sexta-feira, 29 de junho de 2012

[Por Trás do Gol] No meio dos inimigos

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Por conta da final da Libertadores entre Boca Juniors e Corinthians, acabei por repostar no Facebook o texto que fiz referente à minha visita a La Bombonera, contando as "artimanhas" criadas pelos xeneizes para perturbar ao máximo os adversários. Chegou a hora de escrever sobre o Pacaembu. Sim, amig@s, eu, palmeirense desde pequenininho, já estive no meio da torcida corintiana!

No ano passado fui a São Paulo participar de dois eventos acadêmicos, ficando uma semana inteira por lá. Graças a um amigo, também palmeirense filho de corintiano, programamo-nos para assistir o trio de ferro da capital, começando com a derrota do São Paulo para o Vasco por 2 a 0, num domingo nublado no  Morumbi, e que terminaria com o empate sem gols do Palmeiras com o Grêmio no Canindé, no sábado seguinte. No meio disso, numa quarta-feira às 19h30, Corinthians X América-MG no Pacaembu.

COMPRAR INGRESSO
Para começar, as dificuldades em comprar o ingresso. Naquela manhã de 03 de agosto, havia um protesto da Força Sindical, se não me engano, cuja concentração foi marcada para a Praça Charles Müller, em frente ao estádio. Para quem tem um pouco de experiência por movimentos sociais efetivamente independentes, olhar a "boiada" acompanhada era um misto de graça com revolta. Era um tal de "coloca a camisa" aqui, de uma pessoa esperando cerca de dez acolá....

Enfim, andando em torno das bilheterias, nenhuma delas estava aberta e não só éramos nós que aguardávamos. Óbvio que em meio às conversas com os corintianos na mesma situação que nosotros palmeirenses jamais falamos que o nosso coração era do arquirrival. O smartphone serviu para buscar o horário de abertura, se não me engano, às 22h30.

Só depois de algumas idas e vindas é que conseguimos achar o lugar para comprar o ingresso, umas tendas armadas também na Praça Charles Müller, mas quase que de frente ao Museu do Futebol. Ao menos, o cartão de estudante da Unisinos serviu para que eu pagasse a meia-entrada, R$ 15,00. Por conta da demora, cancelamos os demais compromissos acadêmicos e seguimos rumo às obras no Palestra Itália!

À noite, após um inédito passeio em "casa" e pelas ruas em torno da Turiassú, voltamos a nos encontrar com o Pacaembu. Eu, com uma jaqueta meio verde, meio marrom, preocupado se poderia ter algum tipo de problema no meio da torcida corintiana. No fim, até que não, já que estávamos com outros três corintianos. Ah, se você acha que isso é demais, imagina encontrar duas corintianas num grupo de pesquisa no Rio Grande do Sul - isso é sina, um "karma" deste que vos escreve, só pode...

O horário do jogo tirou o pessoal do trabalho direto para o estádio, com ele ficando mais cheio apenas bem próximo ao horário da partida. Além disso, foi uma noite gelada em São Paulo - no dia seguinte o frio seria um pouco maior. O termômetro num dos relógios da praça marcava 11º!

JOGO
Sabíamos que a tarefa era difícil. Por mais que tenhamos ficados surpresos com o nosso nível de pé frio para um rival, com a derrota do São Paulo em casa dias antes, o Corinthians liderava bem o Brasileirão até ali, enquanto o América Mineiro era o lanterna do torneio. Mas futebol é futebol, não é mesmo?

Ficamos no bom, e não tão velho, Tobogã, atrás de um dos gols, e pude ver aquilo que tanto havia discutido durante uma disciplina com outros amigos de Pós-Graduação em Comunicação. Definitivamente, é muito melhor assistir a jogos de futebol atrás de uma das traves que no meio do campo. Você vê o movimento de marcação, os espaços que são dados, as opções de ataque,...

Enfim, sobre a partida. O Corinthians abriu o placar logo no início da partida, com gol de Jorge Henrique aos 28 segundos. O que parecia ser um dia feliz aos corintianos e triste para quem estava ali "disfarçado", foi mudando ao longo do jogo. O América chegava com perigo após roubar a bola num esquema com a marcação como prioridade.

Na nossa frente, vimos Renan falhar numa saída de bola e ela sobrar para Kempes - que já foi dispensado do CSA! - empatar a partida. As vaias da torcida para o goleiro recém saído do Avaí foram ouvidas em cada toque na bola por parte dele. Os quase 28 mil pagantes não teriam paciência alguma com o jovem goleiro, que realmente não deu certo no clube do Parque São Jorge.

Confesso que nunca me senti tão mal num lugar, tão estranho a mim, como naquela noite. De certa forma, era um medo de que por eu não gritar, e nem fingir que proferia qualquer palavra sobre o Corinthians, pudesse me "entregar". O meu amigo de vez em quando dizia para eu falar algo, mas eu preferia ficar no Twitter digitando as coisas sobre a partida. Vá lá, na hora do gol até pulei, se não ficava algo óbvio, e na hora do gol americano deu vontade de rir, mas nos restou xingar (viva!) o goleiro corintiano. Além de ter ficado embaixo do bandeirão da torcida deles.

De fato, JAMAIS gritarei em prol do Corinthians. Por mais que o cheiro da cannabis estivesse bem forte durante toda a partida - em tempo, no Rei Pelé, em Maceió, o lado da organizada geralmente tem o mesmo odor... -, não estava tão fora de mim a este ponto. Quer dizer, sou palmeirense em qualquer situação vital, isso porque não acredito em vida após a morte, senão valeria para depois da morte também...

O segundo gol do Corinthians, que acabou sendo o da vitória, veio aos 21 minutos, mais uma vez atrás do gol em que estávamos. Alex cobrou falta e ela sobrou para Paulinho (sempre ele!) empurrar ao gol. Para "piorar" para nós e "melhorar" aos corintianos, um jogador do América foi expulso por reclamação. A liderança estava assegurada.

Na volta, ainda deu tempo de acompanhar pela TV Coritiba X Palmeiras, que terminou num bom 1 a 1, já que tivemos um jogador expulso. Ah, ainda houve tempo para ver numa pizzaria próxima ao prédio em que ficamos o meu amigo, que tem um filho pequeno, "discutir" com uma criança de cinco, seis anos sobre quem era melhor, Corinthians ou Palmeiras, sob olhares meio raivosos e meio tímidos do pais da criança. Algo, sem dúvida alguma, sensacional!

