domingo, 27 de dezembro de 2009

As respostas para Avatar

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Era grande a minha expectativa para o filme Avatar. Há meses que leio matérias sobre a revolução técnica que o diretor James Cameron (Titanic, Exterminador do Futuro) proporcionaria após quinze anos de espera por tecnologia que desse asas às sua imaginação.

Assim como Matrix, dos irmãos (Cohen) Wachowski, o filme traria transformações incríveis na maneira de se utilizar a computação gráfica na Sétima Arte. algo capaz de fazer filmes como O Senhor dos Anéis parecerem ter sido feitos com marionetes.

FILME

Antes de qualquer coisa é preciso que se explique que em Alagoas não há nenhuma sala para filmes em 3D, uma das vantagens de Avatar – cujos óculos também foram fabricados, que fogem àquele primário azul e vermelho. Assim, perde-se um pouco na recepção. Aliás, tivemos até que trocar de sala do Cine Farol porque o condicionador de ar não funcionava (!), imagina capacidade para três dimensões.


O enredo utiliza-se de uma fórmula simples. O ano é 2156, a Terra já não fontes de energia e vegetação, a busca por alternativas energéticas faz da lua Pandora um alvo fácil para as ações de corporações financeiras, devido a uma grande quantidade de um mineral caríssimo que pode ser a solução para os terráqueos.


Jake Sully (Sam Worthington) é um ex-fusileiro que preso a uma cadeira de rodas opta por substituir seu irmão gêmeo, pesquisador assassinado uma semana antes de viajar para participar das pesquisas com os habitantes humanóides do local, os na'vi, seres com relação intrínseca com a natureza.


Visto como um "idiota" no meio de pesquisadores como a doutora Grace (Sigourney Weaver) e o cientista Norm (Joel Moore), o ex-marine acaba por se interessar pelo lado militar da operação, comandada pelo Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang). De conhecimento das formas de vida dos habitantes, a função de Jake passa ser a de se infiltrar entre os na’vi através de seu avatar, um clone dos habitantes do local, de forma a conseguir que eles cooperem com os humanos ou, na pior das hipóteses, que se descubram os seus pontos fracos.


Graças a Eywa, a força que gere o equilíbrio natural de Pandora, Jake consegue ser treinado pela filha dos chefes do clã Omaticaya, Neytiri (Zoe Saldanha), que também o chama de idiota. Aos poucos, com a liberdade proporcionada pelas pernas do avatar, ele percebe que o que era apenas um sonho virou sua realidade. A partir daí, o território a proteger é o dos na'vi.


MARAVILHOSO...

Para quem, como eu, sempre gostou da parte dos bastidores e das questões tecnológicas na produção de um filme, Avatar é de encher os olhos. A perfeição dos humanóides é algo incrível. Para perceber isso basta olhar as cenas em que um humano e um na'vi são colocados com proximidade. Não dá para acreditar que os azulzinhos foram feitos por meio de computação gráfica.


A isto acrescentem-se os animais, com características visuais próximas aos existentes na Terra, e o ambiente mostrado. A floresta bioluminescente é algo espetacular! Lembra o mundo submarino, o qual os homens não conseguem ter acesso, porém aqui, além de ser algo na superfície são as plantas que são iluminadas/ilumináveis.


As cenas de ação também fazem parte de uma linha em particular. Apesar de não desfrutar de um óculos 3 D, o acompanhamento das cenas com uma câmera virtual conseguem nos levar a posições tais quais os protagonistas da estória.


Para finalizar, assim como J. R. R. Tolkien fez na saga de O Senhor dos Anéis, Cameron criou uma língua para os na'vi - apesar de a maioria deles mostrar que sabem falar em inglês.


... MAS TÊM CLICHÊS

O problema do filme está na história, que pode lembrar várias outras já contada no cinema. Fora que o filme tem alguns clichês baseados na realidade atual: salvar a natureza e a vitória contra o "terror" todo o custo.


Coincidência ou não, o filme traz uma batalha em que os humanos são os vilões por terem destruído a natureza do seu local de origem e agora tentarem destruir o habitat dos outros. Assim como os países desenvolvidos, e sua produção industrial em larga escala, fazem com que micro-países em paraísos tropicais, supostamente, possam desaparecer com a destruição do equilíbrio natural.


O outro clichê vem claramente expresso na frase do Coronel Quaritch antes da batalha: "Iremos combater o terror com o terror". Algo mais bushiniano do que isso não há. Assim como, todo o seu posicionamento de típico militar, mais interessado em matar do que em saber quem morreu, como tantas guerra que vemos diariamente - seja no Iraque ou no Rio de Janeiro.


Outro problema, para nós brasileiros, é a legenda do filme. Não entendo como algo com que se gastou tanto permite que um país tenha como acompanhamento textual erros como o do nome da protagonista do filme, que algumas vezes aparece como Neytri em vez de Neytiri. Além do momento em que aparece "martes" no lugar de "mortes".


ESCOLHA

Cabe agora a você escolher. Se quiser ver elementos novos de tecnologia sendo aplicados pelo cinema hollywoodiano - a um preço que pode chegar a US$ 1 bilhão, Avatar é um prato cheio. Porém, se quiser assistir a uma boa estória retratada na telona, é melhor ir na melhor locadora que puder e assistir a outros filmes, com toda certeza bem melhores do que este.


