quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O resgate

Ontem à noite, ao abrir a porta do quintal lá estava uma bola. Como ando muito cansado nestas semanas, não tinha ouvido barulho algum. Logo me veio à cabeça o que fazia para resgatas as bolas que caíam nas casas vizinhas.

Primeiro que a bola não era nem perto desta que caiu por aqui. Como a avó do meu amigo não deixava que ele tivesse uma bola, acabávamos fazendo uma. Era bem simples: um monte de folhas de cadernos antigos, uma sacola de plástico e zás! Para aumentar a durabilidade e para deixar a bolinha mais firme, amarrávamos até o limite, passando a sacola de um lado para outro. Ficava a ponta do nó, que sempre desviava a bola ao tocar no chão ou num chute, mas isso não era problema.

As calçadas da casa dele e da casa vizinha eram da mesma altura - algo bem difícil por estas terras. Assim, ficava um de um lado e o outro do oposto. Provavelmente nem era tão grande assim, mas as memórias de infância tendem a ampliar os espaços. A casa dos meus avós paternos, mesmo, sempre me pareciam maior quando criança que das últimas vezes que fui.

Enfim, voltando ao jogo. Às vezes a bola entrava na casa da vizinha. Com sorte, ficava ao lado do sofá e aí era só rastejar e pegar rápido. Porém, outras vezes ela passava pela sala. Como sempre havia ameaças de "cortar essa bola", entrávamos rapidamente, puxávamos a bola e corríamos.

Se a brincadeira era no quintal, a tendência era pular o muro, que nem era tão alto. Mas aí vinha outra tática que exigia: escada, vassoura, balde e arame. Amarrávamos o balde na vassoura e subíamos a escada. Como quase sempre não tinha ninguém, empurrávamos a bola para o canto da parede e puxávamos com o balde. Quantas vezes não fizemos isso!!! Cheguei a té a salvar uma bola que caíra na casa vizinha à minha neste esquema. Olha que a altura era grande. Quer dizer, grande segunda a minha memória de infância.

Sobre a que caiu aqui em casa ontem, segue por aqui. Alguém até bateu na porta à noite - antes de eu ver a bola -, mas saíram antes de eu chegar. Há crianças das casas dos lados e na de trás, mas ninguém veio perguntar nada hoje, então a bola continua por aqui, bem melhor que a da minha infância. Se fosse comigo naquela época, já estava louco, chorando desesperado pela bola perdido. Isso se já não tivesse inventado algo para resgatá-la.




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