Não vou dizer que depois desse dia posso dizer que qualquer outra coisa/problema é besteira, até porque uma pessoa que nem eu, que atrai os mais diversos e mais complicados, não se pode dar ao luxo de afirmar tal coisa, porém, sei que sou um dos poucos palmeirenses que pode dizer: SOBREVIVI no meio do tobogã do Pacaembu lotado de corintianos!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

[Por Trás do Gol] Uma Libertadores pelo passado

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Notícias sobre a Argentina hoje? A primeira que me veio para a leitura foi do pessoal do Impedimento - que fará cobertura in loco das partidas finais. O texto começa tratando da "paralisação geral convocada pela Confederación General del Trabajo, a grande central sindical do país". Depois vieram mais textos sobre o assunto. Não houve voos, catadores de lixo ou caminhoneiros na Argentina hoje. É a primeira greve de grandes proporções desde que os K assumiram a presidência.

Curioso mesmo foi o texto da Band, que não reencontrei o link, em que o título era mais ou menos assim: "Apesar de final da Libertadores, Argentina vive dia de greve geral". Falar o que dos grupos midiáticos tupiniquins? Não dizem por aqui que o futebol pode parar um país? Los hermanos param por outros motivos também - e eu, cada vez mais, aumento a minha paixão pela Argentina...

Feito o preâmbulo do que ocorre em torno de La Boca, hora de falar do jogo. Sim, nós nos preocupamos com o "além das quatro linhas", mas também sobre o que acontece dentro delas. Boca Juniors e Corinthians fazem uma guerra final na Libertadores deste ano pelos respectivos passados. Os corintianos, pelo óbvio final das gozações dos rivais; o Boca, para recuperar o prestígio um pouco apagado nos últimos anos, quando sequer conseguia se classificar para o torneio sul-americano.

As campanhas foram bem diferentes. Enquanto o Boca Juniors foi chegando, meio que "sem querer querendo", crescendo quando era mais "importante", com Riquelme voltando a dar o ar de sua "graça", vista muitas vezes no início deste século; o Corinthians passou até que "fácil" - dentro dos limites do Curíntia, mano, é claro -, sem derrotas e tendo sofrido apenas três gols até agora.

OPINIÃO
Como para o autor deste blog, não há jornalismo que apague a opinião, vamos à nossa. 

Analisando os dois times, de fato, o Corinthians poderia ser apontado como favorito por toda a campanha, por ser um dos times mais regulares do mundo - friso, regular, não necessariamente dentre os melhores. O time sente a pressão quando a arbitragem comete um erro aqui ou outro ali, como foi na primeira partida das oitavas-de-final, contra o Emelec. E, na boa, esperar arbitragem razoável indicada pela Conmebol parece ser algo difícil de ocorrer nos dias de hoje. Isso pode pesar, e muito, nos confrontos contra o Boca, numa final inédita de um título desejado pelos corintianos da mais tenra infância à mais robusta experiência de vida.

Difícil deixar de cornetar, voltemos à análise. O Corinthians tem como base principal a dupla de volantes. Ralf e Paulinho deveriam formar a proteção à defesa da Seleção brasileira. Paulinho, então, tem todo o merecimento de ser o jogador mais caro que adentrar em La Bombonera hoje. Vale dizer que desde os tempos de Mano Menezes que o Corinthians consegue formar boas duplas de volantes: Christian, Elias e Jucilei. Parece-me com o tempo do São Paulo e seus zagueiros, todos muito bons no clube, mas sem muito sucesso fora dele.

Os problemas que apareceram no time foram resolvidos ao longo deste semestre. Cássio tomou a vaga de Júlio César no gol e parece que não vai largar tão cedo. Chicão resolver voltar a jogar futebol, e não brigar  tanto com Tite, e forma com Leandor Castán (quem diria!) uma boa dupla de marcadores. Se Liédson não ia bem, por conta da série de lesões na carreira, e Willian não é tão confiável como centroavante, enche-se de meias-atacantes, com a vantagem da experiência de Danilo e de Alex no torneio, o que vale muito.  De Emerson Sheik, de quem nunca gostei, pode-se dizer que consegue chamar para si a responsabilidade quando necessário. Já Jorge Henrique, o meu sincero ódio a ele, por sua "chatice" rotineira.

A falta de confiança fica por conta dos laterais. Alessandro e Fábio Santos nunca foram confiáveis, mas marcam bem num time em que defender é o grande objetivo. Outro objetivo pode vir caso o time precise tirar uma desvantagem maior, algo que não aconteceu ainda nesta edição da Libertadores. Vá lá, teve o gol de Neymar na partida passada, mas o gol de empate logo no início do segundo tempo - já com Liédson em campo - não ajuda para saber se o time terá cabeça e capacidade ofensiva para mudar o jogo.

Do lado "bostonero", um time que a camisa fala por qualquer um de nós, com um estádio que é um monumento do futebol mundial, sem dúvida alguma. A média de idade beira os 29, 30 anos. É o passado sendo levado em conta pelo lado xeneize, e que dá o "fôlego", ou a falta dele, em alguns confrontos.

O jeito de jogar veio ao longo da competição, com uma formação com três volantes dando a liberdade que o velho, mas ainda muito bom, Juan Román Riquelme precisa para dar "O" passe para Mouche ou Santiago "El Tanque" Silva fazerem o gol. Como dizia quando Ronaldo veio ao Corinthians, jogadores fora de série não precisam jogar nem 50%, um pouco deles é muito para os "reles mortais". O que falar de "El Tanque", comédia eterna após ser contratado pelo time do Parque São Jorge no hoje longínquo 2005, e que é adorado pelos torcedores oro y azules? Se ele não faz muitos gols, participa de muitos deles. Schiavi a defesa é a lembrança que todo gremista tem, seja contra ou a favor; mais um nome de peso, para além da idade e da capacidade física.

O Boca Juniors entra em campo com sua história, de seis títulos da Libertadores, com a possibilidade de empatar em títulos com o Independiente, algo que parecia impossível até o século XXI. Mas também entra em campo com um retrospecto de, nas outras nove finais, ter perdido justamente contra quem nunca tinha ganho o torneio, com destaque para os colombianos do Once Caldas, em 2004.

Para não acabar de forma séria, temos um time que joga sem centroavante e cujo principal objetivo é se defender e acertar um lance, o da vitória. Do outro, um time com três volantes. A diferença parece ser que o Boca tem Riquelme para armar e o atacante como Silva para marcar; enquanto do outro, falta o jogador de decisão, o que não deixa de ser a grande vantagem também, já que se alguém for expulso ou se machucar, o conjunto é o que mais pesa.

Veremos dois grandes jogos finais. Podem ser feios, brigados, provocativos, mas isso é a Taça Libertadores da América. Deixemos a beleza para os patrocinadores que "sujam" nomes tão belos quanto esses.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

[Por Trás do Gol] Não nos envergonhem!