Fotos: Promoção do filme





quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

MST e Veja: o eterno alvo

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Chega a ser contraditória a posição dos meios de comunicação quando o assunto é o protesto social. Na maioria das vezes, os portadores de canetas e microfones pedem que a sociedade reclame de forma oficial, sem grandes manifestações. Porém, em alguns poucos casos, como o do DEMsalão em Brasília – onde há imagens quase comprobatórias-, mesmo a ocupação da Câmara Distrital foi aceita com tranqüilidade, algo até justificável.

Dentro dessa relação entre movimentos sociais e mídia, o maior movimento da América Latina, o Movimento dos trabalhadores rurais Sem-Terra (MST) nunca teve vida fácil. Aqui em Alagoas, por exemplo, o Governo do Estado, do PSDB, chegou a ser cobrado pelo apoio às Feiras Camponesas realizadas com frequência ao longo do ano como forma de mostrar à sociedade o que vem sendo produzido com a reforma agrária.

A maior revista de circulação nacional, a revista Veja (grupo Abril) sempre entendeu o movimento como algo partidário, cujos interesses pessoais prevaleciam, e voltado à baderna. Numa rápida pesquisa realizada através do site da revista foram encontradas 31.144 citações da sigla MST ao longo dos mais de 40 anos da publicação. Desde matérias sobre o movimento a reportagens sobre religiões neopentecostais ou sobre “fazendeiros fantasmas”. Como matéria principal, foram apenas cinco capas.

Mas não me lembro de nada parecido com o que foi colocado na edição de nº 2134, do dia 14 de outubro deste ano.

Apesar de a matéria de capa trazer o lindo rosto de um bebê branco de olhos azuis – tão comum no Brasil, não é mesmo? -, o editorial da revista foi sobre o MST, após a ação nas fazendas de laranja da Cutrale. Na capa, no alto da página, estava um homem com chapéu e lenço vermelho no rosto, no melhor estilo bandido de Velho-Oeste dos filmes estadunidenses. O título era: “MST: Até quando os crimes da quadrilha [sic] ficarão impunes?”.


EDITORIAL

A “Carta ao Leitor” “MST: até quando?” não chega a sequer ser pueril quando logo em seu início divide os brasileiros em apenas dois tipos: os bons, “que vivem sob o império da lei e que têm de responder à Justiça caso cometam crimes”; e os maus, “integrantes do bando armado conhecido como Movimento dos Sem-Terra” (p. 12).

Até parece que o Brasil é um exemplo de justiça, com todos os tipos de criminosos, “com exceção do MST”, indo para a cadeia.

Realmente estamos num país onde nunca existiu crimes de colarinho branco; em que nunca vimos um presidente do Senado cometendo vários crimes e sequer ser afastado da presidência, quiçá julgado; em que deputados estaduais desviam quase R$ 300 milhões de reais de um dos Estados mais pobres do país e dois anos depois todos foram julgados; em que roubam dinheiro para merenda de crianças e os presos não reclamam das algemas e anos depois o processo não estacionou.

Senhores, a Veja fez uma grande descoberta, algo que necessitaria milhões de anos para que os antropólogos e sociólogos chegassem a tal conclusão, o Brasil só está tão mal, com deficiência na saúde, educação, segurança, habitação,... por causa do MST. Pois é, “para o Brasil, ele [o prejuízo] está sendo incalculável” (p. 12).

Só os integrantes do movimento mataram outras pessoas ao longo de tantos anos de existência. Nunca nenhum trabalhador rural morreu ou levou tiros e sofreu ameaças de jagunços de latifundiários. Estes bons senhores [sic] que garantem os milhões de reais para equilibrar a nossa balança financeira, que nunca atingiram o meio ambiente de forma danosa, nem mesmo com as suas pobres vaquinhas em seus míseros pastos.

Confesso que não conheço a liderança do MST e por isso não posso afirmar como é a relação de comando existente, mas afirmações como: “Sua arma [do MST] é o terror dos fazendeiros” (p. 12) é inverter a relação do sofredor com quem lhe imprime o sofrimento.

Mas o que esperar de uma revista de posicionamento tão à direita, que põe sua opinião de forma tão clara que o seu editorial admite o que vimos em nossa pesquisa rápida no site: “O MST, como já mostrou VEJA em diversas reportagens, é comandado por agitadores profissionais” (grifos nossos)? O que esperar?

PESQUISA

Observe os títulos sobre o Movimento encontrados em outras oito edições da revista:

“A esquerda com raiva” – 03/06/98

“Impunidade: o MST agora mata e quer proteção do Estado” – 04/03/2000

“A tática da baderna” – 10/05/2000

“MST: o futuro do Movimento” – 20/09/2000

“A esquerda delirante” – 18/06/2003

“Os PTBulls” – 14/06/2006

“MST: 25 anos de crime e impunidade” – 28/01/09

“Abrimos o cofre do MST” – 02/09/09

O único título que não daria para pensar de forma negativa, ao menos de início, é sobre o “Futuro do movimento” e, mesmo assim, a matéria traz uma crítica à forma de reforma agrária pretendida pelo MST e realizada aqui no Brasil. E olhe que ainda estávamos sob um governo declaradamente neoliberal.

Dentre as 31.144 palavras do movimento encontradas – até o dia 18 de dezembro -, os dez textos que apareceram na tela são de um de seus colunistas, Reinaldo Azevedo, que, pelo jeito, é o responsável em achincalhar o MST, com matérias com títulos como “Vandalismo no campo: o MST é a nossa Al Qaeda” (08/10) ou “O MST e o terrorismo oficializado” (05/11).

