domingo, 4 de agosto de 2013

[Por Trás do Gol] "Esse jogo de hoje é valendo?"

jogo do Centro Sportivo Alagoano na Série D do Campeonato Brasileiro, time eliminado - apesar da matemática deixar em aberto uma hipótese remota. Nas 5 partidas anteriores, 5 derrotas e nenhum gol marcado. Time desmontado após a 3ª derrota, com jogadores sendo mandados embora e alguns voltando. Técnico "caseiro" para um time da casa. A pior campanha das quatro divisões nacionais.

Ontem, meu pai me perguntou se eu iria para o jogo do CSA contra o Juazeirense neste domingo. Claro que iria, com ingressos comprados antecipadamente, não deixaria passar mais uma chance de visitar o Estádio Rei Pelé. Tudo bem que a minha relação com o maior campeão de Alagoas não é "inexplicável" como a do Palmeiras, mas já fui a jogos de duas edições de Segunda Divisão estadual, jogo de volta quase irrecuperável em Nacional...

Fui a alguns jogos em São Leopoldo com a camisa do CSA, para ver o Aimoré, também azul e branco. Desta vez, resolvi fazer o inverso, indo com a camisa aimoresista, até mesmo para tentar trazer um pouco dos bons fluidos capilés, de um time que saiu da 3ª Divisão para a 1ª em dois anos.

Diferente de outros dias, a movimentação em direção ao Rei Pelé era mínima. Em meio a quadradinhos de oito e músicas bregas tocando em alto volume e sendo dançados na periferia maceioense, poderia se dizer que não haveria partida, ainda mais se tratando do time da então melhor média de público entre os alagoanos em 2013.

No meio do caminho, mesmo eu estando com fones de ouvido, uma moça, vestida de vermelho, parou-me para perguntar o seguinte:

- Ô, moço, e esse jogo de hoje é valendo?

- É, mas o CSA está quase eliminado.

Ela me agradeceu e eu segui adiante.


Chegando ao Rei Pelé, pouquíssimas pessoas no bar em frente ao estádio - para ver as partidas da primeira divisão antes do jogo -; menos pessoas circulando no lado da Av. Siqueira Campos, a ponto de os taxistas seguirem o seu jogo de pôquer em frente a uma das bilheterias; além de não ter ninguém vendendo bandeiras ao lado do Hospital Geral do Estado.

Com a tranquilidade de um péssimo momento, foi mais fácil identificar crianças e mulheres em maior proporção que o normal. Nem mesmo a torcida organizada compareceu, deixando um espaço vazio nas grandes arquibancadas e um silêncio maior que o normal, mesmo para a pressão que deveria ser feita.

Iniciado o jogo, o CSA começou com a pressão possível dado o desentrosamento do grupo, sofrendo com muitas falhas individuais, que geravam sustos nos corajosos torcedores. Ainda assim, Wilson teve duas chances de abrir o marcador, ao receber na frente do gol após erros de posicionamento defensivo dos marcadores baianos, que tentavam fazer linha de impedimento. Em ambas, erros do atacante, que passou a sofrer reclamações de quem estava presente.

Das grandes arquibancadas, um grupo de mulheres tentava, em vão, puxar alguns gritos. No mais, muita reclamação, desorganizada, com os erros dos jogadores e vaias ao final do primeiro tempo. Ao meu lado, algumas pessoas perderam a paciência e saíram. Um senhor, ainda aos 13 minutos, reclamando que tinha perdido os 5 reais dele.

VALEU O ALÍVIO
Veio o segundo tempo e Lino colocou Cassiano no lugar de Alves na lateral direita. De uma hora para outra, um grupo de torcedores resolveu assumir o lugar da organizada e começou a gritar os cânticos tradicionais dela - como o que xinga a do arquirrival. na euforia, conseguiram juntar cerca de 30 pessoas.

Mas se as coisas já estavam difíceis para o time, pioraram com os erros do árbitro da partida. Um deles foi crucial. Aos 13 minutos, o jogador do Juazeirense acertou um carrinho num dos meias do CSA e nada foi marcado. O lateral Thoni pegou a bola e a levou até a entrada da área azulina, arriscando um chute que foi preciso no ângulo.

Eu, que já estava em pé desde o intervalo, segui assim, mas reclamando que, mais uma vez, o time criava mais e o adversário acertava um chute muito difícil. Do outro lado, o pessoal não parou de gritar, soltando um "Azulão ê ô" que ganhava mais força com o pisar sobre os bancos do estádio.

Não sei se isso foi fundamental, mas o que ocorreu dois minutos depois, sim. Bola na lateral direita e Alisson cruzou na segunda trave, para a chegada de Rony. A bola foi, com toda certeza para longe do centro-avante azulino, mas acabou tocando a rede! Gol! Depois de mais de 500 minutos de bola rolando, a sorte que tanto fez falta apareceu. 1 a 1 e a torcida ganhando mais ânimo e um alívio ainda maior.

Aos 20 minutos, a defesa do time baiano errou na saída de bola, Rony aproveitou para adentrar na área e quando se preparava para chutar foi calçado. Pênalti! Até eu, que não costumo comemorar penais, dado o histórico, vibrei. Edy foi expulso pela falta.

Comecei a olhar para o lado de fora do estádio, temendo que a zica continuasse e a bola não entrasse. Mais abaixo, um senhor dizia não aguentar e deu as costas para o gramado. Rony foi para a cobrança, esperou o goleiro cair e bateu no outro canto. CSA 2 a 1!

Com uma a mais, a torcida se empolgou e gritou olé por alguns instantes. Aos 24 minutos, Alex Henrique recebeu em profundidade, tentou passar pelo goleiro, que tocou na bola, mas o meia conseguiu pegá-la e empurrar para as redes. 3 a 1!

Desnorteado, o Juazeirense passou a errar muitas trocas de passe e parar na marcação azulina, que ligava rapidamente para contra-ataques perigosos. O caixão foi fechado aos 38 minutos Novo lançamento em profundidade e Rony passou facilmente pelo goleiro e tocou para as redes. CSA 4 a 1.

Ao apito final do árbitro, que não daria falta num lance em que acertaram o jogador azulino com um chute claro no peito, os corajosos torcedores azulinos saíram aliviados. Ainda em último no Grupo A4 da Série D, agora com 3 pontos, ao menos saiu da campanha vexatória de até então, tendo mais duas partidas para deixar menos ruim este ano do centenário.

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