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Fonte: http://migre.me/9zkfT
Fernando Collor de Mello, Euclides Mello e Arnon de Mello Neto. Não, o texto não é sobre a herança política do velho Arnon de Mello – o homem que matou um suplente de senador do Acre em pleno Congresso Nacional – na política alagoana e brasileira. Os três citados já foram presidentes do Centro Sportivo Alagoano (CSA), o maior campeão estadual de Alagoas, com 37 títulos, e único time nordestino a chegar numa final de torneio internacional – vice da Copa Conmebol de 1999, onde fomos roubados na Argentina em confronto contra o Talleres.
A relação política e futebol é muito comum, ainda mais no Nordeste e ainda mais em Alagoas. Para se ter uma ideia, o atual presidente do Clube de Regatas Brasil (CRB), que voltou à Série B do Brasileiro este ano, é deputado estadual; e o atual presidente do CSA é secretário adjunto de Esporte e Lazer do Estado, após perder as eleições para deputado estadual.

Para quem viu o presidente do clube passear em todo o intervalo de jogos no Estádio Rei Pelé, na Segundona estadual (!) e na Série D de 2010, com a bandeira do clube com uma bandeirinha com o seu número eleitoral em cima, pensa-se que nada pode piorar – para além de ver um elenco bom em ano de eleições e outro péssimo quando não se tem.

Mas pode. Em meio à espera pela Série D, em que nos classificamos por mérito e não porque todos os outros times desistiram (casos de 2009 e 2010, anos de rebaixamento e Segunda Divisão Estadual), vem a notícia de que o Conselho Deliberativo do CSA, comandado por um empresário que nem era conselheiro do clube antes de assumir o cargo de presidente do mesmo, irá indicar candidatos para que a torcida apoie e vote.

Segundo o manifesto “CSA E PODER POLÍTICO: UNIÃO POLÍTICA E FORÇA NOS NEGÓCIOS”, assinado no dia 14 de junho, mas publicado só nesta segunda-feira (18) no site oficial do clube, o time irá realizar debates com os candidatos que aparentemente poderão apoiar o clube com sua força política.

De acordo com o presidente em exercício do Conselho, Raimundo Tavares (ex-presidente da Federação Alagoana de Futebol e ex-prefeito de Junqueiro), deve-se usar o poder político como ferramenta de fortalecimento da imagem, das causas, dos objetivos e projetos do CSA, já que mandatos eletivos “abrem portas”.

O documento diz que:

“Historicamente, algumas pessoas utilizaram o clube para conseguir força política e bons desempenhos nas eleições. Não é o que vai acontecer neste caso, onde o clube é que vai decidir quais serão os candidatos que serão apoiados, mediante as diretrizes do CSA”.

O que me faria, enquanto torcedor azulino, acreditar que este debate ocorrerá e que tod@s @s candidatos que se interessarem em “ajudar o CSA” poderão ser ouvidos? Quem determina quais são as diretrizes de um clube de torcida tão apaixonada e fascinante quanto a maior de Alagoas?

De antemão, parece-nos mais uma “oficialização” do que já ocorre há décadas com o clube. Utilizarem de nossa paixão para serem eleitos, ou não, e depois abandoná-lo dizendo que o time não consegue se estruturar e coisas do tipo. Um pedido de quem aprendeu a ser “sofredor” do CSA indo a campo na última década, especialmente nas vacas magras de Segunda Divisão do Estadual (!!!) – após uma infância fora do Estado: por favor, não nos envergonhem mais!

*Texto foi publicado posteriormente no Impedimento!

domingo, 17 de junho de 2012

[Em busca do El Dorado] O contemporâneo cult do Saturno de José

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tempos que eu não saía de um show de uma banda que até então não desconhecia com uma agradibilíssima surpresa. Uma sensação de "o que esses caras estão fazendo aqui, um lugar sem palco, com pouco público?". 

Na época da graduação, pude ver colegas se juntarem para um única apresentação no "Samba Sim", o que me fez buscar de forma voraz tudo o possível sobre samba, de Cartola e Noel Rosa a Tereza Cristina e as Velhas Guardas da Portela e da Mangueira. Depois, vi um desses meus colegas formar um grupo, o "Malacada", em que pude acompanhar algumas apresentações - como o sensacional tributo a Paulinho da Viola, no Teatro Linda Mascarenhas.

O colega da vez é do grupo de pesquisa, que atua há algum tempo conosco no nosso Núcleo de Estudo, como costumo dizer, um "achado" sem tamanho enquanto pesquisador. Foi na nossa última reunião, na quinta-feira, que ele fez o convite para acompanharmos a apresentação da "Saturno de José" em Canoas, fechando um campeonato de skate realizado num skatebar da cidade. 

De pronto, afirmei que provavelmente iria. Converso com ele de vez em quando sobre músicas e nós temos muita coisa em comum. Basta dizer que ele acha Tom Zé um gênio. Então, mesmo não sabendo necessariamente o "estilo" da banda, por nunca ter ouvido antes - apesar do convívio rotineiro -, sabia que só devia ser coisa muito boa.

Na sexta-feira é que eu fui catar algumas coisas, achando o making of da gravação do EP, que deve ser lançado em agosto deste ano. Não havia muita música, mas já era muito animador. Afinal, quem me conhece sabe que não sou muito de sair de casa, se tivesse uma impressão não muito legal à primeira vista, até o céu nublado serviria de desculpa - por mais que eu esteja cheio de trabalhos a fazer, com prova no Espanhol na segunda...
Após ter me achado em Canoas, afinal eu sou péssimo de localização geográfica, cheguei no skatebar e acabei encontrando dois estudantes de Comunicação da Unisinos ali, pretendiam fazer um trabalho de rádio para um concurso nacional e acabou que não deu certo. Disse para eles que estava ali para acompanhar a "banda de um colega de grupo" e eles foram ficando.

A moça ainda me perguntou qual era o estilo da banda e eu respondi que não sabia. Depois, fiz essa pergunta ao meu colega e ele me disse que não gosta de rótulos, pois tocam samba, algo mais parado ou mais movimentado, enfim, não tem algo claro.

O evento estava programado para começar às 10h, mas só teve início às 13h. Eu, que cheguei às 17h, porque foi a hora que me disseram que começariam os shows, fiquei lá com o pessoal da graduação, tentando ajudá-los na pauta que eles queriam fazer e propondo outras coisas, como a cobertura do evento, já que estavam por ali. Só não sabíamos que ia demorar tanto. Como nós vimos baterias de skate, ouvimos o locutor gritar OOOOOOOOOOOLLLLLLLLLL e coisas do tipo.

Eu até que gosto de skate, por mais que a rampa fosse pequena e, óbvio, não dar para esperar um Bob Burnquist, Mineirinho ou Tony Hawk por ali. Os meus companheiros nem tanto. Na verdade, eu estava ali mais para ver o show que para ver skate, mas me surpreendi com a organização do evento - apesar do atraso. Afinal, eles colocaram uma câmera na pista e as imagens podiam ser vistas do lado de fora; tinham locutor e até um DJ tocando hip hop a noite inteira.