Assim como já fez em fotos de Hugo Chávez e Che Guevara, de forma a depreciá-los de alguma forma, observe as capas das matérias abaixo e chegue às suas próprias conclusões se há em algum momento preocupação do meio em usar a tão propalada imparcialidade:




CONTINUA NO POST ABAIXO...



MST e Veja: o eterno alvo (Final)

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"A EXPLOSÃO DA BARBÁRIE”

O mais novo estopim do ataque midiático sobre o Movimento dos Sem-Terra foi a destruição de 10 mil pés de laranja e de 28 tratores, segundo a revista, da Sucocítrico Cutrale, a maior produtora de sucos de laranja do Brasil.

A grande imprensa aproveitou o fato de ter ocorrido sob uma região “produtiva” para falar mal do movimento através deste fato isolado. Na matéria “A Explosão da Barbárie”, a revista do Grupo Abril aproveitou para contar histórias de perseguição a trabalhadores a ponto de, prestem bastante atenção, falar sobre a exploração do trabalhador em termos marxistas:

“Ali, como em diversos assentamentos espalhados Brasil afora, o MST é o patrão; os camponeses, seu proletariado. Tal qual uma boa empresa capitalista, a organização sabe captar e multiplicar o seu dinheiro” (p. 65).

Os políticos se alvoroçaram em torno do assunto. Os da bancada ruralista reativaram a ideia de uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o MST, enquanto o Governo se calava.

A liderança do Movimento, a princípio, não conhecia os motivos da destruição das máquinas, pois o movimento sempre fora pacífico – daí a dúvida até se foi o MST autor da ação -, porém nunca deixou de afirmar que a região foi grilada pela Cutrale e estaria sendo contestada pela justiça e pelo Incra, que havia perdido a causa em segunda instância.

Um abaixo-assinado contra a criminalização do MST, assinada por estudiosos como Eduardo Galeano, Emir Sader, István Mészaros, Michael Lowy, Ricardo Antunes, Roberto Leher e Vito Gianotti, traria à tona o objetivo de tantos ataques:

“impedir a revisão dos índices de produtividade agrícola – cuja versão em vigor tem como base o censo agropecuário de 1975 – e viabilizar uma CPI sobre o MST. Com tal postura, o foco do debate agrário desloca-se dos responsáveis pela desigualdade e concentração para criminalizar os que lutam pelo direito do povo. A revisão dos índices evidenciaria que, apesar de todo o avanço técnico, boa parte das grandes propriedades não é tão produtiva quanto seus donos alegam e estaria, assim, disponível para a reforma agrária.”

O texto ainda traz o fato de que não há imagens de que foram os sem-terra que cometeram tal atitude e, o principal, que “na ótica dos setores dominantes, pés de laranja arrancados em protesto representam uma imagem mais chocante do que as famílias que vivem em acampamentos precários desejando produzir alimentos”.

Voltando à edição da revista, ela traz ainda o resultado de uma pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Agricultura ao Ibope – o mesmo instituto envolto a problemas sobre audiência televisiva - em nove assentamentos para “provar” o quão retrógrado é o modelo de reforma agrária do governo Lula – crítica feita desde FHC. Um detalhe importante que faltou citar é que os alimentos que chegam à mesa do brasileiro, em sua maioria, são de origem da agricultura familiar, afinal a produção das grandes empresas, como a da Cutrale, é para exportação.

E tanto há acampamentos produtivos que tivemos edições em Maceió de feiras camponesas do MST e da Comissão Pastoral da Terra, esta última por três vezes este ano, com produtos orgânicos, mais saudáveis para o consumo humano.

Porém, por incrível que pareça, chegamos a concordar com algo da matéria assinada por Sofia Krause, Diego Escorteguy e Raquel Salgado: “‘A reforma agrária não é apenas a redistribuição de terras improdutivas, mas um meio de fazer com que os lavradores consigam produzir nos assentamentos’, explica o professor Gilberto de Oliveira” (p. 68).

Não se pode ajudar apenas ao dar terras improdutivas, espalhados por milhões de hectares ainda no Brasil, mas permitir que educação, saúde e segurança chegam aos assentamentos – assim como deveriam chegar a todos os lugares, seja no campo ou na cidade. Os trabalhadores rurais precisam também de condições de trabalho, de sementes a orientação de plantio. Quanto o Governo federal investe em multinacionais?


MST PÓS-GOVERNO LULA

Sobre o Movimento, se analisarmos as ações antes do Governo Lula e as durante o governo, é verdade que elas diminuíram em quantidade, só que isso foi reflexo das esperanças depositadas num governo que se esperava ser de esquerda. Mas o que se vê é que ajuda pouco a quem precisa e muito a quem já tem. O MST se engessou por um tempo, mas aos poucos volta às suas reclamações por justiça social no campo e uma distribuição de terras.

Quanto à mídia empresarial, ainda veremos muitas notícias negativas ao longo dos anos. Como disse um amigo meu, mesmo que o MST tivesse expropriado as laranjas para distribuir aos pobres não seria publicada nenhuma linha parabenizando a ação.

O aviso midiático parece ser: “Protestem, mas não a ponto de importunarem nossos interesses. Por isso, esperem nosso aval”.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Ave, César!

