quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

2023.1 Campo de Terra, Campo da Vida/ 2023.2 Brasil 50/ 2023.3 As margens e o ditado


O período prévio à Copa do Mundo de 2022 até depois do final foi marcado por uma série de livros sobre futebol a serem lançados. "Campo de Terra, Campo da Vida: Alternativas de resistência negra e o Negritude Futebol Clube" foi um deles.

Diferente dos temais, mais voltados a recontar uma história num fazer jornalístico ou ensaístico, a obra de Roberta Pereira da Silva é resultado de uma pesquisa de pós-graduação em Serviço Social, com relatos das idas e vindas do projeto até à execução.

Trata-se de um objeto bastante interessante para a perspectiva crítica dos estudos sobre o futebol por, como demonstra a autora, parecer ser a alternativa ao futebol profissional e suas grandes contradições político-econômicas - ainda que as socioculturais de algo dentro do capitalismo ainda persistam.

Referência

SILVA, R. P. da. Campo de Terra, Campo da Vida: Alternativas de resistência negra e o Negritude Futebol Clube. São Paulo: Editora Dandara, 2022.


Outro desses lançamentos foi "Brasil 50: Retratos de uma Copa do Mundo além do Maracanazo", de Toni Padilla, traduzido e editado aqui pela Grande Área, editora especializada em futebol. 

Eu construí ao longo das décadas uma relação especial com a Copa de 1950, a final com "silêncio de mais de 200 mil pessoas", então sempre me interesso por livros que tratem desse mundial. Aqui, temos uma proposta um pouco diferente, pois Padilla não se prende apenas às histórias sobre heróis uruguaios e vilões brasileiros - e vice-versa -, ampliando a narrativa com personagens de diversos países, jogadores ou não.

Faço a ressalva, entretanto, que há alguns lugares-comuns no meio de alguns relatos sobre o Brasil, ao menos alguns sinais de alerta e atenção acenderam para mim.

Referência

PADILHA, T. Brasil 50: Retratos de uma Copa do Mundo além do Maracanazo. Campinas: Grande Área, 2022.

A tetralogia napolitana me fez ficar atento à qualquer obra da italiana (desconhecida) Elena Ferrante. De lá para cá, li tudo, inclusive infantil e algo mais voltado aos ensaios. Este "As margens e o ditado: Sobre os prazeres de ler e escrever", inclusive, é um livro de palestras que ela "daria" - a partir da intervenção artística de uma atriz.

Os três primeiros capítulos, que compõem uma das palestras, são maravilhosos por tratarem da experiência dela com vários questões sobre a escrita. Parte de distintas referências para se entender enquanto escritorA. Uma mulher escrevendo dentro de uma cultura de autorEs, inclusive para a sua própria referência.

É curioso como não saber quem ela é de verdade não nos impede de perceber certas coisas, mesmo nos romances, que ela retoma aqui sobre o seu processo de escrita. Há uma naturalidade que gera intimidade com quem lê. Leitura, até pelo formato e diagramação, rápida.

Referência
FERRANTE, E. As margens e o ditado: Sobre os prazeres de ler e escrever. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2023.

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