Lá pelas 21h é que o show foi começar, após o final de todas as baterias possíveis e imagináveis. Um amigo, também do nosso Núcleo, chegou depois e ainda teve que conversar algum tempo conosco até começar o show. Mas como valeu a pena ter esperado!

Foram realmente variados ritmos, de sambão no melhor estilo Monobloco, ao baião e músicas mais suaves, mas com uma boa pegada de percussão e bateria. Além dos instrumentos de sopro que dão um toque especial às canções, todas elas de autoria própria, mas que fazem qualquer um, ao menos, balançar a cabeça quase que automaticamente.

O ainda mais curioso é a circulação entre os cinco integrantes da "Saturno de José". Pelo que me disseram depois, a banda foi formada depois de um racha de outras duas, em que "sobraram" dois guitarristas e dois bateristas, então é por isso que eles têm que trocar de lugar ao longo do show. Só o meu colega tocou teclado, bateria, pandeiro, contra-baixo, apito e um outro instrumento de sopro que não conheço o nome.

No final, acabei definindo o estilo como "contemporâneo cult", produzido pelos "herdeiros" de Los Hermanos, mesmo que não seja assumida uma influência direta, e que muito me lembrou Móveis Colonias de Acaju pela pegada e a multiplicidade de ritmos.

Por conta do problema de captação de áudio do meu celular, até captei imagens, mas o som não ficou tão legal. Porém, quem quiser conferir "Saturno de José", há apresentação marcada para o domingo que vem (24) para o "Rock na Praça", em Esteio. Eles estão terminando um EP, que deve ficar pronto em agosto e ser distribuído livremente pela internet.

Saturno de José
Integrantes: Daniel de Bem, Gibran Vargas, Hiozer Rezoi, Ivan Lemos, Tiago Sudatti


quinta-feira, 14 de junho de 2012

[Por Trás do Gol] Dia de gênio retranqueiro

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Estou dentre aqueles que mais do que chateados com a Sociedade Esportiva Palmeiras, estava irritado com Luiz Felipe Scolari. Defendi Felipão o quando pude, dava justificativas de que não havia ninguém no mercado para substituí-lo e tantos outros argumentos possíveis. Até que cheguei no limite ao ver que sempre colocava volantes no segundo tempo, que tem uma verdadeira adoração por jogadores desta posição. Mas ontem, o resultado foi diferente e graças a ele.

Antes de ir para as minhas sensações enquanto, provavelmente, o único palmeirense em São Leopoldo-RS, preciso dizer das dificuldades para se obter informações referentes à torcida visitante para jogos no Estádio Olímpico. Desde que o Palmeiras se classificou para pegar o Grêmio nas semifinais da Copa do Brasil que venho acompanhando o site do tricolor gaúcho para saber como comprar ingresso para o setor visitante. O máximo que consegui ter foi o portão de entrada, mas nada sobre venda de entradas para quem vem de fora.

Na segunda, conversei com um amigo gremista para saber se ele tinha conhecimento sobre o assunto. Ele me prometeu ligar para o atendimento do clube para se informar. Na terça-feira acabei tendo um problema (mais um) com coisas quebrando no apartamento e se já estava chateado por outras coisas, a chateação aumentou o suficiente para não querer me arriscar, com mais gastos, para ir ao jogo.

Ah, é bom que eu diga isso, se o jogo fosse uma hora antes, pelo menos, eu poderia ir para o Olímpico e voltar a tempo de pegar o trem e chegar em São Leopoldo. Como não daria, eu teria que pegar um ônibus para cá depois da meia-noite e descer na outra ponta da Avenida Unisinos ou no Centro da cidade, em ambas opções teria que andar um bocado para chegar no apartamento. Enquanto a estação de trem fica bem perto de onde moro.

Ontem de manhã dei uma última olhada no site do Grêmio e vi: "Todos os ingressos estão vendidos desde segunda-feira". Na minha cabeça "todos" são TODOS. Mas não para o clube gaúcho. O meu amigo me disse que os ingressos de visitantes só seriam vendidos a partir das 19h no estádio e sem direito à meia-entrada. Nem preciso dizer que isso é contra o Estatuto do Torcedor né?

Além disso, como eu tinha que terminar um artigo, até mesmo para diminuir a minha imensa fila de coisas a fazer, ficaria em casa. Pois, se eu fosse, teria que sair às 17h30 e chegaria em torno das 1h30, 2h da manhã. Quer dizer, com o resultado do jogo, será que eu chegaria em casa? (Brincadeira).

JOGO
Como falei para amigos palmeirenses assim que saiu a classificação para esta fase, Kleber jogaria contra o Palmeiras. Aí você junta todo o saudosismo dos épicos confrontos de 1995 e 1996, Luxemburgo agora no comando gremista, uma narração da RBS e o Kleber, o qual me faltam palavrões para descrever, é dá a conta do sentimento deste que vos escreve.

Felipão surpreendeu ao escalar o time com três zagueiros. Na verdade, Henrique era zagueiro quando o Grêmio atacava, mas volante quando o Palmeiras ia ao ataque. Ainda assim, ao menos no primeiro tempo, o Palmeiras pouco atacava. Luan continua excelente como jogador que marca e ataca pelo lado esquerdo, impedindo as subidas do lateral-direito adversário, nesse caso o Gabriel, mas pouco se aproxima de Barcos, que fica isolado no oceano do ataque palmeirense, tentando fazer um pivô para qualquer um que aparecesse. Daniel Carvalho pouco apareceu para criar e João Vitor é mais volante que meia, ainda mais sob a batuta de Felipão.

Um parêntesis. Um ano depois da confusão do ano passado, João Vítor é titular do Palmeiras - ainda que por conta da lesão de Wesley - e Kleber é odiado pela torcida palmeirense, jogador que saiu após brigar para proteger o companheiro...

No primeiro tempo, os times chegaram mais com bolas paradas. O Palmeiras viu a de Marcos Assunção num dia ruim e com uma boa marcação quando ela conseguia passar dos primeiros jogadores de marcação. O Grêmio conseguiu chegar com perigo em algumas delas, como na cobrança de Fernando, que Bruno tocou antes de alcançar a trave.

O segundo tempo foi diferente. Agoniado para marcar um gol que seria muito importante, como diria incansavelmente o comentarista da TV local, o Grêmio tentava, tentava, e pouco conseguia. As entradas de André Lima e Marcelo Moreno no lugar de Kleber e Miralles pouco surtiram efeito. O Palmeiras é quem passou a atacar mais.

Até aí o meu coração estava estranhamente tranquilo. Tinha prometido a mim mesmo dar trabalho aos vizinhos de apartamento e de condomínio. Gritei, reclamei e "orientei" mais que de costume, mas tudo em certo nível. Depois dos 30 minutos, tudo mudou. O coração acelerou como nos bons e velhos tempos e foi assim até o final: em ritmo de corredor de 100 m rasos.