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Imagem do site do atleta
No esporte amador brasileiro, por falta de maior apoio, só aparece atleta de alto nível quando temos uma pessoa fora de série, o que poderíamos chamar de Pelé da natação, do basquete, do atletismo,... Este é o caso de César Cielo.

Com quase a mesma idade que eu, um ano a mais, Cielo já conseguiu ser alçado ao posto de um dos maiores ídolos da história do esporte brasileiro. Lugar que conta com pessoas como Pelé, Ayton Senna, Hortência, Oscar e Gustavo Kuerten.

Depois de no ano passado conseguir uma inédita medalha de ouro para a natação brasileira em Jogos Olímpicos, com direito a um emocionante bronze nos 100m, este ano ele não só conseguiu reafirmar a supremacia nos 50m, como venceu também os 100m, com direito a recorde mundial nos dois!

Simplesmente ele foi o melhor nadador do mundo em 2009! O ser humano que mais rápido nadou até hoje! Portanto, receber o Trofeu Brasil Olímpico, ontem, foi mais que merecido.

César Cielo é o imperador do esporte brasileiro!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Mídia tosca

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Festas de final de ano são um saco. Prova disso é que enquanto estou aqui, sentado em frente ao computador, trabalhando, outros funcionários gritam do lado de fora na expectativa de qual otário irá bancar a cerveja deles.

Enfim, continuamos com a coluna, que nesta semana traz até a capa do jornal de maior circulação de Alagoas. Ah, é claro que apareceram muitos erros dos sites locais.

1. Tudo bem que se alguém gritar hoje em dia "Luiz Inácio!" para o presidente provalvemente ele não olhará. Mas "Lu", como o Gazetaweb colocou em um de seus títulos, talvez nem a Dona Marisa Letícia o chame.

2. Como um texto publicado numa segunda-feira 14 de dezembro pode tratar a segunda-feira anterior, 7, como se fosse o mesmo dia?

3. Já viu alguém perder e sair satisfeito? São poucos os casos, mesmo assim o Alagoas em Tempo Real trouxe uma matéria sobre a derrota do time alagoano de beach soccer como se o principal do jogo fosse perder.
4. A contribuição do Tudo na Hora esta semana foi mais simples, faltou o complemento da legenda sobre George Clooney.

5. A pressa na hora de digitar, e a burrice do Word, fez com que o sobrenome da (presente) coordenadora do Neafa, Ângela Seabra, virasse Sebrae.

6. Para completar, um tipo de erro corriqueiro: a troca das aspas por interrogações - além disso, o nome da cidade é Tanque D'Arca, com o a maiúsculo.


BÔNUS Mas a coisa mais curiosa desta semana veio na capa da edição de quarta-feira (16) do jornal Gazeta de Alagoas: "Deputado não pode ocupar TC". Desde quando alguém pode ocupar um prédio público, caso do Tribunal de Contas?

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Quanto tempo, não é Lula? – Lula e a greve dos peões

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O ano é 1979. O Brasil vive o que pode ser um novo período histórico, o militar João Batista Figueiredo assume com a promessa de realizar a gradativa abertura política. O movimento dos trabalhadores ressurgiu no Brasil de forma voluntária, sem lideranças, um ano antes.

É este o panorama histórico de Lula e a greve dos peões, livro escrito por Antonio Possidonio Sampaio em 1982, sobre o ano em que o ainda Luiz Inácio da Silva, de apelidos como Baiano, Taturana e Lula, aparecia como a grande liderança dos trabalhadores metalúrgicos de São Paulo.

O romance-reportagem descreve os 45 dias que movimentaram o ABCD paulista, com o envolvimento de personagens de vários tipos e de várias classes sociais: metalúrgicos e suas famílias, padres e bispos, jornalistas, advogados, donos de bar, empresários de pequenas e médias empresas brasileiras, de multinacionais, o ministro do Trabalho Murilo Mendes,...

Todos eles tinham suas versões para os motivos e a continuidade da greve e tentavam, segundo o poderio que possuíam, convencer a sociedade do que deveria ocorrer. Como pano de fundo a isso tudo estava o movimento sindical brasileiro, que teve neste movimento a prova da sua ressurreição.

FORMAÇÃO DA GREVE
O movimento sindical brasileiro passou por muito tempo atrelado aos governos vigentes, desde os tempos de Getúlio Vargas. Com a ditadura militar, era mais que óbvio o controle sobre as entidades sindicais no país. Porém, no final da década de 70 o movimento volta de maneira autônoma. A greve de 1978 foi realizada pelos próprios trabalhadores, em cada grupo de trabalho das fábricas. Nem mesmo os líderes sindicais sabiam.

No ano seguinte, já com maior organização, as discussões foram iniciadas tendo em vista a recuperação de 34,1% perdidos no início da década – manipulação nos dados assumida pelo Governo federal. Além disso, mais 44% de reposição salarial devido a inflação. Foram quatro meses de negociação com os patrões e nada foi resolvido. De início, a oferta era de 15%, menos da metade da recuperação salarial do que fora absorvido anos antes.

A greve fora incentivada por Lula, presidente do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e seguida em outros municípios. A diferença para a greve do ano anterior foi a conquista de mobilização em todas as fábricas, independentemente do tamanho. Para isso, os trabalhadores fizeram desde piquetes até conversaram com os “fura-greves” nos pontos de ônibus e/ou nas próprias casas.

