segunda-feira, 29 de março de 2010

Circo a motor - Uma corrida para duas páginas

Desde o final do GP de Melbourne que não sai da minha cabeça como escrever de forma sucinta uma corrida que não teve nada de simples - bem longe da chata corrida do Bahrein. Poderia falar de tantos personagens: Button, Kubica, Massa, Alonso, Hamilton, Webber, Vettel e até de M. Schumacher.

Se escrevesse para um jornal pediria todas as páginas dedicadas ao caderno de esportes nesta segunda-feira. Pois foram tantas mudanças de posição, ultrapassagens, batidas, reviravoltas, erros, mudanças de estratégias, alterações na classificação,... Tanta coisa que fez valer a pena ter ficado acordado das 3h às 5h em pleno domingo - único dia que esse autor tem para descansar.

TREINO OFICIAL
Havia uma expectativa para nós brasileiros quanto as condições iniciais da pista. É que no treino oficial, todos achamos estranho o fato de Felipe Massa sempre ter ficado bem atrás do seu companheiro de Ferrari, Fernando Alonso, nas três partes da classificação.

Enquanto os carros da Red Bull mostravam ser superiores aos demais, com Alonso um pouco atrás, ficando em terceiro, Massa só conseguiu o quinto lugar, com Jenson Button à sua frente e a mais de meio segundo atrás dos três ponteiros. Uma grande diferença pois sabemos das qualidades do piloto brasileiro.

Em entrevista após o treino veio a explicação. Com a queda na temperatura, ele não conseguia esquentar os pneus e garantir maior aderência na pista. Só restava torcer para que o tempo ajudasse e a temperatura subisse cerca de 5° (para 27°). Ou então, na pior das hipóteses, que viesse a chuva, que traz uma verdadeira loteria em provas de alta velocidade.

TANTAS EMOÇÕES...
E a chuva veio antes mesmo de a corrida começar. Vinte minutos antes da prova, ela estava fininha e deve ter dado dor de cabeça aos engenheiros das equipes: colocar ou não pneu intermediário?

Com tudo úmido, todas as equipes optaram por deixar o pneu seco para outro momento e largar com o intermediário mesmo. A chuva só piorou o fato de que como se trata de um circuito de rua - algo que não sabia - Melbourne tinha o lado das posições pares bem piores quando comparado ao das ímpares.

Felipe Massa largou bem e se aproveitou das derrapadas de Alonso e de Webber, e também ultrapassou Button, para sair do quinto para o segundo lugar na corrida antes da primeira curva. Pelo que eu acompanho, esta foi a melhor largada do brasileiro pilotando uma Ferrari.

No meio do S que forma a primeira parte, dez títulos mundiais se chocaram. Button, M. Schumacher e Alonso se envolveram numa batida. Pior para Alonso, que virou o carro, e para o heptacampeão mundial, que teve que trocar o bico e passar "vexame" para ultrapassar a Virgin de Lucas Di Grassi e a STR de Jaime Alguersuari.

Ainda na primeira volta Kobayiashi saiu da pista e bateu de forma violenta no carro de Hukenberg, o que gerou bandeira amarela por algumas voltas. Após ela, com Massa se segurando para se manter à frente de Webber, já que a temperatura na pista caía com o tempo, Bruno Senna foi abandonado mais uma vez pelo seu Hispania.

A partir daí foi um show de ultrapassagens de Alonso e Hamilton, tentativas do velho Schummi, Webber tentando se aproximar em posições de Vettel, que liderava com folgas a corrida.

Algumas voltas depois, o que poderia ter sido a palhaçada da prova foi o que praticamente a definiu. Button resolveu se antecipar, e ainda com a pista úmida, colocou pneus para pista seca. ele foi passaear na brita logo depois da saída dos boxes. A previsão era que a chuva voltaria dali a dez minutos. Mas não voltou.

A maioria dos outros pilotos só trocou os pneus duas, três voltas depois. O inglês ainda realizou ultrapassagens, já que estava com o carro bem mais rápido, e se beneficiou das paradas para aparecer no segundo lugar quando as coisas se "normalizaram".

Na 25ª volta, mais uma vez Sebastian Vettel viu sua RBR, disparado o melhor carro quanto à velocidade no grid, ter problemas. Se na corrida anterior foi a vela que fez com que ele tirasse o pé do acelerador, desta vez foi o freio direito que faltou numa curva, fazndo com que o jovem alemão ficasse na brita e perdesse a chance da primeira vitória.

Nas mãos de Jenson Button, a corrida só poderia ser alterada se ocorresse algum problema na substituição dos pneus macios. Mas quem disse que ele parou para trocar os pneus? Nem ele, nem Kubica, nem Massa, nem Alonso.

Azar do espanhol, que mesmo com um rendimento melhor que o seu companheiro de equipe, não pôde ultrapassá-lo para evitar riscos - fora o claro desgaste nos pneus de ambos - e ainda teve que segurar Hamilton e Webber com facas nos dentes por mais de dez voltas. Os dois bateram e deram a quinta posição para Rosberg, que também pressionou o sensacional Alonso.

Com o resultado, o atual campeão mundial venceu a prova e já pulou para terceiro na classificação, com 31 pontos. Kubica surpreendeu, com uma Renault aquém do seu nível de piloto, na segunda posição. Felipe Massa marca o seu melhor início de temporada com dois pódios e 33 pontos marcados - o máximo que tinha conseguido na Austrália fora um sexto lugar. Alonso continua na liderança com 37 pontos. Rubens Barrichello terminou a prova na oitava posição e está com cinco pontos no campeonato.

Das novatas da "série B", a grande surpresa ficou por conta de Chandhok, da Hispania. O companheiro de Bruno Senna conseguiu terminar a prova, que contou com oito desistências e a não-largada de Jarno Trulli, da Lotus.

O circo praticamente não pára e já no próximo final de semana colocará sua tenda na Malásia. Se a corrida tiver metade do que teve essa já será uma a tração daquelas!

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