O Grêmio havia colocado Rondinelly no lugar de um criticado Marco Antônio - que tirou o pé numa dividia (e como os gaúchos reclamam disso!). Na melhor oportunidade da partida para os tricolores, faltou marcação no lado direito da defesa palmeirense e saiu um cruzamento limpo para André Lima, sem marcação, dar um peixinho. A bola passou para fora.

Felipão já tinha colocado Cicinho no lugar de Artur, muito preso à defesa. Depois, colocou Mazinho no lugar de Daniel Carvalho para aumentar a movimentação. Na primeira jogada, Cicinho esperou Mazinho passar e deu um passe aproveitando o espaço aberto na defesa. Toque por baixo de Victor e um grito de GOL que provavelmente foi único em São Leopoldo. Pulos e mais pulos e beija-se a camisa com orgulho.

Esse Palmeiras nos preocupa em qualquer situação, das melhores às piores, mas 0 a 0 não é vantagem ou desvantagem para ninguém em torneio com gol qualificado. Ainda mais sendo o Palmeiras. 1 a 0 fora de casa, jogando com uma retranca desgraçada é muito bom. Mas poderia ser melhor. E foi.

Aos 46, numa de suas poucas jogadas certas, novo contra-ataque e Juninho colocou na cabeça de Barcos que, mesmo sem ângulo, cabeceou com força e perícia suficiente para que ela entrasse. Grande grito, muitos pulos a mais e sensação de estar sonhando, que a máquina do tempo que todos queriam ver para relembrar os épicos confrontos de outrora teria trazido um Felipão à moda antiga: retranqueiro, mas vencedor.

Um dos amigos com quem eu moro já foi palmeirense. Parou de torcer para o clube e acompanhar futebol na derrota para o Manchester no Mundial de Clubes de 1999. Até ele voltou a comemorar nossos gols na noite de ontem.

O apito final e a vitória por 2 a 0 em pleno Olímpico trouxe mais comemoração e uma sensação de surpresa, que não foi só minha, mas também dos amigos palmeirenses em Alagoas com quem conversei depois do jogo e até mesmo para o Felipão. Óbvio que "não tem nada ganho", ainda mais com esse Palmeiras que nos deixa mais dúvidas que certeza, mas foi um grande resultado.

Fiquei "pilhado" por algumas horas ainda, lembrando que no dia seguinte à classificação do Palmeiras fui à Unisinos com a camisa, modelo 2011-2012, e vi alguns olhares tortos para mim. Ufa! Na alegria ou na (muita) tristeza, na primeira ou na segunda divisão, em Alagoas, em São Paulo, no Rio Grande do Sul ou em qualquer outra parte do universo, aqui é Palmeiras!

domingo, 10 de junho de 2012

[En busca de El Dorado] Brasileños y el aeropuerto

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Já em território brasileiro (ou seria da República Rio-Grandense?), o último texto sobre os dias na Argentina não vai ser sobre as compras para nos "livrar" dos pesos argentinos no sábado de manhã, nem mesmo sobre o quanto os argentinos estavam ansiosos pelo clássico marcado para iniciar enquanto eu estava no voo. Mais emocionante que os 4 a 3 da Argentina sobre o Brasil foi a "jornada" no Aeroporto Aeroparque.

No Uruguai, no mês passado, ao passar pela "extradição" de lá para registrar minha chegada naquele país, tive que assinar uma ficha com um monte de informações e, ainda assim, confirmá-las num guichês. Ali já me avisaram que não poderia perder aquele papelzinho, com o carimbo com a data da minha chegada, por nada. Caso contrário, eu teria problemas para voltar ao Brasil.

No caso da Argentina, estranhei que ninguém no voo nos deu nada para preencher. Porém, assim que chegamos no prédio do aeroporto já temos uma fila a enfrentar, de forma que temos que tirar foto, deixar digital, informar o local onde iremos ficar e pegamos um papel, parecendo uma nota fiscal das mais simples, com o carimbo de entrada. Creio que a atendente tenha me avisado de guardar o papel, mas imaginava que fosse assim pela experiência recente no país vizinho e por ter lido sobre o assunto antes de viajar para o Uruguai, por mais que sejam países que compõem o Mercosul.

Tudo isso para dizer que na volta, um dos colegas de viagem achou que havia perdido o papel, deixado no hotel em parte porque ele parecia mais uma conta do que um documento oficial. A informação que se tem é que quem perde este documento tem que pagar 100 pesos argentinos (50 reais) se for do Mercosul ou 300 pesos argentinos (150 reais) se for de fora da área que conforma o Mercado Comum do Cone Sul - que permite, por exemplo, não precisarmos de passaporte para andar por lá.

Acabamos encontrando uma brasileira, de Santa Catarina, com problema parecido. Ela estava desesperada porque não tinha dinheiro algum e estava com o cartão bloqueado. Vá lá que acho que por se tratar de uma área comum talvez não fosse tão problemático, mas de fato, pelo menos é o que eu faço, sempre me preocupo em saber das coisas e informações que são extremamente necessárias numa viagem, ainda mais se tratando de outro país.

O mais esquisito foi a mudança no preço da tarifa a ser paga em cada lugar. No guichê de "extradição" era 100 pesos, no guichê de informações do aeroporto já aumentou para 300 pesos e na polícia o valor informado era 110 pesos. Depois de muita reclamação, o nosso colega acabou encontrando o dele (!) e a brasileira, após termos feito uma vaquinha para ajudá-la, o pessoal do primeiro guichê disse que com o boletim de ocorrência da polícia não se pagava nada.

Ainda houve reclamação com a responsável da companhia de viagens sobre o assunto, mas ela falou que geralmente não se paga a taxa por perda do documento, mas isso deveria ser feito até mesmo para que as pessoas tenham mais cuidado com essas coisas. Acho até que ela está certa, pois é a única forma de controle do país em relação à entrada e saída das pessoas e se perdermos outros tipos de documentos no Brasil sempre teremos que pagar uma taxa para fazer uma segunda via. Porém, se o guichê de informações do aeroporto não passa uma informação correta isso é um grande problema.

Acabou que ela sentou do meu lado no avião e me contou que estava passando por um momento não muito bom, por isso tamanho desespero. Curiosamente, ela nasceu em Erechim-RS, mas foi morar há algum tempo em Santa Catarina porque o, agora, ex-marido foi trabalhar no lançamento do Diário Catarinense (Grupo RBS) por lá e ficou - até resolver abandonar a pressão da redação e ir trabalhar numa assessoria de comunicação de órgão público.

