sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Diário de greve - Dia 1


Alguém pode estar se perguntando: diário de greve após 100 dias dela? A novidade é que este é o primeiro dia enquanto delegado da seção sindical que sou associado. Ainda que aqui não vá, nem deva, colocar informações cruciais do Comando Nacional de Greve Docente, minha ideia é relatar as experiências deste professor recente, um ano de universidade federal, num espaço de importante construção política num momento extremamente delicado para os direitos sociais.

Cheguei na manhã desta sexta em Brasília. Apesar de construir o Comando Local de Greve em Alagoas desde julho, e ter participado de uma marcha em Brasília naquele mês e de ser o delegado da seção local no Conselho Nacional do Andes-SN (CONAD), é importante destacar o meu lugar de fala.

Fui de Diretório Acadêmico e observei o movimento estudantil em diferentes esferas. Apesar de anão ter seguido para além daquele ano de gestão, a escolha político-ideológica não mudou e isso acabou sendo refletido nas opções de pesquisa, caminho que sigo desde então com a Economia Política da Comunicação.

Greve nunca foi sinônimo de férias, mesmo quando eu via enquanto outra categoria - acabei pegando greve apenas no segundo ano do técnico subsequente no CEFET; nenhuma em 5 anos de UFAL. Lutar pelos direitos não é problema; problema para mim é não lutar, especialmente quando tudo piora.

Professor de UF desde agosto de 2014, sabia que se ocorresse um movimento paredista, eu teria que ajudar a construir, mais ainda ai me deparar com uma unidade educacional em funcionamento em prédio alugado há 5 anos. O mês para entrar foi por conta das atividades em Santana do Ipanema, onde leciono, e por conta do ápice de uma crise de estresse em junho. Ainda assim, mesmo quase não "podendo", entrei no comando em julho e passei a trabalhar muito mais que se tivesse no cotidiano de aulas sem greve.

Mas isso não me fez parar a pesquisa. Junho e julho são os meses de deadlines de importantes eventos acadêmicos da Comunicação no ano. Dei conta de tudo o que foi possível, indo aos eventos e praticamente me mudando de casa para diferentes cidades desde agosto. Confesso que não consigo entender que pesquisa possa parar, independente de área.

DIA 1
Dito isto, cheguei direto do aeroporto ao ANDES-SN, em meio a uma reunião de avaliação de conjuntura, que se seguiu à discussão sobre a produção do comunicado que avalia a semana de atividades e os encaminhamentos a serem levados à base.

Como todo espaço político, especialmente de perspectiva de construção horizontal, há abertura para o contraditório e discussões. O processo está em andamento e isso pode gerar avaliações e perspectivas diferentes. O Comunicado poderá ser visto de hoje para amanhã no site do ANDES-SN e traz elementos diferentes para o debate.

Curioso como a comunicação se torna importante, é destacada como fundamental em movimento sindical há décadas e a discussão tanto de produção quanto de contexto de mercado ainda não andou. Enfim...

O final de semana deverá ser marcado pela análise da conjuntura e ver possibilidades ainda mais reais dadas as dificuldades de mais de 100 dias de greve e da tentativa do governo de separar, no que tange à perspectiva salarial, as entidades representativas dos servidores públicos federais; para além de pouco caminhar nas pautas específicas.

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