Assim, ia por terra a expectativa da direção da Fiesp de que os trabalhadores não aguentariam tanto. Não é à toa que tiveram que utilizar a propaganda por panfletos e na televisão para criar artifícios para obrigar a volta dos trabalhadores. As mulheres eram as que assistiam em casa e perguntavam aos maridos depois, daí a estratégia de Lula de convocar as mulheres dos “companheiros” para as assembleias.

E este era um momento especial. O gramado cedido pela prefeitura recebia cada vez mais pessoas. De 30 mil, o número passou a casa das 100 mil pessoas – mais do que o suficiente para encher, hoje, um Maracanã! Todos entoando “Pra não dizer que não falei de flores (Caminhando)”, de Geraldo Vandré.

LUIZ INÁCIO
Pelo que consta no livro, o filho da dona Lindu não era muito ligado ao movimento sindical, preferia tomar seus goles de 51 e conversar com amigos trabalhadores, até resolver, mesmo após o acidente de trabalho que he cortou um dedo, entrar para o sindicato.

Lula não era apenas o líder, mas o guia de todos, por mais que alguns discordassem de uma ou outra atitude sua, era a ele que os “companheiros” escutavam. E ele sabia disso. Não é por menos que na perspectiva de intervenção no sindicato, o próprio pedira que os trabalhadores continuassem na luta, mesmo sem que a diretoria estivesse oficialmente ali. Ele costumava dizer, e reafirmou nesta situação, que “sindicato não é o prédio, mas sindicato é o trabalhador dentro da fábrica, é o trabalhador na praça”.

Mas nem a liderança e a confiança dele foram suficientes. A repressão veio com a intervenção, cujo número de policiais era impossível de enfrentar – além do que, o presidente do sindicato pedira para que os trabalhadores não se defendessem, para que as pessoas os vissem como um movimento ordeiro.

Após alguns dias sumido, por questão de segurança, e com a representação dos trabalhadores, já que a diretoria estava ilegal, a comando de Dom Cláudio Hummes, uma assembleia definira o rumo das coisas após mais de um mês de greve.

Os sindicatos das vizinhas Santo André e São Caetano não conseguiram manter os trabalhadores na busca dos 78,1%. Eles, e outros no Estado, resolveram aceitar os 61% oferecidos, e esse valor para determinados cargos apenas, outros ficaram com um pouco mais de 40%.

Além disso, o próprio estádio onde faziam as assembléias foi tomado por policiais, que obrigaram-nos a se reunirem em praça pública, apesar de o prefeito da cidade ter conseguido o espaço de volta.

A alimentação e o dinheiro doados já não eram suficientes para atender a tantas famílias que não tinham mais como se manter com a suspensão de salário. Assim, muitos voltaram ao trabalho, já que os piquetes estavam proibidos.

Numa assembleia menor, Lula, que ficou dias acordado devido à greve, resolve orientar os “companheiros” a aceitar a última das propostas oferecidas, que garantia não apenas os 61% para todo mundo, mas também a volta da direção do sindicato. Ele se dizia obrigado a ser o primeiro a reconvocar os trabalhadores para greve caso os requisitos não fossem obedecidos.

Alguns se revoltaram com o lidero e começaram a reclamar, mesmo quando não saíram do estádio, irritados com a interrupção da greve. Estudantes e intelectuais conjeturavam a hipótese de Lula sempre ter sido um representante dos patrões infiltrado nos trabalhadores. Mesmo assim, a assembleia resolveu voltar ao trabalho.

Essa decisão traz um importante fato sobre o movimento sindical nacional: o fato de estar baseado na prática – ao contrário, por exemplo, do inglês. Uma das grandes justificativas de Luiz Inácio da Silva foi que eles precisavam provar que não queriam bagunçar o processo de abertura democrática, que eram um movimento pacífico. Algo que nem de longe lembra um processo que visa a transformação social desta realidade:

Não era apenas por mais alguns por cento de aumento nos salários que eles lutavam: os peões jogaram tudo para serem tratados como gente, respeitados; queriam seu espaço na tal de abertura e, por isso, ergueram os braços, exigindo, ao invés de passar o resto da vida com a mão em forma de concha, mendigando. Não reclamavam favores, clamavam por seus direitos (Ricardo Kotscho, prefácio, p. 4).

No ano seguinte, Lula e alguns outros foram presos. Com a volta do pluripartidarismo, ele e outros próximos fundaram o Partido dos Trabalhadores (PT) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) enquanto organizações que visavam conter e representar o povo.


Lula, o filho do Brasil

30 anos depois, Lula está incluso no nome de Luiz Inácio. E não foi só isso que mudou, os banqueiros e os empresários nunca ganharam tanto, mesmo com crise econômica e com um governo com origem nos trabalhadores; já o movimento sindical vive numa constante crise, desde a “volta da democracia”, crise esta agravada com a chegada do PT à presidência da República.

A situação está tão diferente que José Serra (PSDB) diz que hoje estaria (revista piauí, outubro de 2009), segundo o que se pensava antes, à esquerda de Lula! Realmente, quanto tempo, não é Lula?

SAMPAIO, Antonio Possidonio. Lula e a Greve dos Peões. São Paulo: Escrita, 1982.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A mentira do aquecimento global (?)

