quarta-feira, 25 de julho de 2012

[Londres 2012] Começaram os Jogos Olímpicos! Sério...

Quando a árbitra apitou autorizando o rolar da bola para os times de futebol feminino de Grã-Bretanha e Nova Zelândia se enfrentarem no Millennium Stadium, em Cardiff-País de Gales, também marcou o início da primeira competição da 30ª edição dos Jogos Olímpicos de Verão, em sua era moderna. Ainda que a abertura oficial seja na próxima sexta-feira, a partir das 17h (horário de Brasília), como o futebol exige um tempo maior de descanso entre as partidas, sempre é o primeiro evento a começar.

Londres sedia as Olimpíadas num momento bem diferente para toda a Europa. Se até então imaginava-se que um evento deste porte seria tirado de letra por qualquer uma das potências europeias, vemos o continente imerso na "farsa com o nome de crise" e com sérias dúvidas quanto ao futuro da Zona do Euro. Ainda assim, tirando os problemas no trânsito que já ocorreram nesta quarta-feira, tudo ficou pronto sem quaisquer contratempos.

O grande "desastre" da organização ficou por conta da partida entre Colômbia e Coreia do NORTE no Grupo G, que marcada para ter início às 15h45 só começou mais de uma hora depois por um erro grotesco da organização, que trocou a bandeira do país asiático pela da arquirrival Coreia do Sul - infelizmente, uma rival mais bélica que nos espaços esportivos. As jogadores norte-coreanas se recusaram a entrar em campo sob a bandeira do vizinho, num erro incrível para quem é conhecido pela boa organização e pontualidade. Não precisa nem de aulas de geopolítica mundial para saber dos problemas entre os países, basta acompanhar o noticiário internacional!

Dentro de campo, a Coreia do Norte venceu a Colômbia por 2 a 0, ficando atrás dos Estados Unidos na liderança do Grupo G por conta da quantidade de gols marcados. As estadunidenses, com um uniforme bem pior do que o da Copa do Mundo, onde foram vice-campeãs, saíram perdendo por 2 a 0 para a França, que foi eliminada no ano passado justamente para as representantes do Tio Sam nas semifinais do Mundial. Com várias falhas de defesa de ambos os lados durante o jogo, os Estados Unidos conseguiram segurar a defesa e virar o jogo para incríveis 4 a 2. Mas não venham me dizer que uma vitória francesa seria uma zebra, porque não seria.

Pelo Grupo F, as seleções favoritas em suas partidas também venceram. O atual campeão mundial, o Japão, venceu o Canadá por 2 a 1, enquanto a Suécia goleou a África do Sul por 4 a 1 numa partida em que saiu o gol mais bonito da rodada. Moudise viu a goleira sueca adiantada e chutou do meio do campo. Pena que golaço também vale um mesmo.

Pelo Grupo E, o jogo já citado no início deste texto. Vi apenas os dez minutos finais da primeira etapa, um show de gols perdidos pela Grã-Bretanha, que só conseguiu marcar através de cobrança de falta, com Houghton. Pelo pouco que vi, as brasileiras podem sair deste grupo com uma liderança tranquila.

ESTREIA BRASILEIRA
Primeiro, susto na escalação da Seleção feminina. Erika continua jogando na defesa e, para piorar, a zagueira Daiana Bagé começou a partida no banco. Fabiana foi para a lateral-direita, enquanto a lateral-direita Maurine continua improvisada na esquerda. Por fim, Cristiane começou no banco, com a jovem Thaisinha no seu lugar. Parece que as invenções não foram embora com o Kleyton Lima e continuam com o Jorge Barcellos.

Dentro de campo, um time que pareceu se surpreender com a pressão inicial de Camarões, que só foi às Olimpíadas porque Guiné Equatorial escalou uma jogadora de forma irregular nas Eliminatórias Africanas. Na primeira bola parada, Francielle achou o canto esquerdo baixo e abriu o placar, ainda com seis minutos de jogo.

Apesar do gol, o Brasil continuava errando muitos passes, principalmente pela distância entre os setores. Marta vinha buscar a bola no setor defensivo e foi assim que ela achou a Formiga na frente, na falta que deu origem ao gol. Na segunda bola parada para o Brasil, escanteio para a área e Renata Costa cabeceou ao gol. Se não tivemos um primeiro tempo primoroso, ao menos o resultado de 2 a 0 dava tranquilidade.

Na volta, Cristiane entrou no lugar de Thaisinha e mudou o jogo, confirmando toda a bronca das pessoas que acharam incrível ela ser reserva. Marta passou a se movimentar mais e participar mais do jogo, graças ao grande entrosamento com uma centroavante que dava mais trabalho na proteção à bola perante as adversárias e que tem uma habilidade impressionante.

