terça-feira, 15 de maio de 2012

[Por Trás do Gol] Fim de tabus, tabela estranha e a importância dos Estaduais

No último final de semana tivemos a conclusão da maioria dos Campeonatos Estaduais disputados no Brasil - ou que só são disputados no Brasil. De antemão já afirmo que eu gosto destes campeonatos e acho que são essenciais, partindo do ponto de vista de um torcedor de um Estado menor. O Campeonato Alagoano deste ano é prova inconteste disso.

Porém, deixarei para falar dos campeonatos que acompanhei mais de "perto" em textos ao longo desta semana. Afinal, consegui acompanhar de forma razoável os torneios em Alagoas e aqui no Rio Grande do Sul. Lá na minha terra natal, houve a quebra de um tabu de dez anos (infelizmente...); aqui, o Internacional venceu novamente, mas levando sufoco do Caxias.

Tabelas estranhas
Aqui no Rio Grande do Sul, a mídia deu uma boa vazão sobre o Campeonato Baiano deste ano. O motivo é simples, e bem "bairrista": o maior ídolo do Inter, Falcão, passou a treinar o Bahia. Com uma campanha muito boa, o tricolor da "boa terra" terminou a primeira fase, um turnão, com muitos pontos à frente do segundo colocado, o rival Vitória, time do artilheiro do Brasil, Neto Baiano.

Nas semifinais, a dupla Bavi passou na bacia das almas por Vitória da Conquista e Feirense, perdendo um jogo e ganhando outro na diferença mínima. Na volta do clássico em finais, o primeiro jogo terminou sem gols. Com vantagem do empate, o "Bahêa" sofreu para empatar no Pituaçu por 3 a 3.

Este título representou mais do que a rouquidão do "imperador de Roma", mas também a quebra do tabu de 10 anos sem vencer o Baianão. Neste tempo, o Vitória venceu oito dos dez torneios, perdendo um para o Colo Colo e, no ano passado, para o Bahia de Feira de Santana.

Se o Bahia escapou de um regulamento que não privilegiou sua imensa vantagem na primeira fase, o Catarinense não perdoou. Após perder Jorginho para o futebol japonês, o Figueirense resolveu apostar no outro lateral do tetracampeonato como técnico. Parecia que ia dar muito certo, já que, com Branco, o time venceu os dois turnos. Venceu o campeonato, portanto?

Não. Houve final em Santa Catarina com o segundo maior pontuador, o Avaí. Resultado: o Avaí venceu o Figueirense nos dois jogos e conquistou o Campeonato Catarinense deste ano. Além disso, Branco foi demitido. Parabéns aos cartolas!

Como explicar o "Paulistinha"?
Ok, detratores dos Estaduais. O exemplo-mor é o Carioca, sem sal, sem açúcar, sem tempero e com os grandes passando quando querem. O Vasco foi à final dos dois turnos e perdeu ambos. O Fluminense deu um sacode no Botafogo no primeiro jogo e venceu o segundo, mantendo-se na Libertadores mesmo com a conquista do Carioca - é, o Flamengo caiu fora do torneio sul-americano logo cedo e pouco figurou no Estadual.

Em Minas, tivemos a surpresa do América voltar a fazer uma final, após eliminar o Cruzeiro na semifinal. Na volta do Independência, Cuca balançou, mas conseguiu vencer com o Atlético-MG o campeonato local e quase se manter na disputa da Copa do Brasil - levou um gol do Goiás no final do jogo em Minas Gerais.

Para finalizar, o Santos foi tricampeão paulista. E esse é o meu argumento. Vamos lá. Todo mundo reclama que os Estaduais só atrapalham, pois os clubes deveriam aproveitar esse tempo para realizar uma pré-temporada digna e blá, blá, blá. Demos dois exemplos de quem ganhou o Estadual e segue em seu outro torneio. Mas, o que falar do Santos?

Vamos ao tricampeonato. Em 2010, Neymar e companhia, vices para Ronaldo e o Corinthians no ano anterior, fizeram uma superfinal contra o Santo André e ainda ganharam a Copa do Brasil. No ano passado, o Santos desbancou o Corinthians na final do Paulistão e "simplesmente" ganhou a Libertadores da América, em cima do tradicional Peñarol do Uruguai.

Este ano, o Santos venceu o Guarani nas duas finais no Morumbi. Aqui, um parêntesis. Absurdo ver o Santos com aquela camisa azul "nikelesca" numa final de campeonato - da mesma forma que foi ver isso num clássico, contra o São Paulo; mais ainda ver Santos e Guarani, dois times do interior, fazendo a final no Morumbi!

Voltemos. Este ano o Santos ganhou o Paulista e também segue na Libertadores, quando enfrentará o difícil Vélez Sarsfield nas quartas de final. Se o Estadual atrapalha tanto, porque o Santos de Neymar não se atrapalhou até aqui com ele?

Outros
Para registro, acompanhei o Paranaense para o pessoal da RSSSF Brasil. Nos dois turnos, clubes de menor expressão começaram bem, Cianorte e Londrina, mas perderam o fôlego para ver Atlético e Coritiba fazerem a final do campeonato. Sem quaisquer vantagens, dois empates e o Coxa levou o título nos pênaltis.

No Ceará, o time com o mesmo nome do Estado venceu o time com o nome da capital e conquistou o Cearense. Na Paraíba, foi a vez do Campinense golear o Sousa na final e cumprir com o fim da sequência de títulos do rival de Campina Grande, o Treze.

Um dos que "ainda" restam é o Sergipano, já que os clubes locais só têm vaga na Série D, que este ano começa no final de maio. O Itabaiana ganhou o primeiro turno e, após uma decisão polêmica - à lá Grêmio, ou seja, o jogo vai até que o "maior" marque -, o Confiança venceu o segundo turno, após passar pelo rival Sergipe nas semifinais do segundo turno. Sergipe que se mantivesse a campanha do primeiro turno teria caído de divisão. Enfim, as finais ocorrem quarta e domingo.

2 comentários:

  1. Pô, nem sabia dessa de Santa Catarina. Aposto que o presidente do Figueira nunca mais assina um regulamento escroto desses. E tem uma errata, o Atlético-MG não conseguiu manter-se na Copa do Brasil, foi eliminado pelo Goiás.

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  2. É verdade. Levou um gol no final do jogo, que ia aos pênaltis. O Estadual acabou salvando o cargo de mais um, então.

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