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Há algum tempo que o assunto da moda são as mudanças climáticas provocadas pela ação humana. Esta semana, nossos noticiários estão sendo bombardeados por reportagens sobre este assunto devido à Conferência do Clima, a Cop-15, em Copenhague. Inclusive, eu mesmo já escrevi sobre alternativas contra os desastres ambientais - mesmo não concordando em nenhuma delas como algotransformador.

Em meio a tantas e tantas matérias sobre o assunto, ontem me surpreendi com a presença do professor Luiz Carlos Molion, do curso de Meteorologia da Univ. Federal de Alagoas (Ufal), no programa de debates "Canal Livre" (Band). Porém, a surpresa não foi pela presença de um professor local, mas por já conhecer a linha defendida pelo professor Molion em relação ao aquecimento global, tema do programa: ele não acredita nisso.

Com mais de 40 anos de experiência, o estudioso de meteorologia mais antigo do país e representante da América Latina na Organização Mundial de Meteorologia (OMM), afirma sem qualquer dúvida que o aquecimento global é mais uma farsa criada para o controle político-econômico do mundo, única justificativa plausível.

BASE OPOSITORA
A base para sua desconfiança vem dos estudos dos ciclos históricos do planeta. Segundo Molion, a Terra vive em períodos glaciais que passam em torno de 200 a 300 mil anos, intercalados por períodos com temperaturas mais altas que duram erca de 12 mil anos. Atualmente estaríamos vivenciando um que já passou dos 15 mil anos. Assim, a tendência não é de a possibilidade de vida no planeta acabar por conta do aumento de temperatura, mas pela queda.

Sobre o gás carbônico, ele acredita que o CO2 seja o gás da vida. Segundo Molion, é ele que permite que as plantas façam a fotossíntese e garantam a produção de alimentos essenciais para a sobrevivência da espécie humana. Além disso, pesquisas teriam comprovado que dos 200 bilhões de toneladas de carbono jogados na atmosfera, apenas 6 bilhões são oriundo de "produção" humana (através de fábricas e indústrias), ou seja, uma ínfima parte.

Sobre a sensação de maior temperatura que as pessoas passaram a ter ao longo dos anos, o professor comenta que é claro que com o crescimento das cidades, devido ao cimento e ao concreto, a temperatura aumenta. Mas as médias mundiais mostradas em pesquisas acabam por desconsiderar outras áreas, mais gélidas, pela simples falta de medição nestes lugares, caso da Sibéria - cuja medição foi interrompida após a dissolução da URSS.

O estudioso comenta também que foi comprovado recentemente por pesquisadores da Nasa que a fórmula que comprovava o aquecimento e os buracos na camada de ozônio não é possível. Pelo contrário, está ocorrendo um resfriamento. Algo que ele defendia há vinte anos!

Além disso, os jornais e as TVs publicaram - mesmo sem grande estardalhaço - a possibilidade de os dados que comprovam o aquecimento global estarem sendo manipulados (ver vídeo abaixo). Hackers invadiram o site do IPCC (Painel intergovernamental do Controle do Clima/ONU) e baixaram arquivos de e-mails em que um pesquisador cita esta alteração nas estatísticas.

O professor Molion justifica o estardalhaço em torno do tema como uma forma de evitar grandes alterações na geopolítica mundial. Como exemplo, ele lembra que o presidente estadunidense Barack Obama esteve recentemente na China para negociar a diminuição dos poluentes das indústrias do país asiático, cujo o PIB é o que mais cresce nos últimos anos.

DÚVIDA
Fui questionado hoje, ao comentar a parte do programa - que teve outros dois entrevistados -, se acreditava no professor da Ufal.

Bem, ele tem argumentados sustentados tecnicamente em bons dados e boas teses que, mesmo depois de algum tempo, acabaram por ser comprovadas. Assim como, a possibilidade de manipulação de dados tanto para a continuação do financiamento de pesquisas, quanto para a freada no desenvolvimento de alguns países, podem facilmente ser verossímeis.

A minha grande dúvida, e esta é uma questão que se pudesse faria ao professor Luiz Carlos Molion é quanto às garantias de sobrevivência humanas dadas as condições naturais atuais, desconsiderando a questão climática. Como o homem pode seguir o seu caminho de vida perante tipos naturais cada vez mais devastados?

A imensa parte da mata atlântica brasileira foi destruída, a amazônia caminha a passos largos para um fim parecido - especialmente devido à pecuária e a produções para exportação (soja) -, além do que já foi destruído para que fosse possível o desenvolvimento da força de produção atual nos países desenvolvidos.

Se o CO2 é essencial para a fotossíntese das plantas, o que adianta tê-lo se não há plantas para realizá-lo? A produção agrícola brasileira, por exemplo, é realizada pensando no mercado externo, nem que para isso sejam necessárias imensas áreas apenas para eucalipto ou cana-de-açúcar, culturas danosas ao solo.

É fato que há um processo de destruição humana, através da exploração da sua força de trabalho ao longo de mais de dois séculos. A transformação da natureza, base do trabalho humano, virou algo banal. Fazer para vender e não mais para atender às necessidades da humanidade. Não importa se teremos ou não uma variedade de frutos e folhas, importa se teremos o lucro.


sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Mídia tosca

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Últimas semanas do ano, mas continuamos firmes com os erros, só não tão fortes por não conseguir entender uma máquina tão imperfeita quanto o ser humano. Neste "Mídia tosca", teremos erros já comuns e algumas coisas boas para se discutir.


