sexta-feira, 11 de maio de 2012

[En busca de El Dorado] Uruguay otra vez campeón

Um dia para não sair da minha cabeça. Algumas horas para contar para os meus filhos e netos, se um dia eu os tiver. Na manhã de hoje, mais exatamente depois das 11h, visitei o primeiro estádio a receber uma final de Copa do Mundo!!!

A minha ideia inicial era de ir ao Estádio Centenário no sábado pela manhã, após o Congresso da Alaic e aproveitando o longo tempo que teria entre a saída do albergue e o horário do voo. Porém, após olhar em muitos sites, percebi que el "Museo del Fútbol" não abria no sábado - pelo menos é o que informa o site da AUF (Assoc. Uruguaia de Futebol). Como amanhã eu apresento trabalho, resolvi visitá-lo durante a segunda mesa desta quinta-feira. Daria tempo de sair, visitá-lo, comer algo e voltar para o Grupo de Trabalho.

Porém, o dia de hoje começou com chuva e prometia ser assim até o final da noite. De qualquer modo, eu, com o meu guarda-chuva pequeno, made in Taiwan ou China comprado em Brasília, saí pelas calles e avenidas até a Universidad de la República. Assisti à primeira mesa e parti em direção à rua, ainda em dúvida se teria que ir de ônibus ou poderia ir a pé.

Assim que saí, veio um ônibus que para no Terminal Tres Cruces, relativamente próximo ao Centenário. Subi direto, pagando 11 pesos (R$ 1,10) por estar saindo da universidade em direção ao terminal - passagem "cêntrica", por isso não os tradicionais 19 pesos (R$ 1,90). Andei um pouco, dei a volta no parque em que o Centenário fica, perguntei a uma senhora que estava na delegacia do estádio onde ficava a entrada do Museo e adentrei.

A entrada pode ser paga em pesos uruguayos, pesos argentinos, dólares e em reais. São 100 pesos ou dez reais. Confesso que o coração bateu forte. A primeira informação que temos é que a arquibancada fica no final do corredor à esquerda. Porém, antes disso, havia uma enorme bandeira azul com o 1950 costurado em negro.

Dei uma olhada rápida nas coisas que tinham no corredor - dentre elas, de outros esportes, como o 3º lugar do basquete uruguaio numa olimpíada, os pôsteres de Jogos Olímpicos até 2004, creio, e demais troféus. Além de uniformes de árbitros e árbitras de futebol, com direito a imagens do futebol feminino no registro histórico.

Entrando à esquerda, há o lugar em que se vendem alimentos, bebidas e água e, seguindo reto, subindo as arquibancadas, o gigante de concreto! O campo se abre em nossa vista e aí é só pensar de como foi a final da Copa de 1930, entre Argentina e Uruguai naquele gramado. Observar que do mesmo lado está a torre da homenagem, ou algo parecido com isso, que sempre aparece nas transmissões de jogos por lá.

Subi até o ponto mais alto das arquibancadas, que ainda têm partes montadas em cimento e de onde dá para ver um pouco da cidade ao longe e partes da praça e seus arredores por trás. Sentei no último degrau possível e parei uns instantes imaginando que nunca pensei que conheceria o Estádio Centenário. É a história da minha paixão pelo futebol ali, representada em forma de bancos, velhas cadeiras, arquibancadas de concreto e um gramado prejudicado pela chuva. Literalmente, respirei história! Era essa a sensação que corria pelo corpo.

Desci após um bom tempo por ali, olhando aquele monumental estádio, patrimônio do futebol mundial, como diz na fachada do lado oposto, com designação oficial da FIFA. Aí sim, poderia visitar parte por parte do Museu, com destaque para o andar superior, em que os títulos olímpicos (1924 e 1928) e de Copas do Mundo (1930 e 1950) têm espaços destacados.

Sobre 1950, que eu tanto sou fascinado, há uma imensa foto do Maracanã lotado e, num outro lugar, uma frase mais ou menos assim: "o silêncio de 200 mil vozes disse: Uruguai outra vez campeão". Há recortes de jornais uruguaios da época - e de jogos entre as seleções meses depois - e um busto de Obdúlio Varella, o capitão daquele time e alvo de vários dos mitos.

Ainda voltei para olhar o campo depois da visita completa, mas a chuva tinha voltado a apertar. Não importava mais, já tinha visto e sentido o que queria.

Com a minha "sorte" habitual, a bateria do celular acabou justo quando cheguei no Monumental. Porém, após algumas artimanhas, consegui o suficiente para tirar três fotos por lá. Espero um dia voltar para viver o Centenário num dia de jogo. Mal dará para mensurar o nível de felicidade que estarei. Além de respirar o passado, estarei vendo o presente do futebol uruguaio em campo. Mas isso é para uma outra viagem!

Um comentário:

  1. Que estádio fantástico. Só entrar lá, mesmo sem ser em horário de jogo, é algo memorável. Você falou tudo, respirar a história do futebol mundial, palco da primeira Copa do mundo e de tantos jogos clássicos que Peñarol, Nacional e a celeste olímpica fizeram aí.
    Parabéns pela viagem, oportunidade única.

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