Tirando este contratempo, chegamos bem em Porto Alegre, na hora certa. Quer dizer, um de nós ficou sem um pote de doce de leite porque foi um dos selecionados pela PF para passar no Raio-X - laticínios e demais derivados de leite, frutas, etc. não podem entrar noutro país por conta de acordo agrícola (eu também sabia disso, não é à toa que não comprei o delicioso dulce de leche uruguaio).

Enquanto tod@s foram embora, eu fiquei no aeroporto acompanhando os 30 minutos finais de Brasil X Argentina, mas isso é assunto para uma Por Trás do Gol. Para encerrar, afirmo a extrema alegria de ter feito essa viagem, encontrado pesquisadores tão bons, críticos e simpáticos, como nossos colegas argentinos de Economia Política de Comunicação, e uma cidade em que ser politizado é "natural", independente de vertente ideológica, enquanto que no Brasil é ser visto de forma negativa - na Academia então...

sábado, 9 de junho de 2012

[En busca de El Dorado] "Somos Bosteros y estamos orgullosos de serlo"

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Como descrever a sensação de visitar um super-museu de um dos maiores clubes da América Latina e quiçá do mundo? Como descrever a sensação de estar naquelas arquibancadas que muito dão dor de cabeça aos torcedores brasileiros nas últimas décadas? Adentrar ao gramado, então...

Pois bem, após conhecer o lendário Estádio Centenário há quase um mês, foi o dia de entrar na cancha do Clube Atlético Boca Juniors, Estádio Alberto J. Armando, mais conhecida como "La Bombonera". O valor não é tão acessível assim. Uma volta pelo Museo de la Pasión Boquense custa 40 pesos (R$ 20), com possibilidade de entrada em certo setor da arquibancada (atrás do gol, do lado onde fica o time visitante); 50 pesos (R$ 25) para visita ao museu e à melhor localização da arquibancada; e um tour guiado pelo estádio após visitar o museu, que custa 55 pesos (R$ 27,50) e foi nossa opção.

O Museo é algo excepcional. Além de conta a história do clube, desde o início, com camisas históricas, troféus e demais relíquias, é algo super planejado, já que conta com várias televisões, telinhas e telões para contar o que é o Boca Juniors, porque este clube chama tanto a atenção na América do Sul.

Só para citar dois dos exemplos, há um auditório que faz um resumo dos "heróis" que vestiram a camisa azul e amarela. A Sala de las estrellas sai pulando de jogador para jogador, entrançando cada relato por características de cada um, não necessariamente por período histórico. No caso de Maradona, algo que esperava: silêncio, pois "não é preciso palavras para descrever Dieguito".
Outra sala muito legal é a de 360º, formada por alguns telões em volta do público. A história que passa na tela é de um garoto, desde as categorias de base até às primeiras partidas no time principal do Boca; os caminhos que ele tem que percorrer para poder sentir a festa da torcida ao final. Muito interessante, muito bem preparado e espetacular.

O último andar para visita, já que o último é a confiteria, traz alguns globos que têm várias telas dialogando entre si para passar informações relativas a títulos do Boca Juniors. Há uma com o título da Libertadores de 2000, contra o Palmeiras - mas nos pênaltis e com o time já sem o apoio gerencial da Parmalat, é bom que se frise. Provocação clara na tela de cima, com a definição "Nossos filhos", em português mesmo...
Ao final, as taças mais importantes do clube, dentre as quais a Taça Libertadores, que o time busca mais um título neste ano. Atrás das taças e troféus, uma série de três telões com os melhores momentos de importantes títulos - dentre os quais a Libertadores de 2007, contra o Grêmio.
TOUR
O tour começou às 14h. De início, a Jéssica, guia do grupo, perguntou quem era argentino. A resposta: 4 pessoas. Brasileiros: a imensa maioria. E como encontramos brasileiros turistando em "La Boca" por conta do feriadão... Ainda bem que conseguimos depois caminhar pelo bairro, um local pobre, para ver a diferença entre a multidão de gente e as casas mais simples... Havia também estadunidenses.

Na hora da pergunta pelos clubes, algo engraçado. Em meio a Palmeiras, Santos, São Paulo, Corinthians, Internacional e Grêmio, alguém grita, de forma anti-grenalísta consagrada, um "JUVENTUDE!", que virou piada até o final do tour.

Fomos para a arquibancada preferencial, que fica a cerca de dois metros de altura do gramado e é muito boa para assistir ao jogo. O gramado estava sendo cortado no momento, mas deu para perceber que tinha muitos buracos e aparentou ser muito baixo.

A Jéssica começou então a mostrar a "força" da Bombonera ao mostrar onde a torcida organizada, La 12, fica e onde a torcida rival tem seu espaço. Em meio aos 50 mil lugares, são disponibilizados 4 mil ingressos aos visitantes, que ficam no terceiro anel (superior) atrás de um dos gols, espremidos num cantinho que é o mais gelado de todo o estádio. O intuito é evitar qualquer grito rival.

Seguimos em direção ao primeiro anel situado no lado da hincha organizada. Jéssica pediu para que todos pulassem para sentir o barulho do chão. Como ninguém conseguiu chegar ao nível xeneize, ela, baixinha, deu um pulo bem forte e nos apontou que ali embaixo ficam os vestiários do time rival. Assim, eles não conseguem sequer se escutar lá dentro...


Ainda entramos em campo, na parte do gramado artificial, até mesmo para não estragá-lo. Alguns - os que ainda não ganharam Libertadores rsrsrsrs - pagaram 50 pesos para tirar foto ao lado de uma réplica da Taça Santander (sic). Deixemos isso a corintianos e botafoguenses...

Fomos ao lado oposto aos camarotes e enquanto a Jéssica explicava que aquele era o setor mais "novo", reformado na década de 1990, mostrou um deles com um sofá amarelo no lugar das cadeiras azuis. É que o dono vitalício dela era o "melhor jogador da Argentina, quer dizer, também do mundo". Alguns perguntaram: Pelé? "Não, Pelé é o segundo, falo de Diego Armando Maradona" - na verdade, Pelé é de outro universo, não conta. Dieguito alugou o primeiro camarote por 300 mil dólares, num período de 10 anos, recebendo-o em definitivo quando Maurício Macri, atual prefeito de Buenos Aires e da direita argentina, presidia o clube, em 2004.

Por fim, fomos ao trecho que é aberto a tod@s, atrás da "trave" da torcida visitante. Enfim, uma visita espetacular para quem gosta de futebol e que, provavelmente, este texto não conseguiu reproduzir tamanho sentimento.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

[En busca de El Dorado] Hace mucho frio!

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Último dia de evento na Universidad Nacional de Quilmes e um gostinho de morar, estudar e trabalhar aqui na Argentina só aumentou. Sinceramente, o nível crítico de grande parte das discussões feitas pelo pessoal do grupo de pesquisa daqui, que também estuda via Economia Política da Comunicação, é excepcional. Muitos novos pesquisadores com um interesse muito grande em desvelar as relações de poder no setor comunicacional a partir de variados objetos de pesquisa.