1. O primeiro grupo de erros são aqueles que já ficaram "famosos" por aqui: um quadro que não existe anunciado pelo Tudo na Hora e continua o problema das aspas no Cada Minuto, que são substituídas por interrogações.




2. Este grupo, nacional, pecou pela falta. O Yahoo Esportes!, em matéria sobre a mudança de pontuação da Fórmula 1, colocou a palavra prosta, que poderia ser várias coisas. Já o Uol colocou na descrição de seu bate-papo que a entrevistada "elege das melhores fofocas". Você entendeu?


3. Este caso merece um ponto a parte. Ao ler o título "Maceió e Maragogi com praias poluídas neste feriado" eu entendi que só durante o período é que as praias estão poluídas, apesar de poder entender também que se trata de uma lista de trechos poluídos.

4. Para finalizar, como se não bastasse a comédia de alguém achar que um parlamentar alagoano pudesse ser destaque positivo em algo, o Cada Minuto errou a descendência de um dos ACM. Em vez do tampinha do Neto, colocaram o ACM Filho.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O país, além do óbvio

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Na última sexta-feira (04), o Centro Cultural Sesi encerrava a sua III Mostra de Cinema Brasileiro, cujo tema deste ano foi “O país, além do óbvio”. E para falar sobre as agruras do Brasil que ultrapassem o carnaval, a mulata e o futebol nada melhor que encerrar com um filme histórico baseado num dos grandes livros da literatura brasileira.

O clássico São Bernardo, dirigido por Leon Hirszman em 1972, foi restaurado com o apoio da Petrobras, assim como todo o acervo do diretor, e reapresentado ao público no Festival de Brasília do ano passado.

Baseado na obra homônima de Graciliano Ramos, cuja uma das grandes características era a objetividade no descrever cenas e ações, o filme foi gravado tendo como roteiro o livro para, assim, ser o mais fiel possível na transcrição – uma das grandes dificuldades do cinema.

E como o foi! Por mais que um ritmo graciliânico dê uma visão de agilidade na tela, o filme pode ser facilmente acompanhado mesmo por quem nunca leu o livro.

Mas, quem já teve o prazer de ler obras do "Mestre Graça" sabe o quanto o autor foi capaz de demonstrar os problemas de sua região sem precisar trazer à tona as suas opções políticas. Em São Bernardo vemos as dificuldades de um sertanejo que acaba por se tornar um avarento dono de propriedade, a quem os empregados não passam, a seu ver, de tentativas frustradas de seres humanos.

Muito bem representado por Othon Bastos, que recebeu o candango do Festival de Brasília de 1973 como melhor ator , Paulo Honório narra a sua vida para o público de uma forma a passar os cacoetes de um sujeito que aprendeu tarde a reconhecer o lado emocional característico do homem.

O curioso é que o público presente no Cine Sesi Pajuçara na noite da sexta achava graça de algumas ações mesquinhas do protagonista, por mais que demonstrassem o quanto o dinheiro dominava a vida do sujeito. As ações visavam o lucro e o desenvolvimento individual futuros.

Já a interpretação de Madalena, que também deu a Isabel Ribeiro um candango em 1973, deu à personagem um caráter inocente, e até mesmo bestial, no início do seu relacionamento com Paulo Honório. Prova disso é a cena de quando ela aceitou casar com o latifundiário e sua troca de olhares com ele – que foi uma das fontes de riso da plateia.

Só que Madalena cresceu ao longo do filme, ao se intrometer nas conversas com o padre, Godin, Ribeiro e Padilha sobre a possibilidade de uma revolução para melhorar a vida das pessoas, além do seu cuidado e da sua atenção com todos, mesmo os empregados. O seu marido via crescer o ciúme da mulher e a raiva por ela incitar os seus trabalhadores.

E é no final que os dois personagens chegam ao ápice e os atores ao primor da atuação. Quando finalmente o casal consegue conversar sobre seus problemas e Madalena conta como foi difícil a sua formação escolar, onde economizava até na quantidade de folhas. O passado de pobreza era o mesmo para os dois.

Destaque também para a fotografia do filme, sob responsabilidade de Lauro Escorel. Grandes imagens são trazidas em cada cena, que busca reproduzir a cidade alagoana de Viçosa.

Pudemos comprovar aqui em Alagoas, através da III Mostra do Cinema Brasileiro, todas as qualidades faladas e escritas sobre esta produção cinematográfica. Um dos clássicos da literatura brasileira virou um dos clássicos do cinema nacional. Realmente, o país além do óbvio de filmes com atores, diretores e roteiros de novela.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mídia tosca

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Após um hiato de duas semanas devido a problemas de ordem técnica, Mídia Tosca retorna com a tentativa do Cada Minuto em ser o site alagoano com o melhor ritmo de postagens e, consequentemente, pior cuidado com o que é publicado.

Dos dez presentes esta semana, metade dos erros vieram dele. Mesmo assim, o pior, mais esquisito de todos veio na única "contribuição do Tudo na Hora, publicada nesta sexta-feira (04).


O primeiro grupo vem com um erro bastante comum, talvez por algum problema na constituição dos sites. Os títulos vêm com interrogações no lugar das aspas:




A seguir, frases que perderam palavras no meio do caminho da colagem. Nossa surpresa alguns casos assim, já que provavelmente também está com lacunas nos textos das agências de notícias.