Para o terceiro gol, Cristiane cruzou e Marta foi derrubada para não chegar na bola. A atacante alagoana, capitã da equipe, bateu mal, mas a bola entrou. 3 a 0.

O quarto gol foi uma obra de arte. Formiga deu um bom passe para Marta na ponta esquerda, que esperou Cristiane se movimentar e ficar fora da posição de impedimento. A atacante dominou a bola sozinha, passou pela goleira e empurrou para o gol. O 11º gol dela em Olimpíadas, numa quantidade que nenhuma outra jogadora do mundo conseguiu alcançar neste torneio!

Para finalizar, Cristiane passou por várias adversárias na área, com direito a drible da vaca, e tocou para o meio. Marta só precisou dar um toquinho para um gol vazio. Brasil 5 a 0 e a prova cabal de que Cristiane, em condições físicas boas, como parecia estar, não pode ser reserva de time algum do mundo!

TRANSMISSÃO
Pretendo falar da guerra entre as transmissões num texto específico nos próximos dias, mas acompanhei atenciosamente os posicionamentos de Record e Globo sobre o evento. De antemão, parece que a postura da emissora de Edir Macedo é bem menos audaciosa que aquela do Pan-Americano do ano passado, quando prometia fazer a melhor transmissão de todos os tempos e deixou muito a desejar.

Pelo que se lê nos trechos a seguir da "Carta Olímpica Record", parece que teremos O Melhor do Brasil e Programa do Gugu dominando o nosso final de semana em detrimento dos Jogos Olímpicos, repetição do erro do ano passado:

"2- Vamos garantir que os principais eventos dos Jogos Olímpicos estejam à disposição dos brasileiros nos horários de maior audiência da televisão brasileira. Por isso, algumas disputas podem ser recuperadas de outros horários. Por exemplo: uma competição realizada às 5h (horário de Brasília) pode ser melhor apreciada pelos telespectadores ao longo do dia [5 horas da manhã é horário de quem mesmo na grade da Record?];

3- Onde houver Brasil competindo a Record estará lá. Mesmo exibindo outras atrações naquele momento, vamos recuperar para o nosso telespectador os mais belos e emocionantes momentos dos nossos esportistas".

Enquanto isso a Globo parece que arranjou um jeitinho para mostrar imagens do torneio sem precisar colocar a logo da agora nem tão arquirrival (na audiência) no vídeo: "a emissora comprou da OBS (Olympic Broadcast Services) o acesso às imagens dos Jogos Olímpicos vendido a não detentores dos direitos de transmissão que aceitam as regras do COI (Comitê Olímpico Internacional) para a utilização jornalística em suas coberturas do evento".

Como o pessoal do Esporte da Globo adiantou na semana passada lá no Rio de Janeiro, a ideia é informar sobre o evento, porém, sem dar a colher de chá de avisar ao telespectador quando ele ocorrerá ao vivo, que é o principal produto a ser vendido com o esporte. É a comprovação de que os negócios são mais importantes que a utilização de um espaço público, que é o espectro eletromagnético, para o benefício das pessoas. Quer dizer, é só mais um exemplo disso...

Amanhã será o maior desafio da Rede Globo. Afinal, diferentemente do Pan, em que o time era o sub-20, teremos em campo a base da Seleção brasileira masculina em campo, contra o Egito. Se a Record não conseguir recuperar sua combalida audiência nem com Neymar, Oscar, Thiago Silva, Marcelo, Lucas e cia., fica difícil acreditar em qualquer outra possibilidade. Seguiremos acompanhando a briga e as rusgas entre as duas, enquanto o Terra pode consolidar um público na internet, com uma transmissão que agrega possibilidades interessantes - como a segunda tela no vídeo.

Ah, por hoje, acompanhei as primeiras partidas pelo Terra e o futebol feminino pela Record, que acertou ao levar Renê Simões para Londres. Poucos conhecem tão bem esta modalidade quanto ele, que levou essas meninas à medalha de prata em 2004 contra os Estados Unidos - numa partida com erros decisivos da arbitragem na prorrogação. Romário ficou ali mais pelo nome do que pelos comentários, alguns dos quais que tentavam contradizer Renê, pelo menos durante o primeiro tempo. Enquanto que José Eduardo Savóia fazia participações normais. De resto, o Maurício Torres começa a tentar duelar com o Galvão sobre quem é mais chato, com bilhões de comentários sobre o fato de o time "estar nervoso".

As meninas voltam a entrar em campo no sábado, em partida contra a Nova Zelândia, a partir das 10h30.

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