Além disso, por menor que seja, a UNQ permite que se coloque cartazes de cunho político no hall principal. Hoje, a faixa sobre as Ilhas Malvinas deu lugar a uma série de cartazes sobre a manifestação política que ocorrerá amanhã no Centro, dentre outras coisas, por melhorias trabalhistas. É de arrepiar só de pensar no alto nível de mobilização social - de qualquer setor político - daqui, algo que ainda retornarei a falar ao longo do texto.

No evento acabou-se tendo a confirmação de que nosotros brasileños entendemos bem mais o castellano que os hispanos entendem o português. O legal desse evento - ao contrário da ALAIC, por exemplo - foi que os organizadores argentinos, professores Guillermo Mastrini e Martín Becerra, pediu para que nós brasileiros falássemos em português, independente de sabermos ou não o espanhol, de forma que eles também pudessem se acostumar.

Apesar disso - ainda também que estivesse num "comboio" -, deu para praticar o espanhol. Além de falar com um ou outro nos intervalos do evento, principalmente com o estudante de graduação que pesquisa futebol, aproveitei para almoçar hoje cercado por argentinos, duas mulheres e um homem. Ele morou em São Paulo no início da década de 1990 por alguns anos e chegou a passar algumas férias anuais no Brasil, de forma que conhecia Maceió (!!!!), Recife e Salvador, dentre outros lugares. Una chica tenia ido a Porto Seguro. Enquanto a outra foi ao Rio de Janeiro e passou pelas praias pernambucanas, prometendo volta.

Óbvio que com menos de um semestre de aulas de Espanhol não dá para sair falando tudo, há coisas que tenho dúvida na hora, às vezes perguntando como se diz tal coisa, ou um portunhol em algumas frases, porém, estou muito melhor que no ano passado, quando encontrei quatro colombianas em São Paulo e um casal argentino em Recife.

Daqui só uma pesquisadora, que acabou apresentando uma interessante comparação entre a implantação da TV Digital no Brasil e na Argentina, falava bem português. Ela passou cinco meses no Rio de Janeiro, voltando em fevereiro deste ano, e já conseguia falar bem - inclusive, com um pouco do sotaque carioca...

Enfim, depois do evento, resolvemos dar uma volta pelo Centro de Buenos Aires, onde pude adquirir a mais nova camisa da minha coleção de campeões dos locais visitados: Club Atlético Boca Juniors. Ao contrário de Montevidéu, o centro da capital tem várias lojas e bancas com réplicas de camisas, seja da Seleção argentina ou dos clubes. Assim, gastei apenas 90 pesos argentinos, algo equivalente a 45 reais nela.

Quando passamos perto da Plaza de Mayo, encontramos com algumas senhoras, de classe média, batendo panelas e seguimos em direção à praça/Casa Rosada para vermos mais um cacerolazo. Aqui, como apontei no início deste texto, direita, centro, esquerda e demais grupos com diferentes posições político-ideológicas vão às ruas protestar.

Hoje foi o dia do pessoal da classe média (para cima) ocupar a Plaza de Mayo com faixas, panelas, com pulos e até o hino da Argentina pedindo uma "atenção maior" da presidenta Cristina com os ricos, para que ela faça um "governo para todos" e criticando a corrupção - típica peronista - em seu governo.

Seguimos caminhada em direção a Puerto Madero, região de amplo desenvolvimento, com grande passagem da "elite" do país. Paramos no meio do caminho para comer empanadas, que são muito boas, e ficamos no restaurante por um tempo, sendo atendidos por una mesera que se soube traduzir-nos o que tínhamos dúvida por conta da língua.

De lá, após uma "difícil decisão", enfrentamos a noite gélida de Buenos Aires e seguimos a Puerto Madero, de forma a vermos a Puente de la Mujer e os bares, bancos e prédios (espigões) a região rica da cidade. Após um passeio de cerca de quatro horas, e com alguns companheiros com partes do corpo semi-paralisadas, retornamos ao hotel. Eu, pelo menos, estou com uma grande expectativa para amanhã. La Bombonera nos espera!

quinta-feira, 7 de junho de 2012

[En busca de El Dorado] Vamos a trabajar!

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Primeiro dia do 1er. Encuentro de Investigadores em Comunicación Cepos-"Indústrias Culturales"/UNQ, na Universidad de Quilmes. Que dia helado!!! Nosso café da manhã foi acompanhado por notícias do telejornal matutino e de quem chegava ao hotel, dando conta que a sensação térmica era negativa (-1º ou -2º). Ou seja, ótimo dia para se sair de qualquer lugar onde se está...

Após um período de espera pela van que nos levaria a Quilmes - pois é, raro momento na vida deste jovem pesquisador em que a organização do evento nos busca para participar do mesmo... - atravessamos Buenos Aires para chegar na Universidad de Quilmes. Primeiro, é importante dizer que a universidade é totalmente diferente do Brasil, a começar pelo tamanho, já que o prédio é um só, em que se tem uma imensidão de salas, restaurante universitário e tudo o mais.

Ponto positivo: bandeiras e faixas do movimento estudantil espalhados pelo corredor principal, dentre os quais se destaca a exigência das Ilhas Malvinas contra os britânicos; mas que também tem estudantes destes movimentos ali, próximos, para dialogar com quem quiser, sendo eles, aparentemente, de diferentes correntes políticas.

Ponto negativo: os professores ganham muito mal na Argentina. O que poderia ser o "paraíso" das manifestações sociais nas ruas, nas praças e nas universidades, não consegue manter os docentes do ensino superior, que são obrigados a trabalhar em pelo menos duas para conseguir se manter - e com um soldo bem menor que o de um professor no Brasil. Ah, isso num país que é um dos mais alfabetizados da América Latina, anos-luz do nosso país.

Como coloquei no início do texto, hoje começou o encontro com o grupo de pesquisa local que, pelo que me disse um dos líderes do mesmo, por ter um nome médio - grande mesmo é o do NIEG e ninguém ganha da gente! -, fica algo como "Industrias Culturales".

Já conhecia alguns estudantes daqui, dos mais diferentes níveis, por conta da ALAIC, no mês passado no Uruguai. Inclusive, um deles, que trabalha a história dos direitos de transmissão do Campeonato Argentino como trabalho de conclusão da licenciatura em Comunicação (se não me engano), eu conversei muito com em Montevidéu e troquei alguns artigos sobre nossas pesquisas.

EVENTO
Na parte da manhã, algumas pesquisas sobre a produção noticiosa em meios impressos, com análises que juntam a análise de conteúdo, a análise de discurso e análises com critérios pré-definidos para perceber a produção do The Economist sobre a "farsa com o nome de crise"; como os meios gráficos trataram das políticas de comunicação antes dos governos Kirchner; e, por fim, o conflito agrário com o governo argentino de alguns anos atrás.