E já que falamos em ausência, dois exemplos de quem pecou pelo excesso. O Primeira Edição não copiou os parêntesis e fez surgir o nome "Ricardinho Ricardo", e o Gazetaweb se empolgou com os "ts".

Para finalizar, alguém já viu ou ouviu falar em década de 1972? Vi pela primeira vez neste texto do Tudo na Hora:

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Por que "comunicação de massa"?

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O trecho de um dos capítulos do livro Ideologia e cultura moderna, de John B. Thompson, separado para a análise, traz questões bastante pertinentes ao que se refere ao tema “comunicação de massa” por tratar do assunto de maneira a desvelar algumas questões ligadas a ele e a relação entre a posse dos meios técnicos com o poder que isso permite.

Thompson entende a mídia como um importante instrumento nas sociedades atuais, pois serve como fonte da maior parte de conhecimentos discutidos na sociedade. Mesmo quem crítica a chamada grande mídia utiliza-se, mais dia ou menos dia, de produtos dela para desferir comentários políticos, esportivos ou culturais.

O capítulo em questão pretende analisar o impacto interacional dos meios técnicos sobre uma determinada sociedade, afinal de contas, o desenvolvimento tecnológico é oriundo e ao mesmo tempo determina algumas características de um momento sócio-temporal.


DIFUSORA DE INFORMAÇÕES

Para iniciar esta questão, o tópico “Algumas características gerais dos meios de comunicação” traz pontos que viraram comuns, mas que carregam alguns erros, caso da própria denominação “comunicação de massa”.

Assim, o autor lembra que quando se fala em massa, leva-se em consideração que todos os produtos culturais podem atingir qualquer pessoa, quando na verdade há artigos produzidos pela Indústria Cultural cuja audiência é pequena, para públicos especializados (livros e revistas, por exemplo).

Segundo o autor (2009, p. 187), “o ponto importante sobre comunicação de massa não é que um determinado número ou proporção de pessoas receba os produtos, mas que os produtos estão, em princípio, disponíveis a uma pluralidade de receptores”.

Porém, não se pode esquecer de levar em consideração que cada pessoa que consome tais produtos culturais têm suas influências particulares, por mais que boa parte da mídia pense o contrário – por exemplo, o telespectador “médio” (Homer Simpson) do Jornal Nacional, entendido por seu editor-chefe.

Assim, “ao invés de ver essas pessoas como parte de uma massa inerte e diferenciada, gostaríamos de deixar aberta a possibilidade de que a recepção das mensagens desses meios possa ser um processo ativo, inerentemente crítico e socialmente diferenciado” [grifo nosso]. (op. cit., pp. 287/288).

Outro ponto para discussão é como pode ser entendida a comunicação num processo que em sua maior parte ocorre no sentido transmissor-receptor, quando a comunicação como tal necessita ser dialógica para se efetivar. Por mais que haja alguns elementos para tentar diminuir esta distância entre produção e recepção, o processo apresenta pouca evolução com as tecnologias utilizadas e os interesses vigentes.

Por isso que Thompson (op. cit., p.288) opta por definir a “comunicação de massa” enquanto “a produção institucionalizada e a difusão generalizada de bens simbólicos através da transmissão e do armazenamento da informação/comunicação”, isto num contexto de mercantilização das formas simbólicas produzidas.


CARACTERÍSTICAS DOS MEIOS

Após essa necessária avaliação sobre o termo em si, o autor centra a análise nas quatro características, mais teóricas, do tema.

Primeiro, a produção e difusão institucionalizadas de bens simbólicos. Para isto acontecer, é necessário que já se tenha disponíveis elementos que garantam a fixação dos conteúdos e a difusão entre os mais diversos locais e públicos. Porém, ao mesmo tempo em que necessita desta propagação, as instituições midiáticas precisam controlar este acesso por se tratar da forma que possuem para adquirir dividendos (valorização econômica dos objetos ou serviços).

A segunda característica apontada é que ela institui uma ruptura fundamental entre a produção e a recepção de bens simbólicos. Como já colocamos anteriormente, há uma nítida separação entre os atores sociais que produzem e os que recebem as mensagens, num fluxo de mensagens de mão única.

A característica seguinte é que a “comunicação de massa” aumenta a acessibilidade das formas simbólicas no tempo e no espaço em virtude dos meios de fixação estabelecidos e da grande possibilidade permitida à transmissão dos bens simbólicos – sempre considerando os limites sociais e financeiros.

Por fim, ela implica a circulação publica das formas simbólicas, com destaque para o fato de serem

acessíveis, em princípio, a qualquer um que tenha os meios técnicos, as habilidades, os recursos para adquiri-los. Embora a natureza e a finalidade desse domínio público possa ser, em princípio, ilimitada, ela é sempre limitada, na prática, pelas condições sócio-históricas de produção, transmissão e recepção.

E estes limites geralmente são ou impostos pelo Estado ou permitidos por ele. Por exemplo, por mais que a legislação brasileira traga limites quanto à posse à programação dos meios de comunicação, com destaque para as concessões de rádio e TV, o que se vê é que o processo é cotidianamente desrespeitado.

Por mais que Thompson afirme no final que não analisa a questão do conteúdo, a qual ele lembra a importância, é justamente no poderio técnico que consta a grande dificuldade de produção de algo alternativo ao que vemos com maior frequência.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria social científica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 2009.