quinta-feira, 25 de junho de 2009

Um chato de galocha

Justamente no dia em que a insônia aperta e você não consegue dormir. Até que chega as 6 da manhã, o sono vem, mas tem que acordar às 8 para fazer alguns trabalhos e imprimir outros a seres entregues no dia.

Justamente no dia em que tem que ir à universidade para resolver problemas e entregar os tais trabalhos para não precisar ir novamente ao Campus. O ônibus demora mais que o normal e você fica agoniado parado por quase meia-hora, perdendo um tempo preciosíssimo na sua vida.

Justamente neste dia, aparece alguém com problemas psicológicos (de verdade) para encher a paciência no ponto:

- Vai pegar ônibus?
Balanço a cabeça positivamente e ele, como se fosse íntimo, continua a conversa:

- Rapaz, cadê o carro?
Dou uma risada irônica e balanço a cabeça negativamente. Ah, todos que me conhecem minimamente sabem o quanto eu gosto de conversar com desconhecidos!

- Sabe dirigir?
Balanço a cabeça negativamente. Não é possível que a psicose não permitirá que ele perceba que não quero papo. Quem disse?

- Que homem é esse que não sabe dirigir?
- Não tenho carro, não tenho para que saber dirigir.

Aí começou a aflorar a religiosidade do rapaz:
- Deus vai lhe dar um carro! O espírito santo me disse que você vai ganhar um carro. Você vai ganhar, o espírito santo mente?
Fiquei calado até que ele repetiu esta porcaria de pergunta mais três vezes. E, a contragosto, balancei a cabeça negativamente, não acredito nisso mesmo.

E nessa hora já estava com a mão no meu ombro - e se tem coisa que detesto é contato pessoal! Comecei a dar pequenos passos para me desvencilhar educadamente do tresloucado sujeito. A mão saia do ombro e ele recolocava. É nessas horas que temos que reclamar da educação dada por nossos pais e pelo fato do cara não ser culpado de ter uma psicose.

Daí ele não parava de perguntar besteiras e repetir frases milhares de vezes. Ria alto, dizia que gostava que os outros rissem dele, que se falasse tal coisa para as pessoas elas "ririam tanto que abririam as pernas e mijariam".

No meio da "conversa" ainda apareceu um ônibus que fiquei com muita vontade de subir. Mas justamente neste dia teria que esperar o da Ufal, se fossem em outras situações poderia pegar o Cruz das Almas/Trapiche - que inclusive passou duas vezes.

E o pior estava por vir. Queria saber o meu nome. E quem disse que eu falaria o meu nome para alguém assim? Balancei a cabeça negativamente e olhei para o chão rindo de tanta raiva. E ele continuava a querer saber e ainda disse o dele, que não lembro, só recordo que ele disse que era santo!

Depois perguntou se eu era católico ou evangélico - como se só existissem essas duas possibilidades de vida no mundo. Resposta negativa surgiu de mim. Falou que morava no Jacintinho, que fosse visitá-lo e ainda perguntou se eu iria! Vá te catar, desculpem o tom preconceituoso, mas uma "bicha louca" já é demais! Até que finalmente ele encontrou um senhor mais responsivo do que eu no banco, passou a duas mulheres que passavam na rua e o Trapiche/Ufal finalmente chegou!

E eu que reclamava do jovem que se acha professor, quando na verdade é aluno, e "trabalhou" para a Tereza Nelma nas eleições passadas e conversa com todo mundo que vê pela frente. E o pior que lembra depois. Além dele, há o senhor que vive nas ruas e nos ônibus gritando "Jeeeesus!" no ouvido de quem estiver por perto.

E o resto do meu dia seguiu tão ruim quanto. Chuva só quando saio do ônibus e tenho que "atravessar" a Ufal e coisas assim. Quando mesmo posso chegar em casa para dormir?

Um comentário:

  1. Dá para imaginar o seu desconforto com o desconhecido vividamente.
    Eu agiria de forma bem parecida com o louco aí.
    E o "Jeeeeeesus" é insuportável.

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