão de que se o aborto for "liberado" as clínicas encherão de gente e a população não crescerá, porque esse processo só vai legalizar algo que já existe no nosso país. A diferença (primordial) será que as pobres que fazem o aborto em clínicas clandestinas, que parecem mais açougues, terão um tratamento melhor e mais chance de seguir com vida.


Realmente, confiar nas leis para que regulem esse processo é acreditar num sistema "democrático" que todos sabemos que não funciona. Mas não vai ser a liberação do aborto que vai gerar uma corrida aos hospitais para que as mulheres o façam.É necessário um processo de conscientização para que as pessoas entendam em que ocasiões podem utilizar desse instrumento, mas qualquer forma de conscientização depende de interesses outros (religiosos, políticos, de controle, etc).


O que não pode continuar a acontecer é fingir que se faz um debate quando só se permite, em espaços públicos, que um dos lados mostre o seu posicionamento. Não podemos aceitar que igrejas tenham conflitos sobre tal assunto devido a interesses outros (vide a posição da Igreja Universal).


Realmente espero que tais instituições utilizem de seu poderio (vide propagandas, conferências e exposições feitas pela Igreja Católica) para mostrar as pessoas o quanto são oprimidas nesta sociedade. Incentivar a uma igualdade real deveria ser o objetivo para quem ainda defende as boas ações do ser humano.


PS.: Ah! Esqueci que a religião é uma das formas de controle social e um dos instrumentos do sistema vigente, logo, o que pus no parágrafo acima só pode ocorrer em mínimos setores progressistas que existem. Detalhe, nenhum deles propõe uma outra forma social.




Eclipse: eis o aborto - parte I

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Nas duas últimas semanas, destaco dois momentos importantes: um foi um eclipse total da lua e outro foi a discussão que tivemos na universidade, durante a semana, sobre a legalização ou não do aborto.

Enquanto um eclipse lunar como esse, completo, só deve ter daqui a uns dois anos (alguns dizem que daqui a sete), o aborto é um assunto que divide ciência e religião há alguns séculos.
Antes de mais nada, acredito ser importante, para qualquer discussão, inclusive a religiosa, tentar entender o que faz aquele que discorda da sua opinião achar determinada coisa, ver o seu contexto; muitas vezes, assim como a lua, as pessoas se escondem irrevogavelmente atrás das sombras do tamanho da Terra (seja através de religião ou ideal social).
A minha opinião, mesmo antes de ter acesso a conhecimento que defendem liberdades individuais (não no sentido do capital) era que, ao menos, numa situação de estupro, a mulher deveria ter o direito de abortar o filho, já que acredito que seja ínfima a possibilidade de uma mulher admirar tal fruto advindo de uma relação dolorosa.
Descobri com as discussões, não só dentro da sala-de-aula mas também via propaganda da Igreja Católica, que isso é permitido pela lei. Porém, mesmo nesta situação, as pessoas que são contrárias ao aborto não defendem tal exceção, simplesmente fogem do debate quanto a isso, pensam que é necessário pensar sobre a situação (vide o deputado que preside o Comitê pela vida).
Fora isso e discordando do supracitado (que esteve num telejornal matutino local) não acredito que por ser "uma entre um milhão de mulheres" que morrem no parto que devamos esquecer que esse fato existe. Assim como ele não contou as pobres que fazem aborto por não terem condições financeiras de arcam com um filho e, pelo fato de serem pobres, por não terem oportunidade de acesso à informação - algo que só a maioria, classe média e burguesa, tem amplo acesso.
Enfim, é um assunto polêmico e farei uma parte II em breve, espero que amanhã.