sábado, 9 de junho de 2012

[En busca de El Dorado] "Somos Bosteros y estamos orgullosos de serlo"

Como descrever a sensação de visitar um super-museu de um dos maiores clubes da América Latina e quiçá do mundo? Como descrever a sensação de estar naquelas arquibancadas que muito dão dor de cabeça aos torcedores brasileiros nas últimas décadas? Adentrar ao gramado, então...

Pois bem, após conhecer o lendário Estádio Centenário há quase um mês, foi o dia de entrar na cancha do Clube Atlético Boca Juniors, Estádio Alberto J. Armando, mais conhecida como "La Bombonera". O valor não é tão acessível assim. Uma volta pelo Museo de la Pasión Boquense custa 40 pesos (R$ 20), com possibilidade de entrada em certo setor da arquibancada (atrás do gol, do lado onde fica o time visitante); 50 pesos (R$ 25) para visita ao museu e à melhor localização da arquibancada; e um tour guiado pelo estádio após visitar o museu, que custa 55 pesos (R$ 27,50) e foi nossa opção.

O Museo é algo excepcional. Além de conta a história do clube, desde o início, com camisas históricas, troféus e demais relíquias, é algo super planejado, já que conta com várias televisões, telinhas e telões para contar o que é o Boca Juniors, porque este clube chama tanto a atenção na América do Sul.

Só para citar dois dos exemplos, há um auditório que faz um resumo dos "heróis" que vestiram a camisa azul e amarela. A Sala de las estrellas sai pulando de jogador para jogador, entrançando cada relato por características de cada um, não necessariamente por período histórico. No caso de Maradona, algo que esperava: silêncio, pois "não é preciso palavras para descrever Dieguito".
Outra sala muito legal é a de 360º, formada por alguns telões em volta do público. A história que passa na tela é de um garoto, desde as categorias de base até às primeiras partidas no time principal do Boca; os caminhos que ele tem que percorrer para poder sentir a festa da torcida ao final. Muito interessante, muito bem preparado e espetacular.

O último andar para visita, já que o último é a confiteria, traz alguns globos que têm várias telas dialogando entre si para passar informações relativas a títulos do Boca Juniors. Há uma com o título da Libertadores de 2000, contra o Palmeiras - mas nos pênaltis e com o time já sem o apoio gerencial da Parmalat, é bom que se frise. Provocação clara na tela de cima, com a definição "Nossos filhos", em português mesmo...
Ao final, as taças mais importantes do clube, dentre as quais a Taça Libertadores, que o time busca mais um título neste ano. Atrás das taças e troféus, uma série de três telões com os melhores momentos de importantes títulos - dentre os quais a Libertadores de 2007, contra o Grêmio.
TOUR
O tour começou às 14h. De início, a Jéssica, guia do grupo, perguntou quem era argentino. A resposta: 4 pessoas. Brasileiros: a imensa maioria. E como encontramos brasileiros turistando em "La Boca" por conta do feriadão... Ainda bem que conseguimos depois caminhar pelo bairro, um local pobre, para ver a diferença entre a multidão de gente e as casas mais simples... Havia também estadunidenses.

Na hora da pergunta pelos clubes, algo engraçado. Em meio a Palmeiras, Santos, São Paulo, Corinthians, Internacional e Grêmio, alguém grita, de forma anti-grenalísta consagrada, um "JUVENTUDE!", que virou piada até o final do tour.

Fomos para a arquibancada preferencial, que fica a cerca de dois metros de altura do gramado e é muito boa para assistir ao jogo. O gramado estava sendo cortado no momento, mas deu para perceber que tinha muitos buracos e aparentou ser muito baixo.

A Jéssica começou então a mostrar a "força" da Bombonera ao mostrar onde a torcida organizada, La 12, fica e onde a torcida rival tem seu espaço. Em meio aos 50 mil lugares, são disponibilizados 4 mil ingressos aos visitantes, que ficam no terceiro anel (superior) atrás de um dos gols, espremidos num cantinho que é o mais gelado de todo o estádio. O intuito é evitar qualquer grito rival.

Seguimos em direção ao primeiro anel situado no lado da hincha organizada. Jéssica pediu para que todos pulassem para sentir o barulho do chão. Como ninguém conseguiu chegar ao nível xeneize, ela, baixinha, deu um pulo bem forte e nos apontou que ali embaixo ficam os vestiários do time rival. Assim, eles não conseguem sequer se escutar lá dentro...


Ainda entramos em campo, na parte do gramado artificial, até mesmo para não estragá-lo. Alguns - os que ainda não ganharam Libertadores rsrsrsrs - pagaram 50 pesos para tirar foto ao lado de uma réplica da Taça Santander (sic). Deixemos isso a corintianos e botafoguenses...

Fomos ao lado oposto aos camarotes e enquanto a Jéssica explicava que aquele era o setor mais "novo", reformado na década de 1990, mostrou um deles com um sofá amarelo no lugar das cadeiras azuis. É que o dono vitalício dela era o "melhor jogador da Argentina, quer dizer, também do mundo". Alguns perguntaram: Pelé? "Não, Pelé é o segundo, falo de Diego Armando Maradona" - na verdade, Pelé é de outro universo, não conta. Dieguito alugou o primeiro camarote por 300 mil dólares, num período de 10 anos, recebendo-o em definitivo quando Maurício Macri, atual prefeito de Buenos Aires e da direita argentina, presidia o clube, em 2004.

Por fim, fomos ao trecho que é aberto a tod@s, atrás da "trave" da torcida visitante. Enfim, uma visita espetacular para quem gosta de futebol e que, provavelmente, este texto não conseguiu reproduzir tamanho sentimento.

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