Ah, aqui o evento deveria ter começado às 10h30, num horário um pouco distante do que estamos acostumados, mas o diálogo das perspectivas teórico-metodológicas das pesquisas foi muito interessante, gerando uma discussão sobre a apropriação de determinados métodos pela EPC, os limites e tensionamentos de utilizá-los.

Depois de um almoço com um bom pedaço de carne e um sorvete em forma de alfajor incrível, a segunda parte do encontro teve discussões sobre a implantação da TV digital no Brasil, com o predomínio da Rede Globo; a mudança nos negócios da televisão com a amplitude da transnacionalização do capital; uma discussão sobre uma tematização de meios públicos a partir da Economia Política; e a pesquisa que eu já citei, sobre os direitos de transmissão do Campeonato Argentino.

Ah, tentei fazer algumas colocações e a primeira coisa que fizeram foi provocar quanto ao jogo de sábado, achando que eu queria perguntar quem venceria a partida ou se Neymar era ou não melhor que Messi - se é que entendi bem, pois estava preocupado em tentar me fazer entender que nos comentários que apareceram durante...

Na volta do "lanche", foi a vez de eu apresentar a minha pesquisa. Creio que consegui "resumir" o que pude, especialmente para essa altura do "campeonato" e apontar as curiosidades sobre o caso brasileiro, com destaque para a última licitação, para as edições de 2012 e 2014 - na volta do jantar, à noite, brincaram comigo por não ter tratado da Copa de 1950 no histórico da relação entre mídia e futebol rsrsrsrsrs; expliquei o porquê e disse que, ao contrário do Uruguai, que tratei do assunto, também preferi omitir a minha opinião que Pelé é melhor que Maradona, como fiz na ALAIC.

Deram prosseguimento na última parte do dia, um estudo sobre as TVs universitárias no Brasil; as políticas de comunicação para o cinema e para a TV a cabo aqui na Argentina; e, por fim, uma proposta inicial de estudo para analisar a diversidade cultural na TV argentina.

Por fim, o dia gelado de Buenos Aires terminou com um almoço com todos do nosso grupo de pesquisa e alguns pesquisadores do grupo argentino num restaurante a algumas quadras do nosso hotel. Haja comida!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

[En busca de El Dorado] La Argentina de Evita

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As primeiras percepções da segunda viagem internacional deste escriba serão bem diferentes das que fiz para o Uruguai. O motivo principal é que desta vez, faço parte de um "comboio" do grupo de pesquisas que faço parte e em que tod@s terão que apresentar um trabalho no evento na Universidad Nacional de Quilmes. Quer dizer, o próprio evento é um encontro de investigadores dos dois grupos de pesquisa, da Unisinos e o daqui da Argentina.

Assim, o voo já foi com outras quatro pessoas e agora à noite já se somaram mais duas no hotel em que estamos. Diferente de Montevidéu que eu tive que me "virar" para chegar no hostel, procurar um lugar para comer, dar uma volta sozinho pelo centro da cidade; aqui, fizemos tudo isso juntos. 

Hoje, após uma breve reunião com o chefe, pudemos conhecer algumas livrarias - e como há livrarias em Buenos Aires! -, eu já pude ficar fascinado por lojas com camisas de clubes de futebol e da seleção argentina e comemos num restaurante chinês, que funciona com buffet livre, mesmo com um preço mais "salgado" do que o que convivemos no Brasil.

A comida era muito boa e em grande quantidade, mas o valor ($ 59 pesos = 29,50 reais) é acima dos nossos "melhores" buffets e rodízios. Absurdo ver o cara que "cuida" da churrascaria pedir uma "ajudinha" extra, de forma a nos dar os melhores pedaços e mais ainda foi saber que se você não quiser beber nada terá que pagar seis pesos (três reais)! Vá lá que foi um caso só, ainda.

Porém, a questão dos preços mais altos é bem comum por aqui. Das coisas mais simples às coisas maiores, o preço geralmente é o dobro do que vemos no Brasil e se há alguma diferença dessa "regra" é para mais. Assim, um creme de cabeço que custa R$ 4,00 custa por aqui R$ 11,50; ou um alfajor que no Uruguai poderia encontrar até por menos de R$ 1,00, aqui custa R$ 2,00 o mais barato.

Ah, falando em diferentes moedas, como não poderia deixar de ser, o câmbio também é diferente. Com um real você consegue comprar cerca de 2,03 pesos argentinos. Porém, há uma coisa que é igual a qualquer lugar - e mais uma vez fica a sugestão para quem vier para cá. Trocar no aeroporto é perder dinheiro. Tive que fazer isso porque segundo as informações que eu tinha, as casas de câmbio funcionam em horário comercial (10h às 15h), e eu chegaria no hotel em cima do horário. Resultado: o que eram para ser 2 pesos e três cêntimos viraram 1 peso e 73 cêntimos por real. Prejuízo. Descobri que a uma quadra do hotel há uma casa de câmbio que funciona até um pouco mais tarde, fechando às 17h30.

Ou seja, o melhor a fazer é trocar no Brasil a mínima quantidade necessária, para pegar ônibus/táxi, com referência legal e com um bom preço e aqui trocar a maior quantidade - o que irei fazer. Lembrando que no caso de aeroportos, o que nos desembarcamos, o Aeroparque, fica bem perto do Centro - ainda assim foi "caro" o táxi para o hotel. Se descer em Ezeiza a distância é muito maior e o valor é muito mais caro.

Para felicidade geral de quem gosta de protestos - mas não necessariamente de engarrafamentos -, fomos recebidos com um aqui. A Av. de Mayo, onde nós estamos, foi interditado por algum protesto de sindicato filiado a uma das muitas correntes peronistas - que se espalham em prédios e pichações Centro a dentro. É, não vemos isso no Brasil tão facilmente e, pelo menos no que percebi, com ninguém reclamando da manifestação...

Para finalizar, uma coisa bem curiosa. Entrei numa loja de material esportivo "oficial" só para dar uma olhada. Na frente haviam camisas da Argentina, dos clubes locais e alguns cachecóis, inclusive com times brasileiros - PALMEIRAS e São Paulo. No fundo, camisas da Argentina à venda. Para melhor visualização, estavam com as costas à mostra. O motivo: o número 10 e a escrita MESSI nela. Perguntamos ao vendedor quanto custava. A resposta: 420 com o Messi e 370 sem o Messi. Ou seja, Messi vale aqui 50 pesos argentinos!

*A foto que ilustrará os textos desta viagem à Argentina é a do prédio da central de rádios público-estatais daqui, que conformam cinco ou seis rádios, das generalistas às específicas para músicas, deportes,...