quinta-feira, 19 de julho de 2012

[Em busca do El Dorado] Rio de Janeiro "frio"

"Viagem profissional dos sonhos", tudo pago pela empresa "arqui-inimiga", passagens, hotel caro a uma quadra da praia de Ipanema e a quatro, eu acho, da Lagoa Rodrigo de Freitas, com quase todas as refeições pagas por ela e com direito a recepcionista esperando no aeroporto. Muito bom para quem vive indo aos eventos por conta própria e que nunca esconde de ninguém que hostel/albergue não faz mal a ninguém, pelo contrário - ainda que seus colegas de pesquisa fiquem em hotéis.

Como na viagem do ano passado a Brasília, paga por um instituto de pesquisas federal, a cabeça não anda nada bem. Pelo menos desta vez eu não tenho que me preocupar em escolher hotel - e como em Brasília eles são caros! - e ficar pressionando o pessoal para pagar as diárias, algo que só foi feito após uma semana, na mesma em que tinha que qualificar e apresentar um trabalho no seminário do grupo.

Só por essa experiência do ano passado já dá para perceber que se não tem qualquer dificuldade é porque não é comigo. Olhamos ontem a previsão do tempo para o Rio de Janeiro e a resposta: chuva na quarta e na quinta e na sexta, quando vou embora e não terei tempo para sair, o sol abre. O alagoano sai do inverno do Rio Grande do Sul, que chega no máximo a 17ºC, torcendo para ver praia novamente, sentir um calorzinho e pisa na "cidade maravilhosa" e encontra 20ºC, o que, ainda assim, é muito bom. Daqui a pouco volto ao assunto.

Para variar, o cartão de embarque dizia que o portão era o 2, a atendente disse que era o 1, que geralmente é para viagem internacional. Vou no 1, sem informações, chego no 2 e colocam a informação no 1 e vamos tod@s nós até lá. 

O voo estava cheio de crianças, creio que nunca peguei um avião com tantas delas. Tudo bem que eu gosto de crianças, mas hoje, depois de uma noite mais que insone foi sem dormir mesmo, tem que ter paciência. Ao meu lado estavam dois irmãos, um pré-adolescente e outra com uns 18 anos. Ela perguntou se ele queria trocar de lugar, ele não quis (mala suerte...). 

Li um capítulo de um livro e fui dar uma cochilada, de repente aparece a mãe das crianças com uma menor, que queria ficar com a irmã. Levanto e deixo ela passar. Briga com o irmão e pede para voltar... Já era qualquer tentativa de cochilo numa viagem de menos de 2 horas.

Já perto do Rio de Janeiro, até mesmo por conta do tempo ruim, passamos por algumas turbulências. Uma menina lá mais para trás, que não parava de falar, começa a perguntar à mãe "vai cair?", "vai cair, mãe?". Não era medo - e por mais que eu queira, para o bem do meu emprego, não farei as piadas que me passaram pela cabeça na hora. Com a aterrissagem, os pais das crianças aplaudiram e elas adoraram. Se eu já não gostei dessa reação há 5 anos, na minha primeira viagem de avião e com o acidente da TAM ainda recente, imagina agora...

PASSEIO
Para variar, o motorista que me trouxe saiu papeando comigo do Aeroporto até Ipanema. Turismo, o tamanho imenso da UFRJ, o Eike Batista construindo um porto só para ele, até chegarmos na política. Pelo que ele me disse, teria formação em jornalismo - animador, não? - e teria trabalhado para o Brizola do final dos anos 1980 para o início dos anos 1990. Aí, pronto, foi só falar mal da líder do oligopólio e da política brasileira e as opiniões concordavam em quase tudo. Com direito a comentário crítico sobre a entrevista com a Rosane (ex?) Collor no Fantástico.

Ainda que com muita dor de cabeça, cheguei no hotel, resolvi o que tinha que resolver e parti. Ver praia novamente, ainda que sob ressaca, é uma maravilha. A Lagoa Rodrigo de Freitas também é um espaço legal para se conhecer. Melhor ainda seria dar uma corrida em volta ou pegar uma das bicicletas que ficam por ali. Foi um dos poucos momentos em que o sol resolveu aparecer, pelo menos para eu registrá-lo, ainda que escondido entre as nuvens.

Ah, um local que um amigo deu sugestão de visitar foi a Livraria Travessa, que fica até que bem perto do hotel. Livraria nos melhores modelos possíveis, ainda que agora até que comuns nas grandes cidades brasileiras. Várias opções de leitura, de DVDs/Blu-rays inclusive com uma série com os filmes de Charles Chaplin e um bom restaurante na parte de cima.

região também é cheia de lojas, com várias delas com promoções - a maioria das mulheres que eu conheço ficariam loucas por aqui -, e algumas galerias com ainda mais lojas, dos mais diversos segmentos.

Acabei andando tanto que fiquei meio perdido no Leblon. O meu ponto de referência para me reencontrar foi o Shopping, que fica do lado do Oi Casa Grande, foi lá que consegui achar uma camisa original do Fluminense mais barata, mas é claro que de outras temporadas. Já ficou para a coleção dos campeões locais.

Depois de lá, dei uma volta pela praia, já com céu escuro e retornei para o hotel para dormir um pouco antes do jantar e ficar depois sendo pressionado para sair de casa e visitar à Lapa. Amanhã tenho um dia que pode ser muito importante para a pesquisa e hoje eu não estou com força alguma para sair por aí, ainda mais com o vento do jeito que está.

Para terminar, ver as cariocas com cachecol me fez lembrar um curta que eu assisti no ano passado: Recife Frio (Kleber Mendonça Filho, 2009), que mostra um relato jornalístico sobre as alterações climáticas no Recife por conta de desastres ambientais:

Um comentário:

  1. Li com muito louvor o seu relato sobre sua viagem ao Rio de Janeiro e consegui imaginar o Rio que vejo pela televisão em suas palavras. Parabéns e uma ótima pesquisa!!!

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